Quando ouviu seu nome sendo chamado, Henry tirou os olhos da revista de moda e se levantou. Estava sentado em um sofá confortável na sala de espera dos competidores, aguardando sua hora de brilhar. E finalmente tinha chegado.

Passou por um espelho mas não se deu o trabalho de olhar. Era perda de tempo, uma vez que estaria deslumbrante de qualquer jeito. Caminhou pelo corredor de pedra indo de encontro ao fundo brilhante da arena, sentindo o ar frio da noite soprando para dentro enquanto os portões de bronze sólido eram erguidos por correntes.

O cheiro de pipoca e nectar recheavam o ar. Mesmo lá de baixo, Henry conseguia sentir. A plateia gritou vivas e cartazes foram erguidos, alguns dizendo "Case-se comigo!", outros "Morra", e um em particular, segurado no alto por um grupo de corvos, dizia "Assuma nosso filho!".

Papai noel começa sua apresentação, enaltecendo a beleza e experiência do participante. Mas que ele era bonito e um veterano do acampamento, todos já sabiam, especialmente o próprio Henry. Os olhos do garoto estavam cravados nos portões do outro lado, que acabavam de se abrir.

- ... e do outro lado, temos Shaco, o Bufão Demoníaco! Evitem fazer contato visual direto com esse aqui, pessoal!

De dentro sai uma verdadeira carreata de aberrações. Uma carroça puxada por um porco surge. Pintada de várias cores aberrantes e com vuvuzelas e tambores soando música circense, o automóvel adentra a arena dirigido por um estranho homem vestido de palhaço. Macabro.

Spoiler:

O homem faz uma pirueta e salta para fora da carruagem. Ele finaliza o salto com uma reverência e sorri para Henry, que sente felicidade, excitação, malícia e loucura emanando de sua mente.

- Olá! Que tal um truque de mágica?

Ele ergue um punhado de cartas e mostra para Henry.

- Por que não escolhe uma carta?

- Os competidores estão a 20 metros um do outro;
- Postar equipamentos e skills a serem consideradas, o de sempre;

Vou para o evento de natal quase no natal do ano seguinte com uma cara bem sonsa.

Na arena, percebo que existe uma personificação caótica, visto que meus radares sentem um misto de emoções completamente distintas ao mesmo tempo, o que me leva a uma percepção de perigo, devido a tamanha inconstância de sentimentos emanados pelo que quer que seja aquilo.

Ele me pede para escolher uma carta. Olho pra ele com cara de e respondo tranquilamente:

- Sim. Quais opções de cartas tem aí pra eu poder escolher?

Claro que, eu não estava nem um pouco interessado em escolher carta nenhuma, e sim em ganhar tempo para analisar a criatura com minhas [Lentes do Desordeiro]. Tento puxar conversa antes de algum movimento de ataque, e sempre me mantendo atento aos arredores e usando meus radares de emoção para ter uma noção de sua localização e possíveis ações com minhas habilidades de leitura.

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O servo de Éris pode utilizar-se dessas lentes de contato para adquirir a informação de alguma fraqueza mental do inimigo, como traumas, medos ou mesmo a lembrança de algum conflito que ficou guardada na memória do alvo. Ela deve ser informada pelo narrador na rodada seguinte do uso e poderá ajudar o servo de diversas formas, como na hora de persuadir, enfraquecer ou mesmo causar caos e desordem, por exemplo. Requer 1 rodada de observação onde não poderá ser realizado nenhum ataque, não pode ser usado em PvP, só poderá ser usado 1 vez por narração, e obviamente o usuário tem que ter contato visual do alvo.
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O garoto devolve a pergunta para o bufão e ele olha para as cartas que tinha na mão, parecendo desamparado.

- Hãa... Agora você me pegou. O meu barralho só tem coringas! RIARIARIARIARIARIARIARIARIA!

O palhaço se dobra de rir enquanto joga as cartas para cima, criando uma chuva de coringas à sua volta. O filho de Afrodite observa a figura, focando-se através de suas lentes mágicas apelonas e buscando por vestígios de um passado obscuro. O oponente olha para ele, sorrindo, eseus olhos se cruzam. Os abismos se encaram, e a loucura dentro deles olha de volta para a outra. Henry ouve um som agudo nos ouvidos enquanto o homem muda diante de seus olhos. Suas roupas, sua aparência, o cenário à sua volta. As lentes refratam na visão do semideus diversas imagens de um tempo distante.

Corpos surgiram em volta do palhaço. Esfaqueados, rasgados, decapitados, enforcados. Reis, rainhas, camponeses, semideuses, espíritos... Amontoavam-se à volta da criatura enquanto sua aparência mudava, retratando diversas épocas, anos, erasque passaram-se perdidos em assassinato. Henry percebeu que as feições no rosto da criatura tornavam-se cada vez menos aterrorizantes enquanto as lentes regrediam no tempo em sua visão. Como se ele estivesse mais jovem, menos louco. Até que por fim, os corpos sumiram, deixando-o com a visão de um Shaco menor, de olhos e sorriso esbugalhados em medo e divertimento, diante de uma figura escura que o tinha dentro de um círculo de invocação. Cadáveres cercavam o círculo, fornecendo sangue para o ritual que havia invocado a jovem criatura demoníaca a este mundo.

