A guria entra na arena. ela tinha ido pra lá à tarde, mas os unicórnios dos estábulos fugiram e o trabalho de reuní-los novamente tomou a tarde de vários legionários, inclusive ela. A noite deslizava pelo céu crepuscular quando chegou a seu destino final, e algo de diferente parecia rondar o ar da noite.

"Entre por sua conta e risco", dizia uma placa pendurada em uma coluna logo que entrou, e ela teve a impressão de nunca tê-la visto ali antes. De qualquer forma seguiu em frente e as tochas se acenderam, iluminando o recinto com uma luz alaranjada e bruxuleante. Uma a uma as tochas se acendem a partir da porta, revelando a arena ampla e silenciosa, vazia até então a não ser pelas colunas de mármore que seguravam as luzes.

A guria entra e o portão de outro lado se abre logo após aquele por onde ela entrou se fechar. Ela caminha até o centro do lugar atenta aos arredores, até que nota que uma das colunas tinha uma forma diferente. Tinha um dos lados lisos como... Como uma porta. Ela se aproxima um passo e então o som de uma dobradiça se faz ouvir. A coluna se divide e a tal porta cai para a frente, levantando podeira. Uma figura humanoide caminha para fora e o som de algo pesado batendo no chão dá um susto em Jade.

Spoiler:

O monstro olha para a garota. Era alto, com quase dois metros de altura. A maça tem o tamanho do tronco da guria e o esqueleto a ergue com facilidade, caminhando em sua direção com o escudo erguido.

- P.s: Distribua seus atributos.

O dia havia sido extremamente estressante, eu não havia nascido para perseguir cavalos chifrudos por aí, mas eu tinha obrigações e as cumpriria sem pestanejar. Para aliviar o estresse, me armei por completo e fui novamente para dentro da arena, não era muito comum lutar durante a noite, mas eu nunca reclamaria de um combate.

O aviso me chamou atenção, mas era óbvio que eu não iria recuar dessa forma porque um engraçadinho decidiu pendurar uma placa...provavelmente para privar a arena só para ele. A estranha visão de uma porta me prendeu, poderia ser só ilusão de ótica? Descobri que não quando a porta caiu e visualizei a criatura.

— Ele tem um escudo, isso é injusto. — Murmurei, empunhando a lança com a mão direita e a espada curta com a esquerda; eu teria que otimizar meus movimentos com as duas armas.

Conforme ele avançava me mantinha na defensiva, a melhor opção seria realizar um contra-ataque: Caso ele realize um movimento vertical com a maça (independente se de cima pra baixo ou de baixo para cima, salto para a esquerda, me posicionando em seu flanco no lado contrário ao escudo, tentando aproveitar a brecha que seu ataque deixaria para realizar um corte com a espada no cotovelo desprotegido da armadura, visando desarmar.

Se ele realizasse um movimento diagonal ou horizontal com a maça, me jogaria no chão rolando de forma desesperada, contornando seu flanco e realizando o mesmo movimento descrito acima logo após me colocar de pé. Entretanto, ele poderia realizar um movimento com o escudo para me empurrar ou me pegar de surpresa, então realizaria a mesma esquiva dita na primeira situação, mas contornando o flanco do escudo tentando atingir a parte desprotegida de seu braço o obrigando a largar sua defesa.

Se nada ocorresse como o imaginado, me movimentaria para trás buscando distância e me manter segura em relação a ele.

A filha de ares avança com ambas as armas em mãos. O esqueleto que já tinha a maça erguida tenta um ataque simples e direto contra a guria, descendo-a em sua direção com força. A garota consegue esquivar-se para o lado, já prevendo que seria aquele o movimento, e contra-ataca tentando acertar o cotovelo do oponente, mas o balanço da arma o faz girar um pouco, atingindo o chão com um forte impacto, e a lamina da guria retine contra a borda da armadura dele.

