Nome da narração: Um Encontro Inesperado
Objetivo da narração: Ganhar XP e dracmas; Treinar habilidade.
Quantidade de desafios: 1 (no meio da narração).
Quantidade de monstros: 1
Espécie dos monstros: Musa
Um Encontro Inesperado
Era por volta das 14 horas do dia quando eu levantei do chão debaixo da árvore em que estava sentado nos limites da floresta do Acampamento Meio-Sangue decidido a procurar o que fazer naquela tarde nublada. O sol não brilhava a algumas horas e mesmo com o controle climático provocado pela barreira mágica circundante do lugar, o vento era úmido e quente irritando meu nariz. Se fosse para dar uma nota numa escala de 0 a 10, então esse dia estava numa média de 5.
Caminhando por entre as árvores e arbustos comuns na região limítrofe olhando para o chão enquanto chutava uma ou outra pedra que encontrava pelo caminho sem algum rumo em específico reparei que a grama mudou de rasteira e desgrenhada para um tamanho uniforme indicando que era aparada regularmente. Ao levantar a cabeça, vi uma clareira de tamanho razoável destoar com a paisagem arborizada, pois haviam várias cadeiras dispostas em semicírculo e um palco de uns 4m² (2x2) de frente para elas, ou seja, da minha visão estava depois das cadeiras. Eu me perguntava o que tinha acontecido ali para estar montada aquela estrutura com duas caixas de som para ambientes abertos de cada lado do palco, um piano acústico de armário com um par de microfones próximo e pareceu o momento oportuno para alguém chegar explicando a situação e, assim, não aconteceu. Fiquei parado lá com cara de tacho uns 5 minutos até que resolvi andar por entre as quatro fileiras de assentos observando o material plástico moldado e o maderito usado na construção do mini palanque. E, antes que tu me pergunte (ou se pergunte) se eu subi nele? Quero responder que não, pelo menos não de imediato. Olhei ao redor para ver se alguém estava por perto ouvindo as ondulações das folhas movidas pelo vento, mas nem um ser vivo ou meio "não-vivo" apareceu nas redondezas. Aborrecido com aquela decepção vespertina peguei o microfone desligado e comecei a cantarolar uma música que tinha escutado há muito e havia gostado de imediato. Talvez tenha sido o solo inicial da guitarra ou a expressão debochada da intérprete, mas a questão era que se tornou uma das minhas favoritas. Medi o compasso inicial de colcheia com o pé ao passo que cantarolava em voz baritonal a estrofe de início do refrão:
- Nana nanah nanah-na, nana nanah nanah. Nana na-nah nanana, I wanna start a fight…
Ainda repetiria mais uma vez a estrofe não fosse o acender da luz de um refletor que desconhecia a localização original incindindo no meu rosto. Pensei que alguém estivesse a observar, mas eu não enxergava a mínima indicação (exceto a luz anormal brilhando em mim) que havia outra pessoa. Aos poucos vozes de plateia foram se juntando a um coro que pedia para continuar a música, mas, se já era impensado cantar no meio do nada sem nenhum motivo aparente, imagina cantar para quem não via?... Entretanto, algo dentro de mim dizia: ”Por que não cantar apenas pelo prazer de soltar a voz? E daí que havia nenhuma plateia para prestigiar as sonoras notas que era capaz de produzir?” e ainda ”Não é como se você fosse tão tímido…” Se era eu mesmo falando comigo estava ficando louco, mas eu duvidava dessa tendência no momento.
- É música que cês querem? Então é isso que vão ter!
Então comecei a cantar pra valer. E posso me arriscar dizer que era mágico, pois o acompanhamento instrumental começou sozinho e sem nenhuma mesa de som aparente. Posso quase afirmar que as caixas de som de 1,5m cada produziam as ondulações sonoras como por magia na ausência de cabos ou moduladores sem fio para dar suporte elétrico. Cada palavra que saía de minha boca não deixava de ter certa parcela de verdade, excluindo a parte que era abandonado por um ex (até porque né…). Quando dei por mim estava andando de um lado a outro do palco interagindo com o vazio abrindo os braços e os agitando cada vez mais devagar, meus passos estavam mais lentos e o fôlego começou a parecer ser sugado de mim. Num momento que virei de costas para os lugares desocupados e a entrada da clareira vi um tubo dourado flutuando acima do palco perto das copas das árvores que não notara antes de levantar a cabeça. Provavelmente, tratava-se de uma possível fonte de energia sobrenatural para tudo aquilo. É claro que também havia a possibilidade da própria floresta estar me pregando uma peça bem detalhada e eu caindo direitinho que nem pato em lagoa, mas eram apenas especulações de um semideus confuso pela emoção musical.