Naquele Shaco jovem, Henry viu desorientação e a semente da loucura. O início de uma vida sem rumo, onde apenas o tédio aguardava enquanto não estivesse fazendo aquilo que nasceu para fazer; matar. E com não muitas tristezas ou arrependimentos; apenas o ódio de não ter matado quem o invocou neste mundo e a ira do tédio que lhe acometia quando não fazia ou conseguia o que queria.

A visão desapareceu e Henry estava mais uma vez diante de um palhaço risonho que enxugava as lágrimas dos olhos enquanto as últimas cartas espiralavam até o chão. Ele ergue uma faca e diz.

- Você parece meio distraído, amigo... Está pensando em qual carta vai escolher, ou só quer morrer, mesmo?

Henry não conseguia ler através de sua mente enquanto se recuperava da visão, mas o sorriso sujo de malícia que a criatura lhe deu foi suficiente para ativar os instintos de luta adormecidos em seu corpo. Henry pula para o lado sem saber exatamente o porque, mas mesmo sua reação sobrenatural não o salvou da dor aguda nas costelas. Ele recua de um salto e ao olhar para trás, vê Shaco parado ali, com uma adaga ensanguentada na mão.

- Surpresa! RIARAAIRIARIARIARI!

- Você pegou ele! - Grita o outro Shaco, maravilhado.

- Não, você pegou ele!

Eles riem como crianças assistindo Pica-pau. Henry não havia percebido a aproximação da segunda figura, que parecia ter simplesmente surgido do nada. Ele agora conseguia sentir sua mente, embora antes a presença do primeiro Shaco e a visão o tivessem distraído. Divertimento, ansiedade e uma cruel vontade de causar dor emanam de ambos os oponentes.

O corte em suas costelas (se estiver de armadura, considere em uma brecha) sangrava levemente. Mas o que preocupa o garoto é a estranha sensação de dor e calor que começava a se espalhar no local.

Recuando ligeiramente, Henry avalia seus inimigos enquanto bola mais um de seus planos maléficos. Shaco 1 cantarola a musica do Patati Patatá enquanto cutuca a carroça onde ele estava, puxando e jogando vários objetos aleatórios para fora enquanto procurava alguma coisa. Ele joga uma bicicletinha de criança, umas latas de coca, um puff fofinho e uns bonecos do superman pra fora da carroça até encontrar o que queria; umas caixinhas de 15x15cm, estranhas e enfeitadas com decorações circenses.

Ele olha pra Henry, feliz, enquanto o filho de Afrodite se desculpa cordialmente, entrando no clima do palhaço. Com poucas palavras, Henry fala sobre o passado de Shaco e o bufão o encara, o rosto estático como uma máscara. Então os cantos de seu sorriso começam a tremer e subir mais. Seus olhos se curvam como duas luas deitadas, e ele salta para o chão à frente da carroça,começando a caminhar em direção ao semideus lentamente.

Ehenry percebe que seu sorriso não era felicidade. Ume xpert em ler expressões, ele nota que era apenas um tique nervoso, uma reação à seu estado mental, como se não tivesse controle sobre seus músculos faciais.

- Você. Fale. Fale. Fale, agora.

- Fale - Fala o outro Shaco, aproximando-se também.

O Shaco 1 começa a derrubar as caixinhas no chão. Umas chaves atrás delas começam a se enroscar sozinhas, dando corda às pequenas caixas que começam a emitir uma musiquinha de circo medonha. Ele aperta uma das caixas em sua mão e a estoura. Dos destroços da caixinha, sangue escuro escorre junto aos cacos que ele joga no chão e pisa, não deixando o semideus identificar o que havia dentro. Uma energia macabra enche o ar e Henry sente uma onda de sentimentos negativos que o deixam cada vez mais nauseado à medida que seus inimigos se aproximam.

Ira, dor, remorso, ansiedade e uma alegria doentia emanavam dos dois demônios. Outras sensações que certamente não eram humanas misturavam-se às primeiras, deixando Henry confuso e enjoado enquanto absorve aquelas emoções demoníacas e inumanas, que faziam seu corpo tremer e sua língua secar, tornando difícil falar.

Os shacos continuam seguindo na direção dele. O primeiro, soltando caixinhas a esmo, pisando em uma ou duas logo após jogá-as no chão, sentindo um ínfimo alívio em sua angústia ao ver o que quer que houvesse ali dentro morrer. Henry percebia que tudo o que o bufão queria fazer naquelemomento era saltar e causar-lhe toda a dor possível,por estar fazendo-o lembrar de seu passado, por trazer esta ansiedade de volta à tona. Uma vontade desmedida de ferir, junto a uma ânsia incontrolável em sacuar sua curiosidade, em saber o que precisava há tanto tempo que por vezes se esquecia.

O Shaco 1 está a 13 metros e o 2 a 15.