-Se quiser saber quem eu sou me siga, a história é longa e aqui não é um bom lugar para lhe contar. -A mulher se vira e começa a caminhar mais para dentro da floresta, conforme ela ia caminhando uma espécie de sombras iam saindo dela, como se parte do seu corpo fosse sombras.

Alice resolve seguir a mulher com toda a atenção que ela tinha. Depois de uns cinco minutos andando na floresta a mulher puxa uma flecha de sua aljava fazendo Alice armar a guarda, mas ela não ataca. A mulher corta o ar com a ponta brilhante da flecha fazendo com que o véu da realidade se partisse em dois, ela passa por ele e chama Alice junto com ela, quando a Semideusa passa pelo véu o cenário era parecido mas ao mesmo tempo diferente.

Havia uma clareira depois do véu com uma pequeno casebre, um lago cortava o local havendo uma pequena ponte de madeira para passar por ele. A diferença do local era que tudo parecia ter sido pintado a tinta guache, era como se ela estivesse dentro de uma pintura.

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A mulher abre a porta e espera Alice entrar, dentro da casa haviam poucos móveis. Uma mesa de madeira de centro com flores ornamentais, 4 cadeiras, uma pia e fogão a lenha, no outro quarto havia apenas duas camas, ambas arrumadas com lençóis novos. A mulher coloca uma chaleira cheia de água no fogo.

-Gostas de chá ou prefere um café? -Pergunta a mulher enquanto ia pegando duas xícaras em baixo da pia.

-Para tomar chá. -Responde a mulher colocando ervas dentro da chaleira. -Bom, não só por isso.

Ela retira o arco das costas e encosta na parede de madeira, depois ela pega um coador e serve as xícaras com chá enquanto coava os pós das ervas. Ela bebe um gole.

-Uhm, ficou muito bom, modéstia parte. Sabe, o lobo não gosta muito de chá então essa atividade eu tenho que fazer sozinha normalmente... -Ela da mais uns goles no chá. -Bom, eu sinto cheiro de semideuses a quilômetros de distância, minha amada, por mais que o seu seja um pouco fraco... Receio que veio aqui parar o Lobo, correto? Deixe eu explicar as coisas desde o começo, assim você vai entender melhor.

A mulher se ajeita na cadeira e pega a xícara com as duas mãos, nisso, a "pintura" da cozinha começa a mudar os desenhos, agora atras da mulher havia um campo de batalha com um homem vestido todo de preto no meio de toda aquela luta.

-No começo, eramos apenas um, o Kindred. Vivíamos apenas com o propósito de ceifar as vidas para a morte, mas tudo aquilo era muito solitário. -A imagem muda novamente e mostra o homem cortando as almas com uma foice enquanto lágrimas rolavam de seus olhos. -Então, em um momento de desespero, ele se cortou ao meio para que nunca mais passasse um segundo sozinho, criando assim a Ovelha e o Lobo, os Kindred. Você já deve ter entendido que a Ovelha sou eu. -Nisso a imagem muda novamente mostrando duas criaturas.

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-Eu e o Lobo continuamos nosso trabalho. O meu arco oferece um desprendimento rápido do mundo mortal para aqueles que aceitam seu destino. O Lobo caça aqueles que fogem de seu fim, entregando-lhes a violência derradeira de suas presas esmagadoras. Laelaps e Teumesiana, lenda contada repetidamente até que foi modificada para explicar um paradoxo, nada comparado a verdadeira história. Tudo estava bem em nossas vidas até que algo fez com que o Lobo matasse sem motivo, algo esta o controlando para que ele faça essas carnificinas... você tem que pará-lo antes que mais pessoas encontrem sua morte antes do tempo.

-Óra minha querida, você deve ceifá-lo, é claro. -Fala a ovelha sorridente, mas Alice sabia que ela escondia imensa dor ao falar aquilo.

-Eu poderia tentar caçá-lo, mas não conseguiria matá-lo nem que eu quisesse, por isso deve ser você, pequena Loba. -A Ovelha deixa a xícara na mesa e se levanta, nisso a imagem volta ao normal. Ela vai até a parede e pega seu arco, depois anda até Alice e o entrega para a garota. -Essa é a única arma capaz de matá-lo, vou estar com você, auxiliando com o meu espírito pois enquanto um existir o outro viverá.

Depois disso ela coloca a mão em sua mascara e fica um tempo parada.

-Eu sempre pensei que na hora da minha morte eu não exitaria e aceitaria ela de bom grado, só agora entendo aqueles que preferem ser caçados pelo Lobo. -A Ovelha começa a retirar a mascara do rosto com vagarosamente. -Enquanto usar essa mascara você conseguirá senti-lo, meu espirito não durará muito tempo dentro de você, por isso vá rápido. -Quando ela tira a mascara Alice consegue ver lágrimas em seus olhos e em um flash ela estava de volta a floresta, com um arco nas costas e mascara da Ovelha na mão.

Alice poe a mascara e tudo ao seu redor muda, até ela mesma. Era como se ela estivesse em baixo d'água, tudo parecia mais lento e esfumaçado, como tinta em um aquário. A garota olha pras suas mãos e vê que ela havia virado fumaça realmente. A semideusa respira e nesse momento várias fumaças de cores coloridas diferentes aparecem na frente dele, era o próprio cheiro das pessoas ao redor virando imagem, apenas uma das fumaças era preta e ela ia na direção da Universidade, a garota se concentra nessa fumaça e as outras parecem desaparecer.

A semideusa resolve seguir para lá, aparentemente ela estava "invisível" ao olhos mortais. Ela também estava bem mais rápida, na verdade parecia que o mundo tinha ficado lento e ela não, em pouco tempo a garota chega na frente da Universidade.

Alice vai passando pelo campus que estava todo em câmera lenta, ela se esgueirava pelas paredes mas ninguém parecia ter percebido ela. Ela avança para dentro do prédio e desce até o subsolo sentindo a presença do Lobo até que chega a porta de uma salinha escrita "Depósito de Peças Humanas", seria algo a ver com as aulas de anatomia? Alice não saberia dizer.

A garota abre a porta com cuidado, o local inteiro estava escuro, haviam várias prateleiras e freezers ali, parecia o lugar onde se guardava partes de pessoas para estudos. Se Alice não estivesse com a mascara ela provavelmente não veria a criatura, mas ela estava. Olhos azuis como os da Ovelha brilhavam perto de uma das paredes mais escura. O próprio corpo do Lobo era pura sombra, quando Alice o vê a criatura abre um sorriso para a garota, mostrando suas presas enormes.