Não havia pensado muito na minha família desde que tinha chegado no acampamento. Passava a maior parte do tempo treinando, ou bebendo. Deitei na cama do meu chalé á noite, vendo o teto girar sob minha cabeça. Minha vida parecia... vazia. Tudo que fazia era lutar, lutar, lutar. Para sobreviver.
Apenas quando virei para o lado percebi uma carta no chão. Meu nome estava na frente. Olhei atônito para a carta por uma hora. Ou foram dois minutos ? Não sabia exatamente. Enfim criei coragem para pegar a carta e ler. Não parecia nada demais, caligrafia normal, papel normal.
Era uma carta, aparentemente da minha tia. Nunca havia conhecido, nunca havia escutado seu nome. Aparentemente minha mãe e ela moravam na casa da minha avó, mas minha mãe se mudou para minha cidade natal e lá cuidava do vinhedo junto com meu pai... mas tudo deu errado. Aparentemente ela havia recebido a notícia da morte da minha mãe e mandou uma carta, me convidando para passar um tempo na casa dela. Não sabia como ela havia encontrado o endereço do acampamento. Talvez o conhecesse ? Provável.
Claro que iria. Tenho uma chance de viajar. O único problema é que ela mora no Brasil, no Rio de Janeiro. Não chegavam boas noticias daquele lugar, era somente morte, fome e desgraça.
Estávamos no meio do verão, então por hora apenas responderia a carta.
O verão tinha acabado. Estava no aeroporto, esperando o avião para o Brasil. Já havia despachado minha mala e segurava minha espada élfica. Ao longo do tempo, a quantidade de mortais que conseguiam ver pela névoa diminuiu muito, se tornando um fenômeno muito raro. Então não me preocupo de alguém por acaso se assustar com a espada.
A entrada era de vidro, com balcões e muitas filas. As atendentes vestiam uniformes cinza e vermelho. Suas vozes mecânicas e sorrisos falsos me davam arrepios. O saguão era gigante. A lateral direita também era de vidro, a da esquerda era só parede, deixando somente a parte de trás, que era a pista. Meu portão de embarque estava na minha frente. O aeroporto estava lotado. Era final do verão, as pessoas estavam voltando para suas casas, e a maioria voltava para o Brasil. Não sabia que os Estados Unidos recebiam tantos turistas brasileiros, mas o local estava infestado. A maioria eram adolescentes. Uns estavam sentados, outros em pé. Mexiam em seus celulares, escutavam música. Apesar de ter a idade deles, não acho que me encaixaria. A vida de um semideus exigia um amadurecimento muito rápido, e a maioria deles ainda eram muito imaturos.
Meu plano era entrar e sair do aeroporto sem criar problemas.
Estava sentado, alerta para os perigos. Ficava examinando cada pessoa, cada inimigo em potencial.
- Atenção passageiros, ultima chamada para o vôo 456 com destino ao Brasil. – Disse uma voz no auto-falante do aeroporto. Me levantei, indo em direção ao portão de embarque. Estava tocando uma música, com um volume bem baixo. A conversa da multidão ecoava em meus ouvidos e captava algumas coisas. Negócios, família, amigos.
Não acho que a vida dos mortais é melhor que a nossa. Viver em cubículos no meio da cidade ? Se esforçar em estudar e no futuro não ser ninguém ? A vida dos mortais é cruel. Ou você é o melhor ou você não vale nada.
A vida de um semideus é boa. Todos se conhecem. Todos contam suas histórias, seus sonhos. Somos livres, vivemos aventuras únicas.
Entro no portão de embarque. Até agora nada deu errado. O avião era um pouco grande, mas nada que assustasse. Me sentei no lugar designado e dormi, segurando minha espada por entre as pernas.
Continua...
Apenas quando virei para o lado percebi uma carta no chão. Meu nome estava na frente. Olhei atônito para a carta por uma hora. Ou foram dois minutos ? Não sabia exatamente. Enfim criei coragem para pegar a carta e ler. Não parecia nada demais, caligrafia normal, papel normal.
Era uma carta, aparentemente da minha tia. Nunca havia conhecido, nunca havia escutado seu nome. Aparentemente minha mãe e ela moravam na casa da minha avó, mas minha mãe se mudou para minha cidade natal e lá cuidava do vinhedo junto com meu pai... mas tudo deu errado. Aparentemente ela havia recebido a notícia da morte da minha mãe e mandou uma carta, me convidando para passar um tempo na casa dela. Não sabia como ela havia encontrado o endereço do acampamento. Talvez o conhecesse ? Provável.
Claro que iria. Tenho uma chance de viajar. O único problema é que ela mora no Brasil, no Rio de Janeiro. Não chegavam boas noticias daquele lugar, era somente morte, fome e desgraça.
Estávamos no meio do verão, então por hora apenas responderia a carta.
O verão tinha acabado. Estava no aeroporto, esperando o avião para o Brasil. Já havia despachado minha mala e segurava minha espada élfica. Ao longo do tempo, a quantidade de mortais que conseguiam ver pela névoa diminuiu muito, se tornando um fenômeno muito raro. Então não me preocupo de alguém por acaso se assustar com a espada.
A entrada era de vidro, com balcões e muitas filas. As atendentes vestiam uniformes cinza e vermelho. Suas vozes mecânicas e sorrisos falsos me davam arrepios. O saguão era gigante. A lateral direita também era de vidro, a da esquerda era só parede, deixando somente a parte de trás, que era a pista. Meu portão de embarque estava na minha frente. O aeroporto estava lotado. Era final do verão, as pessoas estavam voltando para suas casas, e a maioria voltava para o Brasil. Não sabia que os Estados Unidos recebiam tantos turistas brasileiros, mas o local estava infestado. A maioria eram adolescentes. Uns estavam sentados, outros em pé. Mexiam em seus celulares, escutavam música. Apesar de ter a idade deles, não acho que me encaixaria. A vida de um semideus exigia um amadurecimento muito rápido, e a maioria deles ainda eram muito imaturos.
Meu plano era entrar e sair do aeroporto sem criar problemas.
Estava sentado, alerta para os perigos. Ficava examinando cada pessoa, cada inimigo em potencial.
- Atenção passageiros, ultima chamada para o vôo 456 com destino ao Brasil. – Disse uma voz no auto-falante do aeroporto. Me levantei, indo em direção ao portão de embarque. Estava tocando uma música, com um volume bem baixo. A conversa da multidão ecoava em meus ouvidos e captava algumas coisas. Negócios, família, amigos.
Não acho que a vida dos mortais é melhor que a nossa. Viver em cubículos no meio da cidade ? Se esforçar em estudar e no futuro não ser ninguém ? A vida dos mortais é cruel. Ou você é o melhor ou você não vale nada.
A vida de um semideus é boa. Todos se conhecem. Todos contam suas histórias, seus sonhos. Somos livres, vivemos aventuras únicas.
Entro no portão de embarque. Até agora nada deu errado. O avião era um pouco grande, mas nada que assustasse. Me sentei no lugar designado e dormi, segurando minha espada por entre as pernas.
Continua...