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por Daniel Ritter 13/01/14, 07:31 pm

Daniel Ritter

Daniel Ritter
Filho(a) de Hades
Filho(a) de Hades
O canto silencioso da madrugada havia me desperto. Um sonho. Aquilo, para semideuses quase sempre era sinal de alguma coisa. E o meu era. Eu via um irmão, um daqueles que nunca tinha muita consideração, mas havia feito uma promessa. A completa ausência de qualquer som me fez companhia quando acordei, e sentei-me na cama gelada que fazia de abrigo em meio àquele acampamento tão familiar. Levanto-me, e saio do chalé, portando apenas o meu manto recém adquirido e os anéis dos dedos que nunca tirava. A porta se abria sem fazer barulho algum, e eu admirava o céu e o horizonte. Eu sempre gostei daquele momento em específico, onde o silêncio e a brisa da madrugada me faziam companhia. A maioria dos campistas eram privados daquela experiência, mas não eu. Harpias não podiam enxotar quem não viam, e meu silêncio completo fazia com que minha presença fosse imperceptível. Mas alguém sabia que eu estava ali, pensando no que estava pensando. Eu olhei para cima, e sorri de soslaio numa expressão sarcástica. Ele sempre sabia que onde eu estava, não é? Deixei o olhar cair até o chão do acampamento, observando o movimento vagaroso e completamente sem presa do ar bailando sobre a relva.
-
Eu sei no que você está pensando, mas não vou lhe acompanhar. - Sua voz era sempre tão carregada de ancestralidade e sabedoria que era possível esquecer o quão novo era aquele dragão. Parecia como nas histórias, o dragão que espera milênios até o toque do mestre para ser chocado. Eu não acreditava nisso, e Fenrir não gostava de falar sobre esse assunto e eu estava satisfeito com o que eu sabia. Seu humor, em alguns momentos, alterava-se com o tempo, e mesmo com o seu tom de voz firme ao dizer que não me acompanharia, eu ainda tinha alguma esperança de encontra-lo no meio do caminho.
-
Encontrou uma dragoa, meu velho amigo? - Ironizei, e soltei uma gargalhada muda. Eu não podia vê-lo de onde estava, mas sabia que ele havia sorrido, e aquela era a única resposta que tiraria deste.

Eu poderia, ainda naquele momento, me transportar para qualquer entrada conhecida do submundo. Mas eu não queria isso. Todo aquele clima etéreo e silencioso da noite me cativava, e eu decidi que pegaria um carro "emprestado" e dirigiria até o Sol nascer, encostaria e só então me transportaria pelas sombras até a entrada de Hollywood. A parte de arranjar um carro não foi difícil, e eu não sentia remorso em roubar, o seguro cobriria, e se não, eu deixaria-o em boas condições. Tinha quatro horas até o nascer do Sol, e não iria muito longe com isso. Sintonizei numa rádio de música antiga, e um álbum inteiro de Chet Baker tocava, o velho trombete e a voz  cansada pelo avançar da idade me acompanhava enquanto toda as luzes da cidade borravam-se em minha visão por conta da velocidade, todos os semáforos piscavam em um amarelo constante, mas parecia tudo tão blues. Cheguei ao ápice do relaxamento com todo aquele clima, e agora o rádio tocava uma história noir. Um detetive nova-iorquino que teve sua mulher e filha morta e buscou vingança, e só pôde dormir novamente quanto o sangue de cada um dos filhos da puta responsável tinha sido derramado. Mas aquilo não os trouxe de volta, não foi? E ele afundou ainda mais no álcool e a depressão, vivendo agarrado à uma garrafa de whisky e jogado em canto de bares sujos e escuros. Certa noite, sonhou que sua esposa estava morta, mas estava tudo bem.

