Ω Nome: shouto Koda
Ω Idade: 16
Ω Aparência: Branquelo, cabelos negros, magricela como todo guri amarelo e um olhar caído de marginalzinho.
Características Psicológicas: Costuma ser um pouco inexpressivo e paradão.
Ω Humor: Costuma ser mal humorado
Ω Três Qualidades: Esperto, emocionalmente estável e instintivo.
Ω Três Defeitos: Pessimista, mal educado e egoísta.
Ω História: Um skate, uma mochila, um beck e dois sandubas foi tudo que levei comigo ao sair de casa. O silêncio da noite àquela hora era como uma droga anestesiando o cérebro. Os sentidos aos poucos se adaptam; a audição se aguça, a visão clareia. Apesar de dormirmos à noite, é sempre la quem nos deixa mais acordados.
Já dobrava na segunda esquina quando duas figuras apareceram no fim do quarteirão à direita. Puta merda, pensei enquanto começava a caminhar mais rápido, atravessando a avenida e entrando na esquina. Pude vê-los atravessar a rua e adiantar o passo em minha direção, e soube que tinham me visto.
Assim que passei pela esquina comecei a correr o mais rápido que podia na direção do colégio do bairro; Centro Educacional St Mugus, onde eu tinha a infelicidade de estudar - ou não estudar. Puta merda, puta merda! Como eles sabiam? , pensei enquanto me jogava na grade do colégio e começava a escalá-la, pulando para o outro lado com a facilidade de anos de prática. Voltei a correr e me abaixei atrás das moitas do lugar. Corri abaixado até atrás do colégio e pulei o muro para o quarteirão de trás, e continuei correndo. Era madrugada e as ruas estavam vazias, para minha felicidade.
Bom. Minha vida nunca tinha sido um mar de flores, mas na maior parte do tempo eu conseguia manter as coisas sob - relativo - controle. Mas há algumas semanas, eu havia perdido completamente o rumo de tudo.
E, é... Minha mãe era louca. Passou metade da vida em centros de recuperação para drogados ou em abrigos idiotas, ou mesmo casas de parentes "solidários". E eu acabava jogado de um canto para o outro desde que nasci.
Já que ela era louca, sempre fez sentido para mim que eu também fosse. Desde pequeno sempre vi coisas que sabia não poderem estar ali. Um par de chifres na cabeça de um homem, uma cauda saindo do cox de uma mulher. Ou borboletas de fogo voando pelo céu e cães negros como a noite, grandes como leões, comendo outros cães e gatos na vizinhança. Depois de um tempo, comecei a notar que os gatos realmente sumiam. Que as borboletas realmente queimavam e que os homens com chifres me encaravam tanto quanto eu a eles. foi só a 2 semanas, porém, que tive minha confirmação;
Estava fazendo um corre. É, um corre. Levar alguma droga de merda de algum vendedor pra outro, ou pra qualquer pessoa idiota aleatoria. Andava com as maos nos bolsos, o skate preso entre minhas costas e a mochila. Dobrei numa esquina e entrei em um beco. Esperei. Dois caras apareceram, cheirando a alcool, maconha e coisas mais que eu não saberia nomear. Um era branquelo, tatuado, magro e baixinho, e parecia com tanto sono que poderia dormir em pé. O outro era mais alto, a pele negra e... chifres na cabeça. Ele me olhou, e eu o olhei, e sabiamos que estávamos ali à espera de algo. Aproximei-me.
Levantei o bilhete que Sofia me entregara, onde seu nome estava escrito em um verso e no outro o endereço do beco. Mostrei-lhe o nome escrito.
O homem acenou e fez um sinal para o amigo, que aproximou-se com a mão no bolso. Tentei evitar demonstrar meu nervosismo. Não era a primeira vez que eu via uma pessoa com chifres ou coisa do tipo. Também não era a primeira vez que falava com um. Mas sempre era difícil. A primeira vez que perguntei a uma pessoa se ela via os chifres foi quando tinha 8 anos, a uma colega de classe. Ela espalhou para a turma inteira que eu estava chamando o zelador de chifrudo, e em uma semana ele veio atrás de mim. Ele me surpreendeu na saída de uma aula de educação física, na quadra. Primeiro, ele me olhou de cima a baixo, com raiva. Depois, com surpresa. E por fim, com pena. Boa sorte, foi tudo o que ele disse antes de se virar e sair. Depois daquele dia, ele saiu do emprego na escola, e não o vi mais pela cidade.
