Ao som da chuva uma linda garota gastava seu tempo desenhando sobre a luz de um abajur. Uma beleza estranha para alguns, mas para outros era bela como uma dama pálida e indefesa. De aparência frágil e imutável, abatida, mas de coração duro, ela tinha sua personalidade introvertida e impenetrável, era assim que ela se achava e nada a poderia fazer mudar. Reluzindo à folha de papel, a forte luz iluminava o desk, onde sentada, numa cadeira pouco confortável, ela a procurava como uma filha abraçava à mãe: um refúgio de sua solitária e deprimente vida; um escape de seus problemas onde pudesse embarcar num mundo de cinzas e grafites feitos à mão onde tudo poderia ser melancolicamente perfeito. Era assim que ela se sentia, indagada em seus próprios sonhos, em seus próprios pesadelos. As leis da física diziam não, mas a garota retorquia com sim; no papel, onde deveria estar a sombra de sua mão, tinha nada menos que seu desenho ainda inacabado, enquanto sobre sua cabeça a sombra se contorcia e relutava em voltar ao seu natural. Seu desejo era mais cinza que a cor de suas artes, ele era mais forte que os traçados de seu lápis. A escuridão era sua amiga, mas a luz sempre fora bem-vinda, porque Clare ainda tinha esperanças de um dia poder salvar quem mais amou, e por sua mãe o faria, assim ela dizia. "Coitada!", muitos pensariam, mas ela se via como vitoriosa, mas era triste em pensar como facilmente ela se perdia em seu mundo de sombras, escondida e pensativa.
A madrugava invadia quieta e silenciosamente em todos os cantos do acampamento, dos mais obscuros e mórbidos aos buracos perturbados onde ratos saíam para caçar sua janta, ou na copa das árvores onde corujas voavam em busca de suas presas; até mesmo no solo onde sorrateiramente serpentes se esgueiravam sobre as rochas. Enquanto isso, naquela madrugada mansamente caótica, Clare se aproveitava da falsa quietude perturbada e se encaixava em seu mundo inerte e imóvel, cinza e doentio, onde as sombras representavam todas as formas de vida. Inquieta no meio da indomável noite, Durden pegava-se pensando curiosa em buscar um alívio. Mas o que poderia dizer se seus desenhos já não lhe bastavam? Irritada, a garota levantou-se da cadeira e saiu de seu dormitório. Observava com seus olhos inquietos a chuva gotejar sobre o solo que já estava úmido, e até mesmo sobre o chão duro formando poças onde refletiam um outro mundo. Seus braços abraçavam seu peito e seus dedos tamborilavam metodicamente sobre eles. Qualquer um que a visse poderia chamá-la de garota perturbada, estranha, ou qualquer adjetivo do gênero, mas a verdade era que as pessoas apenas a viam por fora. Clare não demonstrava o quão triste era, ou o quão simpática poderia ser, apenas mostrava a casca fria e dura que a protegia de sofrer mais uma vez pela perda de alguém que ela amava. Era difícil lembrar do momento em que sua mãe fora assassinada, ou pior dizendo, brutalmente assassinada. Ela teve de aprender a lidar com isso, e foi do jeito difícil. Aprendendo ela percebeu que no fundo seu coração era frágil e cheio de compaixão, tinha uma parte completamente vulnerável e facilmente capaz de se machucar. Então era por isso que se mostrava indiferente, porque essa parte de vidro que era completamente negra, era a parte que ninguém conseguia ver.
Seus nervos vibravam com tamanha tensão. Fora um longo dia. Uma longa noite. Ela precisava fugir da realidade de outro modo, um jeito que ela pudesse se sentir tão livre quanto nos momentos em que ela desenhava. Mas isso era impossível; ela assim pensava. Uma voz vagava pela corrente de ar que era abafada pela chuva, mas inevitavelmente ela se via atraída pela curiosidade. Fora como se suas pálpebras tivessem adormecido e a escuridão se apossado de todos os teus sentidos, mas quando se dera por conta estava em frente aos grandes e velhos portões da arena. Enquanto isso a chuva continuava a bater atrás dela formando bolsas de água no chão de terra; um pedaço de rocha acima dos portões a guardava da chuva enquanto fitava o nada. O coliseu parecia um lugar inóspito e abandonado à luz da escuridão, onde nem mesmo a lua teria a ousadia de invadir a noite. Os portões se abriram tão silenciosos quanto a escuridão se tornava presente. Nem sequer qualquer coisa que pudesse ser chamada de luz iluminava dentro da arena, onde tudo era absolutamente negritude e silêncio. A moça de pele pálida andava sem a menor preocupação; a escuridão era seu segundo lar. Tragada pela curiosidade, Clare caminhava a passos lentos e fracos observando e sentindo o negro a sua volta. Aquilo tudo era parte dela e ela pertencia a tudo aquilo, mas uma sensação estranha corroeu sua mansidão quando subitamente patas escamosas esbarraram-se em suas pernas. Ela sentira medo? Definitivamente não, apenas uma chama negra de curiosidade se ascendia dentro do seu ser.