O esqueletão ergue a maça novamente, já puxando ela do chão num arco contra Jade. Por sorte a garota havia recuado após errar o ataque, e sente o deslocamento de vento gerado pelo poderoso golpe atingir seu rosto, pinicando.

O esqueleto apoia a maça no ombro e ergue o escudo, aproximando-se lentamente.

Aquilo ia ser complicado, o primeiro golpe que eu levasse daquela maça e eu estaria fadada à derrota. Mantive o olhar analítico no campo, a arena era relativamente vazia, não tinha muitas coisas para usar, exceto pelas colunas de mármore e pelas tochas que a iluminavam.

Por enquanto, iria manter meu foco em debilitar a movimentação do oponente, imitando todas as táticas de videogame que eu havia aprendido assistindo detonados no youtube. Aguardaria novamente o movimento de ataque do esqueleto, seguindo o mesmo princípio para as esquivas, um ataque vertical iria me sugestionar um salto para o flanco do esqueleto, evitando seu escudo. Um golpe do escudo era uma brecha, então aproveitaria para desviar com um rolamento me posicionando no flanco do escudo, golpeando o joelho desprotegido de armadura com a lâmina da lança, aproveitando do tamanho da arma para não ser necessário me aproximar tanto.

Um golpe horizontal da maça não iria mais me obrigar a rolar no chão, pelo contrário, conseguir desviar do primeiro golpe significava que em relação a velocidade eu tinha uma pequena vantagem. Para a realização de um ataque horizontal o esqueleto teria que realizar uma abertura, deixando parte do seu tórax exposta; manter o escudo a frente iria acabar diminuindo o poder do golpe ao limitar a movimentação do braço, acreditava que ele não o faria. Portanto, investiria imediatamente com a lança a frente do corpo, uma estocada no ombro que empunhava a maça, desvencilhando de sua armadura, talvez fosse suficiente para soltar a arma.

Caso ele realizasse um golpe fora de minha previsão, iria apenas recuar desesperadamente, evitando ser atingido pela enorme arma do esqueleto. De qualquer forma, após o movimento recuaria na direção das colunas de mármore.

Itens:

A garota permanece atenta. A criatura se aproxima, e a escuridão atrapalha a garota e é suficiente para amedrontá-la junto à visão daquela criatura horrenda. Os olhos vazios do esqueleto fitam a guria por cima do escudo à medida que ele se aproxima passo a passo. O esqueleto começa a erguer a clava, mas então bate em Jade com o escudo, acertando-a com a superfície dura e fria do equipamento direto no rosto e no peito.

Jade recua um passo atordoada pela areia em direção a uma coluna, e ergue a lança por instinto para bloquear a clava que vinha em sua direção. Ela é empurrada enquanto recua, por pouco evitando o golpe que roça contra seu peitoral e deixa uma ranhura ali, de tão próximo. O monstro avança mais uma vez com a clava erguida, mas parece hesitar um momento, não se aproximando da garota.

Fui ludibriada pela exímia movimentação do esqueleto, era evidente que em vida ele havia sido um grande guerreiro, seu instinto de batalha e sua movimentação com certeza declaravam isso...ou não era uma espécie de reencarnação.

Cambaleei para trás, por pouco não sendo atingida pela clava e pude sentir uma gota de suor escorrer pela minha espinha, estava gélida só de pensar na hipótese daquilo me atingir. Instintivamente abri um sorriso para o monstro, por mais medonho e esquisito que ele fosse.

— Você é um grande guerreiro, com certeza meu pai o reconheceria. — Não era uma barganha, provavelmente aquele guerreiro tinha jurado fidelidade à Atena, deusa grega, sua estratégia de combate era impecável...seria uma provocação, caso ele pudesse me entender.

Próximo a coluna de mármore, uma ideia me veio na mente. Com a ponta da lança golpeei a base da tocha, a removendo de seu suporte. Girei minha arma e a atingi na lateral com o cabo, jogando as labaredas na direção do esqueleto.

