A fraca trilha de sangue claramente chamava a atenção de Saito, que por sua vez, decidiu mudar o rumo de seus caminhos e saciar sua curiosidade. Sua serpente invocada rastejava a sua frente como um guia, não só como um, mas também como um guarda. Pronta para perceber qualquer movimento ou até mesmo calor humano que os olhos de Saito não veriam. Passou-se um tempo caminhando, mas ele percebia entrar ainda mais na floresta, aonde mais troncos e galhos iam aparecendo. Embora a densidade das árvores tivesse aumentado, o caminho de sangue levou-nos para um lugar mais aberto: próximo à costa leste, onde o matagal estava um pouco mais escasso. Subitamente o sangue sumira das folhas e terra, e embora sem entender o que estava acontecendo, o guerreiro percebeu que o caminho acabava ali no chão, e apenas nele. Manchado o tronco de uma árvore, o sangue não mais escorria, mas marcava vivamente uma das árvores, e mais acima de seus olhos, ele avistou um corpo onde no momento seguinte tudo pareceu acontecer rápido demais, quando logo o corpo caiu bem a sua frente. Completamente deformado, era apenas um homem.

Ensanguentado da cabeça aos pés, o homem tinha um grande pedaço de sua barriga arrancada, e para a surpresa de Saito, seus olhos ainda mexiam e sua boca ainda suspirava. Tentou sussurrar algo, e curioso, Saito se viu obrigado a se aproximar apenas para escutá-lo, porque salvá-lo seria impossível.

- Não... - ele ofegou dando quase o último suspiro. - Confi... - e morreu.

Saito ficou sem saber o que fazer. Com os olhos buscou algumas características para que pudesse tentar descobrir o causador daquilo, mas era tarde demais, sua serpente, pois, tornou-se a remexer. Revoltada com a situação que ela presenciava em seus mecanismos de defesa, ela sentia que alguém estava próximo, mas não sabia em qual direção era. Por um momento, para Saito, os sistemas de seu “animal” começaram a falhar: ou ela estava totalmente certa, ou sele se recusava a acreditar. De onde vinha o perigo? Saito ficara intrigado, mas não pode responder, ainda mais sem o auxílio de sua guia. Foi de repente quando uma árvore foi arrancada para os céus por uma fumaça negra, a qual fazia um alto barulho de engrenagens e rugidos vorazes. Ela estava próxima o bastante para Saito perceber que no centro do gás negro estalavam raios contidos, porém, embora parecesse apenas um lugar vazio como um céu escuro trovejando de tempestades. A fumaça negra flutuou rapidamente até o guerreiro e misteriosamente o agarrou puxando sua perna o fazendo cair no chão. Seu corpo começou a ser arrastado; raízes e pedras machucavam seu corpo e arranhavam seus equipamentos.

O experiente Saito planejou um ataque antes mesmo que o monstro pudesse fazer alguma coisa. As coisas pareciam esquentar naquele momento, mas será que Saito sobreviveria? Correndo como o melhor filho de Mercúrio como nunca antes visto, o guerreiro romano dava milhões de voltas até que seu plano começasse a dar certo, um furacão se formara e a fumaça fora contida por ele. Arremessou duas esferas explosivas para dizimar o monstro e por mais estranho que fosse seu plano, ele havia dado certo. Antes mesmo que a explosão pudesse atingi-lo, Saito esvaziou-se tão rápido quanto o próprio som e de longe viu o fogo consumir não só o ar, mas também todas as árvores no ato da explosão.

Uma língua de fogo subiu aos céus devorando toda a matéria que tocava. Outra fumaça negra se formava e logo se espalhava com o vento, mas dessa vez uma fumaça normal, e lançava no ar o material que o fogo ia queimando das árvores; aquele fogaréu estava longe de acabar por ali. Uma queimada consumia aquela parte da ilha, e embora Saito não tivesse pensado nas consequências, o pior tinha acontecido. E então fugiu, antes que lhe faltasse ar e não mais conseguisse respirar. Mas será mesmo que o monstro havia sido destruído? Ou apenas teria fugido? Ou sequer existido?

Enquanto corria, Saito havia sido tomado por um sentimento ruim, uma angústia. Parou, olhou em volta e de longe avistava a fumaça subir aos céus e invadir as nuvens.

– Que foi que eu fiz? – perguntou-se aflito.

Quando menos se deu conta, uma mulher ruiva usando um terno elegante o fitava a duas quadras. Mesmo a distância, Namikaze conseguia distinguir o sombrio azul de seu terno contrastando com o vermelho vivo de seu cabelo. Seu corpo não era definido por curvas sinuosas, mas a mulher tinha um quê misterioso logo a primeira vista. Saito, abismado e intrigado, a olhou de longe e por mais mulherengo que fosse, ficou sem reação. Ela deu as costas e andou para longe do homem a passos lentos e calmos, até que desapareceu por entre as árvores. A única coisa que Saito sabia era a direção que ela havia ido, mas ele sequer tinha notado outra coisa. Novamente o barulho de engrenagens e rugidos de ursos invadia seus ouvidos.

– Mas que diabos! – exclamou consigo mesmo.