“Abra os olhos!”
Sussurrava uma mulher nos ouvidos do filho de Hades. Com um suspiro seu corpo despertou, respirando fundo logo em seguida. Era como se estivesse morto havia meses, e acabasse de retornar a vida. Mas ele não puxou o ar com força, igual nos filmes. Na verdade, seu pulmão parecia seco e prestes a rasgar. Izaya respirava com cautela, e seu corpo fazia um som estranho enquanto o ar passava por sua garganta.
O garoto ficou respirando assim por horas. O ar estava frio. E quando amanheceu, e o sol entrou com dificuldade no chalé de Hades, quase imperceptível... Izaya se recuperou completamente. Ele sentia algo estranho tomando conta de seu corpo naquele dia, mas não falou nada. Agiu naturalmente o dia inteiro, como se aquilo fosse apenas uma sensação ruim.
Até que Quíron, chamou pelo seu nome. O garoto andou no dia cinzento com uma sombra arranhando suas costas. Talvez fosse impressão sua, quem sabe fosse apenas uma árvore, mas ele tinha certeza que era a morte recolhendo sua alma... O quão decepcionada ela deve ter ficado, ao perceber que ele não tinha mais nada. Izaya continuou andando. E entrou na casa grande com uma sombra em seu rosto.
- Você está pronto? - Izaya não entendeu nada. Mas por algum motivo, parecia que Quíron não estava falando com ele. Antes do filho de Hades questionar o que estava acontecendo. Sua boca se moveu sozinha.
- Sempre estive. - Izaya falava com convicção, enquanto sacava sua espada. Parecia pronto para romper o mundo ao meio, para abrir o universo em mil pedaços e tomar para si mesmo o que é seu de direito.
Pela janela, o horizonte explodia. Quíron se virou... E sussurrou. “Ele despertou”. Izaya viu a explosão varrendo o mundo. Por algum motivo, se sentia próximo à ela. Como se a mesma fizesse parte do seu corpo, como se aquele estouro capaz de fazer o mundo tremer, batesse junto com seu coração... Uma única vez em sua vida. E depois, se calava.
Gritos. A explosão chega até o acampamento. Escuridão.
“Abra os olhos!”
Novamente Izaya abre os olhos, respira fundo. Não estava morto. Estava em seu quarto. Era noite. Medo, muito medo! Seu sangue era bombeado à uma velocidade absurda. Seu coração batia como os tambores da guerra. Era só um sonho? Ou era algo mais?
“Corra! Corra para a floresta!!”
Izaya se colocava de pé ao lado da cama. Já vestia tudo. Por que?
“A guerra...”
Quem era a voz?
“A morte...”
E Izaya correu.