Dormir estava sendo uma tarefa difícil nos últimos dias, os sonhos em parte viravam pesadelos ou coisas sem sentido... e dessa vez não era diferente. Estava sentada na colina da praia do acampamento, olhava o mar como se estivesse hipnotizada. Então uma voz surge em minha cabeça, é uma voz diferente e grossa... ainda assim assustadora.


Então o céu escurecia, uma tempestade começava... era como se o chão tremesse sob mim, as plantas se mexiam de maneira ameaçadora... eu corria, sem sair do lugar. Não conseguia falar nada, o "encontre" ecoava repetidamente em minha cabeça, o chão se abria sob meus pés e enormes garras vinham em minha direção... acordo em um sobressalto, não assustada, mas frustrada.

Por quanto tempo mais esses sonhos iriam acontecer? Eu realmente não entendia o que eu precisava encontrar, já não bastava o vazio que sentia por ainda não ter sido reclamada. Não que ligasse, nunca tivera um laço familiar... e quando algo próximo disso acontecia, a morte os levava. Me levanto do colchão que dormia no chalé de Hermes e decido ir pra arena, precisava extravasar toda a energia pelo pesadelo... não que estivesse com medo, afinal usava-o como uma forma de me fortalecer.

Pego meus poucos equipamentos e ignoro as piadinhas dos filhos de Hermes, todos uns insuportáveis. Talvez fosse apenas meu humor matinal que não era tão bom... ando em direção a arena e adentro os portões, a réplica exata do coliseu estava vazia, o que me deixa mais tranquila... ainda não tinha encontrado ninguém pra me acompanhar, e nem queria. Espero os adversários aparecerem mas isso demora, e então vejo que dois garotos entram, conversando.. ambos portavam arcos. Dou de ombros e volto a encarar os portões de onde saíam os monstros.

Encaro então o trio de monstros que aparecem, me parecem bem mais fortes dos que eu tinha enfrentado anteriormente, um arqueiro, uma criatura metade cobra e um orc. Não era tola o suficiente para tomar a iniciativa de atacar, tinham dois arqueiros o que era de certa forma ruim, afinal os três estavam muito bem equipados com armaduras e a metade cobra parecia ágil, assim como o elfo. Decido então entrar em defesa, esperando para ver o que eles sabiam fazer, estudaria seus movimentos em busca de detalhes mínimos que mostrassem brechas naturais ou coisas do tipo.

O elfo não me atacou primeiramente, mas a flecha que atirara no loiro fora assustadoramente próxima... percebo então que o orc não parecia se importar além de andar em nossa direção, o que acho estranho. Era o mais forte e resistente, pra que ficar servindo de escudo? Seria por causa do filho de Apolo? Não soube dizer. Encaro o trio, em especial a equidina, procurando alguma brecha em sua postura.

Assim que ouço o loiro mandando nos separar, arregalo os olhos. Tinham um arqueiro e um escudo ambulante, se nos separássemos seríamos alvos fáceis demais, os monstros não pareciam assim tão burros. Todavia, corro para a esquerda em meia lua, pro lado que a equidina estaria, aproveitando que o filho de Afrodite estava assinando seu atestado de órbito, como estava na lateral do trio ambulante, ainda que atenta a projéteis e ataques, correria de forma ligeira em direção a monstra e atacaria a mesma numa brecha, um corte ágil em diagonal na região mais exposta o possível.

Dobrando minha atenção, ficaria ainda mais atenta aos projéteis do elfo e até com os ataques do orc, afinal ninguém tinha indo nele ainda... aposto que iria ficar protegendo o elfo das flechadas do loiro, então me afasto depois do ataque e separo um pouco os pés, segurando a espada com as duas mãos para mais firmeza, numa posição defensiva.