Bem... Aqui vamos nós. Eu estava surpreso pelo outro garoto ter aceitado vir comigo neste treino. É, não que eu tivesse pedido, meio que nos esbarramos, uma curta troca de palavras, acabamos vindo parar aqui, em frente a dois monstros femininos que eu apostaria a moeda desse ludar que começava com E, mas perderia outra moeda por não saber o resto. 

Eu tinha somente o que um iniciante aqui recebia. Elmo, espada curta, peitoral de couro. Não sei se o peitoral que eu vestia aguentaria as garras das mulheres, mas era hora de confiar nesta meia armadura que me foi entregue. 

Com um olhar sério, eu analisava ambas as mulheres de aparência detonada... Elas não pareciam cuidar de sua aparência já havia algum tempo. Mas não era hora de analisar isso nelas, mas sim suas posturas. Precisava me manter atento ao corpo delas e o que elas pretendiam fazer. Sua expressão, sua pele, seus músculos, seus membros. 

Empunhava a espada de maneira defensiva em frente a meu peito, segurando o cabo com ambas minhas mãos, de forma que eu poderia me defender rapidamente de um ataque direto. Confiava na minha velocidade de reação, e tinha que confiar na de meu companheiro também, que estava ao meu lado esquerdo. 

-- Quer ficar com a da esquerda? Gosto do lado direito... Sou meio supersticioso. 


Era um pedido simples, achei que ele o aceitaria. Se é que ele já não havia partido para algum ataque. Eu não era do tipo que partia pra cima logo de primeira... Não sempre. Pela expressão das criaturas, sabia que teria de ter paciência aqui. Mudei o peso para a perna direita e a coloquei a frente, fazendo minha postura melhorar para um ataque direto. 

Como eu imaginei, as mulheres não estariam com paciência para esperar eu analisar elas por inteiro. O que era ruim, eu gostava de evitar imprevistos, da mesma forma que eu gostava de me tornar um imprevisto. Elas nos atacaram diretamente, com confiança em suas capacidades para nos deter e nos transformar em comida. Eu tinha certa experiência de combate, conhecia formas de se empunhar uma espada, e usaria agora movimentos de kendô, com ambas as mãos no cabo da espada.

Aliás, Jason já havia iniciado seu contra-ataque, com uma estocada contra a mulher em sua frente, enquanto mantinha seu corpo de lado. Ele lutava de forma interessante, depois talvez conversasse com ele sobre isso. Eu havia pensado em algo parecido com a ideia dele, que era, basicamente, atacar! Eu gostava desse tipo de plano. 

Mas, eu agi diferente. Inclinei um pouco a espada para a direita, retesando meus braços um pouco, elevando a altura de minhas mãos e desferindo um golpe em diagonal, da direita à esquerda, que iria parar as possíveis garras que cortariam minha pele, mas, para o corte ter efeito o suficiente, eu não poderia hesitar, então dei um passo para a frente enquanto o efetuava, buscando melhor equilíbrio pro corte, potência e velocidade; desta forma, se ela não parasse seu golpe, eu poderia cortar sua mão, com sorte seu braço ou seu peito. 

Via agora duas opções para a mulher: Se deixar atingir e manter o ataque, ou tentar se defender e recuar. Ambas as opções me dariam alguma abertura para manter a firmeza de meu ataque. Este duelo seria um bom momento para testar minhas habilidades com a espada, se é que elas ainda existiam.

Primeiro contra-ataque/defesa: Sucesso. Mas não seria bom eu me achar por causa disso... Tá, foi legal ter ferido ela em um golpe tão imprudente. Ainda imagino que ter me defendido me daria menos chances de sair ileso como estou agora. Provavelmente um ato de sorte.

Jason, ao meu lado, não teve a mesma sorte. Okay, isso foi ruim, mas eu não tinha tempo de me preocupar com ele. Estava atento aos movimentos da mulher em minha frente. Ela parecia me considerar, agora, um alvo menos fácil dela vencer facilmente. Ótimo.

Ainda estava com a postura anterior, as duas mãos na espada e ela em frente ao meu corpo, levemente em diagonal, mas percebi que a mulher iria reagir a qualquer movimento que eu fizesse. Eu tinha de me concentrar nela para poder antecipar situações de perigo. Com um suspiro, eu pensei no que poderia fazer. 

Inclinei um pouco mais minha espada rapidamente, deixando ela quase totalmente em horizontal para a direita e na altura do meu peito, e sem perder tempo, investi contra a mulher, visando fazer um corte em seu peito novamente. Caso ela desviasse, eu iria usar o mesmo impulso que comecei o golpe para rolar no chão e me afastar. Talvez isso não funcionasse, e esperava que pudesse me defender de algum golpe, já que ela desviaria no momento em que a lâmina estivesse plenamente reta no ar, eu poderia ver a direção que ela desviou e puxar a espada para me defender. Meio insano, mas eu acreditava em meus reflexos.

Por que eu considerei esta minha melhor opção? Ela podia tentar me atacar diretamente de novo, e esse ataque me garantiria uma breve defesa. Ela poderia desviar? Sim, isso seria realmente complicado, mas como a espada é mais curta, e eu estou com a força dos dois braços a empunhando, acreditei que mesmo ela desviar e me atacando pela lateral eu teria força e velocidade suficientes para me defender com a lâmina.