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por Ahmar Zorn 10/01/24, 06:43 pm

Ahmar Zorn

Ahmar Zorn
Filho(a) de Magia
Filho(a) de Magia
Estamos acostumados a ouvir que um dia na vida de semideus jamais é igual a outro e sempre está cheio de aventuras, batalhas e dramas. E isso é verdade, pelo menos na maioria dos casos - quando não morrem tão cedo. Só que a parte de fora nas narrativas é quando tudo o que faz desse mundo louco e incrível cai na rotina massante sendo o que se deseja é apenas uma pausa das situações desgastantes. Pensar nisso parece uma crise de meia-idade antes de chegar lá e, considerando as estatísticas de Nova Roma ultimamente, posso dizer que talvez tenha uns quarenta anos de meio-sangue ou chegando lá; ainda que nem tenha passado dos trinta. :fuckit:

Fato é que seguir o mesmo ciclo todos os dias pode se tornar um peso capaz de te consumir lentamente até ser incapaz de distinguir o momento exato quando começou, apenas que faz parte do seu dia a dia e terá de lidar com isso ou sucumbir à pressão. É aí que você se dá conta que algo está errado.

Eu precisava sair mais da área administrativa e realmente aproveitar as mudanças que me cercavam. Viver para testar novas técnicas de combate. Viver para receber o sol da manhã em minha pele após uma madrugada de caminhada. Viver para simplesmente sorrir quando desse vontade e chorar caso precise. Viver para encontrar o meu pai. Viver. Com esse pensamento, decidi me dar férias em momento oportuno e deixei ao encargo de Lorenzo que resolvesse as reclamações do Conselho e Senatus. Arrumei das poucas coisas que tinha e saí. Boa sorte pra eles. [ONE-POST] UM DIA DE CADA VEZ | AHMAR ZORN 740361039




01:17 pm.

A rodoviária está silenciosa na parte externa e sou o único sentado no banco de cimento olhando a estrada. Com o inusitado feriado prolongado, o último ônibus para Phoenix, Arizona, sairia em torno de uma hora perfazendo um total de cento e vinte minutos na minha espera. Os únicos sons no momento são o vento balançado uma folha de papel mal colada na parte externa da cabine telefônica e um cachorro latindo distante numa parte desconhecida da rodoviária. Em algum lugar um aparelho tocava música country brega.

Zzzzzz.... zzzzzz....

Sinto um zumbido pelo ar. Normalmente se ouve o som reverberar em uma superfície ou percorrer nossa pele através do contato, no entanto, este azucrinava minha percepção inata. Coisa alguma é por mero acaso. Se havia uma origem, então eu precisava buscar o local ainda que fosse ínfima a diferença - penso enquanto levanto do assento e saio em busca do que fosse. A ânsia e a náusea não demoraram a surgir. Dor de cabeça. A pressão nas têmporas e nuca aumentava ao passo que continuo minha procura expandindo a área de vistoria. Só mais um pouco e talvez eu descobriria a origem. Porém, o que mais me intrigava embora aceitasse o fardo hereditário foi o "Por que eu? Por que agora?" quando havia outros disponíveis, sedentos por aventuras épicas em contraste a minha pacata introdução às férias?

Um cubo.

Não entendi como um objeto tão simples poderia perturbar minha aura mágica brincando com meus sentidos. Quem havia deixado essa coisa exposta desse jeito? E por que só me afetou agora e não imediatamente a minha chegada no terminal?

Menos perguntas, mais ação. O tempo urge e eu poderia entrar em letargia a qualquer momento se não arranjasse uma forma de inibir tais efeitos. Tirei a capa do pretorado guardada na mochila envolvendo o objeto cúbico pelo manto de Roma. Tentei não encostar diretamente no objeto mágico, mas somada a pressa com um momento de vertigem quase derrubei o cubo no chão tendo de o segurar com a mão. Pelo menos consegui cobri-lo o suficiente para dissipar o mal-estar e saber enquanto o cubo fosse enrolado eu -e quem estivesse ao redor- estaria protegido. A lógica utilizada era a simples anulação de forças mágicas para interromper o efeito, apesar de me impedir a utilização da capa. Guardado o objeto na mochila, voltei ao ponto de espera do ônibus interestadual pensando no que acabou de acontecer. O sol estava em seu ápice e o calor fazia o suor escorrer por minha testa.