O Sol nascia ao horizonte, e eu tirei uma mão do volante para levantar e mostrar o dedo. Apolo filho da puta. A história noir do detetive ainda não havia acabado, mas era minha hora de ir. O marcador de gasolina marcava ao nível de reserva, e então eu soube que não poderia escapar da minha própria ida. Girei com suavidade o volante do carro, encostando-o em um lugar qualquer da estrada. Abri a porta, e sai. Estiquei as pernas, estralei o corpo inteiro, fechei os olhos. No instante seguinte, respirava outros ares. Meus olhos se abriram e agora encaravam a entrada do submundo. Não foi preciso um grande esforço para poder entrar, aquela era minha casa, mais do que o acampamento jamais foi. Caminhei por entre as almas recém chegadas, todas elas pedindo por um caminho, e eu as ignorando. No começo, ainda havia um resquício de misericórdia para com estas pobres almas, mas agora não. Guarde a misericórdia para quem ainda tem uma chance, e não àqueles que mergulharão num vazio infinito assim que Caronte tiver boa vontade o suficiente de leva-los além. Dispensei qualquer um que se aproximasse com um movimento do braço, e só então percebi que ainda estava de roupas de dormir, um moletom velho e uma camiseta de um personagem de histórias em quadrinhos. Riria um pouco de mim mesmo, mas mantive a postura, não podia perde-la, especialmente naquele lugar. Continuei meu caminho até que a escuridão tomasse conta de tudo, e tudo o que restasse para ser visto era um rio tão calmo como a morte, e um barqueiro me encarando. As águas do Rio Estige sempre me lembravam de minha espada, minha fiel companheira que nunca havia falhado. Adentrei ao barco de Caronte, e encarei-o de volta. Era aquela velha história do filósofo alemão, se contemplas o abismo, a ti o abismo também contemplas. Não foi necessário nenhuma palavra, ele desviou o olhar de mim da sua própria maneira robótica, e começou a remar. Eu gostava do silêncio e toda a escuridão daquele lugar. Achei que curtiria o resto da viagem no ecoar vazio do barulho das mortais águas do estige executando o seu dançar peculiar tendo o remo de Caronte como seu companheiro, mas não. A voz de Caronte, que soava como o vento gélido de um cemitério ecoando sobre as lápides, me alcançou.
- Você sabe, meu caro Príncipe, que este seu título perde o seu prestígio a cada segundo mais. Não por sua causa, mas pelo seu pai que deixa de ser nosso Rei. As entidades que vivem aqui, que há muitos foram esquecidos até mesmo por alguns dos deuses, não tardarão à se rebelar para ver quem é o novo soberano. - Sua voz abruptamente morreu, assim como havia nascido. Fiquei em silêncio, meditando em suas palavras. Sabia que seria inútil perguntar mais, não haveriam mais resposta. Não faltava muito do caminho até a outra extremidade do rio, e eu logo me via executando um sutil aceno com a cabeça de agradecimento ao barqueiro, que iniciava sua incessante viagem de volta.

