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por Eclair Lockheart 21/05/15, 03:42 pm

Eclair Lockheart

Eclair Lockheart
Ω Nome: Eclair de la Lune Lockheart
Ω Idade: 14
Ω Aparência: Cabelos lisos e louros em um tom dourado e brilhante como ouro, olhos castanhos e claros. Pele branca e pálida e 1,59 de altura.
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Características Psicológicas:
Ω Humor: Eclair é muito reclusa, e várias vezes está em silêncio, escolhendo sempre ficar sozinha exceto quando é obrigada a se juntar com alguém. Nunca é vista com um sorriso no rosto.
Ω Três Qualidades: Gentil, culta e solidária.
Ω Três Defeitos: Reclusa, pouco comunicativa e facilmente magoável.
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Ω História: Quando eu era criança, gostava de deitar no colo de minha mãe enquanto ela acariciava meus cabelos em dias de tempestade. Ela sempre se preocupava, era superprotetora em quase todos os aspectos, não gostava que eu fosse em uma festa sem me arrumar com as melhores roupas que tínhamos, odiava que eu conhecesse pessoas que ela tinha certeza que iriam acabar me magoando e embora fosse neta de Vênus, prometeu-me jamais deixar que alguém partisse meu coração. Mas me protegia em especial, de chuvas e tempestades, sempre que alguma começava ela me levava para o quarto, abria um livro e me abraçava forte.

Foram várias as vezes que isso acontecia, e em todas essas vezes eu podia perceber o olhar dela mudando, não para tristeza mas para apreensão, como se tivesse medo de que aqueles momentos entre nós duas fossem desaparecer em meio aos raios, como se eu fosse desaparecer, carregada pela tempestade. Eu odiava ver minha mãe assim, mas tenho que admitir que adorava quando as tempestades começavam. Ela me abraçava, e ficávamos em cobertas grossas e quentes enquanto ela lia histórias de príncipes encantados, ou princesas estonteantemente belas, o mesmo clichê de histórias infantis mas esses, tinham uma pitada de realidade pois eram baseados em fatos de legionários romanos. Enquanto ela lia, eu gostava de fechar os olhos e me imaginar voando por entre as nuvens, desviando de raios e comandando a chuva. Sentia-me uma só com o céu inquieto, e enquanto voava eu continuava sentindo o calor de minha mãe em meu corpo, como se ela fosse a extensão do próprio céu, como se os raios fossem a voz doce dela, e os relâmpagos o brilho de seu sorriso. E por isso, durante todas as tempestades eu sorria e admirava o caos aéreo como uma melodia. Mas aparentemente as parcas eram muito mais irônicas do que se pode imaginar, e exatamente em um dia de tempestades, elas resolveram brincar comigo.

De início era um dia comum, eu me levantei da cama trajando o pijama transparente de seda por cima das roupas íntimas, sentia-me envergonhada de usar isso mas minha mãe vivia dizendo que as outras roupas eram muito bregas para uma neta de Vênus, e eu sinceramente não via sentido algum em ficar bonita para dormir mas sempre que eu levantava isso em pauta com ela, ganhava uma enxurrada de argumentos que não faziam sentido algum, mas minha mãe era teimosa demais para aceitar meus argumentos como resposta e no fim de tudo, falava ‘Foda-se, eu que compro suas roupas’ ela fazia uma cara de brava, mas ao mesmo tempo ergueu a sobrancelha esquerda, como sempre fazia quando mentia e eu acabava sendo obrigada a aceitar, e rir da situação.

Vesti um vestido preto, que se estendia até a altura dos joelhos e fui para a aula de Teatro. No Acampamento Júpiter não há muita coisa além de esgrima, autodefesa e latim para se aprender, mas por sorte os filhos de Baco são muito respeitados e muitas vezes criam shows de artes cênicas para os que apreciam coisas que não seja a de cortar a cabeça de alguém. Demoraram para me aceitar lá, já que diferente dos filhos do Deus do vinho, eu não tenho um talento sobrenatural para atuar, mas talvez pela beleza herdada através de minha avó, eles me aceitaram para o papel de uma princesa em um universo gótico. Minhas falas não eram muita coisa além de “Eu sou a Princesa do reino Dragnarok” e “Eu também te amo”. Eles faziam o resto, mas devo admitir que gostava de participar.

