Olho assim para o motorista, me sentindo extremamente culpada pelo ocorrido.
Saio com os meninos do carro conferindo se estou bem. Pergunto ao motorista se ele está OK e falo o quanto lamento pelo acidente Eu havia ficado quietinha a viagem inteira para não atrapalhar ninguém, mas pelo visto eu sou mais poderosa do que imaginava ainda me faltava um caminho longo até obter controle sobre os poderes de Hipnos. Às vezes, vazava.

Assim, olho em direção ao nosso destino. Penso em sentar e chorar assim como o motorista quando percebo que teríamos que andar, e a preguiça ameaça me matar por antecipação. Olho para o filho de Apolo, por um momento desejando ser filha de Afrodite para convencê-lo a me carregar até o monte. Mas suspiro, arrasada duplamente. Fazer o que...

- Eu... Me desculpem, eu não sei como aconteceu... Não esperava afetar ele assim. - Falo com meus companheiros, cheia de vergonha. Vergonha e raiva, indignada com aquilo. Tento respirar fundo para manter o controle e converter aqueles sentimntos negativos em esforço, começando a caminhar na direção do nosso destino.

A esta altura fico atenta nos arredores, tentando notar se há algum indício da passagem de monstros ou coisas do tipo.

Olho para trás, irritada com a demora dos outros dois. Espere... Dakota ainda estava parada no lugar onde a deixamos!?

Pelo amor!

Olho desesperada pros arredores, buscando por qualquer lugar que tivesse uma tira de sombra, uma cobertura onde eu pudesse ficar. Coço minha cabeça, irritada, e corro até a sombra mais próxima nem que seja em baixo de uma árvore. Sento-me frustrada para esperar aqueles idiotas. Eu devia ter ficado no intercâmbio do acampamento júpiter.

Enquanto os espero volto a coçar a minha cabeça. Mas que porra é essa, do nada? Senti uma coisinha se mexendo entre meus dedos e fico boquiaberta. Aquilo eram... PIOLHOS?

Dou um gritinho de desespero coçando a cabeça com mais força. Não, não! Tá me zoando!?
Puxo minha flauta e começo a tocá-la tristemente, tentando por os piolhos para dormir. Eu nem sabia se esses bichos dormiam, mas o que mais eu poderia fazer!?

Aos poucos sinto-me sonolenta. E enquanto toco e espero meus amigos vou caindo no sono.

Se o motorista escolheu ficar então ficasse lá com seu veículo quebrado, não adiantava eu insistir para vir conosco - ele não teria alguma utilidade prática além de distrair algum monstro mesmo , maaaasss.... a história fica completamente diferente ao perceber que a filha de Hypnos já havia partido e não acredito que já estava tão distante em poucos segundos ao passo que a de Vênus estava mais atrás junto com o cara.  O grupo estava dividido e eu não podia deixar que isso permanecesse desse jeito, afinal de contas, seria um mau negócio continuar assim. Como Sun procurava uma sombra enquanto abanava a cabeça, deduzi que não iria muito mais longe. Volto até Dakota sob o sol brilhante enquanto respondo sua pergunta anterior:

- O que nos resta é continuar até nosso objetivo, está na hora irmos. Espero que não se ofenda se caminharmos mais rápido. - concluo pegando gentilmente em sua mão e a conduzindo até onde Sun estava parada. Já eram 11h45 e o horário do almoço estava perto, queria lanchar milk-shake ao invés de areia.

Porém, quando menos espero, sinto uma leve coceira na cabeça que vai se intensificando ao ponto de soltar a mão da semideusa e começo a coçar minha cabeça com as duas mãos. Parecia que pequenos seres estavam caminhando por sobre minha cabeça e olho   horrorizado piolhos nas palmas de minhas mãos. "Será que a garota ao meu lado havia me passado essas criaturinhas desprezíveis?", penso enquanto me viro com olhar misto de incredulidade e angústia. Reflito novamente, não poderia ter acontecido agora já que a Sun também estava coçando a cabeça instantes atrás.