Enquanto aquele homem chifrado se aproximava, eu lembrava do momento que o cuidador falava comigo. O homem me olhou com interesse. Primeiro com surpresa. Depois com... Desconforto. Ele retirou umas notas do bolso. Contei; 75 dólares. Peguei o pacote enrolado em uma fita branca no meu bolso e entreguei a ele. Quando ele pegou o pacote, segurou também minha mão com força, e quando eu tentei puxar alarmado ele me puxou com firmeza, me olhando nos olhos.
-- Volte. Aqui. Em uma hora.
Ele me olhou por mais alguns segundos para se certificar de que eu tinha entendido suas palavras. Franzi a testa, sem saber o que responder. Ele tocou um chifre com os dedos e saiu enfiando o pacote na jaqueta e sinalizando para o companheiro, que olhou para ele, para mim, e de volta para ele, parecendo surpreso. Ele sorriu com estranha afeição e correu atrás do companheiro. Observei enquanto eles se afastavam do beco. O branquelo menor perguntava algo ao mais alto, que, percebi eu, parecia mancar, ou andar de um jeito muito marrento.
Corri para entregar o dinheiro ao tal Sofia. Na maior parte das vzes um homem chamado sofia não seria levado a sério, mas ninguém com juízo perfeito não levaria sofia a sério. 1,85 de altura, 95kg de musculos e tatuagens de presídio. Tinha um olhar duro, do tipo difícil de encarar. Entreguei-lhe o dinheiro. Ele puxou uma das notas de dez e me entregou. Acenei em agradecimento e saí. Por isso eu gostava de Sofia. Todos os nossos encontros eram breves, rápidos e silenciosos. Ele mandava que me chamassem. Me entregava um pacote e um endereço. No fim, recebia o dinheiro, contava, me dava uma parte, e eu saía. Às vezes eu podia jurar que ele parecia também gostar da objetividade da relação.
Depois de devolver a grana voltei ao beco e... Aguardei. Não sabia bem o que estava fazendo, mas um homens com chifres que ninguém mais via havia falado comigo e dado um sinal da realidade de tudo aquilo pela primeira vez. Eu teria de ir a fundo naquilo.
Já esperava há 10 minutos, parado na mesma posição como uma sombra, quando ouvi uma voz atrás de mim.
-- Ora... eu tirei a sorte grande...
Me virei e dei de cara com um brutamontes enorme. O cara era, tipo, maior que Sofia. Usava um macacão e fedia tanto que eu não conseguia entender como não consegui sentir seu cheiro antes dele falar. O que me assustou porém não foi seu tamanho, mas sim o unico olho que brilhava com maldade em sua testa. O... ciclope riu e puxou algo das costas. Uma chave inglesa, das grandes. Percebi que ele queria me bater com aquilo e comecei a recuar na direção da rua.
-- Não, não, há anos não encontro um da sua raça! Não um que eu pudesse pegar tão facilmente!
Ele correu em minha direção, cobrindo a distância entre nós com surpreendente velocidade, suas pernas grandes percorrendo metros por vez. Tentei correr mas tropecei em uma garrafa e caí, em seguida senti uma porrada nas costas e rolei pelo chão, sem ar, me chocando com a parede do beco. Percebi que ele tinha me chutado, e tentei me levantar, sem ar.
Outra porrada, desta vez na cabeça, me fez cair de volta. Ele me virou com o pé e pude vê-lo guardar a chave novamente, rindo.
-- eu nem preciso disso -- falou ele se abaixando, me pegando pela camisa e me erguendo. Ele pôs a enorme mão em meu pescoço, apertando-o, e olhando para aqueles braços eu pensei que ele poderia arrancar minha cabeça com as mãos se quisesse. Tentei chutá-lo, mas estava tonto por causa das porradas. A mochila pesava em minhas costas, dificultando meus movimentos, e seu aperto estava forte como ferro. Aos poucos senti tudo escurecendo. Então, eu caí no chão, e antes de desacordar vi o corpo do ciclope caindo também. Alguém se aproximava pela entrada do beco, mas não consegui ver quem era, pois tudo ficou turvo e escuro.
