Fico um pouco nervoso quando Enzo começou a me dar sermão, especialmente depois de me mostrar um truque legal. Então eu também podia controlar a Névoa... Cara, isso ia ser o máximo! Será que eu poderia fazer os professores verem as respostas certas em minhas provas? Isso sim seria muito, muito legal. Isso é, se eu voltasse ao colégio algum dia.

- Desculpe, eu... Eu não queria pedir ajuda mais uma vez, sabe? Mas no fim acabei precisando - coço a cabeça com cara de e então comento - Ei... Eu vou ficar no Acampamento pra sempre agora? Tipo, eu não vou mais voltar para a escola? Eu não gostava muito de ir, mas... Sei lá, eu acho que me acostumei, sabe? Meus pais sempre exigiram muito de mim. Mesmo com a dislexia eu gostava de ler e sempre tirei notas boas. Acho que gostava de ver notas boas no boletim, sabe? E eu não... Não queria ficar burro - falo meio tímido.

Eu havia crescido ouvindo meus pais falando sobre pagarem a melhor escola pra mim, pra que eu tivesse o melhor ensino e não ficasse burro como "tantos-jovens-por-aí". Eu não sabia exatamente o que era ser burro, mas... Eu gostava de ser esperto e saber das coisas. Fazia bem para a autoestima e definitivamente, pra se virar na vida.

Ouvir Enzo falar sobre os deuses que "adotam" semideuses também me deixou extremamente interessado. Afinal de contas cedo ou tarde a vida no Acampamento chegaria a um limite do que tem a oferecer, correto? Ficariamos ali, a vida inteira, treinando e correndo, e treinando e criando morangos, treinando e brigando uns com os outros...?

- Então Ártemis não deixa garotos irem com ela? Que chato... Deve ser legal viajar o mundo caçando, não é!? Elas devem conhecer muitas coisas legais.

Ouvir falar sobre a deusa que treina magos também era interessante, mas não me pareceu tão dahora quanto a deusa que ensina a caçar. Apesar disso, se eu me juntasse a esta deusa quantas coisas eu não aprenderia...? Pelo visto, magia era um poço sem fundo para ser explorado.

- Certo! - Falo por fim sobre a rotina do dia seguinte - Então, estes elfos, eles são como o Légolas? Orelha pontuda, cabelo prateado e atiram com arcos!? Vou tomar mais cuidado amanhã, certo?

A explicação de Enzo me pegou de surpresa. Eu esperava que a gente talvez tivesse a opção de sair, mas...

- E eu mesmo decido? - pergunto pra ele, só pra confirmar, pois estava surpreso com a ideia de receber confiança e poder sobre o que fazer da minha vida pela primeira vez.

Percebo que eu sinceramente não sabia o que eu queria. Eu adoraria ficar no Acampamento treinando, aprendendo coisas novas. Mas com certa surpresa eu percebi que eu também queria voltar pra casa... Queria rever minha irmã mais nova, minha adorada avó e até mesmo meu pai. Dizer a eles que estou bem e vivo... Até mesmo minha madrasta, de quem eu não gostava no início mas que sempre me tratou bem. E agora tinha minha irmã, de 3 anos... Eu queria saber o que era ter um irmão mais novo.

Decido pensar sobre isso depois no Acampamento. Talvez eu pedisse para ligar pra casa lá. Por enquanto, iria me focar na missão, como um profissional faria - ao menos, eu imagino.

Fiquei confuso e surpreso sobre os elfos serem racionais e não necessariamente maus.

- Então, nós podemos falar mesmo com eles!? Eles não comem semideuses também como as dracaenae? - Eu queria ter certeza antes de tentar de novo, afinal. As dracaenae tinham ao menos me respondido, diferentemente dos goblins. Mas sua resposta foi tão assustadora quanto... Afinal, consciente e com inteligência, aquela criatura desejava mais do que tudo ferir e devorar semideuses, e a ideia de existências assim me assustavam.

Por outro lado, me peguei odiando mesmo sem querer os deuses. Em especial, a deusa Atena. Ela tinha sido idiota com a Medusa, com as Dracaenae, com aquela mulher Aranha que Enzo me falou... Poxa, o que tinha de errado com essa mulher!? Me parecia que ela era a vilã, já que estava transformando pessoas em monstros.

Decido afastar a ideia da cabeça. Depois que Enzo foi dormir fiquei olhando pelo vidro da janela. Estava inquieto demais para deitar tão cedo, então fui atrás de papel e caneta para começar a rabiscar algo. Achei um caderninho e uma caneta e deitei na cama com eles, balançando as pernas pra cima enquanto batia a caneta no queixo, pensativo. Tentei desenhar um goblin, mas ficou parecendo um gnomo de jardim. Depois duas dracaenae... Por fim, me desenhei enfrentando com raios e espadas voadoras um dragão que parecia uma lagartixa gigante e com 6 patas.

E aos poucos, peguei no sono, sentado ali mesmo. Pelo visto meu corpo e minha mente estavam mais exauridos do que eu havia pensado.
Os sonhos não deram trégua. Não sei se era um prelúdio do que eu tinha visto e sentido recentemente, uma revisão de meus estímulos. Imaginar nosso encontro com os elfos, lembrar das presenças que estavam nos cercando no hotel... Só sei que fiquei nervoso no sonho, mas não lembro do que aconteceu a seguir.

