Sinceramente, a arena estava fedendo particularmente a gasolina. Eu não sabia se aquilo era normal, mas que tinha algo haver com o que eu iria enfrentar hoje eu podia confirmar com toda certeza.

Quando vi aquele amontoado de fios e peças de material de mecânica, me deu um certo mal estar. Primeiro: aquela coisa me lembrava a cozinha da minha mãe misturada aos cabos de carregador de notebook do escritório, e eu podia jurar que tinha visto um microondas ali.

Bom, poderia ser pior, ele poderia ter metralhadoras. Pensei.

Analisei o diâmetro da arena, não era muita coisa, mas o suficiente para uma luta com espaço aberto. Tentei abrir a mente para as possibilidades. ele era consideravelmente maior do que eu, mas as rodas em suas bases denunciavam claramente uma espécie de robô para corrida.

Muita velocidade, precisão, força e equipamento. As rodas devem ser interativas às paredes, o que não será desvantagem para ele. A única possível solução cuja me vinha a cabeça era minha mãe gritando comigo certa vez:

"Garoto, se eu ver você tomando suco perto do notebook de novo, o chinelo chove em você!" Aquilo só podia significar alguma coisa: robôs e líquidos não se davam bem.

O tempo de pensar tinha acabado, o monte de fois vinha em minha direção como um carro; me flexibilizo para rolar para a esquerda e levantar em seguida, já com a arma em punho.

Itens & Poderes:

A esquiva dá certo, consigo fazer meus movimentos como o planejado, mas algo não estava certo.

Minha audição não conseguiu assimilar verdadeiramente aquela sequência de sons; a esfera que subia ao céu e logo depois caía me fazia lembrar das aulas de história - por algum motivo.

Quando o clarão se fez, a minha mente também se iluminou.

Distração. Pensei.

O robô deveria ter aquele tipo de acessório. Eu só precisava saber como me aproveitar desse tipo de técnica. Meus ouvidos captaram o sistema robótico vindo em minha direção; ele era realmente muito rápido.

Aquele (Cosplay barato de) Transformers deveria ter um sistema sensorial em meio a tantos fios, e mesmo se não tivesse, os filhos de Vulcano talvez estariam controlando-o; não custava tentar além do meu braço: chego um pouco para trás e estico a perna esquerda para tentar fazê-lo tropeçar e levantaria o meu sabre para defender-me de algum possível corte.

Caso desse certo, eu estaria vigiando para que antes que o mesmo se recuperasse, fosse o tempo de eu atacá-lo, apesar de que eu imaginava que não seria tão fácil assim.

Itens & Poderes:

Eu deveria ter imaginado que a bomba de luz tinha uma função melhor. Uma pena, descuido meu.

Como um efeito cascata, minha falta de atenção levou a uma perfuração perigosa no braço, onde eu pude sentir as ondas de choque passeando por ele. Então, pelo silogismo: uma bomba de luz conseguiu no fim, eletrocutar meu braço.

Que coisa.

Depois que eu vi a máquina se afastando, lembrei de que aquilo não era uma missão onde eu corria risco de morte tão grande assim.

Passo o sabre para a outra mão, pensando que já estava na hora de usá-lo para algo útil. Avanço em direção ao robô, ainda com a vista prejudicada, procurando desviar da lâmina que podia eletrocutar. Passaria perto de suas pernas, tentando atingir algum ponto fraco da máquina em sua base.

Caso conseguisse realizar o movimento, me agarraria a algum(s) fio(s) para tentar me pendurar e quem sabe subir naquela coisa. Tomando sempre cuidado com a lâmina.

Ver a lâmina que tinha propriedade elétrica me deu uma leve ideia.

Máquinas são compostas de circuitos; nas aulas de eletrotécnica eu aprendi que para haver um curto-circuito em uma máquina, deveria haver uma descarga elétrica alta no sistema para que a máquina bugasse.

Será que tentar enfiar aquela lâmina na prórpria máquina era uma boa ideia? Talvez sim, talvez não. Não sabia se aquilo daria certo, pelo fato da minha visão não estar perfeita, mas eu tinha que tentar.

Itens & Poderes:

Eu literalmente voei quando o robô me deu o empurrão; minha visão parecia só ter piorado na queda e tudo o que eu havia pensado em fazer havia dado errado, ou pior, nem havia chegado perto de ser feito.

A silhueta do robô estava vindo diretamente com sua lâmina mortal; aquilo talvez fosse a jogada da virada ou uns possíveis dias sem conseguir comer sentindo dores profundas.

Enquanto a lâmina já traçava seu vetor em direção a minha barriga eu tentaria ativar de uma vez todos os meus reflexos, sentidos e instintos para soltar o último gás. Tentaria manusear o sabre novamente e com um só movimento bem forte cortar aquele braço com a lâmina e cortá-lo fora.

Me afastando logo em seguida com o máximo de atenção possível.

Primeiro ponto positivo em todo a luta: Cortei o braço do robô.

Quarto ponto negativo: Ele criou outra lâmina no outro braço.

Era de se esperar na verdade, robôs sempre são ambamente armados, mas eu não teria outra oportunidade igual aquela para cortar o outro braço fora; o plano de fazer um curto circuito nele ainda estava de pé. Eu precisava de: um circuito, coisa que provavelmente tinha no robô; uma fonte de energia elétrica para causar um curto circuito, algo que eu esparava enconstrar na lâmina que eu havia cortado do braço do robô;

E por último e mais importante: O resto, incluindo coragem, velocidade e uma vista boa. Enquanto ele vinha na minha direção, fiz um estranho (e porvavelmente errado) cálculo.

Se eu correr para a parede, ele vem atrás e tenho duas possibilidades: ele enfia a lâmina entre os paralelepípedos e eu a corto; ou ele tenta me atingir com ele e eu uso a parede como apoio para saltar sobre ele. Pensei.

Entretanto, minha vista não ia ajudar, então criei uma terceira opção. Me afastaria da máquina e iria para a parede, talvez ele viesse atrás e quando viesse e tentasse me perfurar, eu tentaria me esquivar e sair por baixo dele, já correndo para longe, aos tropeços atrás do braço cortado.

Itens & Poderes: