Eu adoro a noite. De alguma forma, me sinto atraído pela escuridão e pelo silêncio dela. Silêncio, algo difícil de conseguir naquele lugar. Os outros garotos, como eles se chamam mesmo? Campistas! Os outros campistas parecem demônios durante o dia. Falam, brigam e aprontam uns com os outros. Não me sinto bem ali. Por isso, gosto de ficar acordado até tarde. A noite sempre é perfeita, mas esta foi diferente.

Sinto a presença atrás de mim como se uma mão gelada fosse colocada na minha nuca. Meus pelos se arrepiam como um gato ouriçado. Em um segundo, estou olhando para onde a presença estava. Nada.

-Olá Akin. - Meu coração para. A voz tinha uma tonalidade média. Como a de um adolescente, mas me provoca arrepios. Me viro e ali está a presença.

Um garoto completamente branco, como a pele de um defunto recém maquiado para o enterro.

Ele pareceu surgir das sombras da cabeceira da cama e está sentado nela. Uma capa ele tem nos ombros e por um momento não consigo definir se ele está usando uma capa de pano ou está usando as sombras do quarto como capa.
Depois de um tempo no acampamento, era de esperar que eu já estivesse acostumado a coisas estranhas, mas ainda assim me surpreendo.

-Se acalme, não faça barulho. -Continua o garoto com o mesmo tom de voz sereno e se sentimento. -Preciso da sua ajuda Akin, vamos para um local mais reservado.
"Puta merda, o que é agora?"
O garoto parece flutuar pra fora da cama e atravessa a porta como se ela não existisse.

-UAU!- Ok, nada vai me surpreender agora. Eu vi um garoto atravessando uma porta de madeira. Uma porta de madeira!!

Ele não parece se importar se vou seguí-lo ou não, ou talvez ele não esteja me dando o direito de escola. Penso tudo em um segundo e decido seguí-lo.
"Minha vida já esta virada mesmo" penso.
Sigo para a porta e vejo o cinto com as bainhas de duas adagas simples que estou aprendendo a utilizar nos treinos em cima do criado mudo ao lado da cama. Será que vou precisar delas?

-Nesse lugar de loucos, é melhor estar preparado. Mesmo que seja inútil tentar se preparar...-
Pego o cinto e visto. Me viro para a frente e dou de cara com a porta.

-Ufs, esqueci que ainda não sei atravessar portas...

Massageando a testa, mexo a maçaneta, abro a porta e saio.

Definição sobre mim. Eu odeio colinas!
Por que esse lugar tinha que ter tantas? Depois de procurar na penumbra da noite, sem entender pq não encontrava o garoto até avistá-lo no topo da colina.
"Como ele chegou lá tão rápido?"
Mais coisas estranhas sobre esse lugar. Me dirigi ao garoto quase morrendo depois de subir a colina.
O tom da sua pele era incrivelmente diferente, não conseguia não olhar pra ele, mas algo chamou mais a minha atenção. O crucifixo no seu pescoço.
"OK, o vampiro é religioso. Que legal..."
Além disso, ele estava com uma espada incrivelmente linda na mão. Algo naquela espada me pareceu familiar... Ela parecia feita de sombras e escuridão. Tinha ouvido falar de uma espada como aquela, mas não lembro qual era o assunto da conversa.
-que bom que veio Akin- ele começou. Falou sobre ele, Stephen era seu nome, e do que ele era. Essa parte não entendi muito bem.
Ele falou sobre almas desaparecidas, um radar, (what???), Tânatos e seu pai. Sabia quem era tânatos. Os garotos do acampamento contavam histórias deles, mas quem era o pai do garoto?
Ele continuou falando. Contado do lugar onde ele achava que as almas estariam, mas n podia entrar.
"Claro, já sei exatamente o que vou precisar fazer..."
Ele contou no que eu teria que ajudá-lo. Entrar no lugar e retirar símbolos. Me pergunta se entendi e espera a resposta. Demorei um segundo para perceber que a resposta que ele queria era também minha confirmação em participar disso tudo. Os pensamentos vieram a toda.
"Que merda eu vou me meter agora? Eu acabei de chegar, nem consigo acreditar que sou filho de um deus e já tem esse garoto querendo me levar..."
A apreensão em mim era palpável, mas vinha também com um desejo de me provar. Instintivamente toquei o cinto das adagas e me senti mais confiante.
-Entendi!