Assim que meus pés tocam o terreno, um enorme frio na espinha percorre todo o meu corpo, arrepiando todos os meus cabelos. Algo se aproxima, eu posso sentir. Três mais passos de uma criatura de meia tonelada, a espada aparece em minhas mãos, e eu o despedaço com um movimento rápido em conjunto das trevas. Uma merda de um minotauro. Boa tentativa. Nenhum monstro jamais havia me atacado antes naquele território, parecia que o maldito Caronte tinha razão, afinal de contas. Continuei o caminho sem pressa, desta vez camuflado. Podia ouvir os gritos, as risadas, todo aquele furor desenfreado de discórdia. Havia algo acontecido, e não era bom. Antes de buscar Rick, eu tinha que encontrar Hades. Que merda estava acontecendo? Eu tinha certeza que não era de seu feitio deixar o seu reino daquela maneira. Estava perdido entre minhas teias de pensamentos sobre possibilidades, e então algo me alcançou. Só percebo quando é tarde demais. Eu tentaria lutar, mas era impossível, era como se fosse a própria escuridão. Nada no mundo pode exprimir o indescritível, os olhos e cérebro semideus não podiam processar o que eu via, e tampouco os humanos. Eu estava - quase - completamente anestesiado de qualquer medo, e, por isso, não havia qualquer fraquejo em meu ser. Mas eu sabia que se encarasse aquilo por muito mais tempo, eu encontraria a loucura. Controlo minha respiração, e não fecho os olhos. Eu tinha que arrumar uma maneira de sair dali.
-
Óh, quebranta minh'alma quando meu destino se cruza com uma prole de uma divindade destas que se acha tão superior à mim. Queres saber de uma coisa, filho de Hades? Eu sou um deus também. Havia, não só humanos, mas estrelas inteiras que me adoravam. Adoravam-me com seu silêncio e brilhantismo eterno, estávamos sozinhos no espaço, os sussurros percorriam o vácuo e se perdiam, para sempre. Sussurros de palavras que não podem ser traduzidas para este seu vocabulário, pois perderiam o sentido, e você sequer entenderia. Hahaha. Mas por que é que estou discutindo contigo? Eu deveria estar nas estrelas, no céu onde é o meu lugar. O devorador de estrelas, era como o seu povo me chamava. No idioma esquecido e proibido, Ammutseba. Eu reinei sozinho por séculos, milênios, éons. Não importa o quanto você mede o tempo, no espaço isso não faz sentido. E mesmo que fizesse, era irrelevante. Eu sou eterno, e mais antigo do que seus deuses, mais antigo que os titãs. Eu nasci no princípio, e reinei por completo neste lugar até que alguém ordenou que houvesse luz, e então, houve luz. Mas então, Zeus me jogou neste lugar. Num maldito porão dos deuses gregos, onde acham que me aprisionaram para todo o sempre. Mas não mais, semi deus. Agora o seu pai está em conflito, e eu alcançarei a superfície. E não só este mundo, como todo o universo tremerá ao rever minha presença, que incendiará e preencherá cada canto vazio de todo o universo. - Eu nunca havia ouvido algo como ele, nunca havia visto algo parecido. Nem mesmo os deuses eram tão antigos, e agora eu percebia. Caronta mais uma vez mostrou-se com razão. Se houvesse mais de um dessa espécie aprisionado aqui, então nós estaríamos completamente fodidos. Eu sentia que estes poderiam ser meus últimos pensamentos sãos, a escuridão transcendente penetrava o meu cérebro e preenchia cada lacuna, estava próximo à explodir meus miolos e estourar meus glóbulos oculares. Mas então, ali estava. Deus ex machina. Ele me fazia poderoso, assim como me enlouquecia. Não poderia lutar, mas fugir não era um problema, uma vez que meus pensamentos se tornaram claros. A escuridão me envolvia, enquanto eu podia ouvir o seu grito ficar cada vez mais devagar ao meu redor: Não. E a próxima vez que abria os olhos, o castelo de Hades estava à minha frente.

