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Herois do Olimpo RPG

Fórum de Mitologia Grega baseado em Percy Jackson e os Olimpianos e Os Heróis do Olimpo!


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Hades

Hades
Deus Olimpiano
Deus Olimpiano
A melodia dedilhada com perfeição ecoava pelo Acampamento, dando ao por do sol uma trilha sonora misteriosa e levemente triste. Mas ainda assim, dotada de uma beleza profunda e melancólica. As náiades estavam com as cabeças para fora d’água, os pássaros faziam silêncio completo nos bosques, os esquilos, gaivotas e corujas pontilhar a beira do lago, atraídos pela canção. Muitos estavam parados em suas atividades no Acampamento, distraídos pela música misteriosa.



Na beira do lago, uma dupla “solitária” estava cercada de ouvintes pequenos e silenciosos. O mais velho, loiro e de pele bronzeada, tocava sua lira com maestria e encanto, enquanto o outro, um garotinho de cabelos negros e pele pálida, distraidamente saboreava as notas deitado sobre o galho de uma árvore, balançando uma perna ao vento melodioso. Desde sua última missão no Acampamento, enfrentando uma anomalia mágica que havia destruído as barreiras e debilitado boa parte dos semideuses, o grão-feiticeiro havia sido chamado novamente para fornecer Pedras da Lua para a engenhoca mágica criada por Roran para reparar as barreiras.

Enquanto aguardava a noite chegar para começar seu trabalho, tinha ido de encontro ao seu velho amigo. Tão opostos, mas tão ligados; um se despedia do sol com uma canção, enquanto o outro aguardava a lua para uma saudação.

Um pássaro se aproximou e pousou sobre o joelho do garoto na árvore. Nathan reconheceu a figura como um pequeno periquito australiano. A figurinha o encarou com os olhos negros e miúdos, e voltou a observar o músico abaixo deles, sentado sobre a grama aos pés da árvore.

Observei a cena por um momento, distraído pela canção. Que ironia. Canções haviam me levado até ali, e uma canção encontrei ao chegar. E que canção… Incomodado, dei-me conta que estava, como os mortais, sujeito ao jogo das parcas. Ironia uma ova, aquilo era só mais um script nas mãos d’As Tecelãs.

Aproximei-me a passos lentos e leves. Incógnito, incólume, vazio. Passei pela plateia de esquilos sem alertá-los, embora apenas caminhasse ao seu lado. As criaturinhas jamais perceberiam minha presença. Ao som da música, me aproximei da árvore, até que senti a necessidade de parar a alguns metros dela. Olhei para o jovem em cima do galho e pude perceber, surpreso, que se eu desse apenas mais um passo, ele me notaria. Ergui uma sobrancelha, admirado mas, ainda, contrariado. Não estava acostumado a encontrar pessoas como aquelas, semideuses daquele nível. Na verdade, não estava acostumado a ser notado sequer pela maioria dos deuses… Tão poucos tinham a força de superar sua mortalidade, e tão poucos continuavam vivos depois disso… Ali, diante de mim, podia ver duas jóias esculpidas, tão brilhantes quanto as ametistas em meus jardins.

Levei a mão à cabeça e retirei meu elmo. Imediatamente, o garoto sobre a árvore ergueu o corpo, virando-se para me encarar nos olhos com um frieza afiada e calculista. O outro também se virou, sem deixar de tocar sua canção perfeitamente executada, e assim permanecemos até o fim da música, ponto em que os animais começaram a debandar, de repente livres de um transe quase enfeitiçado.

- Foi uma linda música - Falo para o jovem bronzeado sentado na grama - ela tem um nome?

Olho ao redor, suspirando profundamente. O sol se punha no horizonte junto com a melancolia deixada no ar pela música. O pequeno periquito dormia sobre o joelho do filho de Hécate, e era o último animalzinho restante da inusitada plateia que havia debandado.

Aos poucos, metro a metro, a lua subia no céu. E consigo trazia as sombras que grudam ao meu corpo quase que irritantemente.






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#1

Ω Enzo Stark

Ω Enzo Stark
Filho(a) de Apolo
Filho(a) de Apolo
Não é uma novidade que meu hobbie no acampamento sempre foi tocar lira no lago de canoagem. Não sei o motivo, mas o local costuma me passar um ar de tranquilidade que não condiz com a vida de um semideus. Talvez por não ser tão movimentado quanto outras áreas do acampamento como a fogueira, o refeitório ou as arenas. Geralmente quem ocupa o espaço são os poucos filhos de Poseidon que vivem no acampamento, mas aos finais de tarde, geralmente fica vazio e eu consigo tirar o meu próprio tempo de lazer, por assim dizer.