No fim do ensaio, todos saíram de seus lugares e o pessoal começou a remontar os efeitos especiais do cenário e eu fui falar com uma amiga. Mia Herondale, uma filha de Baco um pouco animada demais. Não eram poucas as vezes que eu caia na gargalhada ao lado dela, e ela acabava me oferecendo vinho mesmo eu sendo de menor e não bebendo. Mas ela nunca perdia a chance.

-- Mas então, como vai o treinamento? Ouvi dizer que passou a praticar esgrima com o Daniel Adolf. -- Ela deu um sorrisinho bobo e malicioso, e imediatamente ergui uma sobrancelha como quem diz “Nem sequer imagine mencionar tal possibilidade na minha frente, ou eu vou te fuzilar”. Aparentemente ela entendeu a mensagem.

-- Fala sério, nós só lutamos uma vez porque minha mãe insiste em provar para os pais dele que, nossa família é melhor. E eu perdi feio, não sei nem sequer manejar uma espada.

-- Não foi o que ouvi dizer, me falaram que você quase derrotou ele, mas que por sorte ele utilizou ‘artimanhas de filhos de Belona’.

-- Bem... Isso é verdade mas... -- “Clarckbumm” um relâmpago estourou fora do acampamento, e tão rápido que nem eu pude acompanhar, os céus se escureceram. -- Acho melhor eu ir, minha mãe não gosta que eu fique fora durante as tempest.. -- Dessa vez, diferente do relâmpago, um estrondo se espalhou, fazendo o chão tremer e me desequilibrando, assim como metade das pessoas do ensaio.

Gritos começaram a se elevar por Nova Roma, e um pequeno caos passou a se instalar. Saindo, tentando saber o que estava acontecendo eu vi crianças correndo, adolescentes legionários sacando armas e cidadãos mais velhos, que já batalharam quando mais jovens vestindo novamente suas armaduras. Olhei para o topo da colina, e vi um grande grupo de monstros diversificados descendo na direção do Acampamento, que estava sofrendo um ataque um tanto quanto inesperado.

Eu não estava servindo como guerreira, afinal de contas não era uma semideusa. E por isso, corri em busca de minha mãe. Bastava um vislumbre para o céu, e poderia perceber que o tempo estava ficando escuro e denso, logo começaria a chover e as tempestades provavelmente estavam deixando-a preocupada. A correria em Nova Roma aos poucos acabou, pois todos os batalhantes haviam subido a colina para derrotarem os monstros. O estandarte da águia de Júpiter soltava raios amarelos, que pareciam simples faíscas diante dos distantes raios que rasgavam o horizonte, e aos poucos eu também passei a me preocupar.

Cheguei em casa, e não havia ninguém, ela havia saído para me procurar mas bastaram alguns instantes dentro de casa para ouvir o barulho da porta se abrindo bruscamente, e minha mãe correndo para me abraçar. Haviam lágrimas em seu rosto, e ela me apertou tão forte que parecia ter me perdido por anos e me reencontrado agora. Não podia culpa-la, eu sentia o mesmo. Ficamos ali, um longo tempo nos abraçando, antes de ela me olhar nos olhos e falar que ela tinha que me levar para um lugar seguro. Por um instante eu desejei que ela me abraçasse outra vez, que me lesse uma história para dormir permitindo que eu me imaginasse outra vez, voando por entre as nuvens. Mas ela não podia, e simplesmente segurou minha mão e guiou-me até a Principia, onde os que não lutavam ficariam para correrem menos risco de acabarem se machucando, ou mesmo, morrendo.

Tudo aconteceu rápido demais, inclusive o desenvolvimento da tempestade, que mergulhou todo o Acampamento em negro, afogando todos em uma chuva tão pesada quanto chumbo e gelada como granizo. Minha mãe me colocou no abrigo, me deu um abraço e sacou uma espada. E no meio de toda aquela gente, que assim como eu jamais tiveram uma luta de verdade na vida, eu armei um escândalo.

-- Mãe, você vai lutar? -- Perguntei em voz alta, preocupada e segurando sua mão antes de ir, nossos cabelos sempre foram idênticos, e isso não mudou nada mesmo estando ambas as duas completamente encharcadas. Assustava-me ver tanta semelhança em minha mãe.

-- Eclair, não temos tempo pra isso.

-- Mãe, você nã-

-- ECLAIR!! -- Ela berrou em um tom rígido, ela nunca havia erguido a voz comigo. –- Escuta, é minha obrigação. Não precisa se preocupar, não é minha primeira luta. E não será a última. -- Ela tirou minha mão da sua gentilmente e começou a sorrir. -- Não se preocupe, mães são duronas. -- Ela falou usando charme, acalmando-me brevemente... E erguendo a sobrancelha esquerda, fazendo meu coração se apertar ainda mais.

