- Vamos, Austin - Falei para o filho de Timmor, tomando a frente dele e correndo na direção das barracas. Era fim de tarde no acampamento júpiter. Minha camisa roxa estava toda suada e minha expressão como a de um adolescente depois de levar uma surra dos pais. Tinha sido um dia exaustivo. Por mais que não fosse mais centurião, havia me voluntariado para fazer diversas coisas, entre elas levar alguns pertences deixados na arena pelos legionários da minha coorte. Parei alguns instantes, ajeitando os itens nos meus braços. Segurei com força a pequena pilha de malhas de aço e peitorais, respirando fundo e torcendo para não tropeçar. Não via a hora de me livrar daquilo e deitar em meu beliche. Enquanto caminhava lembrei da época em que liderava alguns postos e tinha que ser um faz-tudo para meus irmãos ou companheiros de coorte. Hoje eu não era mais centurião ou conselheiro ou ocupante de qualquer outro cargo diferenciado. Era apenas o freguês dos sete mares, uma piada que não conseguia nem ser engraçada para alguns. A razão era simples: não importava quanto mais treinasse e melhorasse minhas habilidades, sempre acabava cometendo erros grotescos e sofrendo consequências desastrosas. Já havia quase morrido duas vezes e de fato falecido no caribe. Como filho de Netuno, naturalmente eu era um imã de azar, mas aquilo já estava passando dos limites. Me perguntava o que mais precisava acontecer para que eu me tornasse como Orik ou Black. Para que eu me tornasse alguém. Olhei para longe, estranhando a multidão se reunindo na praça silenciosamente. Nesse momento, a curiosidade era maior do que a vontade de me livrar das malhas. Como se alguém tivesse apertado um botão na minha cabeça, mudei a trajetória e avancei para o local. Parando logo atrás dos demais. Foram segundos de quietude até que o pretor se pronunciasse, comentando sobre a profecia e a relação do mar e da lua. Dei um leve sorriso. Era como se estivessem para falar o meu nome. Larguei as malhas ao chão e decidi prestar total atenção no que a prole de Febo iria falar. Foi o que eu pensei que aconteceria.

"E aí, chefe" disse a voz em minha mente. Mordi os lábios, percebendo o que aconteceria novamente. Não era a melhor hora para ele aparecer. Lutei contra o incômodo, ouvindo sobre uma carruagem roubada. "Aquele filho de Mercúrio parece ser bom. Mas você como pretor? Urrgh. Bem melhor" . "Cala a boca" retruquei, ouvindo ainda o verso sobre o perigo em adquirirem certo conhecimento. Dai em diante, o caos havia se instaurado, como se Éris tivesse sussurrado em meus ouvidos.

"Vamos! Já está na hora do Geiser"
- É a hora de você dormir - Afirmei colocando ambas as mãos em minha cabeça e fechando os olhos, como se tentasse me segurar.
- Quem vai me fazer dormir?
- Eu vou! - Olhei novamente para a multidão, percebendo que estava falando mais alto do que esperava. Minhas bochechas coraram e notei que todos estavam em silêncio novamente.

- Ahm... Eu sou filho de Netuno e neto de Magia. Sou Will Kross, ex-conselheiro da primeira coorte, senhor.  Eu talvez possa... ajudar. De mar eu entendo - Finalizei olhando para o chão e percebendo o quão idiota aquilo tinha sido. Tentei esconder minha expressão de raiva e vergonha, cruzando os braços e aguardando uma resposta. Depois do Caribe, momentos como aquele viviam se repetindo. Vez ou outra era quase impossível controlar meus impulsos. Não conseguia entender o motivo. Além de irritante, havia se tornado desgastante ter de escutar frases que a todo momento só me incentivam a destruir coisas e lutar. Algumas vezes me perguntava se não havia uma maneira de controlar isso ou de só congelar essa minha outra metade.

Senti o pretor me fuzilar com os olhos, como se eu fosse uma sardinha enlatada pronta para o almoço. Mesmo assim, permaneci firme. Por mais que tivesse perdido o controle, achava que talvez pudesse me explicar e compensar com a minha ajuda a respeito da profecia. Acreditei que poderia fazer isso e retornar à coorte para finalmente descansar. Bom, pensei isso até o fogo irromper. Em meio as chamas o menino apareceu, aceitando minha ajuda e me dando algumas instruções. Estudei a sua imagem enquanto me atentava à suas palavras. Por mais que parecesse que ele estivesse ali, a voz estava distante, como se oriunda de outra dimensão. A sua tatuagem na testa era tão peculiar quanto a sua coroa. Mesmo sendo um semideus e visto um conjunto de coisas estranhas, aquilo me dera um certo gatilho, como se ele fosse alguma figura importante. Antes que pudesse estudá-lo melhor ou fazer qualquer contestação, tudo desapareceu e o pretor aguardava uma explicação.

