Julius se remexeu inquieto na cama. O suor escorria de sua testa, confirmando o stress do garoto que, apesar de estar dormindo, não estava nada relaxado. Revirou-se mais uma vez, quase caindo da beirada. Por que aquele gato dos diabos não o deixava em paz?
Olhou para trás e lá estava; o gato. Suas patas pequenas faziam o mesmo som que os cascos de um cavalo contra o asfalto. Parecia sorrir para ele enquanto caminhava calmamente pela rua em sua direção. Julius andava e andava, seguindo reto naquela avenida escura que parecia não ter fim. Quando chegaria em casa? Já deveria estar em sua rua, mas não chegava, nunca chegava. Virou em uma esquina e dobrou na próxima esquerda. Adiantou o passo tanto quanto pode. Nenhum carro passava na rua, nenhuma alma viva caminhava pelas calçadas… Ninguém que pudesse testemunhar o gato que não parava de perseguí-lo.
Virou-se e por um momento sentiu alivio quando não viu o animal. Mas assim que olhou para trás, se arrependeu. Seus olhos ficaram vidrados na esquina, de onde sabia que viria aquele animal infernal. Sabia que apareceria ali. Sentiu seu corpo gelado, sua visão aguçando-se como se desse um zoom na curva lá atrás. Ouviu o som dos cascos… E, por fim, surgiu o gato. Não, não… Isso não estava acontecendo. Tentou virar-se para a frente para correr mais rápido, mas a visão daquele felino caminhando em sua direção o manteve torto olhando para trás enquanto tentava seguir em frente.
Ele estava cada vez mais próximo. Devia ser impossível, pois ele sequer estava correndo, mas ali estava o animal, 30, 20, 10 metros atrás dele. Quando tentou correr tropeçou em algo e, só assim, conseguiu descolar os olhos do gato. Machucou as mãos contra o asfalto, mas ignorou a dor. Tinha tropeçado em algo, tinha chutado algo antes de cair. Olhou para baixo e descobriu o rosto de um desconhecido encarando-o. Morto, pálido e inerte no chão… Ele tinha tropeçado em um cadáver.
Virou-se enquanto levantava, e a sombra daquele pequeno animal encobriu seu corpo. Os bigodes longos, grossos e tortos. As presas escapavam por entre os lábios finos e ferinos, e os olhos expressavam a mais pura loucura. Arrastou-se de costas no chão, impotente, incapaz de forçar seu corpo a levantar-se.
As chamas queimavam ao redor. A rua estava vazia até então, e ele por fim sabia o motivo. Ali estavam todos. Todos os corpos, ao menos. A cada metro que ele recuava se arrastando entrava em seu raio de visão mais um par de cadáveres. As crianças que deveriam estar brincando, os idosos que deveriam estar nas praças. Estavam todos ali, mortos, e Julius sabia que seria mais um em meio àqueles. Pela primeira vez, o medo que inchava seu coração não deixava-o mais forte. Pela primeira vez, o medo que queimava em seu peito minava suas forças e o deixava impotente como em um sonho. Quando o gato ameaçou tocá-lo, por fim, seu horror chegou ao limite. Tentou gritar, correr, virar-se e debandar em fuga. Mas tudo o que conseguiu foi…
Com um sonoro “Bang!”, Julius caiu do beliche de testa no chão. Seu corpo estava coberto de suor, e o lençol enrolado em seu corpo estava encharcado. Ele tremia da cabeça aos pés, confuso com tudo aquilo, confuso com aquele Medo que sentia.
Lá fora ouviu o sino da coorte tocar. O sino para que todos se apresentassem para a revista matinal antes do café da manhã.
Olhou para trás e lá estava; o gato. Suas patas pequenas faziam o mesmo som que os cascos de um cavalo contra o asfalto. Parecia sorrir para ele enquanto caminhava calmamente pela rua em sua direção. Julius andava e andava, seguindo reto naquela avenida escura que parecia não ter fim. Quando chegaria em casa? Já deveria estar em sua rua, mas não chegava, nunca chegava. Virou em uma esquina e dobrou na próxima esquerda. Adiantou o passo tanto quanto pode. Nenhum carro passava na rua, nenhuma alma viva caminhava pelas calçadas… Ninguém que pudesse testemunhar o gato que não parava de perseguí-lo.
Virou-se e por um momento sentiu alivio quando não viu o animal. Mas assim que olhou para trás, se arrependeu. Seus olhos ficaram vidrados na esquina, de onde sabia que viria aquele animal infernal. Sabia que apareceria ali. Sentiu seu corpo gelado, sua visão aguçando-se como se desse um zoom na curva lá atrás. Ouviu o som dos cascos… E, por fim, surgiu o gato. Não, não… Isso não estava acontecendo. Tentou virar-se para a frente para correr mais rápido, mas a visão daquele felino caminhando em sua direção o manteve torto olhando para trás enquanto tentava seguir em frente.
Ele estava cada vez mais próximo. Devia ser impossível, pois ele sequer estava correndo, mas ali estava o animal, 30, 20, 10 metros atrás dele. Quando tentou correr tropeçou em algo e, só assim, conseguiu descolar os olhos do gato. Machucou as mãos contra o asfalto, mas ignorou a dor. Tinha tropeçado em algo, tinha chutado algo antes de cair. Olhou para baixo e descobriu o rosto de um desconhecido encarando-o. Morto, pálido e inerte no chão… Ele tinha tropeçado em um cadáver.
Virou-se enquanto levantava, e a sombra daquele pequeno animal encobriu seu corpo. Os bigodes longos, grossos e tortos. As presas escapavam por entre os lábios finos e ferinos, e os olhos expressavam a mais pura loucura. Arrastou-se de costas no chão, impotente, incapaz de forçar seu corpo a levantar-se.
As chamas queimavam ao redor. A rua estava vazia até então, e ele por fim sabia o motivo. Ali estavam todos. Todos os corpos, ao menos. A cada metro que ele recuava se arrastando entrava em seu raio de visão mais um par de cadáveres. As crianças que deveriam estar brincando, os idosos que deveriam estar nas praças. Estavam todos ali, mortos, e Julius sabia que seria mais um em meio àqueles. Pela primeira vez, o medo que inchava seu coração não deixava-o mais forte. Pela primeira vez, o medo que queimava em seu peito minava suas forças e o deixava impotente como em um sonho. Quando o gato ameaçou tocá-lo, por fim, seu horror chegou ao limite. Tentou gritar, correr, virar-se e debandar em fuga. Mas tudo o que conseguiu foi…
Com um sonoro “Bang!”, Julius caiu do beliche de testa no chão. Seu corpo estava coberto de suor, e o lençol enrolado em seu corpo estava encharcado. Ele tremia da cabeça aos pés, confuso com tudo aquilo, confuso com aquele Medo que sentia.
Lá fora ouviu o sino da coorte tocar. O sino para que todos se apresentassem para a revista matinal antes do café da manhã.