Demorei para dar o primeiro passo. O que eu deveria esperar ali? Percebi, talvez um pouco tarde, que nem Cerberus estava em seu devido posto. Talvez Hades não estivesse em seu trono, e ainda mais que este era um dos meses em que Perséfone não estava. Eu poderia explodir em insanidade da próxima vez que encontrasse algo daquele jeito, que quisesse tomar conta de todo o meu ser. Mas foda-se. Já estava mergulhado até o pescoço naquela merda, e andar para trás não era uma opção. Empurrei com força a porta dupla que dava acesso ao temível castelo de Hades, e observava os quadros espalhados nas paredes do corredor. Eram de catástrofes, guerras, e alguns de seus filhos mais notáveis. Sempre pensei se depois que eu morresse teria um quadro meu ali, mas não era um bom momento para ter este questionamento em mente. Estava à poucos passos da sala do trono, e adentrei sem pestanejar. Pra minha surpresa, tudo parecia exatamente como era, e Hades estava sentado, em seu completo silêncio, de olhos fechados. Estava...
-
Não, não estou dormindo, Daniel. Estou pensando. Refletindo. Achou que eu poderia fazer isso? Eu sei que não. Ninguém acha que um deus algum dia pode sentar-se, fechar seus olhos e reavaliar sua vida imortal. Você não precisa me dizer o quanto está revoltado, chocado ou irritado pela condição em que está o meu reino. Mas meu filho, eu venho me perguntando há dias: Por quê? Qual o motivo de eu continuar fazendo o que faço? Qual o motivo de continuar existindo? Há alguns anos atrás, perguntei isso à Napoleão, seu meio-irmão e uma dos filhos cujo qual mais me apeguei. E ele sorriu, e me disse que eu ainda existia para receber todos os que ele traria a mim. E ele trouxe, centena de milhares. Mas agora, o Príncipe do Submundo não é Napoleão, ou Adolf ou Stalin ou qualquer que fosse. É você. E, ao que parece, você não quer trazer mais pessoas para cá. E minha vida se conduz sobre uma linha reta, sem curvas, sem novidades, sem qualquer distúrbio. Meu filho, veja, não estou dizendo que é sua culpa, mas minha. Eu não sei mais porque devo seguir em meu reinado, um cujo qual nunca quis. E por mais que por todos esses anos tenha feito meu trabalho sem reclamar, e da melhor maneira, todo o crédito vai para Zeus ou Poseidon. Alguém se lembra de Hades? Do irmão mais velho, que tinha direito de ser o Rei dos Deuses e que agora é Soberano dos mortos? Não, é claro que não. Deixe-me, Daniel. - Tinha dito tudo aquilo com os olhos fechados, e seu rosto parecia ter sido petrificado. Era algo notável em meu pai, ele nunca sorria. Nem de alegria, tristeza, ironia ou intimidação. Perséfone jurava ter visto sorrir uma ou duas vezes, mas era só. Um velho deus amargurado, diferentemente de meu pai, eu ri. Gargalhei. Seus olhos lentamente se abriam, e seu olhar caiu sobre mim. Podia ver a sua alma, se é que ele tinha uma, pegando fogo. Eu sabia que ele me transformaria em pó sem pestanejar se quisesse, e, com isso, subitamente deixei de rir. Estiquei o braço, e balancei a mão.
-
Me desculpe, velho. Mas sabe quem eu encontrei vindo pra cá? Um tal de Ammutseba. Você sabe quem é, não é? Eu ouvi histórias, poucas, mas ainda assim. Ninguém se lembra direito, porque não devem se lembrar. Mas ele foi deus antes de você. E está querendo retomar. É até cômico achar que o que eu vou dizer vai alcança-lo, pai. Mas é tudo o que eu posso fazer, não é? Napoleão disse que você tinha que limpar a sujeira que ele causou lá em cima, e eu digo que não. Você tem que reinar, porque é pra isso que nasceu. Eu achei que você sabia que, quando não te notam, é quando está fazendo seu trabalho direito. Olhe pra esse filho da puta aqui em baixo, o seu nome não está mais cravado em nenhuma cabeça, e por quê? Porque você o mantém aqui, e nós estamos salvos. Você é Hades, não precisa de adoração. Não precisa de uvas, raios e sereias. Você pode tomar uma decisão que eles não podem, a decisão de manter as coisas como estão. Eu estou pouco me fodendo pra quem é o Rei dos Deuses, você é o mais poderoso, e sabe disso. Porra, mexe essa bunda imortal e tome conta do que é seu, velho. - Voltei a rir. As palavras eram como o último tiro de uma escopeta, o tiro que poderia me salvar, ou eu estava morto. E em ambos os resultados, o que importava se eu risse? Fitei-o, e esperei. Senti o submundo tremer sob meus pés, e as almas eternizadas sobre sua capa se contorciam numa careta de medo e dor. Eu senti que fosse morrer, mas no segundo seguinte ainda estava vivo, e no outro após esse, e no outro, e no outro. Encarei meu pai, e ele continuava com sua expressão petrificada. Havia lembrado-se de quem era, e aquilo me tranquilizara.
-
Se você acha que imbatível, na melhor das hipóteses está temporariamente morto. Lhe agradeço, meu filho, por alcançar-me enquanto me perdi. Posso fazer algo para você antes que vá embora? - Ir embora, eu provavelmente tinha acabado de salvar o mundo convence-lo e o velho já estava me enxotando. Só pude responder a isso com um sorriso. E um sussurro: Rick. Ele olhou pra mim, já sabia do que significava. Não tinha permitido da primeira vez que pedi, nem da segunda ou da terceira, e eu estava ali pra tira-lo mesmo sem sua permissão. Mas agora, quem sabe? -Talvez um tal de Rick Dimonio tenha escapado do submundo enquanto o caos reinava por aqui, e talvez ele se encontre dormindo no chalé quando você chegar no acampamento. Agora vá, eu tenho muito o que fazer. Fique no acampamento por algum tempo. - Ri mais uma vez, e só então percebi que minha risada não ecoava mais no subterrâneo, mas na porcaria do acampamento. Estava à frente do chalé treze, e o Sol incomodava minha visão. Podia observar os campistas saindo de seus chalés, animados com o café da manhã e o início do dia. Foda-se, eu virei as costas e voltei à minha cama. Foi uma longa noite, e eu precisava dormir.

Eu sonhei que meu meio-irmão estava morto, mas estava tudo bem.


|Missão Concluída|

Rick Dimonio de volta ao acampamento, vivo.
Recompensa: 10.000 EXP
5000 Dracmas

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