Descobrir que era filho de uma deusa romana certamente muda a forma como você vê o mundo. Você sonha em se formar, comprar uma casa, um carro, formar uma família, talvez, viajar e conhecer o mundo. E aí, de repente, todas essas expectativas padrões se destroem diante dos seus olhos. Você começa a se preocupar com coisas tipo "será que eu vou morrer logo?", "o que eu vou enfrentar hoje?" e a vida se torna completamente imprevisível. Tão imprevisível que hoje estava participando de algo que chamavam Jogos de Guerra, seja lá o que isso for. Pra ser sincero, não era o que eu imaginava pra uma primeira atividade no acampamento. Tinha em mente algo mais clássico, como luta com espadas, treinos de resistência ou sei lá. Mas tudo bem, não iria reclamar. Me vesti com o elmo e o peitoral de couro que havia ganhado ao me juntar ao acampamento, algumas poções dentro da mochila e finalmente, a espada que havia ganhado da minha mãe. Era parecida com uma katana, mas um pouco menor, e, bem, era encantada. Não sabia dizer os detalhes, mas a lâmina emanava um brilho azul claro e era extremamente fria, mais do que o suficiente para gelar qualquer bebida em um churrasco - ou até mesmo a piscina.

Então, parti para o local combinado onde os jogos aconteceriam. Não sabia o que esperar, então decidi ir bem equipado. Quando cheguei, fiquei feliz de ter tomado essa decisão. Haviam semideuses espalhados por todo o canto, o que me fez questionar se aquela quantidade toda de gente estava realmente no acampamento. A Quinta Coorte, a qual eu pertencia, estaria encarregada da defesa do forte. Era uma estrutura reluzente, feita de algo que parecia muito ser ouro mas que dadas as circunstâncias, achei que fosse algo a mais que isso, talvez um ouro divino? Semideuses cochichavam sobre o que estava prestes a acontecer, outros permaneciam calados em seus postos. Não sabia dizer se por medo ou confiança pura. Finalmente, me encontrei com Léon, o centurião da Quinta Coorte e ele me passou o que eu deveria fazer, embora não parecesse gostar muito das ideias provavelmente sugeridas pela outra semideusa ali. — Kyle, vamos cuidar dos mais fortes primeiro. Precisamos que você cuide dos que são menos conhecidos. Mas entenda, menos conhecidos não significa mais fracos. Precisamos que você defenda esse forte com a sua vida. Posso confiar em você? — Disse ele, aguardando uma resposta minha. Claro, em todos esses anos que passei sem saber de minhas origens, ninguém procurou por mim, mas agora que precisavam da minha vida para defender algo...
— Claro que sim. — Assenti, segurando firmemente o cabo de minha espada gélida que repousava em sua bainha presa do lado esquerdo da minha cintura. Eu era novo ali, então fazia muito sentido que ele me desse uma tarefa um pouco menos importante do que a de semideuses mais poderosos. Espero poder contar com você. Pensei, esperando que minha mãe pudesse de alguma forma ouvir meus pensamentos. Me posicionei em meu posto, aguardando o início dos jogos.