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[Missão One-Post III] Cativeiro Harpíaco - Thales Sebastian Empty [Missão One-Post III] Cativeiro Harpíaco - Thales Sebastian

por Thales Sebastian 09/08/20, 01:16 pm

Thales Sebastian

Thales Sebastian
Filho(a) de Somnus
Filho(a) de Somnus

Missão III

Requisito: lvl1~15
Recompensa: 500~4000 (conforme o lvl e a qualidade da missão)
Dracmas: 250~2000 (conforme o lvl e a qualidade da missão)

Uma carta ira aparecer na cama do campista com os dizeres: "Tenho um trabalho muito importante para você, meus espíritos da tempestade fugiram de novo e estão causando problemas em (Você decide o nome da cidade). Capture todos e os traga para o acampamento que eu mandarei alguém buscar. ~´Éolo."

-Sua missão será capturar, não matar, os espíritos da tempestade e levá-los para o acampamento.
-Você ira decidir quantos são e onde estão.


O suor caía da minha testa enquanto eu me empenhava em realizar os disparos. Reuni minha força, girando a cintura e esticando a corda do arco para que a flecha atingisse o ângulo ideal. Liberei o projétil, vendo-o passar logo ao lado do alvo improvisado que criei com algumas camisas velhas. Recuei, sentindo os meus braços cada vez mais pesados devido a fadiga. Não havia perícia suficiente sequer pra atingir um cão de rua, mas acreditava que dominar a técnica me traria mais possibilidades. Cambaleei, caindo de bumbum no chão, praguejando em latim e me sentindo o pior dos descendentes de Febo. Soquei o piso de madeira da barraca, já irritado da centésima falha. Não levava jeito algum para aquilo, não tanto quanto era hábil com flautas e instrumentos de sopro, mas mesmo assim estava determinado a conseguir. Disparei à frente, jogando o chão para trás com força e puxando mais flechas da minha aljava. Percebendo que só estava tentando acertar de maneira aleatória, sem me atentar a técnica.

- Calma -[/b]disse a mim mesmo, virando-me para a outra parede e voltando a executar os disparos dessa vez com mais cautela. Caso Léon entrasse e me visse atirando em minhas próprias roupas, provavelmente ele me julgaria como louco. Estava treinando com intensidade há alguns dias. Quando chegava a manhã e a maioria dos legionários saía para realizar as suas atividades, eu separava um tempo para investir na minha habilidade com o arco. Era um novato em roma, mas sentia que esse novo começo precisava de mais novidades. Precisava me aprofundar em alguma área. Mesmo conhecendo feitiços de sono por natureza, não me agradava a ideia de depender inteiramente da minha magia. Olhei para a entrada da barraca, percebendo que talvez já fosse a hora de começar a me preparar com meus outros companheiros. Recolhi as flechas e corri até meu beliche, colocando meu relógio e pulseira e preparando meus itens. Tudo talvez ocorresse como de rotina não fosse a ventania. Uma rajada de vento invadiu o local, jogando travesseiros para os lados e empurrando alguns dos meus pertences ao chão. Como se depositado pelo próprio ar, um bilhete pairou logo acima do meu colchão, descendo até encontrar minhas mãos. Pisquei os olhos, tentando acompanhar tudo. Mantive-me quieto e séria, por mais que meus sentidos estivessem vibrando tal qual em um combate. Li os dizeres do papel, compreendendo a cilada em que tinha me metido.

Tenho um trabalho muito importante para você, meus espíritos da tempestade fugiram de novo e estão causando problemas em San Francisco. Capture todos e os traga para o acampamento que eu mandarei alguém buscar. ~´Éolo

Examinei o ambiente ao meu redor, para ver se encontrava algo a mais. Nada além de diversos beliches espalhados com camas uniformizadas. Haviam pertences diversificados dispostos ao chão de madeira. Por alguns instantes cheguei a duvidar se seria o deus Éolo a ter feito aquilo, mas não havia mais ninguém ali. Até onde sabia, ele era o deus dos ventos. Apesar de não ter aparecido para mim, seria desonroso desapontá-lo ou negar uma tarefa tão direta. Parei por alguns minutos tentando pensar em como faria ou até imaginando o porquê dele ter feito aquilo. Balancei a cabeça, tentando tomar o foco. Teria de cumprir a atribuição e honrar meu novo lar. Por mais que desejasse só sair andando, como fizera no acampamento grego com o chamado de Héstia, não poderia só sair do acampamento júpiter dessa forma.