Acordei mais tarde em algum lugar que não conhecia. Me levantei sentindo a cabeça latejar. O quaeto era mal iluminado e pequeno. Saí pela porta, percebendo que era dia, e me desesperei me perguntando onde estaria, apesar de alguma coisa ali me parecer familiar. Quando me virei, senti o corpo gelar ao ver Sofia saindo de um outro comodo. Ele me viu, acenou e fez um sinal apontando para a cabeça. Toquei minha cabeça, percebendo que havia um curativo ali. Agradeci a ele com um "obrigado" mudo e meio sem jeito, e ele acenou novamente, com um raro sorriso, e se virou com um aceno.
Eu saí fui para casa. Depois daquilo, tudo continou como era antes, mas ao mesmo tempo, tudo estava diferente. Eu agora sabia que não era louco - ou era mais louco do que pensava - e o perigo estava em todos os cantos, a meu ver. Pensei em perguntar a Sofia sobre os homens que eu havia feito a entrega; o branquelo baixinho e o negro chfrudo, mas desisti. Talvez les tivessem me emboscado com aquele ciclope. Ou, talvez, tivessem me salvo deles e me levado a Sofia. eu não sabia o que pensar, então não fiz nada. Uma semana depois, minha paciência foi recompensada.
eu estava sonhando. Em um sonho daqueles que você sabe que está sonhando, mas continua sonhando mesmo assim. Eu andava pela rua, indo em direção àquele mesmo beco que estava na noite do ataque. lá, o cara branquelo me esperava.
-- E aí. Acho que estamos atrasados -- Disse ele -- Meu colega não pode vir aqui, mas estou vindo por ele. Você conseguiu ver os chifres dele, não e mesmo? -- ele perguntou, e quando acenei ele balançou a cabeça, como que conformando-se com o inevitável -- É... Parabéns, amigão. Somos parentes!
E com esta declaração infeliz, ele me falou sobre sátiros - os caras de chifre -, ciclopes - os brutamontes de um olho-, deuses - os filhos da puta invisíveis no empire state - e, por fim, sobre semideuses - nós. Eu e ele. Ele e eu.
-- Não é um sonho. quer dizer... É um sonho, mas não quer dizer que não seja real. Eu sou um filho de Hipnos, deus dos sonhos. Tenho alguns truques, como conversar através de sonhos e... Fazer ciclopes dormirem. Foi assim que te salvei aquela noite.
Olhei para ele, e acenei mais profundamente do que o normal, demonstrando meu agradecimento.
Ele me fez então a proposta mais insana da minha vida. Ir morar em um acampamento cheio de semideuses. Ergui uma sobrancelha, cético, enquanto ele explicava sobre o lugar, sobre como mudava de localização ao longo dos milenios e como era seguro, etc. Dei de ombros. então confirmei com a cabeça. Eu iria, afinal, não tinha nada melhor para fazer mesmo.
quando acordei, relembrei de todo o sonho, passo a passo, tantas vezes quanto consegui até perder a conta, para me certificar de que não me esqueceria daquilo. Eu não estava louco, e não iria ficar.
Assim, no dia indicado por Alexander, o garoto filho de Hipnos, eu saí de casa, às 00:20, para me encontrar com ele e o sátiro na rodoviária, às 00:50, para pegarmos um ônibus para NY, e de lá para Long Island, ou assim ele me explicara.
Porém, fui surpreendido pelos dois caras que estavam me seguindo. Os idiotas estavam há dias aparecendo em um lugar ou outro, e Alexander até mesmo aparecera em um sonho para me dizer que havia duas coisas pelas redondezas. Ou não sabia o que eram, mas me sentia desconfortável só de olhá-los.
Assim, continuei correndo em direção à rodoviária. Esperando, talvez, quem sabe, que eu não fosse louco, euq eo sonho tivesse sido real, e que Alexander estivesse à minha espera.
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No fim, tudo acabou bem mal. Ciclopes me encontraram na rodoviária, eu morri, eles morreram... Foi uma merda total. "Felizmente", para mim, eu era um semideus... E isso acarreta em ter um pai ou mãe com poderes sobrenaturais observando vez ou outra. E quando seu pai é o deus dos mortos, parece que se torna fácil burlar a morte.
Assim, segui para o Acampamento. Descobri o que sou e, aos poucos, quem sou. Shouto Koda, um Filho de Hades que vive no Acampamento Meio-Sangue. A vida aqui é... Estranha. Estranhamente agradável, na verdade.
