Mais uma manhã começava no Acampamento. Agatha acordou um pouco tarde, e quando chegou ao refeitório já o encontrou quase vazio, apenas com alguns retardatários filhos de Hades, Ares ou Hipnos ainda nas mesas. Os demais já davam início às suas rotinas diárias e pelo sol era possível dizer que já era quase meio-dia.

Um sátiro se aproxima do refeitório com uma carta em mãos. Todos erguem as cabeças e o acompanham com os olhos, curiosos sobre quem seria o sorteado da vez pra fazer uma visita bem sugestiva à casa grande. O homem-bote trota sobre seus cascos até chegar à mesa do chalé de Hécate e então ergue a carta em mãos para Hilda.

A garota a abre e encontra uma mensagem na letra caprichosa de Quíron. Na mensagem ele explana sobre relatórios recebidos de semideuses veteranos vivendo em Mahattan, sobre um estranho grupo de cães que andava caçando semideuses inexperientes e, em alguns casos, até mesmo mortais. O documento trás duas fotos de cães negros correndo em uma avenida à noite com mortais fugindo debandados dos animais, que parecem ter o tamanho de cães de grande porte. A outra imagem mostra um cão solitário em um beco, com nada além de sua silhueta negra com dois olhos brancos brilhantes visíveis no escuro.

O centauro diz que espera que ela possa resolver bem a situação já que Hécate possui alguma ligação com lobos e cães, mas que ela não deixe de tomar cuidado.

Quando a garota termina de ler o sátiro já estava longe se afastando sob os olhares de decepção de alguns semideuses que gostariam de ir em missão, e de alívio de outros que estavam torcendo para não serem os sorteados.

A garota gulosa termina de comer seu café e se apressa em ir até o chalé de Hécate onde reúne seus pertences e se prepara para a viagem.

Ágatha vai também até a Casa Grande. Lá ela encontra Quíron com seus oclinhos e sentado em sua cadeira de rodas na forma "humana", lendo alguns papeis. O centauro ergue os olhos com um sorriso quando ela entra. Ele escuta sua solicitação sai da salapor um momento, voltando depois com um envelope contendo 500 dólares e entrega para Hilda.

- Tome cuidado, minha jovem - fala ele antes dela sair.

O dia está claro e ameno. Algumas nuvens se jutnam no céu, indicando que talvez chovesse no fim da tarde. São 12h.

Meia hora depois, a semideusa estava diante da movimentada pista interestadual de Long Island. Ela realiza o ritual da carruagem da danação sem problemas, e então entra no veículo levemente suspeito que parecia feito de fumaça.

As três mulheres no banco da frente se viram para "olhar" Agatha assim que ela se senta no banco de trás. A garota sente um calafrio ao perceber que as mulheres tinham órbitas vazias e apenas uma delas tinha um olho verde, grande e leitoso.

- Hmmm - fala a velha com o olho - vai sobrar só os ossos dessa daí, se ela estiver indo lidar com aquele cachorro velho...

- Shh, você tem uma boca grande demais, Ira! Agora me passe o olho para eu olhá-la! - protesta a outra do seu lado.

A mulher chamada Ira passa a mão no rosto e Agatha ouve um "Pop!" nauseante quando ela tira o olho da órbita e passa para a irmã, que o encaixa no próprio rosto com a mesma facilidade e pisca para a filha de Hécate.

- Kakaka você está certa - Fala ela.

A mulher no volante resmunga e pisa no acelerador, partindo a mil pela rodovia. A garota busca cintos para por, mas percebe que há apenas correntes disponíveis no banco. O carro segue ziguezagueando no trânsito, ultrapassando os outros automóveis com facilidade. A irmã do meio, que tinha o olho, vai passando informações como "vire ali, desvie, agora esquerda!", enquanto a motorista seguia loucamente com giros bruscos do volante.

[Interaja se quiser]

A viagem termina com a semideusa nauseada de tanto chacoalhar no banco de trás. As mulheres a largam em um parque no centro da cidade, onde ela podia ver crianças correndo e brincando com seus pais.

Entre trancos e barrancos Agatha decide que não estava desesperada o suficiente para se amarrar com as correntes de segurança e acaba se segurando com a prpopria mente, apesar dos esforço. Ela solta uma indireta para as mulheres, e a que tinha o olho, a do meio, se vira para ela lentamente.

- Eu acho que a garota está tentando nos subornar - fala ela.
- Sim, por mim vai dar certo. O que você tem aí, jovem melequenta?
- Não! - berra a do volante - pelo amor de Afrodite, vocês não conseguem segurar as linguas velhas dentro da boca?

- Ahhh eu conseguiria, se você me desse o dente!!! - berra Ira, e começa a tentar arrancar um desnte da boca da irmã no volante, fazendo o carro se agitar ainda mais. A do canto vira a cabeça sem olhos pra Agatha enquanto as outras duas estão distraídas.

- Hmm você não tem cara de ter dinheiro sobrando. Mas sabe, nós não somos muito gananciosas...Cinco dracmas e eu conto sobre o velho orc domador!

- TEMPESTADE! - berram as outras duas ao ouví-la - PRIMEIRO O DINHEIRO!

Elas esticam as mãos pra Ágatha.

As velhas fitam Agatha por um momento. Elas parecem incertas, mas a fala mansa da garota aos poucos parece convencê-las de que valia a pena fechar o negócio; e assim elas fazem.

As irmãs recebem a primeira parte de seu pagamento e parecem muito felizes em morder as moedas que recebem com seu único dente compartilhado. Elas revezam nesta tarefa até darem-se por satisfeitas, e então começam a falar;

- Está bem, está bem! Se você quer tanto saber...
- Mas não vamos falar demais!
- Sim, não vamos falar demais!
- Não, vamos falar demais!
- É,aquele orc e aqueles cachorros estão fazendo mal pros negócios. Se eles comerem os semideuses de Mahattan, nossas corridas caem!
- Ele anda pelas ruas, sequestra cachorros e de alguma forma os está monstrificando. Coisa nojenta!
- É, e ele nem paga os impostos por Criação de Monstros Místicos. Se os fiscais do Submundo descobrirem isso, ele está ferrado.
- Ferrado!
- E ele ainda é feio que dói.

Elas perdem o fio da meada conversando sobre monstros feios, mosntros novos e impostos sobre corridas, até que a viagem chega ao fim. As mulheres param em um parque e esticam prontamente as mãos para receber a segunda metade do pagamento acordado, e assim que Hilda entrega as moedas elas voltam a mordê-las loucamente.

A garota percebe que está no Central Park. O clima fecha aos poucos, e a chuva já ameaça cair sobre a cidade. Hilda sente mistos de auras de espíritos da natureza que vivem pelo local, mas nenhum monstro ou semideus no alcance. Mortais caminham pra lá e pra cá, apressados para chegar a seus destinos antes que o céu comece a desabar sobre suas cabeças. A garota vê em um relógio público que são 14:30.