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Herois do Olimpo RPG

Fórum de Mitologia Grega baseado em Percy Jackson e os Olimpianos e Os Heróis do Olimpo!


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Nome da narração: Match Between Lives, Smile and Die.
Objetivo da narração: Investigar, descobrir e solucionar o caso.
Quantidade de desafios: Ao longo da hisstória.
Quantidade de monstros: Indefinido.
Espécie dos monstros: Indefinido.


♥ Where: Beverly Hills ♥ With: Nobody ♥ Clothes: These ♥ Humor: Suspicious ♥
Why so Serious?
Acordei com o som relaxante dos resquícios da chuva passada. Já era de se esperar, pois havia caído um temporal na noite anterior, sabe Júpiter lá por que. Ainda era cedo e fazia frio, feixes amarelados fracos e oscilantes invadiam pela janela da coorte.

Minhas vistas ainda estavam embaçadas se adaptando a fraca luz. Levei o peito de minha mão no olho e esfreguei, sentindo-me bem melhor. Sentei na cama — já ficando fria — para começar o meu dia e planejar o que eu iria fazer hoje, mas minha cabeça doía graças a uma pancada que levei ontem. Não foi nada de mais, foi acidental, mas o suficiente para deixar minha cabeça latejando durante horas.

Ao fundo do quarto tinha uma pessoa olhando pela janela, não me preocupei em saber quem era nem se quer chamar a sua atenção com algum barulho. Levantei suavemente da cama, procurei por minha toalha e fui para o banheiro.

Foi um banho longo, tirava de mim toda a energia negativa para começar bem o dia. Saí do banheiro com a toalha enrolada no meu corpo nu e sentia a brisa gélida que me deixava arrepiado. Subitamente me lembrei do Henry. Entristeci-me.

Troquei de roupa ali mesmo em frente ao meu beliche sentindo o frio me tomar — uma calça escura e bota marrom, uma blusa básica branca e uma jaqueta bege por cima com um cachecol de tons variados —, não tinha muitos campistas na coorte, e os que tinham eram homens então não me importei em ter feito isso.

O garoto da janela estava no mesmo lugar, parecia esculturalmente estático, sequer reagia a algum som. Penteei meu cabelo depois de tê-lo secado bem, passei a mão e o deixei meio bagunçado. Olhei para o garoto e senti uma facada de curiosidade em querer saber quem ele é. Coloquei minha toalha esticada na cabeceira do beliche e fui até ele.

Antes mesmo que eu pudesse perceber, ele já tinha virado para mim, sua pouca beleza era singular e inconfundível, mas também cruel. Fazia tempo que não via Saito, nosso Pretor, mas não era grande coisa já que nunca nos tratamos como amigos. Houve um silêncio harmônico com o fraco gotejo do lado de fora e ele foi o primeiro a rompê-lo.

— E ai, Cullen. — suas palavras pouco aveludadas, mas serenas.

A saudação foi rápida e ele foi logo ao ponto principal me dizendo o que estava havendo. Fiquei apreensivo ao que ele dizia.

— Não sabemos ao certo o que está acontecendo em Beverly Hills, mas devemos investigar, ou melhor, estou dando esse cargo a você. Quíron e Lupa me pediram para que eu escolhesse um campista que pudesse resolver esse problema, e então o escolhi. — dizia ele parecendo amigável — Você deve partir cedo, ainda hoje, e descobrir o que está havendo. ¬— fez uma pausa e começou a fitar a janela.

Eu não era muito de falar, ainda mais com Saito, até agora apenas assentia com a cabeça atento a suas palavras. Quando ele se virou para olhar pátio que se estendia atrás da coorte, percebi que ainda faltava alguma coisa, isso era óbvio, mas não sabia o que.

— Saito? — lhe chamei curioso — Está tudo bem? — minha preocupação era evidente.