A guria elogia o esqueleto, que parece completamente indiferente às suas palavras. Ele dá alguns passos lentos à frente, vacilante, até que a garota pensa em uma estratégia e golpeia a tocha na coluna... Mas tudo que consegue é arremessá-la pra longe, sem conseguir executar corretamente o que pretendia em sua mente.

O esqueleto parece deixar de hesitar e avança. A garota é pega de guarda baixa. O som da clava se movendo no ar chga a seus ouvidos e ela a vê vindo em sua direção. Mesmo erguendo as duas armas pra bloquear a arma do esqueleto ainda acerta Jade no peito. Uma das pontas penetra a defesa, abrindo um ferimento em seu peito, e outra bate com força no elmo fazendo seus ouvidos zunirem.

Com a força do golpe Jade é jogada para trás e rola confusa na lama. Ironicamente ela cai bem do lado da tocha que derrubou, que começa a apagar aos poucos no chão.

Na minha cabeça o movimento seria muito mais majestoso e badass quanto realmente foi. No momento que percebo a tocha voando para outra direção, um alerta de "fodeu" piscou na minha mente, só tive tempo de ver a maça me atingindo, tentei realizar um bloqueio desesperado, mas não salvou muito.

— Que arrombado da porra... — Me coloquei de pé, segurando a lança na mão direita e pegando a tocha com a esquerda, abandonando a espada curta. — Você vai se foder agora.

Avancei sem pensar, imaginando que um golpe viria da maça, talvez mais confiante depois de ter me atingido. Usaria a oportunidade para me desviar com um salto raso ao mesmo tempo que lanço a tocha em sua direção, contornando o flanco que ele usou para me atacar o golpeando de raspao com a ponta da lança em um dos joelhos.

Nível 1 – Analise I: O Filho de Marte consegue analisar todos os aspectos do combate ao seu redor, podendo assim elaborar estratégias e ataques mais facilmente. Na rodada seguinte, seu terá uma chance maior de ter sucesso. Gasta 30 de energia e entrara em espera por três rodadas.

A dor e o susto do golpe certamente teriam deixado qualquer campista inexperiente totalmente aturdido. Mas Jade ao invés de amedrontada parece ficar puta da vida, e levanta-se na força do ódio. A semideusa agarra a tocha ao seu lado e parte na direção do esqueleto, que para de se mover e hesita assim que vê isso. Ele ergue o escudo, parecendo querer se proteger de repente. Jade começa a correr primeiro devagar por causa das dores, mas à medida que se acostuma com elas, cada passo fica mais rápido, até que ela arremessa a tocha contra o esqueleto ao se aproximar.

Para surpresa da garota o monstro recua abruptamente, escondido atrás do escudo. Ele se distrai protegendo-se do fogo, e a garota aproveita esta brecha, sem nem ter de se esquivar, e acerta a parte de trás do joelho do esqueleto com a ponta de sua lança. Uma fagulha de eletricidade estoura contra a armadura, mas parece não causar danos no puro-ossos ali.

O monstro se vira batendo na lança com a borda do escudo, e recua a passos rápidos pra longe da tocha e da garota, cercando-a de lado.

Estranho a situação, só achava que as chamas da tocha fossem deixar ele com medo de se queimar e não que fosse transformar ele num cachorrinho medroso. Não tinha certeza, mas ele estava receoso do fogo, portanto voltei a pegar a tocha e avançar na direção da criatura, colocando a tocha a frente do corpo enquanto avanço cautelosamente.

Esperava que ele fosse se defender do fogo ou recuar, então o orientava até que ele estivesse encurralado contra a parede, o espremendo na parede de pedra contra seu próprio temor. A tocha estava no lado oposto da lança, portanto contava com a ideia de que ele tentaria se defender do fogo, abrindo uma brecha para que eu realizasse uma estocada com a lança, visando um ponto do seu corpo que estivesse desprotegido.

Em qualquer situação perigosa, estava pronta para me esquivar e recuar, seja me jogando no chão, pulando ou rolando.