Não tive tempo de falar mais nada, ela saiu correndo da principia, e só então notei que todos os outros olhavam para mim. Alguns sussurrando, outros mexendo a cabeça negativamente, mas ninguém aprovando a situação, e por um momento tive nojo de estar no mesmo grupo que essas pessoas, mas suspirei e sentei-me no canto, enquanto esperava pelo que iria acontecer.

Fiquei sentada por apenas alguns minutos mas, pareceram horas. Eu era hiperativa, não conseguia me manter quieta, ainda mais em uma situação como essa. Ficava mexendo os pés de diversas formas, estalava os dedos. Me levantava e andava de um lado para o outro, e me sentava novamente, em um ciclo repetitivo e sem padrão algum, o que me inquietava mais ainda pois não conseguia me controlar.

Chegou um momento, em que meus pensamentos mergulharam na tempestade. E comecei a prestar atenção nos raios, no som da chuva. Tão imponentes e implacáveis que faziam eu me sentir inferiorizada. Esfreguei os ombros com o frio, céus, como eu desejava ter minha mãe por perto, me abraçando e lendo uma história. Fechei os olhos, imaginando-me voando por entre as nuvens do céu tempestuoso, como se controlasse tudo ao meu redor, mas dessa vez o calor que me acompanhava estava distante. Tão longe que a chama parecia estar se apagando. Pensar nisso me deixou ainda mais nervosa até que um momento depois eu pensei “Basta!” e me levantei, andando até a porta. Um garoto, louro e não muito bonito se colocou na minha frente, tentando parecer desafiador.

-- Você não deve sair! -- Ele disse se colocando na frente da saída de braços cruzados.

-- Ahh!! Cala a boca e sai da minha frente! -- Gritei para ele, e o garoto realmente obedeceu. Em silêncio caminhou para fora do meu caminho, e me assustei com aquilo. Até que a descendência de Vênus realmente é muito útil as vezes.

Mas sem tempo para pensar nisso, eu caminhei para fora e adentrei na tempestade. A chuva estava forte e os ventos eram praticamente cortantes. Mas corri com tudo que podia em direção à colina. Assustei-me ao encontrar algumas armas quebradas no meio do caminho, talvez de alguns dos monstros que apareceram, será que tinham chegado tão longe? A chuva não permitia que eu visse muito longe, e por isso minha visão alcançava apenas alguns metros. Mas por via das dúvidas, peguei uma espada, que estava com a lâmina cortada pela metade, parecendo mais uma adaga sem ponta do que qualquer outra coisa, mas seria útil.

Caminhei por alguns minutos, estava encharcada, e do lado de uma das casas veio uma criatura de armadura, lança e corpo de víbora com duas caudas no lugar de pernas. Não precisava ser uma guerreira para saber que, era uma Dracaena. Ela sibilou contra mim, e segurei o cabo da espada quebrada com medo, utilizando as duas mãos, afinal de contas eu não tive nenhum treinamento.

Tentaria falar algo como ameaça, ou usar charme como fiz com o garoto na Principia, mas o som da chuva e dos raios iria com certeza me atrapalhar nesse aspecto, sem falar que com certeza não iria funcionar. Então, num ato desesperado eu joguei a espada quebrada na cabeça dela, e como não tenho habilidade nem força nenhuma, a arma atingiu sua cara tão fraca e inutilmente que sequer fez efeito. Mas aproveitei isso para correr, ainda em direção à colina, torcendo para ela encontrar tanta dificuldade em ver na chuva quanto eu.

Realmente funcionou, pois ela não me incomodou no caminho, e minutos depois eu cheguei até a colina, onde o som de metais se chocando começou a surgir, não muito distante e percebi que estava entrando no campo de batalha. Tão indefesa quanto a princesa da peça. Gostaria que isso fosse tão simples quanto aquelas duas falas, com certeza melhoraria muita coisa. Mas bastou apenas um passo para começar a ver semideuses lutando contra todo tipo de monstro, Empousai, Dracaenas, e outros que eu provavelmente jamais iria reconhecer pela falta de experiência.

