Lonzo começa a avançar, mas o som de um dedo se estalando o faz parar e olhar pra trás assim

Henry, de mão erguida, interroga o ciclope. O cara choraminga, balbuciando sílabas sem sentido por um momento, então fala;

- Ele é o chefe deste setor... E-eu sou só o motorista... Eu... Eu só dirijo! Ele é quem controla esta unidade...

Ele solta o martelo, olhando de Henry para Lorenzo e seu machadão.

O verme começa a se mover no chão onde Lorenzo o soltou. O filho de Vênus abre os olhos, vê a situação, e finge um desmaio.

Lorenzo entra no lugar, parecendo um pouco frustrado. Mas seu humor logo melhora quando ele adentra o itnerior da cabine e perceebe que, por dentro, ela tinha o tamanho de uma grande sala. Ao lado há uma cozinha, e ele abre a geladeira e percebe que ela também era magicamente aumentada e continha diversas comidas e guloseimas, suficientes para aguentar talvez um mês em alto mar. Ele pega cervejas, uma carninha seca com farofa, uma vinagrete e umas coxas de frango e senta do lado de fora enquanto Henry iniciava a ditadura.

com uma bicuda nas costelas do filho de Vênus ele encerra o teatro do meio-irmão, que solta um sonoro "Ai!", e olha pro garoto ofendido. Mas enquanto Henry usa suas habilidade maléficas no cara ele parece ficar levemente nervoso, embora tentasse disfarçar com uma capa de tranquilidade cada vez mais mal maquiada.

- Ehh... Eu estou apenas conduzindo a operação como deveria ser... Senhor - acrescenta ele, parecendo contrariado, mas submisso - Se-sei que estamos atrasados nas entregas, mas foi por causa de problemas externos - ele olha de soslaio, cheio de malícia para Lorenzo - o povo dele nos atrapalhou.

Henry percebe que o cara tinha entendido ao pé da letra sua insinuação silenciosa, e agora achava que ele era, de fato, um dos superiores dele, chegando pra meter ordem na operação.

Então ele discorre, explicando como tinha sido delegado para receber e encaminhar para a Base H as entregas daquela área, e como tinha conseguido realizar 80% dos pedidos, mas os finais - e o mais importante, segundo ele - ainda não havia sido entregues e seguiam presos no porto. Um dos carregamentos era um pequeno grupo de Unicórnios, e o outro... Um filhote de Leão de Neméia.

- Nós pretendíamos enviá-los em outro barco na noite de hoje. Os ciclopes estão doidos atrás do filhote, e as bruxas atrás dos unicórnios. Já nos mandaram cartas cobrando a entrega, mas... Precisávamos fortalecer a segurança antes de fazer outra tentativa de envio.

Mais uma vez ele olha amargurado para Lorenzo. Henry percebe que o desaforado estava tentando usar um charminho para fazê-lo crer que tudo era culpa do lonzo.

Ele consegue absorver uma torrente de informações do diálogo. Sobretudo, aquelas que não foram ditas; Ele trabalhava para um grupo maior, com o qual estava honestamente preocupado neste momento, pois estava vendo Lorenzo, um inimigo, e Henry, aparentemente um aliado (?), juntos. Ele não sabia se seu novo chefe estava traindo a organização ou se Henry era um impostor. Ou ainda, se haveria domado também o filho de Marte. Ele estava 2/3 certo, embora não soubesse.

Henry capta mais informações a esmo. Monstros e semideuses trabalhando juntos, ambos defendendo a supremacia do mundo e das entidades místicas sobre os mortais. Ambos crendo que tinham o direito, de nascença, de utilizar os não-mágicos como bem entendessem, exatamente como vinha fazendo o filho de Vênus e os seus colegas monstros ali no porto.

Ele também capta pensamentos intrusivos, onde o garoto se pergunta se outras bases portuárias teriam sido atacadas. Seattle, NY, San Diego... Teriam elas sido descobertas por semideuses do Acampamento Júpiter ou Meio-Sangue, também? ele parecia pensar em ambos os acampamentos com grande desprezo e até mesmo, ódio.

Henry é pego de surpresa pela proporção de tudo aquilo. Pelo que podia captar, era uma operação enorme e, mais que isso, muito antiga.

Enquanto isso, Lorenzo sentado também nota algumas coisas. A um canto há uma mala, de onde ele sente o cheiro de metais, ferrugem e óleo de polimento característico às armas - de fogo, e brancas. Ele também sente um cheiro frio e ardente, e ouve um zunido leve no fundo do ouvido, indicando que havia inclusive armas de prata ali dentro.

No chão de madeira do barco, ele podia identificarmarcas de garras, indicando que monstros de diversos tipos já haviam passado ali. Também percebeu sulcos mais fundos e manchados de ferrugem, indicando que algum objeto metálico e pesado tinha sido arrastado ali, uma jaula ou correntes talvez? O cheiro de criaturas se misturava suavemente... Ciclope, telquine, harpia, dracaenae. E também o de semideuses; filho de Vênus, filho de Marte, filho de... Netuno?

O barco era, sem dúvidas, usado já ha algum tempo por este grupo.

Dez minutos depois, os garotos atravessavam o pátio. Ao longe, podiam ver a movimentação incomum em volta da unidade policial, onde Henry sabia que seu pirraça ainda se divertia trolando policiais e fazendo assinaturas falsas em todos os documentos que podia por a mão.

Vinicius, o filho de Vênus, caminhava à frente mancando. Depois de ver seu parceiro ciclope ser degolado com uma chicotada e seu barco saqueado diante de seus olhos, ele pareceu ficar mais quieto e direto em suas respostas. Ele poupa Lorenzo das olhadas de desagrado, como se estivesse mais preocupado com outras coisas agora. O filho de Marte observa a cena um tanto admirado enquanto devora a comida do inimigo desrespeitosamente e bola planos para saquear seu navio.

Henry ditou as novas e conseguiu o juramento do estige do tal Vinicius, transformando-o em sua cachorra. Apesar disso, ele podia sentir que passado o susto inicial de ser espancado e sequestrado, ele começava a se recompor levemente, recuperando parte da compostura (ou o quanto conseguiu, estando com o queixo inchado e a boca suja de sangue além de claramente ainda tonto).

Eles caminham em direção a um galpão aberto. O pobre coitado miserável os guia por uma portinha escondida na grade e logo eles estão caminhando entre contêiners empilhados e máquinas industriais de carregamento. Conferindo se a barra está limpa, Vini dobra numa esquina e entra em um dos contêiners. Chegando lá, eles mais uma vez ficam surpresos; por dentro, era um verdadeiro galpão fechado, com uns 30m de comprimento e 10 de largura. Haviam gaiolas e correntes espalhadas por todo o lugar fracamente iluminado, e elespercebem que a maioria estava vazia. Na verdade, apenas uma gaiola grande ao fundo estava cheia de unicórnios, e outra, bem menor, abrigava o que parecia ser um filhote de leão do tamanho de um cachorro. A ferinha abre os olhos e rosna para eles, e os unicórnios ficam agitados.

Lorenzo, chocado, sente cheiro de faunonos unicórnios, e percebe que muito provavelmente eram os unicórnios dosbandos de Roma, que os faunos criavam soltos na floresta. No fundo de sua mente, a voz de Max ressoa comentando algo sobre unicórnios desaparecendo e equipes sendo mandadas pra investigar se havia algum monstro devorando-os, mas nada sendo encontrado.

- São estas as entregas que faltam - Fala o filho de Vênus - Os unicórnios para as bruxas, o filhote para os ciclopes.