Levei um tempo parada no chão como uma demente até perceber que sim, eu não estava mas onde estivera. Era a segunda vez em minha vida que eu deitava para um cochilo e acordava em um lugar estranho, mas aquilo ali já era abuso.

Levantei-me mal humorada, olhando ao redor em busca de uma saida, de uma pista. Quando vi o buraco no teto logo ergui a sobrancelha, concentrando-me na sensação de ser erguida pelos ventos em sua direção, mas quando nada aconteceu olhei para baixo, confusa, forçando mais energia para fora do meu corpo, tentando voar, mas... Nada.

A esta altura eu já estava mais mal humorada do que o normal. Quando meu visitante silencioso entrou e largou o cadáver, não tive muita reação além de perguntar-lhe o que fazia ali e que lugar era aquele, mas só o que fez foi despejar um corpo ao meu lado e partir. Olho pro cadáver, e então pra minha cintura, onde a bainha de minha lâmina ainda se projetava e novamente ergo a sobrancelha. Confiro meus demais equipamentos, surpresa de estarem comigo mesmo naquela situação. Da ultima vez, eu só tinha a espada. aquilo já era um avanço.

Olho o cadáver e cutuco-o com a ponta da bainha da espada. "Ei", digo algumas vezes, tentando ver se está respirando ou não. Caso não, me afastando do cadáver eu saco a espada e descrevo dois arcos horizontais com ela no ar, um baixo e um alto, tentando usar seu fio de oricalco para abrir uma passagem na cela. Caso consiga eu saio de minha prisão com um sorriso ansioso no rosto. Seria divertido cortar o caminho para fora daquele lugar até descobrir onde era e o que eu fazia ali. Aquilo só me cheirava a uma coisa: Deuses. Eles são os únicos cretinos metidos o suficiente para sequestrar semideuses no meio de uma soneca e enfiá-los em missões que não têm nada a ver. Dentro de mim, a raiva contra meu pai e seus colegas só crescia. Com este pensamento ainda na mente, sigo na direção de onde o carcereiro fora, a espada em mãos e os sentidos afiados, pronta para reagir a um ataque surpresa com saltos ou bloqueios com a lamina.

Mas caso eu não consiga cortar a cela golpeio-a com ainda mais raiva, ainda mais força e ainda mais gana, indignada com a irrealidade daquilo, recusando-me a além de sequestrada ser obrigada a cutucar um cadáver desconhecido em busca de liberdade. Caso a cela me derrote... Embainho o sabre, guardando minha raiva junto a ele, e abaixo-me de nariz torcido para tentar recuperar a chave e usá-la para sair dali.

Nível 4 - Força do Touro: Os filhos de Zeus têm força superior a outros semideuses, assim como um dos símbolos de seu pai, o touro.

Nível 6 – Físico de Zeus: Na mitologia, Zeus foi o maior galã de que se tem conhecimento. Seus filhos herdam do pai um charme incomum e um físico de dar inveja, que junto com sua postura e imponência naturais lhe concedem uma beleza atemporal que pode facilmente deixar outras pessoas atraídas por ele. Suas sugestões têm ainda mais poder e sua força começa a desenvolver-se acima do comum.

Nível 6 - Perícia Elétrica [Inicial]: Você luta melhor com itens elétricos ou eletrizados e com condutores de energia. Confere a perícia [Inicial] com armas com o descritor Elétrico.

Nível 8 – Sensibilidade Aérea: O filho de Zeus consegue sentir a movimentação do ar ao seu redor, conseguindo desta forma identificar movimentos mesmo sem estar olhando, assim raramente é surpreendido. Esta habilidade tem um raio igual a metade do nível do campista em metros.

Nível 9 - Perícia com Espadas [Intermediário]: Confere nível de perícia [Intermediário] para a perícia com Espadas. Permite que o Campista treine suas outras perícias até o nível [Intermediário].

Equipamentos Levados:

Sinto um arrepio percorrendo minha espinha. Meu corpo. Meu corpo. Por um momento, todo o ódio desabou e morreu dentro de mim, dando lugar a um desespero e tristeza momentâneos que quase me paralisaram. Veneno, sangramentos, minotauros, plantas carnivoras, ciclopes e espiritos do vento. Todos eram inúteis diante da força. Diante do aço e da habilidade. Mas aquilo... Aquele aspecto velho, frágil... Não havia nada de forte ali. Me via, de repente, prisioneira de meu próprio corpo, em um choque que atingia diretamente um dos meus defeitos mais críticos - meu ego.

Respiro fundo tentando me acalmar. À minha frente o som de movimento me chama a atenção, e quando ergo os olhos dou de cara com uma pobre criatura. Eu... eu estou assim?, penso, cheia de desespero. Não, não. Eu não estava daquele jeito. Era aquele lugar. Podre. Era como um parasita, mas eu quem estava dentro dele. Então, eu era o alimento. De algo. alguma força. Algum deus?

Deuses. Sempre os deuses. E dentro do ponto mais profundo de mim, senti novamente acender aquela chama que não parava. Eu tinha de sair dali, e se para isso eu tivesse de matar outros mil cadáveres, eu mataria. Mesmo morta, eu permaneceria mais forte.

Cambaleio em direção ao inimigo. ciente de que sou como ele, um ser fraco e decrépito, então lembro-me das situações em que estava fraca, de como mover-me sem forçar o corpo. eu não tinha mais a força de meus músculos, mas ainda tinha a minha astúcia. Minha astúcia e meu ódio. Mantenho minha lâmina abaixada, descansando o braço, e uso o peso do meu próprio corpo para mover-me para o lado que parecer melhor, esquivando com um giro quando ela tentar me golpear. Enquanto isso eu miraria sua perna mais próxima com a minha lâmina abaixada, segura com ambas as mãos, visando cortar seu membro fora.

Caso consiga eu retorno a uma posição confortável, observando-a e aos arredores para saber se estávamos sós. Caso sim, eu foco-me na inimiga, esquivando caso ela jogue sua arma ou tente acertar-me por baixo.

No mais, a todo momento, durante e após meu movimento, fico atenta para dar uma merda, e se preciso eu recuo rapidamente com a espada pronta pra bloquear um ataque que eu não vá conseguir desviar.