- Tu sabe como exterminar essas coisas???? - pergunto para Dakota enquanto nos aproximamos da campista grega. Como filha de Afrodite, imagino que ela saiba do intermediário quando se trata em questões de beleza e saúde relacionada. A coceira não parava de incomodar ao ponto de eu pensar em aquecer minha própria cabeça e incinerar estes projetos de vermes.

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Nível 3 - Justing In Time: De tanto determinar o horário com base no Sol, o garoto desenvolveu a capacidade de saber exatamente qual o horário. Quando for mais experiente em intuir na posição celeste (acima do nível 10) será capaz de definir as horas em outros momentos não diurnos como um bússola interna, mas apenas se houver luar (pois a Lua é iluminada pelo Sol e etc etc). Assim, Zuriel jamais chegará atrasado.

Sendo ignorada pelos demais, inspiro fundo enquanto sinto o sol me fritar, isso com certeza deixaria marcas no meu rosto, se esse sol manchasse minha pele, eles iriam pagar o spa mais caro de nova Roma! Ah eles iam !
- Obrigada por não me responderem, otários !- digo em voz baixa apenas para mim.
viro para o humano imprestável que se lamuriava por não ter negado a corrida:
- a vê se cresce seu bebê chorão !- irritada me afasto dele indo até onde os outros estão.
Minha cabeça começa a coçar incontrolavelmente :
- pronto! vocês me perturbaram tanto que eu desenvolvi foliculite!- digo com a voz a cada palavra mais esguirniçada. mas me aproximando dos outros vejo que estão com o mesmo problema
- tu sabe como exterminar essas coisas?- Zuriel me pergunta e eu, incrédula, viro para ele:
- Não ! Por incrível que pareça o filho do Deus da Medicina aqui é você- friso as palavras para que ele se toque.
choramingo enquanto coço minha cabeça, eu nunca tive piolhos, nem quando morava no orfanato deplorável empanturrado de crianças catarrentas.

- Não ! Por incrível que pareça o filho do Deus da Medicina aqui é você.

Após ouvir o comentário de Dakota, franzi o cenho consternado com a afirmação e arrependido por não ter prestado mais atenção nas aulas de parasitologia no colégio e as que davam no acampamento. Mas eu não admitiria a ela que estava certa sobre o dever imposto pelos demais que todo filho de Apolo devesse saber sobre medicina, pelo menos não hoje. Repensando no que faria da minha vida após este paradigma e com a cabeça coçando minha barriga lembra que está na hora do rango. Sinto meu rosto ficar todo avermelhado por entre o bronzeado natural quando meu estômago ronca indiscreto na subida da ladeira. Continuo olhando para frente torcendo que elas relevassem o constragimento alheio com o mínimo de compreensão.

Já havíamos caminhado bastante quando o primeiro sinal de vida extra-nós surge no horizonte deste deserto de asfalto, porém, a figura que ganhava detalhes não se tratava de uma pessoa qualquer. Sua aparência até poderia lembrar um homem de sei lá quantos caso as pernas existissem - em seu lugar um tipo de cauda assumia o espaço; e ele não tivesse literalmente uma cara de cachorro. Paro de caminhar e indico às duas que façam o mesmo, apesar do sol escaldante. Se elas desejassem, poderiam fazer como eu ao me abaixar de cócoras pondo a mochila sobre a cabeça para diminuir o sol em suas cabeças e, simultaneamente, uma tentativa desesperada de ser confundido com um amontoado de entulho pela distância do telquine - em nenhum momento atual eu tiraria a visão dele. Nosso "cidadão" era forte o suficiente para quebrar pedras dispensando alguma espécie de ferramenta (como uma britadeira) ao que eu conseguia enxergar no momento, então o mínimo que poderíamos fazer era bolar um plano de contingência com o que tivéssemos.