Acordei na manhã seguinte babando sobre meu Eu que enfrentava um dragão. Levanto-me e me espreguiço, me sentindo cansado, mas revigorado, o que era uma sensação engraçada... Mas gostosa. Estava ansioso para mais um dia de aventuras.
Corro pro banheiro pra tomar um banho frio e escovar os dentes com minha nova escova de hotel, e então volto pra encontrar Enzo.

- Cara, eu sonhei com a gente! Falamos tanto de elfos que sonhei que conversávamos com elfos... Mas tinha uns goblins cercando a gente, bem aqueles que estavam por aqui ontem cercando o hotel. No sonho eu tinha a mesma impressão. Acho que foi porque dormi desenhando goblins hehehe

Fiquei admirado em ver algo como outra espécie que falava e convivia com igualdade entre humanos e semideuses. Isso era como os sátiros, as dríades... Apenas pessoas, mas diferentes... Ao menos era o que pareciam a uma primeira vista. Mesmo enquanto Enzo negociava com eles, fiquei mais atrás, hesitante embora prestando atenção em tudo, desde o que vestiam até a forma com que falavam.

Quando os goblins apareceram fiquei impressionado. Caralho eu tenho clarevidência!? pensei empolgado. Então lembrei que isso era a area de Enzo, e que os oturos semideues provavelmente só tinham uns sonhos aleatórios como o meu. Enzo os localizou e logo me disse pra cuidar de dois deles, e prontamente aceno com a cabeça.

- Certo!

Então movo-me para encontrar as duas auras da esquerda. Já levaria na mão três agulhas sem sinos. Faria com elas o que sempre fazia ao me preparar para usar minha telecinese, que consistia em concentrar-me no peso e formato dos objetos, preparando-me para controlá-los com a mente. Mas tento observar meus inimigos primeiro...

Inicialmente não faço muita coisa. Se algum deles entrar em meu alcance, irei lançar as duas agulhas na direção do primeiro deles, usando da telecinese pra guiá-las em direção ao corpo dos goblins, mirando em sua barriga onde poderiam causar certo dano e ainda ser fácil de mirar. Se estiverem de amadura, miro sua perna então.

Se algum deles estiver com arcos ou adagas, fico alerta para priorizar a esquiva, pulando pros lados ou correndo em zigue-zague pra evitar os projéteis.

No mais, tento absorver o máximo de informações deles, como suas armas e demais equipamentos.

Nível 1 – Telecinese: Você treina uma das magias primárias de um mago; a telecinese, que o torna capaz de controlar a matéria com a força de sua mente. O poder dessa habilidade equivale ao WIS do personagem e pode, por exemplo, erguer de um gato magrelo de 1kg até volumes grandiosos como carros, rochedos etc. O CONTROLE por telecinese equivale à WIS x1,5 e o alcance da habilidade é equivalente à WIS/10. Consome entre 20 para ações simples até 120 de Energia em sua capacidade máxima, relativo a seu nível, e/ou critério do narrador.

Fico feliz e orgulhoso pela vitória mais fácil do que a do dia anterior. Talvez eu estivesse mesmo que pouco, ficando mais forte... Dia após dia. Se continuasse neste ritmo, quanto tempo levaria para que meus irmãos parassem de me zoar?

Teria me preparado para arremessar mais agulhas quando Enzo falou sobre o outro goblin... Aparentemente um estava faltando e, de fato. Quando a caixa foi roubada de Enzo percebi que quilo devia ser telecinese, mas não consegui agir também para pegá-la. Quando a caixa se abriu em cima da água, comecei a correr em sua direção.

Ergo a mão, canalizando toda a minha força e minha vontade para a flauta, tentando agarrá-la antes de cair na água e fazê-la flutuar, voando para mim tão rápido quanto possível. Se conseguir a mantenho flutuando na palma de minha mão, sem tocá-la, com medo do que pudesse acontecer, e corro pra perto de Enzo pra que ele me proteja de qualquer retaliação do goblin mago Aponto para a direção onde ele estava, confirmando sua presença pra Enzo.

Se eu não conseguir pegar a flauta, então avalio o estado do mar. Eu sabia nadar, graças às aulas de natação pagas por meus pais desde pequeno, mas...

- Enzo, eu posso pegar! O goblin está ali!

Seria mais fácil pra mim pular e puxar a flauta dentro da água, sentindo sua aura mágica e usando telecinese. Enzo teria que nadar até ela para agarrá-la. MAs mesmo se a flauta cair na agua, confiro se consigo agarrar ela sentindo-a através de sua forte aura mágica.

Nível 1 – Telecinese: Você treina uma das magias primárias de um mago; a telecinese, que o torna capaz de controlar a matéria com a força de sua mente. O poder dessa habilidade equivale ao WIS do personagem e pode, por exemplo, erguer de um gato magrelo de 1kg até volumes grandiosos como carros, rochedos etc. O CONTROLE por telecinese equivale à WIS x1,5 e o alcance da habilidade é equivalente à WIS/10. Consome entre 20 para ações simples até 120 de Energia em sua capacidade máxima, relativo a seu nível, e/ou critério do narrador.