— Ahm, não sei. — disse perdido em pensamentos. — Então como eu ia dizendo — continuou ele — não é um monstro, é o que percebemos nos relatos e que por sinal temos poucos. As evidências apenas nos mostram pistas, ameaças, coisas enigmáticas. — ele parecia curioso em descobrir do que realmente se tratava — A alguns dias atrás um prédio abandonado explodiu, felizmente ninguém se feriu. Mas tudo indica que foi esse suspeito. — seus olhos pesavam de cansaço — Ele usa um terno e maquia todo o rosto, definitivamente esse cara se inspirou no coringa¹, e por mais estranho que seja, ninguém consegue capturá-lo ou mesmo achá-lo. Os cida...

Fiquei refletindo cada palavra que ele dizia, mas nada fazia sentido, era tudo tão subjetivo.

— Espere — interrompi — Saito, você não parece bem, está falando muito embolado, quer um copo de água? — indaguei.

— Não, valeu... Escute, você pre... — começou ele novamente.

— Ei, calma, deixe-me entender devagar. — suspirei — Então você está me dizendo que tem um homem aterrorizando as pessoas de Beverly Hills? — foi um pergunta retórica, pareceu óbvio — Okay. E que evidências dizem que ele é o suspeito da explosão do prédio? — Saito assentiu — Não acho que isso seja o suficiente para eu ir atrás dele... — retorqui.

— Garoto, escute. Aconteceram outras coisas, vou terminar de falar. — gesticulei para a cama beliche.

— Primeiro, fique à vontade. — andamos até à cama e sentamos.

— Bem, tudo começou a algumas semanas atrás quando algum hacker invadiu o computador de Quíron, isso já é estranho o bastante. O invasor interrompeu o uso do computador enquanto Quíron o usava, e uma imagem invadiu a tela do computador. Era a imagem¹ do coringa escrevendo num espelho a palavra “Why so serious?”, bem famosa até, você deve conhecer... — suspirou — Quíron achou que foi apenas uma brincadeira de mal gosto de alguém dos campistas, porém a imagem voltava todos os dias. Como eu era de confiança do senhor Quíron, ele me contatou e perguntou se eu sabia de alguma coisa, lhe respondi a verdade e disse que não. — encostamo-nos na cabeceira ficando um de frente pro outro.

A história parecia ficar interessante no seu desenrolar.

— Dois dias se passaram — ele continuou — e a mesma imagem invadiu meu computador, e também o do Fiuk. Eu não temi, mas de certo modo fiquei apreensivo, pois, Por que um garoto do acampamento grego também estaria invadindo nosso sistema aqui? — fez uma careta — Pensei comigo mesmo... Todos os dias a imagem aparecia e não tinha quem conseguisse fazê-la parar. E as coisas começaram a se tornar mais irritantes. Eu estava do lado de fora quando o telefone da casa do senado tocou, andei sem entusiasmo para atendê-lo, e atendi, mas tudo o que eu ouvia era o silêncio do outro lado da linha, quando de repente uma voz estranha disse Why so serius? — fiz uma careta. — e aí eu me assustei.

Posso confessar que os pelos dos meus braços se ouriçaram. Minha mente fervilhava em querer saber o resto da história.

— Continue... — dei um sorriso torto.

— Então. Daí, passamos a receber todos os dias o mesmo telefonema com a mesma voz estranha dizendo a mesma coisa, e o estranho foi que era sempre no mesmo horário, no mesmo horário. — frisou ele — Não foi difícil perceber que a ligação não passava de uma mensagem gravada e programada para ligar sempre na mesma hora. Chamamos um especialista para rastrear a ligação e descobrimos que vinha de um prédio em Beverly Hills. — fez uma pausa deixando o suspense no ar.

— E aí? Que prédio era afinal? — perguntei rápido, ansioso.

— A ligação vinha do mesmo prédio que foi explodido dias atrás. — Saito tentava decifrar minha expressão.

Virei o rosto, xingando levianamente.

— Mas se o prédio estava abandonado, como ele...? — questionei.

