Sleeping Beauty!

Hiro não entendia muito bem o que estava vendo.

Não tinha muita noção de onde estava ou como fora parar ali, mas tinha quase certeza de que não tratava-se de um local real, ao menos, não tinha como ser um local real.

Parecia um castelo, ou, ao menos devia ser. Torres pareciam ter se partido de dentro para fora e, de suas rachaduras, brotavam grossos cipós espinhentos, que se espalhavam em ramos quase infinitos pelo castelo.

Guerreiros pareciam ter sido empalados por ele ou talvez por coisa pior. Os salões estavam vazios e esqueletos pareciam se espalhar por todo canto. Embora já tivessem passado da fase putrefação, o odor repugnante permanecera no ar, como se jamais pudesse ser retirado dali.

Andar por entre a planta que consumia a construção não foi fácil, mas ele continuou, mesmo sem entender bem o porque. A torre mais alta estava ainda semi-intacta, com uma luz bruxuleante dançando na janela de seu último andar. Certamente alguém estava lá.

Quando entrou, tudo que viu foi um leito, com véus translúcidos, encobrindo o homem mais lindo que o semideus já vira dormindo como um anjo. Lençóis de seda lhe cobriam a nudez, mas muito parcamente, podendo vislumbrar aqui e ali o corpo perfeito do rapaz de cabelos encaracolados e bochechas rosadas. Os lábios eram vermelhos e inchados, como se tivesse chupado muitos morangos.

— Lindo não é? — Disse a voz atrás de si.

Uma mulher tão alta quanto o semideus, de expressão firme e traços bárbaros. Portava um vestido prateado, que lhe caía como uma luva, acomodando suas curvas sensuais. Uma mulher de corpo maduro e bela. Sua pele era alva e seus olhos pareciam duas luas cheias. Absolutamente lindas.

Ela girou e sentou na cama, acariciando o rapaz com carinho. Ele se mexeu, como se prestes a acordar, mas, provavelmente morpheu não tinha a menor intenção de deixá-lo e ele voltou a ressonar. Hiro notou o fio de esperança no olhar da mulher e a dor ao vê-lo escapar por entre seus dedos novamente.

Quando ela voltou seu olhar para o garoto, estava carregado de amargura e cansaço. Quantas vezes será que ela havia passado por aquilo?

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O garoto estava com confuso com o sequestro repentino, embora isso fosse algo bastante comum para semideuses, mas a aura magica que deslrendia da entidade a sua frente era tão densa que por um segundo o deixou completamente tonto, quase como se tivesse tomado uma descarga. Mas a mulher estava com pouca paciência para a enrolação comum do drama olimpiano, especialmente com o tempo que havia passado.

— Direto ao ponto... — Disse, contornando as feições do adormecido com seus dedos compridos. — Esse é Edmião, meu amado...Zeus lhe concedeu um desejo e ele pediu o sono eterno... — Ela falou e havia dor em seu semblante. O jovem reconheceu a história em seus registros de semideus: Estava diante de Selene. — ...Desde então, venho usando meios para tentar tirá-lo desse estado, mas desfazer o encantamento não é algo fácil.

Ela se ergueu e andou até o garoto, serena e majestosa. Suas orbes prateadas estavam totalmente fixas nos olhos do filho de Hecate. Ele percebeu que havia aquela esperança mínima por trás de todo aquele sofrimento romântico. Isso geralmente queria dizer que algum semideus morreria para que os deuses ficassem felizes.

— Recentemente, um culto conseguiu capturar um dos filhos do Sono. — Ela falou e o ar ao redor do garoto pareceu gelar um pouco mais, como a temperatura que cai vertiginosamente durante a noite. — Sua missão será trazer para mim uma das penas da asa dele. — Ela entregou um pequeno rubi ao garoto. — Quando conseguir pegar a penas, apenas aperte o rubi e ele te trará de volta do esconderijo do culto.

Ela se afastou novamente, voltando ao leito de seu amado e meneou com as mãos.

Hécate acordou em seu chalé, um rubi em sua mão direita.

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Empolgado com o comunicado especial de uma deusa que muito admirava, Hiro se prepara para sua empreitada, armando-se até o dia dentes com isso.

Dentro de sua mochila, o garoto se deu conta que um papel estava cuidadosamente enrolado em suas coisas e, ao abrí-lo, Hiro percebe que trata-se de um mapa. O garoto consegue sentir a forte influência mágica de seu sonho nele e deduz que Selena estava lhe dando as indicações de por onde começar sua viagem.

O mapa indicava o desenho do é um punho erguido aos céus em meio a uma floresta, próxima as imediações do acampamento.

Bem onde o mapa indicava o destino um Deltas estava desenhado.

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O mapa leva o filho de Hécate até a entrada do labirinto, onde ele identifica a pedra com o símbolo do Delta e a pressiona, de forma que os tijolos se contorceram e abriram magicamente uma passagem para ua entrada escura, que descia subterrâneo adentro. Conforme o menino entrava nas entranhas da terra o ar ia ficando mais bolorento e incômodo, até que por fim se viu em um comodo gigante onde várias outras entradas dava acesso para várias outras galerias.

Havia, no entanto, várias presenças mágicas ao redor do garoto, o que estava dificultando sua precisão de leitura mágica que já não era exatamente muito precisa.

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Hiro confere o local com certa cautela e, quando resolve analisar o mapa, ele queima em sua mão, brilhando intensamente em uma luz roxa. Então a pele de seu peito queimar e cai de joelhos diante da dor, sussurros cada vez mais ininteligíveis começam a bombardear seus ouvidos com certo ardor durante alguns segundos e então o silêncio.
Em seu peito, uma tatuagem havia sido implantada, com a marca de uma lua que ficava mudando de fase cada vez que ele olhava.

O caminho a gora parecia mais claro para é as rotas que apareceram antes foram desaparecendo, até sobrar apenas uma. Ao se aproximar, o garoto percebe que um leve véu translúcido cobre a entrada e, com uma rápida olhada o semideus percebe que trata-se de uma barreira azulada. Ao redor da porta, pequenos flocos de gelo se formavam.

O garoto sabia bem que deveria atravessar a barreira para chegar ao seu destino, mas como?

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