- E lá vamos nós -
Sussurrei, preparando-me para tomar um banho e pedir permissão para minha primeira missão.

[...]

As palavras do pretor ecoavam na minha cabeça à medida que eu avançava pelo Tunel, me dirigindo à entrada do acampamento. Olhava a caverna com um sorriso no rosto. Estava ansioso para provar meu valor. Não sabia o que esperar nem o reconhecimento que teria entregando os espíritos de volta e isso só me empolgava ainda mais. Em minha mochila coloquei a rede de bronze a qual o pretor havia me emprestado. As palavras de Saito ecoavam em minha mente, fazendo-me pensar quantas vezes o deus não havia perdido o controle de seus espíritos. "Já virou rotina. Pode ir. Pega o saco no canto da sala" comentou, oferecendo o item para que eu conseguisse trazê-los em segurança. Por mais que não houvesse experiência em campo, ele acreditou que talvez eu fosse capaz de fazê-lo sem morrer no meio do caminho ou coisa do tipo. Já era um ótimo avanço. Ao final do túnel, cumprimentei os dois guardas que estavam observando a passagem de pessoas e com um sorriso no rosto parti rumo ao meu primeiro momento de glória.

[...]

Nada. Engoli em seco, entrando na lanchonete "Harps Burguer" com um semblante de acabado. Horas de busca se passaram e talvez eu estivesse tão cansado quanto no momento em que estava finalizando meu treinamento com arco e flecha. Não houve qualquer sinal dos espíritos da tempestade a qualquer momento. Nem o som da minha flauta parecia atraí-los. O que eu não julgava, já que estava evitando desperdiçar qualquer magia em um ato que eu sequer sabia se funcionaria. O tamanho expressivo da cidade não me ajudava nem um pouco. Analisei o estabelecimento, desde as paredes carmesim até os bancos de plásticos de mesma cor. O balcão e as mesas tinham um tom azul escuro e estavam igualmente distanciadas com espaço suficiente para que as garçonetes transitassem de um canto ao outro entregando sanduíches e sodas, usando uniformes listrados que combinavam com tudo. Desabei na cadeira mais próxima, tapeando meus bolsos e pegando os míseros 20 dólares que o pretor havia me emprestado caso algum problema surgisse. Não entendia que tipo de situação eu poderia resolver com 20 dólares, mas talvez houvesse uma melhor opção: Comer. Passei os olhos pelo cardápio e chamei a garçonete.

- Um cheeseburguer grande e uma coca diet - Pedi, aproveitando que não eram todos os dias os quais eu tinha a oportunidade de comer comida mortal caseira. Na mess tudo que pedíamos chegava a nós, tal qual no acampamento meio-sangue, mas não sabia de onde aquilo tinha vindo. De uma dimensão mágica ou de, sei lá, o bumbum de um fantasma?

Olhei para a entrada quando ecoou o balançar dos sinos presos à parede, mostrando que mais um cliente chegava. No mesmo instante que entendi quem era meu estômago embrulhou. Uma mulher com dentes dourados adentrou no local, lançando risadas e acenos para todos ali como se fossem velhos conhecidos. Usava um boné de algum time que eu não conseguia identificar, talvez por não gostar muito de futebol. Revestindo seu corpo magricela estava um uniforme idêntico ao das garçonetes. Apesar desse visual completamente suspeito, o que mais me chamou atenção foram as asas. Era impossível não vê-las, pelo menos pra mim. Se acumulavam pelas costas da camisa me fazendo me perguntar como aquilo não rasgava. Era como se dois gordinhos estivessem amarrados em seus ombros e pendendo até a lombar, em tempo de explodir. Por trás de seus óculos escuros ela me encarou, puxando o ar com força pelo nariz e balançando a mão para mim. "Droga" sussurrei. Olhando ao redor, percebi que ninguém dava a mínima para o fato dela ser claramente um monstro com problemas de disfarce. Alguns ainda mandavam um "eai, Dorothy"[/b], mas eram completamente ignorados diante do seu repentino facínio em mim. Levei a mão ao sabre em minha cintura, respirando fundo. Levantei-me com calma, tentando ir na direção do banheiro e atento à janela a minha esquerda, tentando observar pelo reflexo se ela me atacaria de supetão. Para minha surpresa, ela aguardou. Talvez quisesse manter seu emprego.