Neste dia no entanto, eu estava acompanhado de Nathan, observando o por do sol com a presença dos animais como plateia. Eu estava improvisando uma melodia em minha nova lira, agora evoluída e muito mais poderosa que sua versão anterior. Mesmo com maestria em habilidades musicais, o instrumento parecia requerer algum tempo de adaptação, dada sua natureza aparentemente simplista, e que na verdade era extremamente complexa.

O sol ia se pondo e aos poucos os animais se retiravam até que uma presença chama a atenção durante os dedilhados nas cordas. Apesar de já ter ido algumas vezes ao submundo e saber de sua influência em diversas missões, era a primeira vez que eu o via pessoalmente. O elmo que era capaz de conceder invisibilidade faziam com que qualquer dúvida sobre sua identidade fosse eliminada quase que instantaneamente. A figura que parecia se misturar com a penumbra parecia estava há algum tempo nos observando e teve a cordialidade de esperar a melodia se encerrar antes de começar a interagir. Honestamente fiquei em dúvida se aquilo era uma questão de etiqueta ou se estava admirando a canção, mas dada sua observação e questionamento, fico com a segunda opção.

- Agradeço o elogio. É uma composição nova, ainda sem nome.

Desço da árvore em um salto ainda com a lira em mãos e observo a imagem do deus que governa o submundo, e não deixo de me questionar sobre o motivo dele estar aqui em pessoa, uma vez que mesmo dentre as divindades olimpianas, aquela era de longe a mais isolada e que menos aparecia em nosso mundo. A crise da anomalia mágica estava resolvida e aos poucos o acampamento estava se reestruturando, mas é claro que este não seria o motivo para faze-lo vir à superficie. Permaneço calmo e aguardo a interação que virá em seguida.



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"Dias felizes não existem, existem apenas dias em que você sorri mais que os outros."
#2

λ Nathan Fowl

λ Nathan Fowl
Filho(a) de Hécate
Filho(a) de Hécate
Me perco em meus pensamentos enquanto me deito no galho ouvindo o agito das pessoas abaixo de mim que se aconchegavam para ficar próximos da música de Enzo. Havia sido uma batalha árdua contra aquela amoeba mágica, era bom desfrutar desses momentos no acampamento, era tudo muito nostálgico. Já fazia muito tempo desde que eu havia me mudado para me tornar um feiticeiro e agora eu era imortal também, o que tornava essas memórias mais distantes ainda...

Vazio gélido... Essa sensação familiar entra em meus sensores mágicos e rapidamente me posto de pé no galho, olhando atentamente na direção em que eu sentira, esperando que sua presença fosse percebida pelos meus olhos. Lá estava ele, com seu elmo em mãos e o olhar escurecido de sempre, Hades... Fazia algum tempo desde que eu o vira da última vez, o que raios ele estava fazendo ali?

- Mi Lorde!, quanto tempo... A que devemos a honra de tê-lo por aqui? - digo enquanto faço uma reverência debochada com a cabeça. Eu ainda não havia superado a minha última ida ao mundo inferior onde tive que limpar o jardim do deus dos mortos para que Tanatos ganhasse os creditos.

#3

Hades

Hades
Deus Olimpiano
Deus Olimpiano
Ouço a resposta do filho de Apolo e aceno com a cabeça em resposta. Olho pro outro garoto, ainda em cima dum galho e saudando-me com uma estranha mesura. Mudo o peso entre as pernas, desconfortável. Sarcasmo? Eu nunca sabia dizer o que aqueles jovens estavam pensando. Ainda mais aquele ali, que não falava em um tom condizente com sua idade.

Estreito os olhos para o garoto.

- Eu conheço você - Falei, focando minha visão para além de seu corpo, enxergando a alma sob a casca de carne. Estava mais escura... Mais vemelha. Mais antiga e mais rala do que antes, mas eu certamente reconhecia aquela essência - Filho de Hécate. Você mudou. Seu humor parece arredio como da última vez.

Passo os dedos pela testa, lembrando-me da última visita do garoto ao submundo. Talvez eu devesse mandá-lo pastar pra longe dali e dar a missão apenas ao filho de Apolo. E, talvez... Mas um filho do Sol certamente poderia fazer uso de um filho de Hécate em uma missão ao submundo. Como um descendente direto de uma deusa ctônica, o garoto seria de mais ajuda do que o comum.

