Nascida em Lawrence no Kansas, Chloe nunca conheceu seu pai e tampouco se importava com isso. A ausência de um homem era muito bem suprida por Victoria Hardrock, a pintora local e fã número um da meio-sangue. Só Marte poderia explicar o que havia lhe chamado a atenção, já que não havia muito mais do que uma mãe feliz e uma artista mal sucedida ali. Ainda assim, o lar era caloroso. Por onde quer que olhasse haviam fotografias da pequena. Quadros e certificados de medalhista e outras menções honrosas em eventos esportivos. Havia a grande esperança de ser convidada para uma universidade quando crescesse e conseguisse uma bolsa de estudos. Desde nova, era com esses olhos com os quais ela era vista por Victoria. A esperança da família em tempos difíceis. A pobreza era presente, mas a miséria estava distante. Chloe era disciplinada e ajudava sua mãe sempre que podia com serviços pelo bairro. Ganhava bons trocados que serviam para fechar as contas do mês. Uma vida separada do luxo, mas que valia a pena ser vivida. Não fosse a Senhora May, talvez tivesse tido mais bons anos até que fosse descoberta. Mas o sorriso malévolo e travesso da idosa era frequente sempre que entravam em casa. A vizinha era modesta e era como se estivesse ali a vida toda, por mais que não houvesse qualquer memória de seu rosto há mais de uma semana. Aos poucos, Chloe notava que os pesadelos que tinha com May eram cada vez mais reais. Garras, lutas, fugas. Gradativamente notou a fantasia de que ela fosse um monstro tornar-se realidade, amanhecendo com ferimentos reais e preocupando sua tutora. A empousai não lhes deu tempo suficiente para que a escolta chegasse. Talvez se a carta tivesse sido enviada ao acampamento um dia atrás. Se ela não fosse tão teimosa, talvez, só talvez, sua mãe ainda estivesse viva. Na fuga pela sobrevivência, Victoria se sacrificou para manter Chloe a salvo. Ganhou-lhe tempo o bastante para que um pequeno grupo composto por adolescentes corajosos a levassem em segurança. Mas a que preço? O alívio e a felicidade do novo lar não compensavam a perda ou a mediocridade da sua derrota. Passou o tempo treinando. Empenhando-se nas atividades da Coorte a ponto do trauma fincar em seu consciente. A ponto de se tornar parte de quem ela era. Filha das lutas. Filha da Guerra.