― Tão jovem. Tão linda. ― disse uma voz na escuridão. ― Me faz lembrar da sua mãe. ― Clare não sabia de onde viera a voz, talvez ela tivesse vindo de todos os cantos ao mesmo tempo como se a própria negritude tivesse falado.
― Mas será que você tem a determinação que ela não teve? ― a voz era desconhecida, nada com que ela pudesse tentar se recordar ― Ou será tão fraca quanto ela foi? ― uma gargalhada diabólica eclodiu e junto a ela uma fogueira surgiu.
No centro do coliseu uma coluna de fogo lambia todo o céu com suas chamas laranjas até atingir as nuvens que eram tingidas de um vermelho escuro. Labaredas de fogo se soltavam da coluna rasgando o céu próximo das nuvens; naquele momento a chuva não mais caía, estivesse ela com medo ou sem forças para enfrentar o destino. Assim como antes, a garota podia ver toda a extensão do círculo de concreto que formava o chão da arena, porém, aquela luz tornando o ambiente pouco iluminado como o crepúsculo da noite; sombras se faziam pelo próprio corpo da garota e nas dezesseis pilastras que seguravam a arquibancada, monstros pareciam espreitar pelas sombras esperando a hora de sairem, mas Clare suspeitava que aquilo fosse fruto de sua imaginação. Um homem vestido de túnica e com o rosto coberto por um capuz, encontrava-se exatamente ao lado da pilastra de fogo. A garota podia dizer que estava longe, afinal, a arena lhe parecia estar maior do que o normal. Ela andou ansiosa, porém calma, indo para mais próximo do homem, o qual se mantinha de costas onde claramente olhava para a garota por sobre os ombros.
― Você não se lembra de mim? ― novamente soou da escuridão a estranha voz ― Pois bem, que a história se repita! ― sua sádica risada tomou conta do lugar novamente e antes que ela pudesse notar, o homem havia desaparecido.
Um estrondo se ouviu e do chão surgiu, à poucos metros da garota, das sombras um grande monstro, o mesmo monstro que havia matado sua mãe. O monstro meio touro e homem brandia seu bastão para si mesmo e bufando correu, com suas grandes patas bovinas, furioso em direção a garota que parecia demorar para digerir tudo aquilo. Ela precisava não ter medo, mas acima de tudo de determinação para enfrentar o medo, o medo e a dor que uma vez lhe fora encardido em sua alma quando vira sua mãe sendo cruelmente morta.
A madrugava invadia quieta e silenciosamente em todos os cantos do acampamento, dos mais obscuros e mórbidos aos buracos perturbados onde ratos saíam para caçar sua janta, ou na copa das árvores onde corujas voavam em busca de suas presas; até mesmo no solo onde sorrateiramente serpentes se esgueiravam sobre as rochas. Enquanto isso, naquela madrugada mansamente caótica, Clare se aproveitava da falsa quietude perturbada e se encaixava em seu mundo inerte e imóvel, cinza e doentio, onde as sombras representavam todas as formas de vida. Inquieta no meio da indomável noite, Durden pegava-se pensando curiosa em buscar um alívio. Mas o que poderia dizer se seus desenhos já não lhe bastavam? Irritada, a garota levantou-se da cadeira e saiu de seu dormitório. Observava com seus olhos inquietos a chuva gotejar sobre o solo que já estava úmido, e até mesmo sobre o chão duro formando poças onde refletiam um outro mundo. Seus braços abraçavam seu peito e seus dedos tamborilavam metodicamente sobre eles. Qualquer um que a visse poderia chamá-la de garota perturbada, estranha, ou qualquer adjetivo do gênero, mas a verdade era que as pessoas apenas a viam por fora. Clare não demonstrava o quão triste era, ou o quão simpática poderia ser, apenas mostrava a casca fria e dura que a protegia de sofrer mais uma vez pela perda de alguém que ela amava. Era difícil lembrar do momento em que sua mãe fora assassinada, ou pior dizendo, brutalmente assassinada. Ela teve de aprender a lidar com isso, e foi do jeito difícil. Aprendendo ela percebeu que no fundo seu coração era frágil e cheio de compaixão, tinha uma parte completamente vulnerável e facilmente capaz de se machucar. Então era por isso que se mostrava indiferente, porque essa parte de vidro que era completamente negra, era a parte que ninguém conseguia ver.