- Eu vou direto ao assunto, já que perguntou. Estou aqui pelo único motivo que leva um deus a procurar um semideus, claro - Falo sem me dar ao trabalho de pensar em rodeios. Eles sabiam como funcionava, então sigo com um sorriso - Eu quero um serviço, e vocês são mercenários que se encaixam nos requisitos, é apenas isso. Podem aceitar ou não. Mas por acaso sou o deus das Riquezas, e vocês podem descobrir que isso não se refere apenas a fortuna.

Faço meu elmo afundar no meu Manto das Almas para ficar com as mãos livres e então puxo do mesmo duas pequenas pedras brancas, as quais solto no ar e permito que flutuem até os garotos, uma para cada. Criadas com pedras selecionadas do meu jardim pessoal, as pedras eram peças de magia única no mundo.

- Vocês devem conhecer o mito de Orfeu... O velho músico que se perdeu no submundo. Ele já morreu há eras, mas sua alma jamais reencarnou em outra, como seria de costume. Um cara estranho, aquele lá... Ainda custo a acreditar que era apenas um mortal. Mas enfim. Ele se perdeu, ou algo do tipo - falo, balançando as mãos - mas isso nao é tão simples como parece. Aquele lá... Ele causa comoção onde vai. E atrai almas onde vai. A música dele tem uma estranha magia que interfere com meus domínios, e interfere com a vida e a morte. Estou sentindo há semanas o desvio de almas de seus fluxos normais, e até mesmo o renascimento dos monstros tem acontecido de forma errônea... Ao invés de ressurgirem no Tártaro, estão sendo desviados e renascendo no Submundo. Vocês sabem o que é ter de mobilizar uma equipe inteira de esqueletos para limpar cocô de minotauro de seus jardins?

Trinco os dentes, lembrando-me do cheiro. E então suspiro. Tudo isso poderia ser resolvido facilmente, claro. Era só atravessar a alma do pobre coitado Orfeu com minha lâmina e ela jamais voltaria a causar problemas. Mas ele já estava lá há tanto tempo... Por vezes, eu me perguntava se aquela brincadeirinha com ele e sua esposa não teria ido longe demais. Evito um sorriso torto, lembrando-me do sádico divertimento de meu castelo, enquanto o observava correr e tocar sua música tão desesperadamente tentando salvar a alma de sua esposa. MAs eu tinha lhe dado esta oportunidade com apenas uma condição; não olhe para trás. Por que ele tinha olhado? Que burro. Mas mesmo depois de morto, seu ego era forte o suficiente para conservar suas memórias e assim, ele continuou a tocar sua música dos asfódelos, dia após dia.

E que música... Em certo momento, peguei-me em uma rotina inesperada; vez ou outra me via caminhando até os limites do castelo de onde podia escutar sua melodia. Sempre triste, mas sempretão bela... Parecia a trilha sonora perfeita para um lugar desolado pela dor, pela perda e pela morte, mas ao mesmo tempo carregado de tanta beleza como era o submundo.

Voltei minha atenção ao presente.

- Eu quero que o encontrem. E que o façam parar... Talvez já tenha passado da hora dele seguir em frente. Por bem ou por mal, ele causa caos demais para continuar livre como quiserno submundo. Uma alma com ego é sempre uma dor de cabeça cedo ou tarde. Bom, se vocês forem, basta comer essaspedras. Se não, plantem-as... E vão virar umas flores bonitinhas.

Aguardo a reação dos garotos, me perguntando o que teria para comer no refeitório. Será que alguém queimaria umas torradas para mim?






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#4

λ Nathan Fowl

λ Nathan Fowl
Filho(a) de Hécate
Filho(a) de Hécate
- Fazer parar...parar ou parar? Falo num tom claramente incrédulo que mais uma vez Hades vinha oferecer trabalho que ele tinha preguiça de fazer por si. - E desde quando eu sou um mercenário, Mi Lorde? Assim você me ofende. Já não é a primeira vez que vamos ao submundo limpar seus jardins e da outra vez nem pedi nada. Eu não tava sentindo muito confiança na proposta do deus dos mortos, ele claramente estava usando a gente e sua cara nem tremia em assumir isso, na frente de todos.

