O dia estava agradável para uma caminhada, Louis não ficaria parado em algum canto daquele imenso lugar, não naquele dia. Ainda buscava por algumas respostas, não as respostas convencionais, não as ordinárias, estas que talvez demorassem anos para serem respondidas, estas que se resumiam em apenas uma coisa: achar seu irmão, Petrova. A propósito, também procurava o serial killer, mas de longe este era sua prioridade, na verdade, esse era seu trabalho: investigar e encontrar assassinos, portanto, se teve um motivo para ele ter achado o acampamento, este motivo é o "assassino". Ou você poderia simplesmente culpar o destino.
Caminhava até o lago, Louis gostava de olhar seu reflexo na água, mas não pelo motivo que está pensando; não por vaidade e nem de longe por isto, gostava de olhar-se pelo simples fato de achar que os espelhos de água são como um portal para um outro lado, um portal para enxergar a verdade, uma outra face da realidade. E ele caminhava; não demoraria tanto. Enquanto isso a grama verde rastejava com as formigas, as árvores cantavam com os pássaros, o ar balançava com as borboletas. Era irônico olhar e ver tudo aquilo, porque dentro dele era apenas caos e maldade, lutava contra seus demônios todos os dias; caminhava e conversava sozinho, teria se passado como louco se alguém o visse, ou melhor, tarde de mais.
- Oi, você é novo por aqui, não é? - perguntou um desconhecido tocando-lhe o ombro.
Louis o fitou com olhos estreitos, sua mente estava desgastada demais para simular uma simpatia, desgastada demais para fingir ser alguém, desgastada demais para avaliar o jovem a sua frente. Trocou alguns olhares com o mundo a sua volta para depois retornar os olhos ao desconhecido, respondeu-o secamente.
- Sim, precisa de algo?
Contrariando a resposta de Louis, o desconhecido foi mais simpático do que o esperado, ou pelo menos pareceu aos olhos de Chris. Louis não mudou sua postura indiferente, mas permitiu-se abrir um diálogo e ali iniciaram uma conversa. Caminharam ao lago enquanto conversavam sobre famílias, deuses e até gatos; Louis era mais velho que o garoto desconhecido, ele até podia ter mais experiência de vida, mas ali naquele lugar sua idade não significava nada além de números. O desconhecido tocou-lhe novamente o ombro, mais suave dessa vez, "A propósito, me chamo Marck", disse o rapaz. Louis confirmou, não disse nada além de balançar a cabeça. Não quis dizer como se chamava? Talvez. Não fazia diferença, mais cedo ou mais tarde Marck saberia.
Agachou-se à borda do lago e se aproximou do seu-outro-eu. Olhou-se nos olhos, estes trêmulos; tremiam pelo movimento do lago?, ou pelas lágrimas de angústia? Dizem que os olhos, juntos, são a porta para o consciente, para a alma, talvez estivessem certos, ou talvez fosse mais do que uma simples porta, mais do que a alma e o consciente; talvez fosse uma outra realidade, um outro universo. Levantou-se, calmo, olhou nos olhos do garoto, Louis parecia querer dizer algo, mas não disse nada, apenas virou o rosto e deu as costas, já sabiam para onde iam. Seguiram para a arena.
***
Diziam que a arena era mágica, Louis não acreditava, na verdade, não até aquele momento. Ao notar que as leves gotas de chuva molhavam sua roupa e seu suor misturava-se a elas, Chris não tinha mais dúvidas: a arena era encantada, pois até onde se sabia, no acampamento nunca choveria. O estranho terreno fazia os garotos tatearem melhor o chão para que se sentissem mais seguros, afinal, algo mais inclinado poderia fazê-los caírem. Não muito longe dali sombras enormes se movimentavam, pareciam dois felinos. À primeira vista, nada intimidaria Chris, mas, na verdade, poucos sabiam diferenciar os "Chris" dentro do próprio Chris. Um garoto de muitas faces.
Os animais se aproximavam e ambos os guerreiros puderam claramente enxergar contra quem lutariam: dois tigres, enormes, extraordinários. Mesmo de pelagem escura, Chris não notou a diferença entre um tigre comum e aquele, este que apenas parecia ter o dobro do tamanho normal, além de umas presas enormes e aparentava ter, sem sombra de dúvidas, uma força sobre-humana; Chris definitivamente não queria descobrir esta última. Então o jogo começou quando os tigres iniciaram o primeiro movimento. Como um botão de video-game, Chris apertou o play e tudo o que via era apenas os tigres e seu companheiro. Sacou a espada da bainha e a armou para frente, posição de defesa, era tudo que tinha aprendido, nada de mais, embora isto fosse crucial. Louis arfou.
Apenas um dos tigres o olhava, Chris teria ficado mais aliviado em outras circustâncias, mas naquele momento tudo era novo demais, mesmo tudo sendo velho demais. Apontava a arma para o tigre, o homem não precisava saber muito para ter a certeza de que o tigre não avançaria enquanto tivesse uma lâmina apontada para o seu corpo. Talvez tentasse pular com uma das patas, mas Louis estava de olhos abertos para esquivar e fazer um corte no momento mais vulnerável do animal. Louis não deixaria que tirassem sua única arma, a espada, estava atento para contra-atacar quando o tigre menos esperava, sabia, pois, que o monstro atacaria primeiro, porque ele havia avançado.
Mesmo assim, não ficariam parados os dois. Em sua mente, Louis planejava algo. Sabia que o Tigre poderia não querer avançar, talvez isso facilitasse as coisas, ou dificultasse; pontos de vistas diferentes, mas uma única saída: esperar. Com todo o cuidado, Chris não tinha muita experiência, mas já aprendia como se comportar em um combate, cauteloso, cuidadoso, mas ao mesmo tempo audacioso, isso era uma das qualidades mais importantes de um guerreiro. "Não deixe que ele o acerte primeiro", Chris pensou, "Isso o deixará mais confiante." Praguejou. "Sim!! Talvez essa seja uma boa ideia... Se ele me acertar poderá pensar que está ganhando a luta e isso o deixará confiante e menos cauteloso." Louis sorriu. "Ele baixará sua guarda e eu conseguirei acertar um ataque, talvez um dos melhores."
"Este é um bom plano, Chris", disse uma voz gargalhando diabolicamente. Não era a sua própria voz, era outra, seria novamente a mesma voz que... Não, não poderia ser.
Obersvação: Considerar como filho de Marte. Chris já será reclamado. Por alguns motivos e outros, precisei mudar de conta. Desculpa.
Resumindo: Chris pôs seu plano em prática, esperaria até que o tigre avançasse. Sabia que o animal o atacaria, pois o tigre tinha avançado, era questão de esperar o óbvio. Se as coisas tivessem saído fora do planejado, Louis seguiria na defesa e atacaria o tigre em contra-ataque, golpearia o animal quando encontrasse uma falha e uma oportunidade; sempre cauteloso com um toque de audácia.
Equipamentos:
- Elmo Comum;
- Peitoral de Couro;
- Espada Curta;
- Lança Curta [Elétrica].