Ω Idade: 16
Ω Aparência: Branquelo, cabelos negros, magricela como todo guri amarelo e um olhar caído de marginalzinho.
Características Psicológicas: Costuma ser um pouco inexpressivo e paradão.
Ω Humor: Costuma ser mal humorado
Ω Três Qualidades: Esperto, emocionalmente estável e instintivo.
Ω Três Defeitos: Pessimista, mal educado e egoísta.
Ω História: Um skate, uma mochila, um beck e dois sandubas foi tudo que levei comigo ao sair de casa. O silêncio da noite àquela hora era como uma droga anestesiando o cérebro. Os sentidos aos poucos se adaptam; a audição se aguça, a visão clareia. Apesar de dormirmos à noite, é sempre la quem nos deixa mais acordados.
Já dobrava na segunda esquina quando duas figuras apareceram no fim do quarteirão à direita. Puta merda, pensei enquanto começava a caminhar mais rápido, atravessando a avenida e entrando na esquina. Pude vê-los atravessar a rua e adiantar o passo em minha direção, e soube que tinham me visto.
Assim que passei pela esquina comecei a correr o mais rápido que podia na direção do colégio do bairro; Centro Educacional St Mugus, onde eu tinha a infelicidade de estudar - ou não estudar. Puta merda, puta merda! Como eles sabiam? , pensei enquanto me jogava na grade do colégio e começava a escalá-la, pulando para o outro lado com a facilidade de anos de prática. Voltei a correr e me abaixei atrás das moitas do lugar. Corri abaixado até atrás do colégio e pulei o muro para o quarteirão de trás, e continuei correndo. Era madrugada e as ruas estavam vazias, para minha felicidade.
Bom. Minha vida nunca tinha sido um mar de flores, mas na maior parte do tempo eu conseguia manter as coisas sob - relativo - controle. Mas há algumas semanas, eu havia perdido completamente o rumo de tudo.
E, é... Minha mãe era louca. Passou metade da vida em centros de recuperação para drogados ou em abrigos idiotas, ou mesmo casas de parentes "solidários". E eu acabava jogado de um canto para o outro desde que nasci.
Já que ela era louca, sempre fez sentido para mim que eu também fosse. Desde pequeno sempre vi coisas que sabia não poderem estar ali. Um par de chifres na cabeça de um homem, uma cauda saindo do cox de uma mulher. Ou borboletas de fogo voando pelo céu e cães negros como a noite, grandes como leões, comendo outros cães e gatos na vizinhança. Depois de um tempo, comecei a notar que os gatos realmente sumiam. Que as borboletas realmente queimavam e que os homens com chifres me encaravam tanto quanto eu a eles. foi só a 2 semanas, porém, que tive minha confirmação;
Estava fazendo um corre. É, um corre. Levar alguma droga de merda de algum vendedor pra outro, ou pra qualquer pessoa idiota aleatoria. Andava com as maos nos bolsos, o skate preso entre minhas costas e a mochila. Dobrei numa esquina e entrei em um beco. Esperei. Dois caras apareceram, cheirando a alcool, maconha e coisas mais que eu não saberia nomear. Um era branquelo, tatuado, magro e baixinho, e parecia com tanto sono que poderia dormir em pé. O outro era mais alto, a pele negra e... chifres na cabeça. Ele me olhou, e eu o olhei, e sabiamos que estávamos ali à espera de algo. Aproximei-me.
Levantei o bilhete que Sofia me entregara, onde seu nome estava escrito em um verso e no outro o endereço do beco. Mostrei-lhe o nome escrito.
O homem acenou e fez um sinal para o amigo, que aproximou-se com a mão no bolso. Tentei evitar demonstrar meu nervosismo. Não era a primeira vez que eu via uma pessoa com chifres ou coisa do tipo. Também não era a primeira vez que falava com um. Mas sempre era difícil. A primeira vez que perguntei a uma pessoa se ela via os chifres foi quando tinha 8 anos, a uma colega de classe. Ela espalhou para a turma inteira que eu estava chamando o zelador de chifrudo, e em uma semana ele veio atrás de mim. Ele me surpreendeu na saída de uma aula de educação física, na quadra. Primeiro, ele me olhou de cima a baixo, com raiva. Depois, com surpresa. E por fim, com pena. Boa sorte, foi tudo o que ele disse antes de se virar e sair. Depois daquele dia, ele saiu do emprego na escola, e não o vi mais pela cidade.