— Sim, de fato, esse prédio já está abandonado faz um ano... — me interrompeu — Vou contar, espere... — respondeu adivinhando minha pergunta — tive que procurar com meus próprios olhos, então... — retomou — Novamente pedimos que rastreassem as ligações para confirmarmos o resultado, para sabermos se era realmente possível, e foi confirmado, deu exatamente no mesmo local. — fitei-o sem saber o que falar. — Bom, e não parou por aí. Como eu tinha dito, fui procurar com meus próprios olhos. Fui até lá em Beverly Hill e nos escombros do prédio abandonado descobri um porão que ficou totalmente intacto pela explosão. Pelo que observei as paredes eram feitas de aço reforçado e aguentariam muito peso. — gesticulava enquanto falava — A sala não era muito grande, mas tinha computadores, transmissores de rádio e até uma TV, porém todos quebrados ainda saindo fumaça, o que me levou a crer que foram quebrados pouco antes de eu chegar lá. Numa pequena mesa ao lado dos computadores tinha um tabuleiro de xadrez — me assustei com tanta anormalidade — intacto, com todas as peças em pé sob o tabuleiro, ou quase todas. O mais estranho foi perceber que uma peça estava dando xeque-mate — enfiou a mão no bolso — esta é a peça que dava o xeque-mate — me entregou a peça, observando minha reação.

A meu ver, aquilo parecia surreal demais. Era um simples peão, porém o corpo pintado de roxo, a cabeça de branco e uma listra curva vermelha borrada no branco. Inesperadamente me veio à mente a imagem do coringa.

— Essa era a peça que dava o xeque-mate? — perguntei novamente não acreditando no que acabei de ouvir — Quantas peças estavam fora do tabuleiro? — perguntei curioso.

— Tinha três peões fora, dois negros e um branco. — disse ele enquanto eu ainda observava a peça.

— Há alguma possibilidade que seja algum campista? — olhei em seus olhos.

— Essa é a pergunta que venho me fazendo... — desviou o olhar pensativo.

— Saito, precisamos olhar os relatórios de todos nossos campistas e confirmar a presença de todos, isso tem que ser urgente. Se eu preciso resolver isso, preciso saber a gravidade da situação. O.k? — aflito, esfreguei minha mãos no rosto.

— Claro. Então você está responsável por fazer isso também. — suspirou — Vou te levar a casa do senado e te mostrar onde estão as fichas e as inscrições de cada um.

Assenti com a cabeça e levantei, mostrando-me pronto.

— O senhor D. me ligou hoje dizendo que estão com um campista desaparecido... — disse sua última frase enquanto ainda saíamos da terceira coorte. Ficava mais preocupado

Saito me conduziu até a casa do senado.

Ainda era cedo, o sol brilhava fracamente por entre as nuvens. Saito permitiu que eu entrasse na sala dos pretores e me mostrou o armário arquivo onde tinha todas as relações de nomes do acampamento, isso é um método comum em colégios para saber quem está matriculado na escola ou não, e servia o mesmo aqui, para mostrar quem fazia parte do acampamento ou não.

Abri a primeira gaveta de metal do armário arquivo, dentro dele havia várias pastas separadas por letras. Pude perceber que estavam cheias, mas acho que não chegaria nem perto do abarrotado acampamento meio-sangue. Por curiosidade abri a segunda gaveta do armário e havia o mesmo tipo de pastas, porém separadas por coorte, fechei-a.

— Saito, tenho permissão par fazer uma chamada dos campistas? — perguntei inerente a sua função.

Saito estava encostado apoiando um ombro no portal de entrada para a sala. Observou-me percebendo meus intentos, por fim me respondeu.

— Vai fundo jovem. — disse ele dando as costas. — Ah, e se quiser uma lista completa dos nomes, tem uma no fundo da primeira gaveta. Esse bloco que lhe disse separa os campistas pelos pais divinos. Estarei esperando no palanque do refeitório, onde pode fazer isso tranquilamente. — saiu pelo hall fechando a porta.

