Aquele estava sendo um dia cheio para mim. Desde que eu entrei para o grupo das caçadoras, não deixei de cumprir com minhas obrigações, e sempre as cumpri de bom grado. Mas não importa o que eu fizesse, não me sentia tão bem naquele grupo, como as demais caçadoras. Até Sophia Masters que era uma filha de Hades, abria mais sorrisos para as demais caçadoras, do que eu conseguia abrir. Não tinha ódio, não tinha desavenças, não tinha nada de adverso para com as caçadoras, mas eu sentia que ali não era o meu lugar.

Depois de uma longa noite de caçada, estava voltando ao chalé das caçadoras, junto as demais companheiras. Mas como já vinha sendo um tempo atrás, eu estava no último lugar da fila, alguns passos das caçadoras que festejavam. Enquanto caminhava para o chalé, assistia todo aquele alvoroço, que os campistas faziam ao ver as caçadoras. Até chegava a acenar para eles, mas não fazia nada além disso. Estava um pouco cansada, mas era a mais inteira do grupo, talvez depois da tenente. E como era esperado, Ártemis surgiu e nos confortou a fadiga, com seu ar acolhedor. E foi nesse momento que me despedi das caçadoras, com um breve informe.

Ao me despedir e sem esperar nenhum tipo de reação, deixei todos os itens que eu havia ganho como caçadora, e me encaminhei para o chalé 5 portando apenas minha lança espartana. Ao chegar no local, meu único feito foi ignorar meus irmãos, e deitar na cama que nunca havia deixado de ser minha. Porém, logo tive de sair de lá, pois uma reunião havia sido requisitada. Como sempre fiz em todas as reuniões, me armei com minha armadura, coloquei escudo e lança em punhos, e coloquei meus acessórios. Ryan me ensinou a estar sempre pronta para um combate, então era assim que eu estava.

A reunião foi breve como eu gostava e ao ouvir a orientação de Saito, deixei a reunião e me encaminhei em silêncio ao lugar indicado, chegando no local antes mesmo do próprio filho de Mercúrio. A presença do ex líder do chalé 11 logo se tornou presente, e com um aceno de cabeça o cumprimentei. -- O que você aprontou agora, Brek? --

equipamento:

Estou cansada de ficar em meu chalé sentindo pena de mim mesma, então resolvo entrar de cabeça na minha nova vida. Ainda que não me lembre quem sou ou de onde vim, preciso fazer o que há de melhor pra me adaptar a essa nova realidade. Decido, então, me dedicar totalmente aos meus treinos e desenvolver cada vez mais as minhas habilidades. Confesso que o meu objetivo aqui não é fazer amigos, já que não pareço me encaixar com ninguém. Se eu ao menos soubesse quem é o meu Pai, teria um rumo mais preciso...

Entre os intervalos de meus treinamentos, vejo uma movimentação estranha em direção à Casa Grande. Eu posso não ser a melhor especialista em história por causa o TDAH, mas qualquer pessoa normal é capaz de reconhecer togas romanas, ainda mais sendo roxas. O problema é que isso é um acampamento grego e, pelos boatos que escutei, há uma rixa com "os outros". Tenho que confessar que tive uma breve discussão mental por alguns instantes. Deveria ou não espionar? Devo. Não. Vai logo. Não é certo. Ah, ninguém vai te ver. É, eu fui. Sempre tive um dom pra me ocultar nas sombras e o sol da manhã me proporcionava um esconderijo perfeito. Confesso que não consegui ver muito, apenas ânimos exaltados, mas isso me fez apenas querer descobrir ainda mais sobre o assunto.

Horas depois aquilo ainda me assombrava e é então que somos convocados ao Anfiteatro. Não explicaram muito bem do que se tratava, só que seria uma missão de infiltração. Ah, então era sobre isso que eles falavam. Eu deveria ir. Eu sentia que deveria. Eu sentia que o meu destino não era ficar mofando em um Chalé. Eu deveria chamar atenção de quem quer que fosse. Levanto a mão firmemente, ainda que as dúvidas preencham o meu peito. Mas eu estaria fazendo o certo?

Faço o que me é mandado e pego meus equipamentos, ainda que sejam poucos. Me dirijo ao Pinheiro e cumprimento todos com um aceno e um sorriso tímido ao chegar. Formávamos um grupo nada uniforme, de fato. Permaneço lá aguardando ordens.

Mesmo tendo feito parte do grupo das caçadoras por longo período, alguns homens sempre me eram um ponto seguro, onde conseguia ficar totalmente descontraída e ser eu mesma. O que era bem diferente, de trazer desgostos para a deusa Ártemis. O único e maior desgosto, foi ter saído do clã, mas isso não era assunto para render. O pretor de Mercúrio me era um amigo de longa data, o que me fazia ficar menos tensa diante daquela situação, que talvez ficasse ligeiramente delicada devido a presença de Sophia.

Meus ouvidos estavam atentos em Brek, mas meus olhos não deixavam de reparar, no modo que a filha de Hades se portava diante de um homem. Eu até riria daquilo, mas não estava disposta. Mas ao continuar a fitando, notei que haviam duas novatas ali, além de uma romana. Aprendi com Ryan que romanos são pouco confiáveis, mas ele sempre me disse para olhar para cada pessoa como uma, sem levar em conta qualquer esteriótipo. Em outras palavras: Ela é apenas uma semelhante, até que se provasse o contrário. Sem contar que as novatas me exigiam uma atenção um pouco maior, porque embora aqui elas estivessem sujeitas a qualquer coisa, nem sempre precisa ser da pior maneira. Eu teria uma atenção maior para com elas.

Diferente da reunião na casa grande, a reunião com o pretor demorou um pouco para acabar, o que me fazia franzir a testa e suspirar. Nossa, eu estava me sentindo cansada. Aquilo era estranho. Na verdade não era, já que eu sabia o tipo, e o motivo do cansaço. Novamente dei um sorriso para meu velho amigo, pegando o dinheiro e o comunicador que ele havia dado, guardando em algum lugar de minha cintura. O envelope eu guardava no bolso mesmo. Suspirava novamente e esperava Saito sair, para voltar a olhar para as companheiras de grupo, ouvindo a voz da filha de Hades, tentando apagar qualquer sentimento de desavença de minha mente.

Em silêncio desci a colina em direção da estrada, notando que Sophia estava mais tranquila agora, devido a partida do filho de Mercúrio. Ouvia o que ela falava, achando sua ideia bem sensata, mas engolindo em seco pelas novatas, as palavras que ela as dirigia. Suspirei. Na estrada, esperei que a Sophia chamasse as irmãs, para que pudéssemos começar de fato a missão. Enquanto estava no carro (antes da partida), tentava me comunicar com o Asiático, apertando os botões do rádio de comunicação e tentando falar com ele. -- Testando. Isso funciona direito? O Roran é um retardado. -- Deixava de apertar o botão e dava uma breve risada, guardando o rádio novamente, sem ao menos esperar resposta de Saito.