Enquanto aquele homem chifrado se aproximava, eu lembrava do momento que o cuidador falava comigo. O homem me olhou com interesse. Primeiro com surpresa. Depois com... Desconforto. Ele retirou umas notas do bolso. Contei; 75 dólares. Peguei o pacote enrolado em uma fita branca no meu bolso e entreguei a ele. Quando ele pegou o pacote, segurou também minha mão com força, e quando eu tentei puxar alarmado ele me puxou com firmeza, me olhando nos olhos.
-- Volte. Aqui. Em uma hora.
Ele me olhou por mais alguns segundos para se certificar de que eu tinha entendido suas palavras. Franzi a testa, sem saber o que responder. Ele tocou um chifre com os dedos e saiu enfiando o pacote na jaqueta e sinalizando para o companheiro, que olhou para ele, para mim, e de volta para ele, parecendo surpreso. Ele sorriu com estranha afeição e correu atrás do companheiro. Observei enquanto eles se afastavam do beco. O branquelo menor perguntava algo ao mais alto, que, percebi eu, parecia mancar, ou andar de um jeito muito marrento.
Corri para entregar o dinheiro ao tal Sofia. Na maior parte das vzes um homem chamado sofia não seria levado a sério, mas ninguém com juízo perfeito não levaria sofia a sério. 1,85 de altura, 95kg de musculos e tatuagens de presídio. Tinha um olhar duro, do tipo difícil de encarar. Entreguei-lhe o dinheiro. Ele puxou uma das notas de dez e me entregou. Acenei em agradecimento e saí. Por isso eu gostava de Sofia. Todos os nossos encontros eram breves, rápidos e silenciosos. Ele mandava que me chamassem. Me entregava um pacote e um endereço. No fim, recebia o dinheiro, contava, me dava uma parte, e eu saía. Às vezes eu podia jurar que ele parecia também gostar da objetividade da relação.
Depois de devolver a grana voltei ao beco e... Aguardei. Não sabia bem o que estava fazendo, mas um homens com chifres que ninguém mais via havia falado comigo e dado um sinal da realidade de tudo aquilo pela primeira vez. Eu teria de ir a fundo naquilo.
Já esperava há 10 minutos, parado na mesma posição como uma sombra, quando ouvi uma voz atrás de mim.
-- Ora... eu tirei a sorte grande...
Me virei e dei de cara com um brutamontes enorme. O cara era, tipo, maior que Sofia. Usava um macacão e fedia tanto que eu não conseguia entender como não consegui sentir seu cheiro antes dele falar. O que me assustou porém não foi seu tamanho, mas sim o unico olho que brilhava com maldade em sua testa. O... ciclope riu e puxou algo das costas. Uma chave inglesa, das grandes. Percebi que ele queria me bater com aquilo e comecei a recuar na direção da rua.
-- Não, não, há anos não encontro um da sua raça! Não um que eu pudesse pegar tão facilmente!
Ele correu em minha direção, cobrindo a distância entre nós com surpreendente velocidade, suas pernas grandes percorrendo metros por vez. Tentei correr mas tropecei em uma garrafa e caí, em seguida senti uma porrada nas costas e rolei pelo chão, sem ar, me chocando com a parede do beco. Percebi que ele tinha me chutado, e tentei me levantar, sem ar.
Outra porrada, desta vez na cabeça, me fez cair de volta. Ele me virou com o pé e pude vê-lo guardar a chave novamente, rindo.
-- eu nem preciso disso -- falou ele se abaixando, me pegando pela camisa e me erguendo. Ele pôs a enorme mão em meu pescoço, apertando-o, e olhando para aqueles braços eu pensei que ele poderia arrancar minha cabeça com as mãos se quisesse. Tentei chutá-lo, mas estava tonto por causa das porradas. A mochila pesava em minhas costas, dificultando meus movimentos, e seu aperto estava forte como ferro. Aos poucos senti tudo escurecendo. Então, eu caí no chão, e antes de desacordar vi o corpo do ciclope caindo também. Alguém se aproximava pela entrada do beco, mas não consegui ver quem era, pois tudo ficou turvo e escuro.