Bom, não ganharia nenhum adicional pela privada que jogou em mim. Lá dentro havia um piso de cerâmica branca e algumas cabines da mesma cor das mesas lá atrás, havia um enorme espelho junto à uma pia com pelo menos 5 torneiras. O espaço era amplo para um banheiro, talvez com 8m de extensão e 6m de largura. A mulher pássaro voou para próximo a uma das cabines, rasgando seu uniforme em trapos e mostrando um par de seios assimétricos. Sua pele se tornou ainda mais rugosa e veias verdes saltavam pelo seu braço e cintura. Uma penugem vermelha agora cobria toda sua perna e se espalhava por diversos outros membros, como se sua transformação estivesse completa. Antes que ela partisse na minha direção, adentrou em uma das cabines e arrancou um dos assentos sanitários arremessando como se fosse uma bola de basquete, obrigando-me a saltar para o lado antes de ser morto da maneira mais vergonhosa possível. A privada quebrou o espelho atrás de mim em mil pedaços e caiu sobre a pia, rachando parte dela e quebrando uma das torneiras, fazendo jorrar água para cima em um jato pequeno.

- Isso não foi legal -
Disse com a voz trêmula, levantando-me e dobrando meus joelhos, assumindo postura defensiva, tal qual haviam me ensinado no acampamento. Levantei o braço, tentando acertá-la com minha lâmina em seu primeiro rasante, mas fui obrigado a me agachar, deixando-a passar direto por mim. Diante da sua fúria, minha aura do sono não parecia afetá-la direito. Continuei a desferir cortes no ar, tentando atrapalhá-la, mas não era o suficiente. Minha perna tremia tanto quanto minhas mãos. Por mais que não tivesse medo dela, não sabia se eu era forte o suficiente pra encarar aquilo. Parte de mim temia que fosse o meu fim. Busquei desviar mais uma vez, mas não fui ágil o suficiente. O monstro me atingiu nos ombros e me levou até a parede com suas garras. Tentei lutar, mas Dorothy apenas precisou bater em meu braço e derrubar minha arma. Arregalei os olhos com a dor e caí no piso frio, sentindo-me um idiota por ter ficado tão confiante em aceitar a missão sem ter um pingo de perspectiva. A ferida ardia como mil picadas de abelha e eu temi que estivesse sangrando feio.

Rastejei na direção da porta, tentando pegar um pouco de fôlego antes de tentar qualquer coisa. Meus instintos vibraram, como se minha hiperatividade estivesse a mil, e eu rolei para o lado a tempo de ouvir a cerâmica a qual estava deitado ser destruída em um rasante. Virei os olhos, procurando a minha lâmina, percebendo que ela estava longe demais para conseguir recuperá-la em segurança. Precisava de uma distração. Saquei minha flauta do bolso e tentei me levantar, correndo e sabendo que ela viria às minhas costas. Quando ouví-la gritar logo atrás, girei meu tronco, tocando uma nota única e moldando a magia do som, fazendo-a visualizar uma bola de tênis indo de encontro ao seu rosto. Vi ela tentar desviar e se desequilibrar em pleno ar, mas não aguardei para vê-la se recuperar. Continuei a correr até o outro lado do banheiro, segurando o cabo do sabre e adquirindo uma pitada de tranquilidade, sabendo que o metal do item seria letal para ela. Foi aí que quase morri.

Dorothy se aproximou, levantando-me pelos meus ombros feridos e eu gritei, chutando seu tronco e só deixando-a ainda mais irritada. Não havia força em meus membros. Não o suficiente para me libertar. Ela abriu um sorriso malicioso e eu sabia que eu não seria refeição. Ela só queria o prazer de me ver sangrar e morrer. Franzi o nariz, incapaz sequer de demonstrar ódio diante de tanto sofrimento. Meu braço não levantava e uma lágrima descia do meu olho. Quando pensei que tudo fosse acabar, a sorte me salvou.

- Uma... águia? -
Disse uma voz do outro lado. Ambos nos viramos, vendo uma das garçonetes. Seus olhos azuis estavam arregalados e ao mesmo tempo confusos, como se tentasse achar uma justificativa para o que seus olhos viam. Senti as garras afrouxarem um pouco diante da surpresa e não aguardei para que me apertasse novamente. Levantei meu sabre, perfurando a área das suas costelas. E olhando-a nos olhos tentando manter a seriedade.
- Espíritos da tempestade. Sabe onde?-
Minha voz saía como se eu fosse uma criança chorando por um brinquedo, mas mesmo assim, minha mente não raciocinava direito e mal tinha controle de mim naquele momento. Estava dolorido e nervoso, não havia encontrado eles e agora tivera que lidar com uma criatura a qual não estava esperando. Ela gemeu e se esperneou e quando tentou apertar ainda mais os meus ombros, girei levemente a arma, fazendo-a sentir ainda mais dor.
- Terraço. Terraço. Hotel Minos. Minos- Antes que eu pudesse fazer qualquer outra coisa, um amontoado de pó se juntou em meus braços, como se a criatura tivesse implodido em purpurina. Pisquei os olhos, vendo que o monstro já devia estar a caminho do tártaro e eu teria ganho por pouco. Minha visão pesou. Caí de joelhos, ofegante e tentando conter o nervosismo.

