Teste | Isaac McKean

por **Zeus** 03/01/16, 08:36 pm · por **Zeus** 03/01/16, 08:36 pm

Zeus

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A madeira estava podre sobre seus pés.

E por isso, foram necessários dois chutes para ceder ao seu sapato. A madeira deveria abrir e engolir o indefinido, mas não pôde. Já havia algo em seu estômago. Um corpo de um homem adulto, no auge dos seus trinta anos e, estranhamente, conservado. Por alguma razão, não fedia tanto. Talvez porque nada poderia feder mais do que o que estava em sua frente.

Seus olhos começavam a se acostumar com a imagem à sua frente e pôde ver que só havia um. Era, definitivamente, uma criança. E seu rosto tornava-se, de maneira vagarosa, mais fácil de ser identificado.

- Ah, você o achou... - comentou, de maneira jocosa.

por **Isaac Locke** 03/01/16, 09:30 pm · por **Isaac Locke** 03/01/16, 09:30 pm

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Me levanto, tentando focar os olhos no garoto mais rapidamente.

- Quem é ele? Por que está aqui, tão conservado?

por **Zeus** 03/01/16, 09:59 pm · por **Zeus** 03/01/16, 09:59 pm

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Se contemplas o abismo, a ti o abismo também contempla.

E contemplando a estranha criatura em forma de menino, seus olhos começavam a se acostumar com a quebra na realidade que a presença dele causava. Sua cabeça doía, seus olhos pareciam querer explodir, ou simplesmente saltar. Foi obrigado a fechar os olhos por um segundo, e, no instante depois, quando olhou novamente, viu.

Viu tudo. Não era um menino, mas um monstro que nunca tinha ouvido falar. Era grande a ponto da cabeça encostar no teto, e era feito inteiramente de desesperança. O quarto já não era o mesmo, também. Era deformado. Cheio de fogo e enxofre. Mas, mesmo assim, frio.

- Oh, um idiota esquecido por todos. - Quando disse isso, uma brisa gelada dançou através de uma janela quebrada e penetrou nas entranhas de Isaac.

por **Isaac Locke** 03/01/16, 10:03 pm · por **Isaac Locke** 03/01/16, 10:03 pm

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Depois de toda aquela mudança, empunho minha espada com mais força, na frente de meu peito, pendendo para o lado, em uma posição de defesa.

Apesar da dor de cabeça e de toda aquela anormalidade estar me afetando, tento me manter alerta e com meus reflexos de semideus ativo. Procuro soar com toda confiança e controle quando grito:

- Quem é você e o que faz aqui? Esse é um território inimigo! Você está cercado por centenas de legionários. Suma daqui!

Se eu for atacado, dou preferência a saltos e esquivas para me manter vivo, mas se for necessário, contra-ataco com a espada para manter a criatura afastada.

por **Zeus** 04/01/16, 06:10 pm · por **Zeus** 04/01/16, 06:10 pm

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A criatura não tinha boca, mas sorriu.

Percebia que os olhos de Isaac lentamente serem abertos e isso era como uma lâmina dupla. Revelava mais do que era aquela criatura, mas o simples fato de vê-lo machucava o legionário. Sua cabeça chegou ao auge da dor, até ser humanamente impossível suportar. Mas ele suportou, porque não era somente humano. Era semidivino.

Mas então tornou-se impossível de se suportar para um meio-deus também.

E fechou os olhos.

Sentiu o seu corpo cair, mas, quando tornou a ver, estava de pé. Não parecia estar mais na casa, e a criatura não estava na sua frente. Parecia uma floresta. A umidade no ar era soberana, e uma fina névoa dançava até a altura dos joelhos de Isaac. Fazia tanto silêncio que o garoto podia ouvir o seu sangue fluir pelas veias.

Até que algo se fez ouvir.

- Aqui é onde os mortos andam. - Anunciou, uma voz odiosamente familiar.

Se estivesse atento, podia ver vultos caminhando por entre as árvores e pareciam ser tão diferentes. Uma mulher, uma criança, um homem alto. Talvez até um cachorro.

por **Isaac Locke** 09/01/16, 05:51 pm · por **Isaac Locke** 09/01/16, 05:51 pm

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O monstro não me respondeu, e ao invés disso, sorriu, enquanto transmitia aquela imagem grotesca que feria os meus olhos. Ao não suportar mais olhá-lo, abaixo minha pálpebras, e sinto meu corpo cair. Não havia nada que eu pudesse fazer, e quando volto a abrir meus olhos, estou em uma terra estranha, completamente diferente do Acampamento Jupiter.