Em certo trecho da música a iluminação oscilou e o som estacou. Meu corpo estava todo dolorido e um cansaço repentino se apoderou de mim. Quando foi que tinha me esforçado tanto apenas por vibrar as cordas vocais numa cadência racional com espaços de arrasto vazio? Minha respiração estava ofegante, quente no final da tarde que exibia os raios solares como frestas por meio de aberturas nas folhas das árvores e arbustos naturais da região mística do acampamento como pequenas lanternas de parede. Minha cabeça doía devido ao excesso de esforço e senti as pernas fraquejarem para logo em seguida cair ajoelhado. Olhei ao redor procurando algo que pudesse indicar o motivo de tudo aquilo, mas a única coisa anormal naquela situação inusitada era o tubo dourado. O silêncio reinava na clareira.
Encarando o objeto flutuante, forcei um pouco mais a visão tentando melhorar a descrição do que era aquilo.Um a flauta de ouro! Só podiam estar brincando comigo. Eu tinha minhas suspeitas, claro, mas nem tudo a gente pode sair gritando sozinho no meio de uma floresta isolada de ajuda. Algum deus grego pode se sentir ofendido pelo julgamento errôneo, a comparação as vezes é demais para o ego frágil e infantil deles. Então esperei - porém, não muito tempo porque estava fraco e poderia desmaiar.
- Qual monstruosidade ou divindidade és tu que se esconde nas sombras do entardecer, espreitando por entre as florestas para cantar o ocorrido no amanhecer? - expressei meus sentimentos semi acusatórios a quem estivesse por detrás daquela palhaçada de sugar minha energia. Se cantar era o problema, então poetizaria, que não é música sem acompanhamento e nem palavras comuns, se é que me entende.
Aguardei uma resposta e nada me veio.
- Exibas tua face, ó criatura, sem pudor. Pois minha alma derramo entre palavras como o suor do trabalhador.
Em uma fração de segundo pensei que seria deixado para morrer ali, caído no palco em meio à vegetação, desolado como uma celebridade esquecida em que a lembrança da multidão de admiradores não passavam de fantasmas representados pelas cadeiras vazias. E foi nesse momento que pude ver um dos mais belos rostos se revelar como o nascer do sol contemplado em meio a colinas selvagens daquele tipo de quadro que só podemos apreciar a vários metros de distância ou por uma fotografia exclusiva observada uma única vez em toda a vida. Pronto, agora estava preparado para que as Parcas me levassem, mas quis o destino que eu vivesse mais uns dias para ver o sorriso espontâneo daquela musa.
- Gosto da poesia que sai de teus lábios, ó jovem rapaz. Tens futuro em proclamar as experiências da vida.
- És tu, ó musa das canções, que doas inspiração aos poetas com lira? Euterpe generosa dos relatos pessoais da vida?
Com um aceno de cabeça ela confirmou minhas suspeitas: era uma das musas que acompanhavam Apolo em suas cantorias pelo mundo ao viajar em turnê.
- Então me conheces, filho da perfeição. Vejo que estás bem informado, mas não por muito tempo.
Essa última frase me deu um aperto no coração, pois que deseja ouvir tais palavras da boca de um ser capaz de matá-lo com o pensamento?? Juntando o resto das forças que ainda tinha me pus de pé, mesmo com certa dificuldade de me manter assim, e questionei:
- Minha vida pode não ser tão preciosa aos olhos de outros que não a vivem, mas, de fato, tem seu valor. Se pudesse cantá-la daria muitas canções que conquistariam tua vide brotando cachos do teu favor.
E assim que pronunciei as palavras me arrependi com uma clara insinuação na careta de cenho franzido e boca retorcida nos cantos. Teria sido engraçado à exceção do risco de ter o fôlego da essência cortado da existência.