[...]

Aparentemente, a mulher jurava ter visto uma águia me atacando e depois fugindo. De alguma maneira, todos ficaram tão confusos e preocupados comigo que sequer contestaram a sanidade da mulher. Senti um ardor tremendo quando colocaram os curativos, mas aceitei de bom grado. Tinham me ajudado e eu preferi não mentir a eles. Além de não ser do meu feitio, não achava justo. Disse a elas que tinha um trabalho pra fazer e por isso estava perambulando sozinho por San Francisco. Embora tivesse recebido risadas, elas ficaram tão perdidas em sua própria conversa que tive a chance de sair sem ser notado. Bocejei, sentindo-me melhor após um breve cochilo após os medicamentos e contente por nenhuma ter me levado ao hospital. Não sabia quanto tempo estivera esperando ali, mas o clima estava ainda mais quente, com o sol a pino. Senti a pomada que elas colocaram me ajudarem a cada movimentação, me dando uma maior sensação de alívio. Estava muito longe de ser como o néctar divino e certamente precisava tratar aquilo depois, mas era melhor do que nada. Sabia que se precisasse lutar com os espíritos, agora estaria em grandes problemas, mas não ousaria voltar ao acampamento sem nada em mãos. Era vergonhoso para a legião falhar com um deus, além de ter grandes chances de pessoalmente ofender Éolo e ter de sofrer as consequências. Pedi algumas informações com vendedores e pessoas na rua, conseguindo encontrar o hotel depois de alguns quarteirões, desejando a cada passo que a monstro não estivesse só zuando com a minha cara antes da morte.

O Hotel Minos era um prédio acizentado de 6 andares, com uma pintura azul desgastada na frente e fileiras de janelas sujas dispostas horizontalmente. Logo próximo a porta havia uma placa indicando o local junto a algumas pinturas feitas provavelmente por alguns delenquentes, com os dizeres [i]"Quase fechando".
. Respirei fundo, tirando meu sabre da bainha e olhando para os lados. Alguns pedestres me olhavam e riam da minha cara, como se eu estivesse com um cabo de vassoura quebrado na mão ou alguma coisa bem bizarra. Suspirei, tentando manter a mente calma nesse momento. Imaginei Will e como ele ficara feliz em me dar Nightmare. Devia fazer um melhor uso do sabre. Imaginei Léon e Toshiro e todos os meus amigos antigos. Imaginava como eles se sentiriam sabendo que eu tinha falho em apenas arremessar uma rede. Cocei minhas bochechas e caminhei, entrando na recepção do hotel. Assim como a entrada, tudo ali parecia destruído. Haviam diversas teias de aranha espalhadas e poeira em todo lugar. Era um salão com um balcão ao final e uma escada circular iluminada por uma luz natural, indicando que provavelmente levaria até os quartos e o terraço. O chão logo abaixo havia diversas marcas, algumas de arranhões e outras talvez devido à chuva e neve por ser um design tão peculiar e invasivo. Não havia ninguém para me receber. Não julguei. Dificilmente alguém se hospedaria naquele lugar. As paredes talvez um dia já foram brancas, mas agora tinham diversas manchas escuras. Me perguntei o que seria aquilo, mas achei melhor nem tentar adivinhar. Me posicionei até a escada, preferindo não falar nada nem chamar ninguém. Afinal, o que eu diria? "Olá! Gostaria de subir até o terraço".

Pouco antes do fim das escadas, tudo se explicou. A cada degrau podia ouvir alguns barulhos estranhos e vozes furiosas, como se estivesse tendo uma briga de galinhas. Quando pude enxergar o que era, tive que levar uma das mãos a boca para não fazer nenhum som. Era um terraço de concreto com uma pequena construção que talvez servisse de depósito. Ao lado da porta haviam duas gaiolas do tamanho de onças, onde os espíritos se remexiam e tentavam sair, inutilmente. O metal da jaula era envolto por algumas correntes que se encontravam em um cadeado roxo brilhante. Era como se o item pulsasse e alimentasse a prisão, impedindo que as criaturas fugissem. Do outro lado, quase que na beirada do prédio, três figuras de aparência familiar discutiam. Minha perna tremeu e eu tive que controlar minha respiração, parando alguns instantes sem conseguir ouvir ou entender mais nada até que conseguisse voltar a mim. Eram literalmente idênticas à Dorothy. As harpias se estapeavam com as asas e discutiam com vozes roucas, cada qual tentando soar mais alto e ameaçadora que a anterior.