------------ | ------------ | ------------ | ------------

Uma agulha perfurando a pele. Está foi a sensação no meu radar mágico, tipo o sentido aranha, uma fração de segundo antes de me jogar no chão pressentindo o alerta que algo ruim estava para acontecer. A explosão do banco de cimento lançou estilhaços para todos os lados e alguns deles me atingiram nas mãos usadas para cobrir a cabeça e as costas causando ferimentos consideráveis visto que não sou feito de rocha e a mochila estava por debaixo do meu corpo tentando proteger o objeto mágico misterioso. É uma baita coincicência ser atacado justo após pegar essa coisa daquele lugar, seria um esconderijo para ela e eu havia perturbado do local? Mais importante neste momento: o que havia de me acontecido poderia ter repetição e eu precisava me proteger de novos ferimentos. Assim convoco uma [BARREIRA ELEMENTAL I] de ar para desviar possíveis estilhaços de objetos explodindo próximo a mim pensando que me daria algum tempo para reorganizar meus pensamentos enquanto agilizo de tirar [a poção/o cantil de vida] e beber um gole para recuperação rápida. Sinto as concussões e cortes melhorarem quase instantaneamente, a respiração que a poucos segundos estava pesada fica mais leve e regular.

Agora sim, o que tinha acontecido?! Busco ao redor para ver sinais que indicassem algo mais concreto que suposições das quais mal tive tempo para formular levantando da posição acocorado. No banco de concreto que eu estava assentado havia um buraco no encosto e dele o assento dividia-se em duas partes escoradas uma na outra em formato de V. Certamente, se eu não tivesse pulado poderia dizer adeus a minha coluna que teria sido esmagada com o impacto do que houvesse originado aquilo. Com excessão disso, não havia sinais de fumaça, enxofre, dinamite ou qualquer outro tipo de explosivo, ozônio, raios ou ácido. Parecia trabalho de pura força bruta com instinto assassino, porém não sinto quaisquer resquícios de criatura mágica nas redondezas - o que me deixou mais alerta e intrigado. Giro em torno de meu próprio eixo a procura de sinais visuais ao redor no ambiente e no radar mágico com mais afinco. Encaro uma mulher em seus supostos 20 e poucos anos limpando a unha esmaltada em prata e cabelo chanel rosado.

- Não é todo dia que alguém consegue escapar de meu soco. - fala casualmente. - Em geral, sou a última coisa que veem enquanto sangram até a morte.

Olhando para ela ficava difícil de imaginar que poderia machucar alguma criatura viva, muito menos matar alguém com um soco. Contudo, eu já havia ouvido muitas histórias e visto coisas fora do normal o suficiente para entender que aparência é apenas um detalhe irrelevante quando se trata do sobrenatural. O colar de pingente em formato circular me chamou a atenção acima de outras coisas, duas runas estavam nitidamente expostas em sua pedra arroxeada: uma de proteção [ao visível] e outra de vigilância. Talvez fosse o motivo de eu não conseguir senti-la com meu radar mágico anteriormente, mas não explicava como eu podia senti-la agora.

- Ah, isso?

Disse ela ao tocar no pingente com um sorriso malicioso. Era notável o prazer dela em exibir o item com um carinho estranho para quem acabara de demonstrar tamanha apatia com relação à vida de alguém. Era quase como uma lembrança feliz, e disso eu sei qual a sensação.

- Um jovem bruxo me deixou como recompensa algum tempo atrás após sua morte. Foi delicioso vê-lo tentar proteger-se com algo tão sutil e inútil contra mim. Ele ainda estava vivo, e isso foi o bastante para o matar.

Senti um arrepio nas costas com a frieza das palavras dela, entendia que era verdade apenas pela forma como se expressava - guerreiros de longa data possuem um comportamento peculiar facilmente distinguível, não precisam de muito esforço nem o fazer para demonstrar sua experiência.

- Se pode me sentir, agradeça a esse cubo inconveniente. De alguma forma está te avisando como fez a outros. Mas, de igual forma, ele será a tua ruína. - e soltou uma gargalhada de loucura.