Seus nervos vibravam com tamanha tensão. Fora um longo dia. Uma longa noite. Ela precisava fugir da realidade de outro modo, um jeito que ela pudesse se sentir tão livre quanto nos momentos em que ela desenhava. Mas isso era impossível; ela assim pensava. Uma voz vagava pela corrente de ar que era abafada pela chuva, mas inevitavelmente ela se via atraída pela curiosidade. Fora como se suas pálpebras tivessem adormecido e a escuridão se apossado de todos os teus sentidos, mas quando se dera por conta estava em frente aos grandes e velhos portões da arena. Enquanto isso a chuva continuava a bater atrás dela formando bolsas de água no chão de terra; um pedaço de rocha acima dos portões a guardava da chuva enquanto fitava o nada. O coliseu parecia um lugar inóspito e abandonado à luz da escuridão, onde nem mesmo a lua teria a ousadia de invadir a noite. Os portões se abriram tão silenciosos quanto a escuridão se tornava presente. Nem sequer qualquer coisa que pudesse ser chamada de luz iluminava dentro da arena, onde tudo era absolutamente negritude e silêncio. A moça de pele pálida andava sem a menor preocupação; a escuridão era seu segundo lar. Tragada pela curiosidade, Clare caminhava a passos lentos e fracos observando e sentindo o negro a sua volta. Aquilo tudo era parte dela e ela pertencia a tudo aquilo, mas uma sensação estranha corroeu sua mansidão quando subitamente patas escamosas esbarraram-se em suas pernas. Ela sentira medo? Definitivamente não, apenas uma chama negra de curiosidade se ascendia dentro do seu ser.
― Tão jovem. Tão linda. ― disse uma voz na escuridão. ― Me faz lembrar da sua mãe. ― Clare não sabia de onde viera a voz, talvez ela tivesse vindo de todos os cantos ao mesmo tempo como se a própria negritude tivesse falado.
― Mas será que você tem a determinação que ela não teve? ― a voz era desconhecida, nada com que ela pudesse tentar se recordar ― Ou será tão fraca quanto ela foi? ― uma gargalhada diabólica eclodiu e junto a ela uma fogueira surgiu.
No centro do coliseu uma coluna de fogo lambia todo o céu com suas chamas laranjas até atingir as nuvens que eram tingidas de um vermelho escuro. Labaredas de fogo se soltavam da coluna rasgando o céu próximo das nuvens; naquele momento a chuva não mais caía, estivesse ela com medo ou sem forças para enfrentar o destino. Assim como antes, a garota podia ver toda a extensão do círculo de concreto que formava o chão da arena, porém, aquela luz tornando o ambiente pouco iluminado como o crepúsculo da noite; sombras se faziam pelo próprio corpo da garota e nas dezesseis pilastras que seguravam a arquibancada, monstros pareciam espreitar pelas sombras esperando a hora de sairem, mas Clare suspeitava que aquilo fosse fruto de sua imaginação. Um homem vestido de túnica e com o rosto coberto por um capuz, encontrava-se exatamente ao lado da pilastra de fogo. A garota podia dizer que estava longe, afinal, a arena lhe parecia estar maior do que o normal. Ela andou ansiosa, porém calma, indo para mais próximo do homem, o qual se mantinha de costas onde claramente olhava para a garota por sobre os ombros.
― Você não se lembra de mim? ― novamente soou da escuridão a estranha voz ― Pois bem, que a história se repita! ― sua sádica risada tomou conta do lugar novamente e antes que ela pudesse notar, o homem havia desaparecido.
Um estrondo se ouviu e do chão surgiu, à poucos metros da garota, das sombras um grande monstro, o mesmo monstro que havia matado sua mãe. O monstro meio touro e homem brandia seu bastão para si mesmo e bufando correu, com suas grandes patas bovinas, furioso em direção a garota que parecia demorar para digerir tudo aquilo. Ela precisava não ter medo, mas acima de tudo de determinação para enfrentar o medo, o medo e a dor que uma vez lhe fora encardido em sua alma quando vira sua mãe sendo cruelmente morta.
λ Clare Durden:
HP: 188/188
MP: 283/283
Delay de Habilidades Ativas: -
Outras Informações: -
Inimigo Desconhecido:
HP: ???/???
MP: ???/???
Outras Informações: -
Minotauro: Clique no nome para ver a imagem.
HP: ???/???
MP: 000/000
Outras Informações: -