Acordei mais tarde em algum lugar que não conhecia. Me levantei sentindo a cabeça latejar. O quaeto era mal iluminado e pequeno. Saí pela porta, percebendo que era dia, e me desesperei me perguntando onde estaria, apesar de alguma coisa ali me parecer familiar. Quando me virei, senti o corpo gelar ao ver Sofia saindo de um outro comodo. Ele me viu, acenou e fez um sinal apontando para a cabeça. Toquei minha cabeça, percebendo que havia um curativo ali. Agradeci a ele com um "obrigado" mudo e meio sem jeito, e ele acenou novamente, com um raro sorriso, e se virou com um aceno.
Eu saí fui para casa. Depois daquilo, tudo continou como era antes, mas ao mesmo tempo, tudo estava diferente. Eu agora sabia que não era louco - ou era mais louco do que pensava - e o perigo estava em todos os cantos, a meu ver. Pensei em perguntar a Sofia sobre os homens que eu havia feito a entrega; o branquelo baixinho e o negro chfrudo, mas desisti. Talvez les tivessem me emboscado com aquele ciclope. Ou, talvez, tivessem me salvo deles e me levado a Sofia. eu não sabia o que pensar, então não fiz nada. Uma semana depois, minha paciência foi recompensada.
eu estava sonhando. Em um sonho daqueles que você sabe que está sonhando, mas continua sonhando mesmo assim. Eu andava pela rua, indo em direção àquele mesmo beco que estava na noite do ataque. lá, o cara branquelo me esperava.
-- E aí. Acho que estamos atrasados -- Disse ele -- Meu colega não pode vir aqui, mas estou vindo por ele. Você conseguiu ver os chifres dele, não e mesmo? -- ele perguntou, e quando acenei ele balançou a cabeça, como que conformando-se com o inevitável -- É... Parabéns, amigão. Somos parentes!
E com esta declaração infeliz, ele me falou sobre sátiros - os caras de chifre -, ciclopes - os brutamontes de um olho-, deuses - os filhos da puta invisíveis no empire state - e, por fim, sobre semideuses - nós. Eu e ele. Ele e eu.
-- Não é um sonho. quer dizer... É um sonho, mas não quer dizer que não seja real. Eu sou um filho de Hipnos, deus dos sonhos. Tenho alguns truques, como conversar através de sonhos e... Fazer ciclopes dormirem. Foi assim que te salvei aquela noite.
Olhei para ele, e acenei mais profundamente do que o normal, demonstrando meu agradecimento.
Ele me fez então a proposta mais insana da minha vida. Ir morar em um acampamento cheio de semideuses. Ergui uma sobrancelha, cético, enquanto ele explicava sobre o lugar, sobre como mudava de localização ao longo dos milenios e como era seguro, etc. Dei de ombros. então confirmei com a cabeça. Eu iria, afinal, não tinha nada melhor para fazer mesmo.
quando acordei, relembrei de todo o sonho, passo a passo, tantas vezes quanto consegui até perder a conta, para me certificar de que não me esqueceria daquilo. Eu não estava louco, e não iria ficar.
Assim, no dia indicado por Alexander, o garoto filho de Hipnos, eu saí de casa, às 00:20, para me encontrar com ele e o sátiro na rodoviária, às 00:50, para pegarmos um ônibus para NY, e de lá para Long Island, ou assim ele me explicara.
Porém, fui surpreendido pelos dois caras que estavam me seguindo. Os idiotas estavam há dias aparecendo em um lugar ou outro, e Alexander até mesmo aparecera em um sonho para me dizer que havia duas coisas pelas redondezas. Ou não sabia o que eram, mas me sentia desconfortável só de olhá-los.
Assim, continuei correndo em direção à rodoviária. Esperando, talvez, quem sabe, que eu não fosse louco, euq eo sonho tivesse sido real, e que Alexander estivesse à minha espera.
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No fim, tudo acabou bem mal. Ciclopes me encontraram na rodoviária, eu morri, eles morreram... Foi uma merda total. "Felizmente", para mim, eu era um semideus... E isso acarreta em ter um pai ou mãe com poderes sobrenaturais observando vez ou outra. E quando seu pai é o deus dos mortos, parece que se torna fácil burlar a morte.
Assim, segui para o Acampamento. Descobri o que sou e, aos poucos, quem sou. Shouto Koda, um Filho de Hades que vive no Acampamento Meio-Sangue. A vida aqui é... Estranha. Estranhamente agradável, na verdade.