Enquanto ela falava fiz questão de elencar os prós e os contras da situação que se complicava diante de mim. Obviamente, ela era mais rápida e mais forte que eu - um problema considerável para um mago incapaz de se teletransportar ou acelerar os próprios passos. Precisava reduzir sua velocidade de alguma forma, no entanto, não sabia se minhas habilidades seriam capazes de realizar algum feito. E se usasse algum anulador de magias ou simplesmente não servisse? Era uma criatura cuja existência pertencia ao Mundo Antigo ou alguma outra cultura? Recentemente houve histórias envolvendo mais de uma realidade além da greco-romana e vimos que não há impedimento de acontecer novamente. Ela se preparava para avançar novamente, eis a minha chance.

Como uma extensão de minha existência, ordeno à terra que prenda os pés da criatura na altura de seus joelhos testando sua capacidade de superar a resistência do solo pedregoso. Se não conseguisse se libertar (o que eu duvidava), poderia acabar facilmente com aquela situação, porém, como pude presenciar, em dois golpes de seus punhos ela estava livre para andar por onde desejasse.

- Achou mesmo que seria capaz de me prender assim tão fácil? - comentou em tom de arrogância, e avançou sem hesitar.

Desta vez, acertou-me na lateral do ombro direito espalhando uma dor excruciante. Senti o osso rachar sob o impacto desejando que aquilo não passasse de um sonho ruim. Apesar de sangue divino correr em minhas veias, a resistência física não era a maior de minhas características em combate. Eu necessitava pensar em algo, e pensar rápido, ou estaria morto em pouco tempo. A dor em meu ombro pode ter diminuído meus reflexos, mas não minha sagacidade. A ânsia por sobrevivência pode lhe dar uma visão que outras circunstâncias jamais seriam capazes de revelar as nuances escondidas na alma.

Se as mãos eram sua maior arma e orgulho, então não possuí-las me daria tempo de contra-atacar. Por isso, utilizando da névoa, transformo seus braços e pernas em pedaços de papel machê impedindo uma pancada direta por parte de minha oponente. De certo, ela ainda poderia utilizar da cabeça como arma nesse meio tempo, mas a expressão de horror e ódio exibida em sua face denotavam um tempo que eu não desperdiçaria com divagações desnecessárias. Meu braço direito estava incapacitado no momento e o outro ocupado ainda segurando a mochila. Por que eu ainda a segurava se poderia a retornar para a tatuagem? Num estalar de memória, fiz que a mochila voltasse para onde quer que ficasse enquanto não fosse invocada, reduzindo as chances da desconhecida de pegar o cubo misterioso. Sua frustração em forma de grito odioso me deu a certeza que estava fazendo o correto.

- Para onde enviou o objeto, verme? - então ela conseguia senti-lo de alguma maneira mesmo coberto pelo manto do pretor. Invoco o [PENTAGRAMA] para restringir seus movimentos e uma lança de pedra atravessando seu corpo, mas, diferente dos outros monstros, ela não desaparece em poeira dourada permanecendo empalada e consciente.

- Qual sua ligação com o cubo? - questiono enquanto me afasto. Cautela nunca é mais.

- Há coisas que você jamais entenderá. - disse em meio a um sorriso torto. O sangue que escorria era preto e gosmento. - Basta saber que você não é o único que tem segredos, Peterson.

Aí estava uma pista do que poderia estar por trás de tudo isso. Peterson. Filho de Peter. E, novamente, envolvia meu pai - um homem cujo futuro tornou-se incerto e o mistério se aprofundava cada vez mais que eu tentava desvendar ou chegar perto.

- Já que conseguiu me prender, te darei um indício e, se for esperto o bastante, ficará longe disso tudo pelo seu próprio bem. - a pausa era torturante e ela aproveitava cada segundo. - Schwarzer-Adler-Orden.

A Ordem da Águia Negra.

O que aquilo significava e como meu pai se encaixa nela? O que tem a ver com o cubo? E mais importante, por que eu estou envolvido (ainda que indiretamente) a isto tudo se nem contato com meu pai possuo?