-Ela morreu por culpa sua. Você devia ter ido atrás do garoto! -
- Não! Foi sua! Ela era a melhor de nós em farejar. Essa magia do cadeado está me atrapalhando. -
- Atrapalha todas! Vamos rápido! Matamos essas coisas e depois o garoto -
- Não podemos! Somente o garoto! Ela quer os espíritos! Nos mataria! -
- Torturaria! - Concluíram as três em unissono, como se estivessem temendo alguém mais do que ir para o tártaro. Estudei-as de olhos cerrados, entendendo que talvez estivessem se referindo a criatura que eu havia matado. Meu coração parecia ter parado de bater quando elas levantaram as asas. Pensei que iriam na minha direção, mas todas se jogaram, planando e voando na direção da rua. Disparei, indo na direção das jaulas. Não sabia quanto elas demorariam e precisava ser rápido. Tivera sorte com uma delas, mas enfrentar as três seria suicídio. Olhei o cadeado e a medida que me aproximava sentia o seu poder, mesmo não sendo nenhum filho de Hécate. Só de tocá-lo minha pele parecia ter se tornado mais rígida e meus músculos se contraíram, era como se aquilo pudesse me alimentar. Me fortalecer. Realizar meus mais profundos desejos e me fazer ser reconhecido no acampamento. Era como se imagens da minha glória passassem a minha frente. Thales Sebastian, pretor do acampamento. Me ergui, pensativo e fitei os prisioneiros. Como poderia realizar tudo aquilo e falhar em minha primeira missão?

Olhei para o centro do item e vi um cristal, talvez a concentração da energia que o percorria. Joguei-o ao chão e segurei Nightmare com força. Meu braço tremia e a tentação soou mais forte, como se destruir aquilo significasse dar adeus a visão que tivera. Descer a lâmina talvez tivesse sido a decisão mais difícil em toda a minha vida. Destruí o artefato, fazendo-o pouco a pouco perder o brilho e as correntes se soltarem. Os espíritos da tempestade desabaram, como se estivessem cansados de tanto se debater. Olhei as jaulas e tentei segurá-las, percebendo que talvez eles fossem mais pesados do que eu imaginava, mesmo parecendo ser criaturas jovens. Antes que pudesse descer a escada, um vulto saltou, subindo alguns metros acima do céu como uma sombra voadora. Parando no alto, uma criatura alada me fitava. Demorei alguns instantes para perceber que tinha as mesmas características das demais. Um uniforme azul caía ao seu lado, tão estraçalhado como o uniforme de Dorothy após a sua transformação. Não precisei pensar muito para deduzir que aquela era a recepcionista. Deixei as jaulas ao chão, segurando o meu sabre com uma mão e equilibrando-o com a outra. Por mais que desejasse tentar lidar tudo somente com a minha habilidade física, não era a maneira mais inteligente. Era filho de Somnus e não deveria ter medo disso. Limpei a gargante e desatei a cantar, enchendo minha voz de energia e começando a canção de ninar mais forte que tinha em mente.


- Carry on my wayward son. There'll be peace when you are done -
A criatura desceu dos céus, tentando me pegar com o impulso e por pouco não abracei Mors. Rolei para o lado, sentindo minha camisa ser rasgada no braço e meu membro esquerdo arder com um corte que por sorte fora superficial. Minha voz quase falhou e eu me obriguei a continuar, cantando mais alto e tentando fazê-la ficar mais sonolenta.

- I was soaring ever higher, but i flew too high -
Tentei usar Nightmare com golpes diagonais, fazendo a harpia recuar e aproveitar o movimento para gingar na minha direção. Meu elmo voou com seu rasante caindo alguns metros para o lado. O metal havia me protegido e deixara escapar apenas um corte em minha bochecha. Prossegui minha melodia e após alguns instantes de ataques e recuos. Meu braço já estava com diversos cortes e minha respiração ofegante. A monstro estava de pé alguns metros a frente, talvez cansada demais para voar. Sua boca se abriu em um bocejo e eu percebi que estava dando certo.

