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A luta estava decidida. O filho de Afrodite era frio, calculista e estrategista acima de tudo. Seu peito sangrava e doía, mas isso apenas serviu como combustível para seu próprio movimento. Em meio ao povo que os observava, e a tempestade caótica que explodia nos céus, Henry invocou um dos poderes mais sujos dos filhos da Deusa do Amor. Richard ficou estonteado e baixou sua guarda no mesmo instante.
A velocidade na qual ele pegou seu arco e sua flecha, e mirou no peito do inimigo, faria até mesmo um filho de Apolo passar inveja. Helena tinha medo, muito medo. Henry sabia que ela chorava mas aquele inimigo havia se provado desafio o suficiente para o semideus. Quando a flecha foi soldada dos dedos de um servo de Éris e voou na direção de outro, assoviando e cortando o vento, tudo pareceu ficar silencioso.
Por um breve instante até as nuvens se calaram, e um som semelhante à um martelo batendo em uma árvore ecoou pela estrada. Algumas pessoas gritaram ao ver o peito de Richard perfurado por uma flecha, mas o grito mais agonizante veio de trás de Henry, de Helena. Ela era cega, não sabia ao certo o que estava acontecendo, mas gritou o nome de seu irmão de forma tão alta e estridente que até Zeus pareceu se calar.
- RICHARD!!!
Ela se pôs a chorar, e tudo que Henry viu em sua frente, foi o conselheiro do chalé 12 olhando para o projétil cravado bem no meio do seu peito, enquanto sentia uma dor abusivamente grande. O filho de Dionísio cai de joelhos, tonto pelo golpe fatal que acabara de receber. Henry sentiu naquela hora que a batalha havia sido vencida, e abaixou seu arco ao ver o semideus adversário cuspindo sangue. Ó domingo, sangrento domingo.
Por um breve instante tudo parecia acabado. Mas de repente, o olhar fosco do quase morto Richard Fray, se enche de fúria e se volta para Henry Liesdale. Algo semelhante à presença de um filho de Phobos preencheu o corpo do filho de Afrodite, e ele se preparou para atacar novamente. Mas então, viu a palma da mão direita do conselheiro se abrir.
Henry olhou ao seu redor, as gotas de chuva pararam de cair. Sentiu um cheiro doce, e demorou a perceber que todas as gotas em um raio de 5 metros ao redor dele haviam parado no ar e se transformado em vinho.
- Bas... - Richard cuspiu sangue e ódio. - Bastardo...
As gotas de vinho no ar ao redor de Henry se tornaram várias agulhas apontadas em sua direção. E por fim, o conselheiro fechou o punho. A sensação de ser atingido por milhões de tiros de todas as direções e em todas as partes do corpo, talvez chegue perto da dor que aquele momento causou ao servo de Éris.
Henry viu sua visão se tornar fosca, o mundo girou ao seu redor e ele caiu de costas, com o rosto virado para o céu. A chuva caia sobre sua face, e ele sentia os dedos de Thanatos fuçando em sua alma. Helena gritou novamente. Henry escutou Richard caindo também. O chão foi banhado em sangue dos dois adversários.
As ruas de Nova York ficaram vermelhas naquela madrugada de domingo... E o dia só estava começando. A visão de Henry escureceu. E distante ele ouviu uma voz lhe chamando. Tão melancólica que ele sentiu vontade de chorar. Abriu os olhos e viu uma figura familiar.
- Moedas para o barqueiro? - Perguntou caronte.