Abri novamente a primeira gaveta procurando a tal lista. Não ousei abrir as outras três gavetas, mas fiquei imaginando o que poderia estar dentro delas. Saquei um bloco que tinha umas 15 folhas. Folhei-o confirmando ser o que Saito disse — a listagem completa de todos os campistas. Olhei na parte superior da primeira folha verificando a data de atualização do bloco que me informava uma atualização feita a um dia atrás, isso me poupou tempo pois não havia chegado nenhum campista novo no último dia.

Saí da sala segurando o bloco e passei pelo hall. Não notei a presença do Fiuk em nenhum momento, ao que me parecia ele estava numa expedição ao Grand Canyon. Fechei a porta e segui pra Principia.

Como eu esperava, a maioria dos campistas ainda estavam dormindo — percebi que tinha acordado muito cedo —. Olhei no meu celular que marcava 06:35, ainda cedo para muitos, bom, não para mim, que já pretendia passar o dia fora mesmo antes de saber de todas essas coisas que estavam acontecendo.

Passei o olho rapidamente no refeitório e vi Saito sentado na borda do palanque, assoviei e ele imediatamente me olhou, fiz um sinal positivo com o polegar para mostrar que tinha conseguido pegar o que queria, e ele fez o mesmo, mas permaneceu imóvel.

As coortes ficavam bem em frente o refeitório, o que adiantou meu caminho. Entrei na primeira coorte, a mais bem sucedida do acampamento júpiter. Acordei o centurião e pedi que ele acordasse todos os outros e pedisse para que eles fossem para o refeitório, e assim também foi na segunda, quarta e quinta coorte. Na terceira chamei o primeiro que vi e lhe dei a responsabilidade de acordar todos e pedir para que se dirigissem ao refeitório juntamente com os outros.

Quando saí de minha coorte me lembrei de que o acampamento era grande e poderia ter alguém no coliseu, ou mesmo em outro lugar. Decidi receber ajuda de alguns companheiros, o centurião da primeira e da segunda haviam se voluntariado e então pedi que fossem vasculhar os estábulos e as casas de banho, o que seria incomum essa hora da manhã. Os dois últimos centuriões foram vasculhar Nova Roma. Invoquei três pombos para serem meus olhos e ouvidos, e ordenei-os que acompanhassem os dois centuriões a Nova Roma, para ajudarem-nos a procurar por mais alguém. Ao que tudo parecia estava quase tudo resolvido afinal, mas algo me dizia que eu não gostaria do resultado.

Cheguei no refeitório e pude perceber que ele estava cheio, tinha campistas para todos os lados. Fiquei pensando num modo de como faria para confirmar a listagem. Saito me disse que não tínhamos nenhum campista fora do nosso acampamento em missão, o que me facilitou, pois daí eu não precisaria pegar outra lista das relações dos campistas que haviam saído em missão. O tempo foi passando e mais campistas entravam no refeitório, por fim vejo meus pombos vindo, e acabou, não havia mais ninguém do lado de fora.

Subi num palanque que tinha no refeitório feito para as apresentações de campistas e até mesmo para quando os pretores precisavam passar alguma informação. Saito estava do meu lado e chamou a atenção para que todos dessem crédito ao que ele ia falar, o que não foi muito difícil graças a disciplina de todos. O pretor começou a falar resumidamente o que estava acontecendo, a informá-los da nossa preocupação iminente. Em instantes depois eu já estava chamando nome por nome e pedindo para que viessem mais a frente quem eu fosse chamando. Até então tudo parecia correr bem...

— Lucas Heckler filho de Chione, terceira coorte. — esperei um momento e nada — Lucas Heckler, filho de Chione? — perguntei novamente.

As pessoas começaram cochichar, os murmúrios se espalharam pelo amplo salão fechado.

— Eu o conheço! — gritou uma moça levantando os braços.