A desconhecida começou a se debater tentando se livrar da lança de pedra e eu sabia que se continuasse deste modo ela conseguiria se libertar. Num acesso de raiva e frustração, uso da energia que me sobra para incendia-la com o fogo infernal desejando que pudesse resolver todos os meuus problemas após ele consumir tudo o que tocasse. Pensei em me lançar ao meio dele como uma forma de amenizar todas as perguntas que me surgiam, mas esse não era um método que me traria as respostas que eu desesperadamente ansiava. Seu corpo derretia como cera no contato das chamas e seus gritos poderiam atormentar até o mais corajoso dos heróis, porém algo havia mudado em mim. E não tinha certeza se era para o bem ou para o mal. Eu encontraria a Ordem da Águia Negra e descobriria todos os joguinhos que me faziam. Faria todos se arrependerem de mexer com a minha família se assim fosse provado.

A este momento, as chamas são interrompidas e o que resta é apenas uma poça de algo semelhante a barro queimado. Talvez fosse uma espécie de golem. O onibus que eu aguardava chega, mas não embarco nele. O sol se põe enquanto retorno ao Acampamento Júpiter pensando no que faria com o objeto que guardei na mochila e as informações recentes. Espero que um baú selante hermético para magia seja capaz de suprimir o objeto. Quem sabe a Elie possa me ajudar a descobrir uma maneira. Tomo mais um gole dos cantis de cura e energia para revigorar meu estado, pois monstros poderiam aparecer a qualquer momento e eu deveria estar preparado.
Habilidades Utilizadas:

Equipamentos Levados:
Descrição dos itens:

Nível 5 – Riqueza: Os filhos de Plutão atraem riqueza para onde quer que vão. O ouro chama por eles. Por isso, sempre acabam tendo mais dinheiro que os outros (+5% de dracmas ao fim de uma narração)

#1

[ONE-POST] UM DIA DE CADA VEZ | AHMAR ZORN Empty Re: [ONE-POST] UM DIA DE CADA VEZ | AHMAR ZORN

por Deméter 11/01/24, 05:30 pm

Deméter

Deméter
Deusa Olimpiana
Deusa Olimpiana
Ж Ahmar Zorn escreveu:
Estamos acostumados a ouvir que um dia na vida de semideus jamais é igual a outro e sempre está cheio de aventuras, batalhas e dramas. E isso é verdade, pelo menos na maioria dos casos - quando não morrem tão cedo. Só que a parte de fora nas narrativas é quando tudo o que faz desse mundo louco e incrível cai na rotina massante sendo o que se deseja é apenas uma pausa das situações desgastantes. Pensar nisso parece uma crise de meia-idade antes de chegar lá e, considerando as estatísticas de Nova Roma ultimamente, posso dizer que talvez tenha uns quarenta anos de meio-sangue ou chegando lá; ainda que nem tenha passado dos trinta. :fuckit:

Fato é que seguir o mesmo ciclo todos os dias pode se tornar um peso capaz de te consumir lentamente até ser incapaz de distinguir o momento exato quando começou, apenas que faz parte do seu dia a dia e terá de lidar com isso ou sucumbir à pressão. É aí que você se dá conta que algo está errado.

Eu precisava sair mais da área administrativa e realmente aproveitar as mudanças que me cercavam. Viver para testar novas técnicas de combate. Viver para receber o sol da manhã em minha pele após uma madrugada de caminhada. Viver para simplesmente sorrir quando desse vontade e chorar caso precise. Viver para encontrar o meu pai. Viver. Com esse pensamento, decidi me dar férias em momento oportuno e deixei ao encargo de Lorenzo que resolvesse as reclamações do Conselho e Senatus. Arrumei das poucas coisas que tinha e saí. Boa sorte pra eles. [ONE-POST] UM DIA DE CADA VEZ | AHMAR ZORN 740361039




01:17 pm.

A rodoviária está silenciosa na parte externa e sou o único sentado no banco de cimento olhando a estrada. Com o inusitado feriado prolongado, o último ônibus para Phoenix, Arizona, sairia em torno de uma hora perfazendo um total de cento e vinte minutos na minha espera. Os únicos sons no momento são o vento balançado uma folha de papel mal colada na parte externa da cabine telefônica e um cachorro latindo distante numa parte desconhecida da rodoviária. Em algum lugar um aparelho tocava música country brega.

