“Me ajude”... Sussurrou uma voz, e Nora acordou no meio da noite. Era um homem. Ela não o via, mas sabia que ele sentia muita dor. “Me ajude”... Ele parecia rouco, triste e perdido. A garota se levanta da cama, e segue sua voz para fora. Quando pisa no lado externo do chalé de Apolo, ela vê um mundo infinitamente imenso, mas confuso. A terra era azul e cristalizada. O céu era colorido, embora sombrio, como se milhares de nebulosas pintassem as estrelas. E ao lado da garota, vários objetos estranhos flutuavam.
Flechas, arcos. Todos quebrados. Era um sonho? Ela tinha que descobrir. A garota andou, lentamente sobre o chão de terra azul e cristalizada. A garota andou, e viu no horizonte uma estátua. Era antiga. Mais antiga que a própria Grécia. Mais antiga que o próprio Zeus. Era tão antiga quanto o tempo.
O rosto da estátua estava desfigurado. E dela ecoou mais uma vez “Me ajude”... Era agoniante. No pescoço da estátua, havia um pingente, como uma foice de ouro. E em sua mão, uma ampulheta. A areia nela havia se esgotado há muito tempo. Ela já cruzou da parte de cima até a de baixo anos atrás.
“A areia precisa continuar caindo...”
A estátua clamava por ajuda. E mais e mais objetos voavam ao redor, dessa vez, relógios, todos quebrados. Relógios voavam ao redor de Nora, como se não houvesse gravidade naquele lugar. Uma ampulheta, pequena o suficiente para caber na palma da mão, surgiu na sua frente. “Pegue” disse a voz, cansada, e Nora pegou o pequeno vidro vazio.
“Leve-o ao santuário do tempo”...
A estátua sem rosto se silenciou. Os relógios, quebrados começaram a fazer barulho um por um, até que todos juntos começaram a fazer um barulho ensurdecedor. Eram vários despertadores gigantes de uma só vez. Milhares, explodindo a cabeça de Nora. Ela grita.
Nora abre os olhos. Está no seu chalé... E o despertador está tocando. Desde quando tinha despertador? Isso arrepiou sua nuca. Foi tudo um sonho? Ela abriu a palma da mão, e a pequena ampulheta estava lá... Vazia. Ela tinha que enchê-la, mas para onde deveria ir?
“Para baixo”...
Nora olha ao redor de sua cama, seus irmãos recém acordados se levantando. De repente, tudo começa a ficar lento, como se tudo estivesse em slow-motion. E foi ficando cada vez mais lento, até parar. Era como se tudo estivesse congelado... Mas ainda estava calor. Não, apenas o tempo tinha parado. “Creck” uns dois metros na sua frente, uma rachadura grande se abriu. Fogo se ergueu dela. Trevas. O ar se tornou mais denso e mortífero perto daquilo.
“O tártaro... Fique pronta”
A voz pedia para Nora preparar seus itens, e descer pela rachadura.