- Eu morei no acampamento grego por anos, senhor. Até... - morrer - quase morrer no Caribe. Depois disso eu comecei a perceber a minha real descendência e... bom, passei por alguns problemas de autocontrole. Peço perdão pelo meu alarde, não se repetirá! Acredito estar pronto e não irei desapontá-lo, senhor. - Prometi, dobrando os joelhos em sinal de respeito e súplica. Dentro de mim, havia a vontade de revisitar o acampamento meio-sangue. Fazia tempo que não via o lago de canoagem ou caminhava pelos campos de morangos. Sentia a falta dos meus ex-companheiros de chalé e amigos. Mesmo assim havia algo a ser feito e não era do meu feitio deixar uma deusa esperando por presunção minha. Algo havia sido roubado e isso poderia implicar em grande perigo.

Passei a mão pelo meu bracelete, sentindo o mar em mim mais uma vez. Sabia que dessa vez não haveria nenhum sacerdote de Héstia para me resgatar do submundo e concluir a tarefa por mim caso algo desse errado. Era necessário lidar com a situação devidamente e provar que agora entendia melhor a essência dos meus poderes. Que não era mais o freguês dos sete mares. Tomando a responsabilidade para mim e com a permissão de Saito, iria até a Primeira Coorte e recolheria meus melhores itens, levando aquilo como uma missão que poderia durar mais do que eu gostaria. Garantiria que teria feito todas as minhas necessidades básicas quando estivesse na coorte, para evitar qualquer empecilho. Uma vez pronto, iria cruzar o portal entre os acampamentos e me dirigir até o chalé de Selene, atrás das instruções que o rapaz havia comentado.

Inventário:

Olhei a minha volta, percebendo os olhares. Por alguns instantes, analisei suas expressões. Diferente do que imaginava, não havia desdém ou malícia. Todos estavam curiosos e me fitavam como se buscassem algo especial. Algo que me fizera ser o centro das atenções nesta vez. Queria que alguém dissesse algo, mas o silêncio foi a única coisa que se projetou. Saito assentiu, concordando em me dar a missão. Meus ombros caíram e eu respirei fundo. Para o bem ou para o mal, iria entrar em mais uma missão. Encarei meu bracelete, sentindo a energia do mar percorrer o meu braço. Prometi que desta vez não falharia.

Cruzei o portal entre os acampamentos, me deparando com o belo cenário noturno do acampamento meio-sangue. Infelizmente, não houve festa para me receber. Os guardas estavam atentos aos meus movimentos, preparados para neutralizar rapidamente qualquer possível ameaça.

- Me chamo Will. Sou filho de Netuno e estou representando o Acampamento Júpiter em uma missão. Estou sendo para tratar de assuntos confidenciais e de urgência. - Mostro a eles o aval do pretor, mantendo uma postura séria e rígida. Centurião ou não, eu ainda era parte da legião e deveria me portar como tal. - Preciso ir até o chalé de Selene imediatamente. Caso tudo ocorra bem, esperava poder chegar até lá e buscar pelo rapaz da imagem ou por qualquer coisa que pudesse me instruir na minha missão. Caso as guardas insistam, iria pedir para falar com o líder dos guardas e dizer que o conhecia. Charlie era um velho amigo. O filho de Ares havia me entregue a armadura que ainda repousava na minha tatuagem e que me protegera nos momentos em que mais precisava.

Percebi que a guarda não fora muito com a minha cara, mas preferi não dar muita bola. Caminhei pelo gramado, observando a luz das estrelas no céu. O cheiro dos campos de morangos invadia até ali, me dando uma sensação de nostalgia. Em poucos minutos já estava em frente ao chalé de selene, criando coragem para bater na porta. Levantei-me pela ponta do pé e ao encostar a mão, me arrependi de imediato. A entrada se abriu e, por mais que não houvesse ninguém a minha frente, algo me puxava, como se eu o próprio chalé me sugasse para algum lugar. Tentei ativar meu bracelete e transmutar meu tridente, mas não conseguia alcançá-lo. Saí sendo arrastado pelo chão, e não aguentei de desespero. Estava tentado a libertá-lo, mas não podia fazê-lo, estava nervoso demais para tomar uma decisão destrutiva como essa. Vi a lareira se aproximar e as chamas me engolirem e por alguns segundos, imaginei ser este o meu fim. Meu segundo fim. Não sabia qual era mais vergonhoso: Morrer colocando perfume ou morrer batendo numa porta. Mas diferente do que esperava, eu não reencontrei-me no Hades. Não sentia o frio da morte e os sintomas de Mors. Senti o calor, mas não havia queimadura alguma. O mundo girava e a visão se torcia, como se tivesse bebido meio litro de sakê na Mess junto a Lorenzo. Forcei-me a suportar aquilo. Com o passar dos minutos a sensação não mudava e meu corpo implorava pra sair dali, mas minha mente tentava manter a calma e buscar uma saída. Não fazia sentido, mas duvidava que com essa sensação reinando dentro de mim qualquer coisa fizesse.
- Vim atrás de orientação e é ela que preciso encontrar. repeti mentalmente, tentando não me perder em meio ao desespero novamente. Fiz o meu mantra, o chamando dezenas de vezes até não conseguir emitir mais. Tudo só passou quando a brisa marinha tocou meu rosto.

