Come...
"Passei!" foi o primeiro suspiro a vir a mente. Sem muito tempo para comemorar ou sequer olhar para trás, continuo a correr, cada fibra do tecido muscular de minhas pernas trabalhando para um único objetivo: chegar na espada e escudo antes que a armadura me alcance.
Chego aos equipamentos e os visualizo enquanto me agacho para pegá-los. O escudo como prioridade, este vai para o braço direito, mesmo debilitado considero distribuir seu peso por toda a extensão do antebraço, quaisquer golpes que tentar defender com certeza irão piorar a dor do corte, entretanto, planejo o utilizar apenas como um material por onde a lâmina da armadura possa deslizar por cima e não propriamente a aparar, diminuindo assim o tempo de contato e intensidade do impacto.
A espada para a mão esquerda mais uma vez, acabara de perder a anterior na corrida pelos equipamentos, tinha de me certificar que tal situação não ocorresse novamente se ainda desejasse vencer. Equipado, volto a me posicionar devidamente para a batalha. Surpresa. A armadura já estava a uma distância de ataque, não havia tempo de sequer dar um passo em outra direção sem arriscar abrir a guarda para mais um ataque. Tinha de assegurar o meu terreno no golpe a seguir e contra-atacar. Neste exato momento, uma voz familiar ecoa na mente, como a gota do orvalho que cai sobre uma poça d'água.
Oponha força com fraqueza e fraqueza com força.
"As juntas!". Por mais que a espada não possa causar danos significativos em uma estrutura daquele porte, um cavaleiro ainda precisa ter as juntas não-revestidas para que possa se movimentar, e dado a velocidade com que se movia, estas áreas deviam ser proporcionalmente desprotegidas.
Ele é pedra, forte.
Frente-a-frente a um cavaleiro quase que bufante (apesar disso não ser anatomicamente possível), posso sentir a brisa fria de inverno que me saudou ao chegar no acampamento envolver o meu corpo enquanto seguro espada e escudo posicionados. Havia deduzido parcialmente o padrão de possíveis golpes e aquilo de certa forma me trazia confiança.
Seja a água, fraca, mas fluída.
Seguro fortemente a espada. Confiar em um contra-ataque é confiar em si mesmo. Filtiarn sempre estivera ao meu lado nesses momentos, mas conhecia muito bem essa sensação.
Com o padrão de quatro possíveis golpes em mente, flexiono levemente os joelhos, tanto para reduzir o alvo dele, quanto para me preparar para o movimento a seguir. A decisão vai estar no momento de começar a abaixar o escudo para o lado esquerdo do meu corpo enquanto este estiver em contato com a espada da armadura, de forma a conseguir diminuir o impacto, enquanto aproveito o momentum para girar o meu corpo, realizando um movimento de lua crescente com a perna esquerda até que esteja em posição de aplicar um golpe na vertical na junta equivalente ao cotovelo.
Como não há carne embaixo dessa armadura não sei o que esperar na hora do golpe, mas o único jeito de descobrir é tentando.