Observo a vegetação, a névoa, e também percebo a umidade que faz transpirar. Aquele lugar estava muito estranho, e piorou ainda mais quando a voz anuncia o local onde estamos, e quando começo a reparar nos vultos que andam entre as árvores. Um calafrio percorre minha espinha, e instantaneamente, saco minha espada e giro em torno do meu próprio eixo. Eu queria encontrar um inimigo com quem eu pudesse lugar. Era para isso que os legionários eram criados, e não para cair em jogos psicológicos.

Dessa vez, não digo nada, somente observo e me mantenho atento, tentando captar todos os detalhes do lugar onde eu me encontrava.

por **Zeus** 11/01/16, 03:57 pm · por **Zeus** 11/01/16, 03:57 pm

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Isaac consegue ouvir a canção afiada da espada cortando o ar.

Nada se altera. O clima frio e úmido do local faz eriçar os pelos do corpo de Isaac. Ou talvez não fosse só por isso. Talvez fosse algo mais. Como os vultos, que agora ele podia observar melhor. Com um olhar mais atento, observava que pareciam ilimitados. Mas com o tempo, soube que eram poucos. Talvez uma dúzia. Mas caminhavam em fila, e quando chegavam ao fim da visão de Isaac, voltavam ao começo e continuavam a sua marcha.

Se apertasse os olhos, veria que o lugar parecia longo, mas, na verdade, era pequeno. Como se as sombras que habitassem nas bordas do local fizessem parecer que fosse maior.

Entretanto, quase no final do horizonte visível, enxergava uma figura sombria. Solitária, encarando a escuridão sem fim que ia além daquele lugar. Havia algo de extremamente melancólico ali, mas McKean não sabia dizer o quê.

A voz voltou, entretanto.

- Aquele é o lugar onde os mortos falam.

por **Isaac Locke** 11/01/16, 08:21 pm · por **Isaac Locke** 11/01/16, 08:21 pm

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Resolvo andar. Não ficaria ali ouvindo aquela voz estranha, e nem conversaria com ela. Tinha medo de interagir com aquele lugar e acabar preso nele.
Se algo me intrigava adiante, era para lá que eu queria. Mesmo inexperiente, eu sabia que os lugares mais intrigantes eram os mais perigosos e importantes para os semideuses, portanto, provavelmente era para lá que eu deveria ir.

Procuro me aproximar da sombra com cuidado e atenção. Ando com os joelhos flexionados e devagar, com a espada em punhos. Eu sabia que nada seria capaz de deter seres do submundo como aqueles, mas eu me sentia mais seguro assim. Se nada me detivesse, apenas observo tudo com atenção. Queria captar mais detalhes das sombras e do lugar antes de tomar uma atitude ofensiva ou dialogar.

por **Zeus** 11/01/16, 09:44 pm · por **Zeus** 11/01/16, 09:44 pm

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Vagarosamente, Isaac avança.

Resolvendo não se importar com a voz, seus passos firmes iam em direção à figura sombria que estava parada logo à frente. Com a espada empunhada e com o corpo pronto, seus sentidos lentamente começavam a receber as consequências pela proximidade. O cheiro era horrível. Ruim como a própria morte, ou talvez até pior. Poderia vomitar com aquilo. E o frio. Ah, o frio. Tão frio que era como se estivesse pelado na maior nevasca já registrada. Tão frio que se sentia completamente sozinho, no mundo inteiro.

Tão frio.

A figura lentamente se vira, e Isaac consegue ver o seu rosto. Era talvez o mesmo que o homem enterrado no chão daquela velha casa, em que esteve há pouco tempo. Há pouco tempo ou em outra vida? Outra dimensão?

Não poderia responder.

O homem à sua frente estava completamente decrépito. Sem os dentes. A pele descolava do seu rosto. Os dedos longos e finos eram quase só ossos. Os olhos não tinham brilho nenhum. Aliás, talvez sequer tivesse olhos. Do fundo de sua garganta, uma voz ecoou. A voz soava como o vento que dança entre as lápides de um cemitério.

- A-aaabraça-me.

por **Isaac Locke** 11/01/16, 10:24 pm · por **Isaac Locke** 11/01/16, 10:24 pm

Isaac Locke

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Recuo alguns passos, obviamente um pouco assustado, mas logo me recomponho.

- Você não deveria estar aqui. Se liberte.

Mantenho a espada erguida e não deixo o ser me tocar. Tento respirar pela boca e me concentrar ao máximo eu outras coisas que não fossem seu cheiro e aparência. Eu não poderia deixar isso me atrapalhar.

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