Reabri os olhos, tentando entender de onde ela vinha, e a visão que tive não era a mesma de minutos atrás. Parei, zonzo tentando focar na figura a minha frente, sem conseguir dizer uma palavra. O garoto da mensagem estava ali, agora eu conseguia identificá-lo. Parei alguns instantes, tentando fazer as palavras saltarem da minha boca. Virei meu rosto para a paisagem. Não estava mais na lareira do chalé de Selene e sim numa ilha. Vida de semideus tinha dessas coisas.

- Na... nathan? - Bali, conseguindo completar a primeira palavra. Cerrei os olhos e dei um leve sorriso para o feiticeiro. - Eu vim... Aqui... é onde mesmo? - Perguntei, piscando os olhos ainda um pouco desnorteado com o que acabara de passar. Tinha sido uma das piores sensações da minha vida, mas iria superar. - Vim ajudar. -

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O mago não me respondeu, o vi me encarar, como se estivesse vendo além dos meus olhos e começa a me explicar. Se capturam um conhecimento perigoso pode ser . Imaginava o que o grimório escondia. Com base no meu vasto conhecimento de filmes de hollywood, esses livros continham diversos rituais e magias que o mago aprendera no decorrer dos anos. Se a indústria do cinema fosse precisa em relação a isso, imaginava o quão danoso seria o grimório de uma deusa cair nas mãos erradas. Nathan havia me arrastado pelo chalé de Selene como um boneco com facilidade. A deusa dos feiticeiros seria infinitamente mais poderosa. Senti um frio em minha espinha e cerrei os punhos. Não iria permitir que isso acontecesse. Eu não era um feiticeiro, mas faria o possível para recuperar as folhas que faltavam e manter o conhecimento em segurança. Suspirei fundo, começando a idealizar como seria o trajeto até lá. Por ter morado em Nova York por muitos anos, eu sabia que o lago ficava em Kew Garden Hills. Interrompendo meus pensamentos, Nathan mostrou que não era preciso buscar nenhum pégaso. Me rodeando com uma energia prateada, senti meu estômago embrulhar novamente e a visão escurecer. Praguejei em latim acreditando que fosse passar mais minutos naquela dor horrível. Dessa vez não pude me conter, coloquei as mãos ao chão e me estendi para frente, vomitando o meu jantar. Após algum tempo me recuperando, me vi de joelhos frente a entrada de uma floresta.

Mesmo não vendo, conseguia sentir a água. Me pus de pé e fui na sua direção. Transmutei meu tridente, amplificando meus poderes e sentindo-o ainda mais forte. Como estava a noite, não achava que fosse encontrar alguém fazendo um passeio por lá. Bom, ao menos não mortal. Ficaria atento aos meus outros sentidos,como sons de movimentação e movimentos em arbustos. No caso de visualizar algo realmente estranho, manteria uma postura defensiva com a minha arma, tentando não parar para cada esquilo que se mexesse na mata. Estava empenhado à me aproximar da água. Caso fosse de encontro ao rio, afundaria até a cintura, ordenando as correntes que me mantivessem parado, desviando o fluxo da água de meu corpo. Faria isso para ter ideia das minhas coordenadas marítimas e ter certeza que estava no lugar certo. Mesmo me sentindo melhor estando na água, não baixaria a guarda a nenhum momento.

Considerar:
Nível 2 - Habilidades Aquáticas: O herói poderá se movimentar livremente na água tendo grande velocidade e perícia, além de ter uma visão aguçada quando submerso, com percepção também de variações térmicas. O efeito é potencializado de acordo com o nível.
Nível 5 - Tridente: Possuindo um tridente, o filho de Netuno tem seus poderes sobre a água aumentados, melhorando todos os poderes baseados neste elemento.
Nível 9 - Perícia com Lanças [Intermediário]: Confere nível de perícia [Intermediário] para a perícia com Lanças. Permite que o herói treine suas outras perícias até o nível [Intermediário].
Nível 11 - Filho do Mar: O herói agora sente o Mar dentro de si, e pode usá-lo para melhorar suas habilidades.



Nível 2 – Regeneração de Luna I: Os filhos de Magia possuem uma ligação incomum com a magia, a noite e a lua. São capazes de recuperar energia mais rapidamente que a maioria, recuperando 5% de WIS por Rodada. Quando estão sob a luz da lua esse valor é acrescido de mais 3%.

Nível 5 – Especialização Elemental I: O filho de Magia escolhe um dos cinco elementos (Ar, Água, Terra, Fogo e Trovão), e especializa-se nele. Recebendo bônus em dano e controle sempre que o usar, além de gastar 10% de WIS a menos em energia em habilidades com este elemento. (O personagem deverá colocar na ficha qual é o elemento escolhido) (+5% DO WIS QUANDO USADO COM ELEMENTO ESCOLHIDO). O semideus também pode criar UMA Habilidade Única Extra relacionada ao seu elemento Especializado para este nível.