"Para de bancar o certinho garoto!" - A voz sádica de uma dos meus melhores amigos.
Essa voz sempre ecoava em meus pensamentos nos meus momentos vagos...
Desde pequeno, sempre fui o certinho, sempre tentei ser o correto. Ao longo dos anos em que fui crescendo fui descobrindo os valores da vida, dos sentimentos, e o quão os dois eram importante.
Cheguei a uma certa idade em que me descobri um meio-sangue... Se não fosse a revelação do meu amigo Ícaro, eu não estaria aqui, mas será que eu vim para o lugar certo? É isso que eu venho me questionando nessas últimas semanas.
No Chalé eu não tinha muitos irmãos que eu considerava amigo, para falar a verdade, eu não tinha muitos amigos no Acampamento Meio-Sangue, eu poderia listá-los apenas em uma de minhas mãos. Talvez seja pelo fato de eu ser um pouco diferente.
Todos os filhos de Afrodite, meus irmãos, que eu encontrava, sem ofensas, me pareciam fúteis... Claro, sabiam lutar (ou não), sendo prestativos algumas horas, mas na maior parte do tempo, eu os olhando seu próprio reflexo ou então em multidões de amigos, ou até mesmo se relacionando por aí.
Eu não era assim, não queria ser assim. Pelo menos não só isso... Eu sentia que faltava alguma coisa para me completar, e quando eu ia para Arena esse espaço vazio se ocupava.
Eu sei que de fato eu sou bonito, não posso negar, mas felizmente eu odeio me gabar, uma das coisas que eu mais desprezo é a arrogância... Acho que é isso que estou percebendo a diferença entre mim e meus irmãos. Eu não ligo tanto assim para minha aparência, claro que eu tenho lá minhas vaidades, e é claro também que eu não iria andar como um farrapo, só que eu também me sentia feliz brigando, bem... Não é exatamente a palavra feliz, é mais como se fosse revigorado.
Me sentia bem enquanto lutava, ou mesmo treinava... Pode até perguntar a alguns dos meus irmãos, na maior parte do tempo eu estava treinando em algum lugar do Acampamento, chegava em casa um pouco suado e ia direto tomar um banho.
E esse sentimento vinha crescendo em mim, parecia que a cada dia que passava mas incomodado eu estava em ficar ali, não é que eu não goste deles, eu gosto, mas me sentia o diferente, o excluído. Praticamente eu sempre ia sozinho treinar, chamava algum irmão e eles respondiam que estavam cansados, ou até mesmo com vontade de não fazer nada. Esse treinamento ritmado vinha naturalmente de mim.
Faz bastantes meses que já estou no Acampamento, e como eu previra, passei meu aniversário aqui... Nem ao menos consegui ver meu pai nem minha madrasta. Dia 9 de Setembro foi um dia normal como qualquer outro, bom, nem tanto.
Tinha acordado cheio de vigor, com certeza eu estava me sentindo muito melhor aquele dia... Sem esforço nenhum foi treinar...
Horas se passaram e lá ainda estava eu, treinando, e treinando... Parecia até que eu era incansável, mas claro que não... Kkk. Havia parada umas vezes para dar uma descansada...
Nesse meu tempo de intervalo, eu havia me sentado no gramado, coloquei meus pertences ao lado e depois deitei... A grama estava tão fresca que o calor do meu corpo foi saindo, aquele brisa agradável não podia ser melhor... Eu comecei a escutar passos na grama, abir meu olho direito e tinha um garoto andando não mais que 8 metros de distância de mim... Ele estava indo em direção a Arena...
- Hey garoto, você não cansa é? Acho que erraram seu Chalé. - Ele gargalhou, ainda seguindo seu caminho. Sabia que ele tinha tentado ser amigável.
Nunca tinha visto ele na minha vida, muito menos escutado falar dele.
Eu queria descansar um pouquinho, até porque já eram quase 18:00, o tempo havia passado muito rápido aquela tarde... Tinha treinado e nem havia pensado nas outras coisas.
E foi a partir daqui que coisas começaram a acontecer.
Retornei bem devagar ao meu Chalé, fiquei
ao lado de minha cama pronto para mergulhar nela e ter um bom sono, mas a brisa estava tão serena, me deixou pensativo, estava segurando meu Chicote enrolado e então o fiquei observando, examinando, coisas inúteis... Mas estava vagando em minha mente e por fim comecei a me questionar algumas coisas...
"Por que eu estava ali afinal? Eu sempre fui o "certinho", o organizado... Para falar a verdade, não ligo muito de ser considerado bonito... Mesmo que as pessoas me dissessem que eu era lindo, eu não achava isso tão importante.
Mas enfim, de fato eu sou, você sabe que não gosto de me gabar, e que nunca eu quereria fazer isso..."Mais dúvidas percorrem a minha mente.
"Não sei ao certo quem eu sou de verdade, mãe, me ajude, Afrodite ou Vênus se estiverem aqui me respondam."Fiquei um breve tempo com os olhos fechados, e pude ver claramente bem longe na escuridão, uma bela mulher, com um vestido branco. Ela era realmente linda, mesmo estando longe conseguia ver sua feição claramente.
Um fraca luz rosa estava em seu contorno, que agora havia estendido a mão em minha direção. Eu corri, o mais rápido que pude. Quando cheguei perto, instintivamente segurei a mão dela, mas, ainda antes disso, eu havia notado algumas coisas ao lado dela, em que em volta dela havia várias armas.
Não fazia muita ideia do que isso significava, claro, sabia que aquilo podia significar alguma coisa de Ares/Marte.
E então quando eu toquei a mão dela, tudo havia ficado claro, depois eu tentei abrir meus olhos e com êxito percebi que não estava mais em pé ao lado da cama, e sim deitado nela, não fiquei surpreso, pois eu já estava começando a se acostumar com essas coisas estranhas acontecendo.
Eu me sentei na beirada da cama, meu cabelo começou a se agitar com a brisa que entrava pela porta e janelas do Chalé. Uma brisa leve, suave, porém constante e reconfortante, trazia consigo várias pétalas de rosas, cheirando fortemente um aroma doce e delicado.
Uma pétala acabou pousando em meu colo e quando a toquei uma melodia suave passou na parte mais vaga do meu cérebro, e sem dúvidas eu conclui que palavras foram cantadas, talvez uma única frase repetidamente, em alguma língua que não estava conseguindo compreender...
Na verdade não, era uma língua exatamente conhecida por mim e pelos campistas daquele local, era o Grego Antigo.
Foquei no que eu havia escutado, tentando descodificar cada sílaba da canção, mas não sei dizer se é felizmente ou infelizmente, descobri apenas uma palavra, um nome,
Vênus.
Desde então esse nome vem se infiltrando cada vez mais em minha mente, parecia que estava faltando alguma coisa dentro de mim.
E uma coisa que eu achei interessante e vinha constantemente na minha cabeça, me forçando a pensar no que sou.
Um amigo havia falado a seguinte frase a mim:
"Filhos de Afrodite são lindos, porém fúteis.
Filhos de Vênus também são lindos, contudo, mortais."
E fútil eu realmente não era...
Aí eu comecei a pensar sobre o Acampamento Júpiter, eu me sentiria muito mais normal lá, e ainda por cima, conseguiria melhorar no que eu mais queria, em minhas habilidades de batalha.
- Minha História (Ficha Técnica):
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