Percebi que tinha chegado ali sem a mínima ideia do que fazer, apenas procurando minha mãe, e logo em seguida o medo começou a percorrer minha espinha. E tão rápido quanto as gotas de chuva caiam no chão, um homem touro apareceu correndo com um machado na minha frente, e pensei que iria morrer naquela hora. Mas ele se dissolveu em poeira dourada, revelando atrás de si um rosto familiar.

-- Mia! -- Gritei de alívio, mas ela respondeu com uma reação completamente diferente.

-- O que você tá fazendo aqui? Deveria estar na principia! -- Ela parecia rígida, e realmente me senti uma idiota me metendo no meio de uma pequena guerra desse jeito.

-- Eu... -- Tudo bem que não era a hora certa para começar a falar mas, eu também não era muito inteligente na época. Meu olhar teve a atenção chamada bom um brilho dourado inconfundível e distante, que consegui ver apesar da chuva. Diferente do ouro imperial era tão claro que quase chegava ao branco, e começando a correr até ele eu gritei. -- Mãe!!!!

Mia tentou me parar, mas foi incapaz, e provavelmente teria me seguido se não fossem os outros monstros aparecendo. Corri no meio do campo de batalha, até alcança-la. Ela estava lutando, e era impressionante o que conseguia fazer com um chicote com vários espinhos ao seu redor. Enrolava o material no pescoço de um monstro e disparava-o contra outro, tudo em movimentos tão rápidos que seu corpo parecia fluir no meio da luta. Notei que ela sorria, aparentemente gostava de batalhar, eu nunca tinha percebido isso nela, mas seu sorriso se desmanchou assim que seus olhos se encontraram com os meus, e em um grito que provavelmente todos do campo de batalha puderam ouvir ela gritou meu nome.

Naquele instante, uma dor percorreu meu corpo, vindo diretamente da minha barriga. Olhei para baixo, e vi uma espada me atravessando, senti meus músculos se retesando, e minha garganta se contraindo enquanto eu vomitava uma quantidade absurda de sangue e a espada era retirada de dentro de mim, e seu portador girava ao redor do meu corpo, ficando em minha frente para o golpe final. Era uma Dracaena, menor que a outra, mas aparentemente mais ágil.

Ela ergueu a espada para cortar minha garganta mas um chicote cheio de espinhos se enrolou sobre seu pescoço, e imediatamente ela virou poeira dourada. Eu caí de joelhos, vomitando mais sangue e com a visão enturvecida. Quando minha mãe me abraçou desesperada, em meio às lutas. Ela estava desesperada, e outra vez vi seu rosto, banhado em preocupação diante da tempestade. Ela gritava o meu nome, gaguejava, soluçava. Chorava alto, mas minha audição estava ficando distante. O calor de seu corpo estava diminuindo, ou seria o do meu? Já não saberia dizer. Meus olhos lentamente se fechavam, como se subitamente um doloroso sono caísse como chumbo sobre meu corpo. Mas como se todo o som da chuva, tempestade ou batalhas desaparecesse, eu ouvi sua voz falando. Não para mim, mas para o céu.

-- Ajude-a!!! Ela é sua filha... -- Ela gritava, estava sem ar e rouca... E sussurrou com tanto desespero, que senti a faca do arrependimento atravessar meu coração. -- Por favor...!

Uma gota quente e leve, diferente da chuva tocou meu pescoço, logo perdendo sua temperatura. “Uma lágrima?” perguntei para mim mesma. E de repente, em um flash tão claro que mesmo com as pálpebras fechadas eu tive minha visão banhada em branco, um estrondo tomou conta de todo o acampamento, tão potente que poderia abalar mil montanhas de uma vez, mas seu efeito não foi tão forte. Pelo menos, não nas colinas.

Quando o brilho se extinguiu eu abri os olhos. Precisei de um esforço para abri os olhos, que já perdiam o tom turvo e olhei para baixo. Minhas feridas se fechavam em pequenas chispas de eletricidade, deixando uma pequena cicatriz na barriga. O campo ao redor estava queimado, negro. Aparentemente um raio havia caído, não havia nenhum monstro restante e os semideuses ao redor estavam se levantando apesar de ferimentos, parecia que ninguém havia sofrido uma baixa. Mas então, olhei para frente, e vi um cadáver queimado na minha frente e o desespero percorreu minha espinha, tão gélido e nauseante que sentia o próprio Deimos estivesse atrás de mim. Reconhecia aqueles olhos, aquela armadura derretida, aquele rosto apesar de deformado. Sua pele tinha bolhas de queimaduras tão grandes e feias que mostravam carne viva, seu rosto parecia ter sido uma caveira banhada por pele derretida, e seus olhos saltavam do globo ocular, secos. Não havia mais cabelo em sua cabeça, apenas alguns fiapos queimados. Fiapos dourados e lisos.