Zzzzzz.... zzzzzz....

Sinto um zumbido pelo ar. Normalmente se ouve o som reverberar em uma superfície ou percorrer nossa pele através do contato, no entanto, este azucrinava minha percepção inata. Coisa alguma é por mero acaso. Se havia uma origem, então eu precisava buscar o local ainda que fosse ínfima a diferença - penso enquanto levanto do assento e saio em busca do que fosse. A ânsia e a náusea não demoraram a surgir. Dor de cabeça. A pressão nas têmporas e nuca aumentava ao passo que continuo minha procura expandindo a área de vistoria. Só mais um pouco e talvez eu descobriria a origem. Porém, o que mais me intrigava embora aceitasse o fardo hereditário foi o "Por que eu? Por que agora?" quando havia outros disponíveis, sedentos por aventuras épicas em contraste a minha pacata introdução às férias?

Um cubo.

Não entendi como um objeto tão simples poderia perturbar minha aura mágica brincando com meus sentidos. Quem havia deixado essa coisa exposta desse jeito? E por que só me afetou agora e não imediatamente a minha chegada no terminal?

Menos perguntas, mais ação. O tempo urge e eu poderia entrar em letargia a qualquer momento se não arranjasse uma forma de inibir tais efeitos. Tirei a capa do pretorado guardada na mochila envolvendo o objeto cúbico pelo manto de Roma. Tentei não encostar diretamente no objeto mágico, mas somada a pressa com um momento de vertigem quase derrubei o cubo no chão tendo de o segurar com a mão. Pelo menos consegui cobri-lo o suficiente para dissipar o mal-estar e saber enquanto o cubo fosse enrolado eu -e quem estivesse ao redor- estaria protegido. A lógica utilizada era a simples anulação de forças mágicas para interromper o efeito, apesar de me impedir a utilização da capa. Guardado o objeto na mochila, voltei ao ponto de espera do ônibus interestadual pensando no que acabou de acontecer. O sol estava em seu ápice e o calor fazia o suor escorrer por minha testa.

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Uma agulha perfurando a pele. Está foi a sensação no meu radar mágico, tipo o sentido aranha, uma fração de segundo antes de me jogar no chão pressentindo o alerta que algo ruim estava para acontecer. A explosão do banco de cimento lançou estilhaços para todos os lados e alguns deles me atingiram nas mãos usadas para cobrir a cabeça e as costas causando ferimentos consideráveis visto que não sou feito de rocha e a mochila estava por debaixo do meu corpo tentando proteger o objeto mágico misterioso. É uma baita coincicência ser atacado justo após pegar essa coisa daquele lugar, seria um esconderijo para ela e eu havia perturbado do local? Mais importante neste momento: o que havia de me acontecido poderia ter repetição e eu precisava me proteger de novos ferimentos. Assim convoco uma [BARREIRA ELEMENTAL I] de ar para desviar possíveis estilhaços de objetos explodindo próximo a mim pensando que me daria algum tempo para reorganizar meus pensamentos enquanto agilizo de tirar [a poção/o cantil de vida] e beber um gole para recuperação rápida. Sinto as concussões e cortes melhorarem quase instantaneamente, a respiração que a poucos segundos estava pesada fica mais leve e regular.

Agora sim, o que tinha acontecido?! Busco ao redor para ver sinais que indicassem algo mais concreto que suposições das quais mal tive tempo para formular levantando da posição acocorado. No banco de concreto que eu estava assentado havia um buraco no encosto e dele o assento dividia-se em duas partes escoradas uma na outra em formato de V. Certamente, se eu não tivesse pulado poderia dizer adeus a minha coluna que teria sido esmagada com o impacto do que houvesse originado aquilo. Com excessão disso, não havia sinais de fumaça, enxofre, dinamite ou qualquer outro tipo de explosivo, ozônio, raios ou ácido. Parecia trabalho de pura força bruta com instinto assassino, porém não sinto quaisquer resquícios de criatura mágica nas redondezas - o que me deixou mais alerta e intrigado. Giro em torno de meu próprio eixo a procura de sinais visuais ao redor no ambiente e no radar mágico com mais afinco. Encaro uma mulher em seus supostos 20 e poucos anos limpando a unha esmaltada em prata e cabelo chanel rosado.