Me desço da árvore o mais rápido possível para me postar próximo a Hades afim de analisar o que ele tinha mais a dizer. - E o que exatamente posso fazer com a pobre alma de Orfeu? E claro, já que me tratas como mercenário, o que está disposto a oferecer por tal trabalho?

#5

Ω Enzo Stark

Ω Enzo Stark
Filho(a) de Apolo
Filho(a) de Apolo
Hades explica a situação. Honestamente, não gostei da definição de mercenário, visto que foram pouquíssimas as vezes em que agi em prol de alguma recompensa. Além disso, como um músico, obviamente conheço a história de Orfeu, e como o deus do submundo foi um canalha com Eurídice e o próprio Orfeu. E como se não bastasse, a fama de Hades em furar promessas é a maior de todas. Ele poderia facilmente ser o deus da trapaça ou da enganação.

- E como exatamente poderíamos encontrar Orfeu? Além disso, faze-lo parar ou mudar de ideia poderia implicar em alguma ação sua, Eu no lugar dele, por exemplo pediria para deixa-lo sair com Eurídice como ele tentou fazer na era mitológica.. Até onde você estaria disposto a ir para atingir esse objetivo? Temos carta branca pra agir?

Vejo que Nathan questiona sobre recompensas e aguardo o que viria como oferta enquanto penso no que eu poderia pedir.



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#6

Hades

Hades
Deus Olimpiano
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Reviro os olhos para a reposta do filho de Hécate desaforado.

- Os meios justificam os fins, e estão à sua escolha. E o meio de encontrá-lo já está em suas mãos - Respondo apontando para as gemas brancas e divertindo-me com as perguntas - eu até ofereceria a vida eterna a vocês, mas vejo que seria perda de tempo, não é?

Olhando-os mais atentamente, podia perceber que suas almas não haviam envelhecido um segundo sequer desde o momento que eu havia chegado. Inalteradas, arrastando-se imutáveis através do tempo. Um, por uma maldição eterna. Outro, por uma bênção. De fato... Completos opostos.

- Então tenho de oferecer algo de valor equivalente, imagino. Hmm... Sim. Que tal poder?

Poder era bom, não é? Alguns semideuses se vendiam por riquezas, outros por mais tempo de vida. Outros queriam trazer os mortos de volta e alguns simplesmente queriam poder. Faço uma expressão confiante enquanto torço para ter acertado em qual ganância poderia atrair os pivetes. O que mais pessoas que já viveriam o tempo que quisessem poderiam querer?

Pondero minhas opções. Se recusassem, eu ainda poderia amaldiçoá-los, claro. Não resolveria o problema, mas seria mais divertido do que apenas procurar outro semideus que se encaixasse no trabalho, mas... Haveriam mesmo outros?

- E claro, eu sou um deus generoso. Não sou nenhum tipo de mentiroso ou trapaceiro - digo sorrindo para o filho de Apolo, pois sentia que ele estava pensando algo do gênero. Que tipo de má fama haviam criado sobre mim nessa nova geração? Que coisa.






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#7

λ Nathan Fowl

λ Nathan Fowl
Filho(a) de Hécate
Filho(a) de Hécate
- Será que mais poder faria alguma diferença? Bom, que seja. Arrume os meios de transporte de ida e volta para gente, afinal, entrar no mundo inferior pode ser desagradável, sair de lá também. Depois acredito que possamos discutir as regalias dessa missão. Mercenarios?!? que piada. Mamãe vai ficar maluca quando eu contar o que o deus dos mortos falou de mim.

#8

Ω Enzo Stark

Ω Enzo Stark
Filho(a) de Apolo
Filho(a) de Apolo
Devo admitir que Poder é algo que eu sempre busquei desde que entrei nesse mundo de semideuses, e claro, em fases e finalidades diferentes. A princípio, poder para conseguir sobreviver, depois, poder para proteger pessoas e por fim, poder para fazer o que eu quiser sem ser incomodado. Tecnicamente, atingi os três estágios e poderia inclusive viver no mundo mortal tranquilamente, visto que minhas missões agora se resumem a calamidades e atendimento de solicitações.

- Bom, se jurar pelo rio estige que vou ganhar uma réplica exata do seu elmo ao final da missão, com os mesmos poderes e com encantamento de retorno, eu aceito a missão. Se isso não for possível, eu gostaria de ter o poder de me tornar completamente indetectável, por quem quer que seja e claro, também detectar a presença de seres não-humanos, pra não ter que viver nessa tensão de ser atacado e poder ser morto a qualquer momento.