- Lay your weary head to rest. Don't you cry no more -
Prossegui, sem mais me movimentar e com a mente vagando longe diante da dor. Fiquei tentado a largar a espada, mas não temi que o som da sua queda atrapalhasse o que estava quase feito. Quando a criatura desabou no concreto, suspirei de alivio.

- Carry on -
Disse, caminhando até ela e usando o resto da minha força para descer a ponta do sabre em sua cabeça. Me dirigi até a porta do armazém e pude sentir o fedor absurdo de comida estragada e outros resquícios ali depositados que preferi nem mesmo olhar. Ao fechar a porta, deitei-me no chão e mesmo diante da nojeira, permiti a mim mesmo um cochilo.

Quando acordei, não havia sinal das harpias. Não sabia se a destruição do cadeado havia as afetado de alguma forma ou se elas simplesmente pararam para um lanche. Mas fiquei contente por não precisar elaborar um plano de fuga ou coisa do tipo. Devido ao sono, percebi que parte das minhas feridas sangravam menos agora, mas ainda estava dolorido. Peguei as jaulas pelo suporte que havia no topo da grade, levando as criaturas escadaria abaixo. Quando virei a esquina na direção contrária a que vinha vindo, ouvi o bater de asas e pude notar as harpias pousando no terraço. De uma maneira ou de outra, após o que pareceram horas de fuga, conseguira chegar ao alcance dos guardas, próximo ao túnel Caldecott. Desabei nos braços de uma filha de Marte, sem mais conseguir me sustentar, mas contente por ter finalizado a tarefa.





Passivas:

Nível 3 – Perícia de Sonmus [Inicial]: Os filhos de Hipnos possuem um dom natural para tocar flautas, conseguindo extrair notas agradáveis delas.

Nível 3 – Regeneração Sonífera [Inicial]: Quando dormindo os filhos de Hipnos conseguem recuperar suas forças muito rapidamente, regenerando 10 de Vida e Energia por rodada. Pessoas adormecidas ao redor recuperam metade desse valor.

Nível 4 – Aura do Sono [Inicial]: Os filhos de Hipnos possuem tanto sono dentro de si que acabam liberando-o como uma aura de sono que afeta a todos ao seu redor neste nível, não diferenciando amigos e inimigos. Todos que permanecem próximos a um filho de Hipnos começam a se sentir sonolentos cedo ou tarde, especialmente quando interagem com eles. Sua voz e cada movimento emanam sono que cresce quando o próprio semideus está sonolento.


Nível 5 - Visão Aguçada: A visão dos filhos de Febo é apurada, facilitando a mira com o arco e flecha.

Ativas:

Nível 1 – Canção de Ninar [Inicial]: O semideus consegue exalar seu sono natural de uma forma mais forte, normalmente utilizando de sua flauta para conseguir realizar uma melodia leve e suave, induzindo sono a quem a ouve. Pode ser utilizada com sua voz também, e o efeito varia de acordo com o sono atual do alvo e sua força mental. Se não interrompido, pode induzir ao sono. Consome 15 de Energia por Rodada.

Nível 4 – Daydraming I: O semideus consegue manipular a mente do oponente para causar leves ilusões, mesmo em alvos acordados. Pode deixa-los letárgicos ou verem vultos, objetos, buracos, coisas no geral. Quanto mais sonolento está o alvo, mais eficiente a habilidade. Funciona melhor com uma flauta, e consome entre 20 e 50 de Energia.


Itens:


Observações:
Gostaria de pedir avaliação para treinamento de perícias. Fica a critério do senhor avaliador, mas acredito que me empenhei nas seguintes: Perícia com Arco e Flecha e Perícia com Espadas.

#1

Ares

Ares
Deus Olimpiano
Deus Olimpiano
Avaliação

Bom, vamos lá. Primeiramente, ótima descrição de cenário. Consegui imaginas exatamente as cenas, a lanchonete, a recepção, o terraço, as barracas, a arena de treino. Sinceramente, parabens. Houve um erro ali do code mas isso não influencia de forma alguma a narração, que por sua vez também ficou muito boa. bApesar da frustração do próprio personagem com ele mesmo, gostei que você não deixou totalmente de lado o humor e não deixou virar uma narrativa totalmente sad.

EXP base: 1,2k
Interpretação: 2 (malou mlk)
EXP a receber: 2,4k
Denários a receber: 1,2k

+20 pontos em todas as perícias treinadas.

#2

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