- Não é todo dia que alguém consegue escapar de meu soco. - fala casualmente. - Em geral, sou a última coisa que veem enquanto sangram até a morte.

Olhando para ela ficava difícil de imaginar que poderia machucar alguma criatura viva, muito menos matar alguém com um soco. Contudo, eu já havia ouvido muitas histórias e visto coisas fora do normal o suficiente para entender que aparência é apenas um detalhe irrelevante quando se trata do sobrenatural. O colar de pingente em formato circular me chamou a atenção acima de outras coisas, duas runas estavam nitidamente expostas em sua pedra arroxeada: uma de proteção [ao visível] e outra de vigilância. Talvez fosse o motivo de eu não conseguir senti-la com meu radar mágico anteriormente, mas não explicava como eu podia senti-la agora.

- Ah, isso?

Disse ela ao tocar no pingente com um sorriso malicioso. Era notável o prazer dela em exibir o item com um carinho estranho para quem acabara de demonstrar tamanha apatia com relação à vida de alguém. Era quase como uma lembrança feliz, e disso eu sei qual a sensação.

- Um jovem bruxo me deixou como recompensa algum tempo atrás após sua morte. Foi delicioso vê-lo tentar proteger-se com algo tão sutil e inútil contra mim. Ele ainda estava vivo, e isso foi o bastante para o matar.

Senti um arrepio nas costas com a frieza das palavras dela, entendia que era verdade apenas pela forma como se expressava - guerreiros de longa data possuem um comportamento peculiar facilmente distinguível, não precisam de muito esforço nem o fazer para demonstrar sua experiência.

- Se pode me sentir, agradeça a esse cubo inconveniente. De alguma forma está te avisando como fez a outros. Mas, de igual forma, ele será a tua ruína. - e soltou uma gargalhada de loucura.

Enquanto ela falava fiz questão de elencar os prós e os contras da situação que se complicava diante de mim. Obviamente, ela era mais rápida e mais forte que eu - um problema considerável para um mago incapaz de se teletransportar ou acelerar os próprios passos. Precisava reduzir sua velocidade de alguma forma, no entanto, não sabia se minhas habilidades seriam capazes de realizar algum feito. E se usasse algum anulador de magias ou simplesmente não servisse? Era uma criatura cuja existência pertencia ao Mundo Antigo ou alguma outra cultura? Recentemente houve histórias envolvendo mais de uma realidade além da greco-romana e vimos que não há impedimento de acontecer novamente. Ela se preparava para avançar novamente, eis a minha chance.

Como uma extensão de minha existência, ordeno à terra que prenda os pés da criatura na altura de seus joelhos testando sua capacidade de superar a resistência do solo pedregoso. Se não conseguisse se libertar (o que eu duvidava), poderia acabar facilmente com aquela situação, porém, como pude presenciar, em dois golpes de seus punhos ela estava livre para andar por onde desejasse.

- Achou mesmo que seria capaz de me prender assim tão fácil? - comentou em tom de arrogância, e avançou sem hesitar.

Desta vez, acertou-me na lateral do ombro direito espalhando uma dor excruciante. Senti o osso rachar sob o impacto desejando que aquilo não passasse de um sonho ruim. Apesar de sangue divino correr em minhas veias, a resistência física não era a maior de minhas características em combate. Eu necessitava pensar em algo, e pensar rápido, ou estaria morto em pouco tempo. A dor em meu ombro pode ter diminuído meus reflexos, mas não minha sagacidade. A ânsia por sobrevivência pode lhe dar uma visão que outras circunstâncias jamais seriam capazes de revelar as nuances escondidas na alma.