Por um momento, me vem à ideia de que esse tipo de poder me daria uma abertura para sair de fato dessa vida e ser algum tipo de artista ou mesmo anônimo no mundo mortal, ou caso eu decida continuar como heroi, facilitaria muito as futuras missões. Droga, ser ambicioso as vezes faz a gente dar umas viajadas e deslumbradas, de fato...

Espero pela resposta de Hades.



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#9

Hades

Hades
Deus Olimpiano
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Realmente, ninguém teme mais os deuses, penso enquanto vejo o filho de Hécate pularda árvore já proferindo desaforos e jogando um passarinho desorientado ao chão. Ergo uma sobrancelha para os dois, e lembrando que era sempre bom evitar fazer contato com esse povo, quando possível. Mas eu já estava ali e, bem, não haviam muitos preços altos para um deus. Alguns certamente custavam muita dor de cabeça, claro, mas dor de cabeça por dor de cabeça, eu já estava tendo uma.

- Nada de elmo pra você, garoto - Digo para Enzo, ultrajado - Te dou no máximo um boné. Mas o restante... Providenciável. E você... - Falo, voltando-me pro garotinho. Paro um momento, incomodado com sua aparência - Acharei um brinquedo legal para você também. Bom, se estiverem prontos...

Ergo a mão e faço minha sombra se alongar no chão e então se erguer no ar como uma fina membrana negra, em um formato retangular como uma porta. Então concentro-me no submundo e ligo minha sombra a ele, cobrindo-a com névoa e fazendo-a abrir a partir do meio em um portal com um elevador dentro. Entro calmamente e aguardo os garotos enquanto uma musiquinha toca vinda de lugar nenhum.

Depois de uma descida de sete segundos silenciosos e constrangedores, sinto que chegamos por fim ao nosso destino. Abro a porta de meu elevador particular e saio para olado exterior. Ou, bem, tão exterior quanto o interior do submundo pode ser; À direita, os campos Asfódelos; vastos, negros, lotados e vazios ao mesmo tempo. À esquerda a interminável fila de almas à espera de um jungamento. À nossa frente meu imponente castelo negro, para onde rumavam as almas dos mortos.

- Bom... Fiquem à vontade. Quando terminarem... Bom, eu vou saber. Passem aqui mais tarde para um chá.

Então caminho em direção ao meu castelo, pensando em passar pelos portões e dar ulgum osso ao Cérbero. Mas ao mesmo tempo, perguntava-me que tipo de caos eu estava liberando em meu lar ao chamar aqueles dois até ali. Só esperava que eles resolvessem mais problemas do que criariam.



A porta de sombras se fechou atrás deles assim que saíram. Enquanto Hades se afastava, a pedrinha branca que ele lhes havia dado ficava cada vez mais gelada em suas mãos. Parecia algum tipo de pedra de gelo, mas construída em diversas camadas que davam-lhe uma estranha aparência com mil tons de branco e cinza.

Nathan sentia uma certa nostalgia reconfortante no ar. De alguma forma, o submundo parecia... Refrescante para ele. A magia densa no ar, os sinais de auras de mortos e monstros, de energia antiga fluindo pelo próprio solo e pelo céu... Tudo parecia mais vívido que no mundo mortal, embora aquela fosse a terra dos mortos.

Enzo, por outro lado, estava longe de se sentir bem. O garoto sentiu-se "seco" naquele lugar jamais tocado pela luz e pela energia do sol. Como uma planta murcha, o submundo se estendia em todas as direções que olhasse. À frente o castelo negro estava espetado do solo em direção ao céu enevoado, e ele podia ouvir diversos sons chegando até ele; murmúrios indistinguíveis, lamentos de dor ao longe. O som de pedras se mexendo, amplificado como um eco surdo em uma enorme galeria subterrânea. Ele se sentia, de alguma forma, exposto naquele ambiente, como uma luz brilhando em meio à escuridão.

Algumas almas passam e olham para eles. Nathan consegue vê-las com perfeição, e percebe que a maioria parecia admirada com a presença de Enzo, como moscas atraídas pela luz. O filho de Apolo, por sua vez, tinha a estranha - e quase inédita - sensação de não enxergar direito. Quanto mais focava sua visão afiada nas almas dos mortos, menos ele conseguia vê-los, o que estava deixando-o levemente desorientado com a própria visão, já que estava acostumado a ver tudo em 5k a todo momento.






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