Olhei aflito para Saito que me enviou o mesmo olhar. Os centuriões à nossa volta pareciam agoniados. A garota deu mais um passo a frente.

— Ele é da minha coorte, não o vejo desde ontem. Disse que ia treinar no coliseu, mas ao que parece ele ainda não voltou. — a garota dizia a verdade, pude perceber.

— Tudo bem, obrigado pela ajuda Eduarda. — fiz uma breve anotação e me virei para os centuriões — Chequem se algum Lucas Heckler deu entrada em alguma missão, por favor.

Saito fez um gesto para que eu continuasse, e continuei como me ordenou. Continuei a chamada confirmando a presença dos outros, mas senti o clima ficando pesado e maligno, mas ao mesmo tempo divertido e sarcástico. Olhei de soslaio aos meus pombos que ficaram eufóricos tão de repente, confesso que eu mesmo fiquei um pouco assustado. Subitamente as luzes internas começaram a piscar e de repente uma risada alta e extravagante ecoou pelo salão. Olhei rapidamente para Saito e vi que ele me olhava sem entender.

Os campistas permaneceram nos lugares, mas os murmúrios aumentavam, eles não estavam entendendo e muito menos eu. Pedi que Jack — um ótimo centurião — checasse os equipamentos de som, que até então estavam desligados, pois não estávamos usando. Subitamente a risada parou com um grunhido quando Jack desligou os equipamentos da tomada. Saito tentou acalmar as conversas para que eu continuasse a chamada, depois ele saiu com sua agilidade e foi procurar por alguém. Novamente, mais um nome...

— Amanda Blanc filha de Arcus, quarta coorte — esperei poucos segundos — Amanda Blanc, filha de Arcus? — olhei aflito para Saito novamente — Oh céus, Júpiter nos ajude... — abaixei a cabeça ficando agoniado.

Novamente outra campista levantou a mão e deu um passo a frente, corajosa até, mas sua feição era de aflição e preocupação.

— Amanda é minha melhor amiga, também não a vejo desde ontem. — pronunciou a moça triste — Coincidentemente ela foi ao coliseu com um filho de Chione, talvez fosse o Lucas. — suspeitou.

— Pode ser verdade. — falei baixo fitando a moça.

— Os dois vão ficar bem? Onde eles estão agora? — perguntou uma voz na multidão.

— Essas são perguntas que teremos que descobrir, mas não se preocupem, vamos achá-los e trazê-los de volta. — disse convicto tentando acalmar os murmúrios que aumentavam.

Enquanto isso as luzes começaram a oscilar, mas enfim a reunião estava acabada, ou não. Subitamente ouvimos o som do alarme de incêndio no local e de repente os sprinklers dispararam, lançando água para todos os lados, o que era estranho, pois não vimos nenhum sinal de fogo, nem mesmo os campistas experientes conseguiram sentir com seus olfatos mais apurados. Saito ordenou que todos saíssem do refeitório, e assim foi.

Toda a multidão saiu pelo mesmo lado, mas por incrível que pareça eles não pareciam desesperados e saíram sem machucar ninguém, de certo modo, o treinamento rígido dos romanos serve para algumas coisas. Estava do lado de fora quando Saito apareceu do meu lado apontando para alguma coisa. No espaço entre a entrada do refeitório e a primeira coorte tinha um mastro, fincado não sei como no chão. Não pelo fato de ser impossível, mas pelo fato de alguém conseguir fazer isso agora. Eu e Saito nos entreolhamos e em menos de dois segundos ele estava do lado do mastro de metal. Não pude conter a excitação e o nervosismo, mesmo assim corri até lá.

De longe dava para perceber uma “bandeira” arqueada, mas só dava para identificar as cores do pano — roxo, verde e branco — que balançavam de acordo com o vento. Quando cheguei Saito já tinha arrancado e segurava-a esticada. Pude ver a tensão no rosto duro do pretor. Na bandeira tinha uma frase escrita com tinta branca, descaradamente por um pincel: “The king will fall”. Novamente, eu e Saito nos entreolhamos. O nosso redor estavam os outros centuriões discutindo o motivo disse, e obviamente não tínhamos resposta para nada.