Chorei, gritei. Um desespero enorme tomou conta de mim, gritava tanto que todos os semideuses começaram a me olhar. Minha mãe estava morta na minha frente, e eu estava inteira, sem nenhum ferimento ou sequer com a roupa danificada. Todos os semideuses, até os mais distantes acabaram se ferindo um pouco, porque não eu? Berrava, chorava. E a tempestade continuava. Os relâmpagos estouravam no céu, mais fortes, a chuva fria continuava caindo.

Coloquei a mão nos ouvidos. O barulho da tempestade me dava arrepios, cada som me lembrava da imagem de minha mãe ali, mesmo que eu fechasse os olhos. Tentei respirar fundo, calma, desacelerar meu coração. Me imaginei voando por entre os céus tempestuosos, e já não me sentia capaz de controla-lo. Esperava pelo calor, mesmo distante, de minha mãe enquanto me imaginava voando. Mas não sentia nada, apenas solidão, frio, frustração... Medo.

Continuava gritando, de olhos fechados. Não queria ouvir a tempestade, queria que ela fosse embora. Que todos fossem embora! Não entendia muito bem o que estava acontecendo, apenas queria que tudo parasse. O barulho da chuva, dos raios, me dava dor de cabeça, me assustava. Me encolhi, deitada no chão gritando e tapando os ouvidos. Não sei por quanto tempo fiquei assim, mas lembro-me de ter aberto os olhos uma vez, e nessa única vez eu estava com o rosto virado para o céu. Minha franja estava branca ao invés de dourada, e os céus, pareciam estar chorando.

Depois desse momento, eu desmaiei. Acordei na enfermaria, sendo tratada por alguns filhos de Febo. Meu cabelo tinha voltado ao normal e me fizeram algumas perguntas e alguns testes para ver se eu estava bem. Não sofri nenhum dano, apenas a cicatriz na barriga, que ainda soltava lapsos de dor ao imaginar o cenário da luta.

Após isso, os dias se passaram normalmente. Pelo menos para os outros, porque eu, não tinha o mínimo desejo de sair para fora de casa. Depois de uma semana que eu tive coragem de abrir um livro, e foi a partir daí que me viciei em leitura. Fiquei sem comer por 9 dias, e sem dormir por 11. Mas me olhava no espelho e ainda via a imagem de minha mãe refletida. Passei a odiar ser parecida com ela, pois me lembrava de seu rosto a todo momento, e a imagem deformada no meio da batalha me fazia deitar em um canto e simplesmente chorar.

A partir daquele dia eu comecei a me vestir de forma diferente, arrumar o cabelo de um jeito diferente. Fazia de tudo para ficar mais feia, ou mais diferente da minha mãe, mas não era tão fácil assim. Mas com o tempo comecei a me vestir de forma simples, já que minha mãe sempre teve o aspecto extravagante de usar vestidos chamativos e maquiagens fortes.

Adquiri um trauma com esse assunto de tempestades, e perdi 60% da minha voz com os gritos naquele dia. Por sorte minha descendência de Vênus não permitiu que eu ficasse rouca ou coisa do tipo, apenas com a voz baixinha. Isso me lembrava muito minha mãe quando lia, então não saberia dizer se fui abençoada ou amaldiçoada.

Foram dois meses assim, me recuperando, ficando reclusa e abandonando amizades. Me entreguei aos livros, eram as únicas coisas que lembravam-me de minha mãe viva, lendo para mim durante às noites e não do cadáver deformado naquele dia. Deram para ela um enterro digno, mas eu não fui lá. Pois no dia de seu velório, Lupa apareceu para mim, chamando-me de ‘semideusa’ e levando-me para o treinamento. Ela comentou que minha mãe me protegia, desse mundo mais sombrio e brutal em que os filhos de Deuses viviam, e que impediu que a alcateia de lobos me treinasse para não me revelarem minha metade divina. O treinamento durou bastante tempo, obtive um crescimento mental muito rápido, com estratégias de batalha e movimentos durante a luta. Aos poucos aprendi a lidar com armas, e depois de três meses regressei ao Acampamento Júpiter, alistando-me na Quinta Coorte.



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Um Raio não é capaz de defender, apenas destrói tudo que toca.
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