- Tenho três notícias para dizer, sendo a boa, a ruim e a louca. A primeira é que achamos um dos deliquentes que o pretor falou e ele está logo a frente brincando de Lego com as pedras. A segunda é que vocês estão péssimas e precisam se hidratar ou podem desmaiar durante um confronto. Vocês têm água e/ou comida na bolsa? - pergunto e espero elas dizerem sim ou não antes de continuar.

Caso não tenham alguma bebida, pego uma das garrafas de Água Refrescante que eu carregava comigo e divido entre elas*, deixando a outra para o caso de termos que caminhar mais. Se elas dividissem alguma comida que estivessem carregando, ótimo, eu aproveitaria para comer também. Se não, eu teria de esperar mais um pouco pra almoçar . Continuando a terceira pauta que eu tinha para falar, desembucho coçando a cabeça mais uma vez:

- A terceira é que talvez possamos usar os piolhos como arma contra os telquines, já que eles são metade cães e possivelmente a cabeça coberta de pelagem. Só temos que tirar alguns das nossas cabeças e guardar num recipiente que não fujam.

Eu esperava que elas acatassem as ideias ou sugerissem um plano melhor, eu não sou o tipo de cara que está acostumado a pensar em estratégias de guerra e isso parece chato demais. Preferia vadiar pelos lugares e aproveitar o dia livre.

Mesmo falando com elas não tenho a intenção de perder a criatura de vista, pois se já nos avistou enquanto andávamos poderia muito bem tentar alguma coisa contra nós, e aí se destaca a necessidade de alguém vigiar e avisar caso ele tente investir contra nós de alguma maneira.


* Na loja de suprimentos curativos há uma observação dizendo que filhos de Apolo podem repartir itens de cura e seus efeitos pela quantidade de participantes. Acredito que meia garrafa seja suficiente para elas não sofrerem de insolação já que não temos mais de um dia saídos do acampamento, mas é uma hipótese.

Nível 5 - Visão Aguçada: A visão dos filhos de Apolo é apurada, facilitando a mira com o arco e flecha. Essa habilidade evolui de acordo com a MIRA do personagem.

Nível 5 - Audição aguçada: Os filhos de Apolo são capazes de distinguir cada som e semitom de qualquer música. Essa capacidade os concede uma audição mais apurada que o normal. Essa habilidade escala diretamente com REFLEX.

Alcançada por meus fieis e adoráveis companheiros eu percebo que eles estavam sofrendo com a mesma praga que eu.
- Cara, de onde veio isso!? - pergunto indignada enquanto coço a cabeça.

Escuto o que Zuri tem a dizer, indignado pela filha de Venus não poder nos livrar dos carrapatos, tipo, mandando eles sairem ou algo assim. Seria bem útil. Aceito a água do Zuriel e confiro em minha mochila se eu tenho algo de comer dentro dela... Talvez algumas balinhas, ou as barrinhas de cereal que costumo afanar da mesa durante o café da manhã.

Ao longe eu podia ver um cara parado. Será que seria um guia turistico ou algum doido? Talvez alguém que tivesse ido estudar os deslizamentos - quero dizer, supostos deslizamentos.

- Ei, vocês estão vendo aquele cara? Será que ele saberia dizer onde estão os telquines? Ou onde encontrar água, ou onde tirar um cochilo, melhor ainda!

Tento arrancar os piolhos de minha cabeça como havia indicado zuriel. Eu nãp acreditava muito que seria possível usá-los contra os telquines, mas, quem sabe... Os monstros deviam ter um couro mais espesso que o nosso, e então... Bem, quem sabe. Tomara que os piolhos tenham dentes fortes. Quer dizer...

- Ei, piolho tem dentes!? - Pergunto, horrorizada com a ideia de ter dezenas de criaturinhas mastigando minha cabeça naquele momento.