Se as mãos eram sua maior arma e orgulho, então não possuí-las me daria tempo de contra-atacar. Por isso, utilizando da névoa, transformo seus braços e pernas em pedaços de papel machê impedindo uma pancada direta por parte de minha oponente. De certo, ela ainda poderia utilizar da cabeça como arma nesse meio tempo, mas a expressão de horror e ódio exibida em sua face denotavam um tempo que eu não desperdiçaria com divagações desnecessárias. Meu braço direito estava incapacitado no momento e o outro ocupado ainda segurando a mochila. Por que eu ainda a segurava se poderia a retornar para a tatuagem? Num estalar de memória, fiz que a mochila voltasse para onde quer que ficasse enquanto não fosse invocada, reduzindo as chances da desconhecida de pegar o cubo misterioso. Sua frustração em forma de grito odioso me deu a certeza que estava fazendo o correto.

- Para onde enviou o objeto, verme? - então ela conseguia senti-lo de alguma maneira mesmo coberto pelo manto do pretor. Invoco o [PENTAGRAMA] para restringir seus movimentos e uma lança de pedra atravessando seu corpo, mas, diferente dos outros monstros, ela não desaparece em poeira dourada permanecendo empalada e consciente.

- Qual sua ligação com o cubo? - questiono enquanto me afasto. Cautela nunca é mais.

- Há coisas que você jamais entenderá. - disse em meio a um sorriso torto. O sangue que escorria era preto e gosmento. - Basta saber que você não é o único que tem segredos, Peterson.

Aí estava uma pista do que poderia estar por trás de tudo isso. Peterson. Filho de Peter. E, novamente, envolvia meu pai - um homem cujo futuro tornou-se incerto e o mistério se aprofundava cada vez mais que eu tentava desvendar ou chegar perto.

- Já que conseguiu me prender, te darei um indício e, se for esperto o bastante, ficará longe disso tudo pelo seu próprio bem. - a pausa era torturante e ela aproveitava cada segundo. - Schwarzer-Adler-Orden.

A Ordem da Águia Negra.

O que aquilo significava e como meu pai se encaixa nela? O que tem a ver com o cubo? E mais importante, por que eu estou envolvido (ainda que indiretamente) a isto tudo se nem contato com meu pai possuo?

A desconhecida começou a se debater tentando se livrar da lança de pedra e eu sabia que se continuasse deste modo ela conseguiria se libertar. Num acesso de raiva e frustração, uso da energia que me sobra para incendia-la com o fogo infernal desejando que pudesse resolver todos os meuus problemas após ele consumir tudo o que tocasse. Pensei em me lançar ao meio dele como uma forma de amenizar todas as perguntas que me surgiam, mas esse não era um método que me traria as respostas que eu desesperadamente ansiava. Seu corpo derretia como cera no contato das chamas e seus gritos poderiam atormentar até o mais corajoso dos heróis, porém algo havia mudado em mim. E não tinha certeza se era para o bem ou para o mal. Eu encontraria a Ordem da Águia Negra e descobriria todos os joguinhos que me faziam. Faria todos se arrependerem de mexer com a minha família se assim fosse provado.

A este momento, as chamas são interrompidas e o que resta é apenas uma poça de algo semelhante a barro queimado. Talvez fosse uma espécie de golem. O onibus que eu aguardava chega, mas não embarco nele. O sol se põe enquanto retorno ao Acampamento Júpiter pensando no que faria com o objeto que guardei na mochila e as informações recentes. Espero que um baú selante hermético para magia seja capaz de suprimir o objeto. Quem sabe a Elie possa me ajudar a descobrir uma maneira. Tomo mais um gole dos cantis de cura e energia para revigorar meu estado, pois monstros poderiam aparecer a qualquer momento e eu deveria estar preparado.
Habilidades Utilizadas:

Equipamentos Levados:
Descrição dos itens:

Nível 5 – Riqueza: Os filhos de Plutão atraem riqueza para onde quer que vão. O ouro chama por eles. Por isso, sempre acabam tendo mais dinheiro que os outros (+5% de dracmas ao fim de uma narração)

Missão negada
+100 EXP


1º: A capa do pretor não possuí nenhum propriedade que suprima magia, o que é bem incoerente com o fato de que a aura emanada pelo objeto era significantemente forte a ponto de perturbar seriamente o personagem.

2º e mais importante: Controle de névoa intermediário não te permite transfigurar partes de um inimigo visivelmente mais forte que o seu personagem, resultando no personagem ficar gravemente ferido ou até mesmo morrer, dadas as circunstâncias relatadas na OP

#2

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