Saito entregou para algum dos centuriões a bandeira e me chamou, para conversarmos em particular.

— Cullen, creio que você já sabe o que eu irei te falar. — disse ele seriamente.

— Sim, vou pegar minhas coisas e partir agora. — eu disse compreensivo.

— Sabe que pode contar com alguém para lhe ajudar, certo? — ele olhou para os centuriões.

— Sim. Obrigado, mas não me dou bem com 90% do acampamento, prefiro ir sozinho. — suspirei, olhando a redor os olhares.

— Está bem então. Eu mesmo iria contigo, mas sabe que não posso, eles precisam de um líder, ainda mais essa hora que dois de nossos meninos despareceram. — Saito estremeceu.

— Claro. Mas acho que não seria preciso, ele só parece intimidador. Fique tranquilo Saito, vai dar tudo certo. — Saito assentiu aflito.

— Bom, vou dar uma organizada aqui e vai o mais rápido que puder. — ele apontou o polegar para trás.

— Ok. Até mais irmão. — avancei desajeitado e lhe dei um abraço. Todos nós somos irmãos nesse mundo caótico, e assim nós nos consideremos, irmãos.

Andei calmamente a passos largos até minha coorte evitando os olhos e as perguntas que ninguém poderia responder, nem mesmo Saito ou eu. Meu rosto demonstrava antipatia e nervosismo, pelo menos era isso que eu queria passar para eles, para que ninguém me perturbasse, não agora.

— Esse é o Petrova... Hahaha. — Saito deu um riso baixinho enquanto eu me afastava.

Inesperadamente soltei um sorriso torto, acho que no fundo eu gostava que as pessoas me odiassem, era interessante.

Entrei no quarto vazio, a maioria das camas beliches desarrumadas pela pressa do que aconteceu mais cedo. Olhei meu cantinho e me apressei. Passei por um espelho e percebi que estava desgastado, desgastado de aflição. Minha testa suava um pouco, a gota escorria pelo meu nariz. Sinceramente não iria sair daquele jeito, então muito rápido peguei minhas coisas de banho e fui tomar outro banho, rápido, porém funcional. Coloquei a mesma roupa.

Ter tomado o banho foi a melhor coisa que eu poderia ter feito, pude organizar todos meus pensamentos e resolver o que iria fazer assim que saísse daqui.

Peguei meu chicote laminado e o enrolei o colocando preso do meu lado direito. Andei até cabeceira do beliche e peguei minha bolsa carteiro, abri e olhei conferindo se minhas poções estavam lá como deveriam estar, e por certo, estavam. Pendurei-a no meu ombro esquerdo e caminhei em direção a porta, espiando mais uma vez o quarto vazio, me despedindo mentalmente dos meus amigos, pois não sabia quando estaria de volta.

Não me preocupei em deixar nenhum bilhete, pois eu sabia que Saito se encarregaria de avisá-los. Enfim, eu logo iria sair do acampamento caçar alguém que mal conhecíamos e mal sabíamos o perigo que ele poderia representar.

A paisagem era linda, a primavera era chamativa com tantas flores e mesmo assim suave com tons variados e harmoniosos. Eu estava esperando um táxi, sim um táxi. A viagem de avião seria estressante sem contar dos problemas que poderiam me acontecer, e além do mais, eu só economizaria quatro horas d viagem, então resolvi ir de carro mesmo. Logo um táxi apareceu e eu entrei.

— Bom dia senhor. — sorri e ele me olhava.

— Ótimo dia. — pude ver o brilho em seus olhos.

Era um jovem atraente, qualquer um poderia desconfiar se ele tinha idade para trabalhar, pois parecia tão jovem e sereno. Enrubesci, mas claro que foi proposital, e soltei um sorriso torto desviando o olhar para janela, pois sabia que ele me olhava.

