Passeando numa viajem ao meu passado, eu relembrava o curto espaço de tempo em que eu havia ficado alojado no acampamento meio-sangue. A grama, a floresta, as casas, tudo estava do mesmo jeito desde a última vez que eu havia visto, porém muitas pessoas e rostos desconhecidos preenchiam por todos os lados. Enquanto andava pelos chalés eu sentia alguns olhares curiosos, atrevidos e ainda outros ousados, mas nada com que me fizesse se importar. O céu ocasionalmente ensolarado ascendia sobre as nuvens em uma glória sem fim, enquanto o rei do dia brilhava fortemente acima das colinas tingindo o céu laranja e chamuscado o horizonte. A brisa refrescante tirava toda a fadiga do dia, assim como o gélido de sopro sufocava o caos. Afinal, no acampamento grego era sempre tudo muito cheio, mas eu precisava de algo mais reservado.
Andando por ali, encontro-me com um garoto não muito conhecido, seu nome era Gean Williams. Vestido ocasionalmente, ele parecia usar suas melhores roupas pretas, a primeira impressão era justamente essa: um garoto introvertido com um olhar curioso e insano, disposto a analisar profundamente quem se aproximasse e até mesmo passar por cima das pessoas para salvar quem ele mais ama. Tudo isso dizia seu coração em um ritmo devagar e ao mesmo tempo forte. "Um grande garoto," pensei. Seus cabelos negros caíam em seu rosto e cobriam um de seus olhos, deixando sua pele alva ainda mais abatida e franzina do que já parecia, onde suas veias se mostravam em seu corpo quase translúcido.
De acordo com seus traços eu sabia que ele tinha alguma ligação em comum com uma campista do meu acampamento, mas eu não me lembrava quem. Ignorando o fato, nós começamos a conversar aos poucos e eu perguntava coisas inerentes a atualidade do acampamento; muita coisa havia acontecido desde minha partida, mas nunca deixei de visitar alguns bons e poucos amigos. O fato de ele ter sido aceito como um servo de Éris o havia deixado curioso quanto as suas novas capacidades em batalha, e até mesmo eu não tinha testado meu limite. Enquanto ainda conversávamos, um garoto musculoso, mas pouco atraente, passava perto de nós e escutava por acaso nossa conversa. Intrometendo-se à conversa, deu-nos a ideia de irmos a arena onde poderíamos testar nossos limites. Era uma sugestão tentadora e concordei no mesmo instante.
[...]
Dentro da arena o clima estava tão agradável quanto do lado de fora, porém, a brisa ali não se fazia tão presente quanto nos campos do acampamento. Uma onda de pássaros migrava para o norte acima de nossas cabeças, tão longe que pareciam apenas pontos escuros no céu. Eu e Gean continuamos nos afastando, ao passo que víamos a arquibancada ser preenchida por diversos rostos familiares, mas também alguns totalmente desconhecidos. Ao que parecia, meu objetivo de querer algo mais reservado havia ido por água abaixo, mas isso poderia valer a pena. Por fim estávamos um de frente para o outro, encarando-nos e observando com olhares curiosos. Minha armadura já estava totalmente invocada e equipada em meu corpo quando de repente escuta magicamente escuto o soar dos gongos.
Mudança do tempo de narração para o presente.
Instantaneamente invoco alguns guerreiros de esparta a minha volta, os quais formavam uma das melhores táticas de guerra: formação de tartaruga. Com seus escudos e lanças eles estavam prontos para não deixar que meu oponente passasse pela barreira que eles faziam. Minha ideia em primeira instância era manter a defesa, observar e depois atacar, e era isso que eu estava disposto a fazer. Observando atentamente o que se seguiria em seguida, estava disposto a desviar de qualquer que fosse um ataque. Como meu oponente era um filho de Hades, eu estava ciente que poderiam acontecer ataques vindo do chão, logo eu estaria atento para sentir qualquer tremor abaixo dos meus pés e conseguir pular a tempo com toda minha força e capacidade para bem longe dali, e assim sair ileso.
Se meus guerreiros ainda estivessem em formação, Gean ainda não estaria me vendo e assim eu aproveito para fazer algo mais ofensivo. Invoco meu arco da tatuagem e ponho uma flecha de prata mirando para o céu então a disparo usando uma de minhas habilidades especiais. Atiro a flecha para cima o mais forte e rápido que ela poderia ser, possivelmente sem mesmo deixar rastros para que os olhos de Gean a tentasse alcançar, e em sua descida ela caçaria meu oponente como uma ave de rapina sem qualquer chance de erro; teria imaginado o alvo no pescoço do meu oponente, já que era onde estava mais desprotegido.
Novamente ponho uma flecha de prata no arco e aponto para a última direção que eu tinha visto meu oponente, mas onde agora os soldados tampavam minha visão. Numa ordem como sendo o comandante deles, ordeno-lhes que abrissem caminho na direção onde estava Gean, e em seguida miro exatamente onde ele se encontrava disparando mais uma flecha e observando uma possível esquiva da parte dele.
Se antes de qualquer ataque da minha parte ele se mostrasse ofensivo, como por exemplo manipular alguma rocha abaixo de mim, eu teria desviado pulando para longe e ao mesmo tempo ordenado que os soldados desfizessem suas posições e atacassem com vigor o outro semideus. Pousando no chão, teria feito quase a mesma estratégia anterior, mas teria atirado numa direção inclinado para trás do Gean e feito com que a flecha o atacasse por trás, enquanto pela frente os guerreiros iam com suas lanças e escudos.
Se fosse possível e seguro, tomaria quatro goles da poção de energia mítica, recuperando minha energia gasta.