- Pois, bem. Mortal desafiador, selaste teu destino ao falar sem amor. A própria vida postes à prova, se cumpre o que dizes ou morra na forja.
Engoli em seco desejando ser uma pessoa diferente que não se metesse em tanta confusão. Então iniciei minha epígrafe do fim, proclamando o que poderiam ser minhas últimas palavras:
Sei que talvez não me dê crédito pelas palavras poucas, ou o modo de agir e falar.
Quero que apenas saiba: sou alguém que para conhecer é necessário conviver.
Nada do que eu disser será bastante para revelar quem sou, mas espero que um resumo seja capaz de te representar aquilo que palavras escondem, mas é revelado no olhar.
Sentimento é algo que pode confundir nossa mente se deixarmos o equilíbrio da razão de lado. Porém, nada que é feito sem paixão dura muito tempo.
Dizer adeus a pessoas amadas faz parte da jornada concedida pela maior de todas alegrias que é viver.
E, se após todos os desgostos e prazeres ainda não tenhas entendido o sentido da via, não desanimes com os obstáculos que surgem.
Pois, é na fraqueza que somos tornados fortes, e na paciência que a sabedoria nos é revelada.
Eu pude aprender com experiência que vivi: a guerra e a dor não serão suficientes // para saciar aquilo que abre um buraco na gente.
Apenas o Amor nos cura os recônditos da alma e traz à tona o melhor que cada um pode oferecer.
Porque em meio a todo esse Caos gritando em nossos ouvidos, privilégio é poder refletir que posso manter a razão. E, se quiseres, meu amig@, inicia tua jornada do ruim além para o nascer de uma nova canção.
Euterpe me avaliava com os olhos impenetráveis analisando cada uma de minhas palavras aliadas ao movimento corporal que seguia o ritmo da minha voz. A tensão não abandonou meu corpo ao término das palavras, ao invés disso ela crescia a cada batimento acelerado do coração dentro do peito bombeando mais sangue pelas veias e artérias espalhadas pelo meu corpo. Meus olhos focavam em sua expressão bela e julgadora decidindo se valia, ou não, a pena deixar-me viver para cantar mais uma canção. Ao abrir seus lábios para proferir a sentença final minha respiração simplesmente estacou. O ar apenas saía de minhas narinas e eu não fazia esforço para inspirar novamente.
- É, parece que você viverá mais um dia para cantar outras vezes aquilo que passou. - soltei a respiração presa. - Mas se pensas que sairá livre assim só na fala mansa, enganas a si mesmo. Na próxima vez que nos encontrarmos e não tiver um repertório próprio maior para me entreter receberás grave flagelo. Cante, mas componha o que fores cantar.
Nesse tom sério resguardando uma apreciação velada pude viver mais um dia. Não diria que escapei da morte, mas, sim, fiz por merecer. Toda a estrutura desapareceu em névoa azul permeada por dourado me deixando sozinho num lugar bucólico com uma caixinha retangular no centro. Um bilhete amarrado no topo do laço que o envolvia fora deixado. Ao abrí=lo, vi a inscrição: ”Para lembrar de nosso encontro…”[/justify]
Postum Scriptum: O presente fica a teu critério querid@ narrador, mas se me der uma flauta dourada com alogumas bonificações (símbolo de Euterpe) estarei muito grato.
Habilidade Treinada escreveu:
Nível 1 - Expressão Musical: A facilidade de tocar instrumentos e cantar do garoto é tão grande que Zuriel desenvolveu uma habilidade natural que ama fazer em horas possíveis: compor músicas a partir do que sente e do que vê.
Link da avaliação: https://pjheroisdoolimporpg.forumeiros.com/t1731p260-criacao-de-habilidades-gregas#58065
Demais habilidades Utilizadas escreveu:Nível 1 - Relógio Solar: O filho do Deus-Sol consegue determinar o horário baseado na posição do Astro-Rei com uma margem de erro de quinze minutos.
Nível 1 - Habilidades Musicais: O personagem possui dons musicais natos, fazendo com que cante ou toque qualquer musica em instrumento simples com facilidade.