— Para onde vamos? — ele disse calmo quebrando o curto silêncio.

— Ahm. Para Los Angeles, tudo bem? — surpreendeu-se e sorriu.

— Tem certeza? Vai ser uma viagem longa... — ele riu baixinho.

— Sim, sim. — retribui com vergonha.

— Ahm, por que não senta aqui no carona? Parece meio desconfortável levar alguém no banco de trás. — ele me olhou. Ele parece mandar bem, pensei.

— Claro, por que não. — de certo modo meu sorriso era super cativante. Sai do carro e entrei de novo, mas entrei na frente, sentei no banco do carona.

— Bem melhor. — ele olhou para mim, me deixando sem graça.

— Hahaha. — ri baixinho, deixando transparecer carinho. Ele deu partida no carro.

Por vezes me sentia um vilão fazendo isso. Se tem alguma coisa que eu tenho total controle, são os meus sentimentos. Era como se ele fosse meu fantoche, o que eu pedisse para ele, ele faria, mas felizmente tentaria não chegar a nenhum ponto absurdo. E então começamos nossa viagem.

Conversamos bastante no caminho, ele que fazia todo o esforço de puxar um assunto, mas eu não dificultava, transparecia toda minha simpatia para com ele, deixando as coisas muito mais fáceis do que já estavam. Ele parecia se inundar na minha vida, absorvido com tanta beleza, eu via em seus olhos a felicidade que ninguém lhe deu um dia. A viagem não pareceu longa, pois graças a ele o tempo passou rápido, e depois disso tudo eu me sentiria muito mal se fizesse algo tão ruim com ele. Um dos meus problemas é que tenho muito empatia, desgraça da empatia.

O carro estava parado já no local que eu iria descer. No rádio tocava uma música romântica, coincidência? Não sei. Quando eu vi, estávamos inclinados nos beijando, foi tudo bem rápido e quando me dei conta eu estava me afastando carinhosamente segurando seu rosto.

— Tenho que ir. — sorri e olhei para baixo sem graça.

— Tudo bem. — ele pareceu um pouco decepcionado com a notícia, mas sabia que ela era inevitável. Segurou meu rosto e me deu um último beijo. — Quero que me ligue quando precisar do táxi de volta, ok.? — seus olhos brilhavam na esperança de me ver em breve.

— Se eu voltar — falei entre dentes — Claro, com certeza ligarei. — Soltei um riso bobo.

Ele inclinou mais uma vez para me beijar e tudo que demos fui um último selinho, e então eu me afastei saindo do carro deixando para trás uma moeda de ouro — um denário — no banco em que estive. Dei a volta para falar com ele a última vez, ou não. Ele estava com a janela aberta.

— Você não quer que eu vá, não é mesmo? — suspirei.

— Mas é claro que não! — riu, mas percebi sua inexplicável angústia — Passei as melhores cinco horas da minha vida contigo. — Ele parecia tão absorto em mim, me envolvendo com seus pensamentos, de certo modo ele tão jovem fazia tudo parecer tão fofo e romântico, isso sem o meu trabalho.

— Ainda vamos nos ver de novo, eu prometo. — passei a mão em seu rosto frio. Passei o dedo no contorno dos seus lábios, e ele segurou minha mão, e apertou.

— Tudo bem. — depois dessa cara que ele fez, me vi obrigado a lhe dar mais um beijo. Talvez esse fosse mesmo o último — desse dia, apenas — beijo que eu daria nele, ou então talvez eu nem voltasse vivo.

Abaixei e coloquei minha cabeça para dentro do carro dando mais um beijo no garoto, dessa vez foi mais longo e mais intenso do que eu esperava. Foi um momento apaixonante e envolvente, nossas línguas se cruzavam selando nossa paixão. Agora sentia seu rosto quente, e digo o mesmo de mim. Não precisava me olhar no espelho para saber que o meu estava vermelho. Situações desse tipo são um gatilho para me deixar enrubescido. Subitamente me afastei e nossos olhos disseram um adeus, tão mútuo que na verdade não foi um adeus, foi como se fossemos nos ver daqui a pouco. Afastei do carro indo para a larga calçada. Acenei com a mão dando tchau para ele assim que ele fez o mesmo, em seguida saiu com o carro.

Olhei ao redor, eu estava em alguma praça de Los Angeles, coberta por flores e árvores, era linda até. O sol inclinado deixava a maior parte do local com sombras, também deixando o clima fresco, na verdade até frio pelo vento gelado que soprava vindo do norte. Estava com pouco movimento, o primeiro cidadão que achei estava andando na direção leste, atravessando a larga avenida, que também não tinha muitos carros.

Andei um pouco mais para dentro da pracinha, mas não porque estava passeando, mas sim porque estava curioso. Meu nariz estava inundado por um forte odor azedo, peculiarmente o que chamam de cheiro de cachorro molhado. Tinha um lugar na pracinha que era rodeado por arbustos e não podia-se ver nada do lado de fora, e assim que entrei me deparei com uma coisa assustadora.

Um minotauro estava agachado e em frente ele tinha uma pessoa, na verdade um corpo destroçado que outrora fora alguém. O corpo estava desmembrado e com certeza o minotauro parecia se divertir fazendo aquilo. Ele não havia notado minha presença até então, mas assim que entrei no campo gramado — não era muito grande nem apertado, mas sangue estava espalhado para todo lado — ele me notou, não sei se foi pelo meu cheiro ou pelo barulho.

Instintivamente como defesa, eu invoquei meu arco sob a tatuagem e posicionei. Levei minha mão até o ombro tirando uma flecha de ouro da minha própria pele coberta por uma tatuagem. Posicionei-a no arco e atirei, fazendo rapidamente todo o movimento repetidas vezes. Não foi difícil acertar as flechas, o minotauro estava longe o suficiente de mim para que eu tivesse uma excelente mira, e depois de ter acertado primeira em sua coxa, as outras foram só para garantir sua morte.

Antes ele tinha tentado arremessar o braço coberto de sangue, mas antes que fizesse isso eu acertei uma flecha em seu ombro, que inevitavelmente o fez largar o membro. Atirei cinco flechas e agora ele estava caído no chão, respirando ofegante até que de repente parou e subitamente implodiu em um pó dourado. Olhei o chão ao redor, tentava não pisar no sangue que escorria do corpo e nem no sangue espalhado, mas a atrocidade fora tanta que até mesmo os médicos teriam que elevar seus nervos de aço.

Comecei a caminhar para fora do círculo, mas de repente parei chocado, sem saber o que fazer e nem o que pensar. Foi como se eu tivesse tido um atraso mental e só agora as imagens surtiram efeito em minha mente. Corri os olhos para trás para confirmar o que eu realmente tinha visto, e infelizmente era verdade.

O corpo destroçado, com os membros separados, deveria ter um rosto, mas até o rosto estava desconfigurado. Mas não foi todo essa chacina que me fez entrar em choque, e sim um “pequeno” detalhe. O tronco do corpo estava de bruços, e vestia uma camisa laranja, manchada de sangue, porém sem arranhão algum. Criei coragem para desvirar o tronco, pois minhas suspeitas da cor laranja eram claras.

Apressei-me e andei até o tronco, desvirei e para minha infelicidade confirmei o que tinha suposto. Tampei a boca com um suspiro exasperado assim que notei ser a camisa do acampamento meio-sangue. A frente da camisa estava um pouco manchada com o sangue, mas por baixo do sangue eu podia ver claramente uma frase escrita com tinta branca: “Why so serious?”.

Equipamentos:

Habilidades Ativas:

Habilidades Passivas:

Perícias:

Legenda:
¹ - palavras com o número 1 sob elas, significa que tem uma imagem anexada.
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