Hoje é o primeiro dia que acordo no acampamento Júpiter. Sol. Ar fresco. Campistas. Vozes. Brigas. Já acordo com tudo isso ao meu redor. Do lado de fora o sol brilha, mas o clima estava fresco, e dentro da coorte campistas já conversavam e brincavam entre sim. Eu estava na quinta coorte, por enquanto, eu ainda sou indefinido e não tenho uma coorte definida. Melina não estava por perto, então quer dizer que eu passaria o dia inteiro sozinho. Eu gostava de ficar sozinho, mas achei que pelo menos no meu primeiro dia, Melina fosse estar comigo. Mas acho que ela tinha coisas para resolver do lado de fora do acampamento.
Tomo um banho e visto uma roupa normal, ou melhor, a mesma roupa que vim para o acampamento. Tudo aconteceu tão depressa que não pude trazer uma mala. Ainda voltarei em casa para trazer mais roupas, e quem sabe saciar minha necessidade básica consumista comprando mais algumas outras, ou muitas outras. Visto a roupa e saio da coorte indo em direção ao único lugar que eu conhecia. Também o único lugar que saciaria as necessidades básicas de qualquer um, o refeitório. Até os novatos saberiam onde o refeitório fica, pois fica literalmente na mesma rua das coortes, em frente a elas.
Como disse antes, Melina não estava por perto, isso queria dizer que iria tomar meu café da manhã sozinho. Não que eu fosse me importar, mas seria legal ter uma companhia no primeiro dia. Pego a bandeja e recebo algumas coisas para comer. Sento-me numa mesa não muito no canto e começo a comer sozinho. Ainda estava comendo quando uma garota se aproximou de mim.
— Oi guri. — ela soltou um sorriso — Você é novato por aqui, não é? — não tive tempo de responder e ela já prosseguiu — Se você não se importar eu poderia ser sua guia. — ela parecia ser muito simpática.
— Olá. — falei tímido — Ahm... — fiquei sem graça — Claro, por que não? — solto um sorriso fraco.
— Ah vamos lá. Não fique tímido comigo. — ela me deu um tapinha no meu ombro — Meu nome é Victoria. — estendeu sua mão para mim — Sou filha de Vênus. — sorriu novamente — Apesar de achar quase sempre que Baco é meu pai. — escutei com dificuldade, ela murmurou.
— Vittorio. Meu nome é Vittorio. — beijei o peito de sua mão — Eu não sei de quem sou filho ainda. Na verdade, uma garota chamada Melina, me disse que sou irmão dela. — ele fez uma pausa — Mas parece que ela não está no acampamento hoje.
— Não se preocupe quanto a isso. — ela se levantou e puxou minha mão — Vamos descobrir isso mais cedo ou mais tarde. Vem. — puxou novamente.
— Para onde vamos? — solto um sorriso.
Ela estava sendo super simpática comigo, era tudo que eu estava precisando no momento, mas mesmo assim eu não conseguia retribuir essa simpatia. Tentava não ser muito sério, mas eu era muito frio na maioria das vezes e raramente conseguia me abrir com as pessoas. Mas toda vez que conseguia eu sorrio para mostrar que no fundo eu estava feliz.
— Vou mostrar o acampamento pra ti. — andamos até a bancada deixando nossas bandejas.
— Que ótimo. — ri timidamente.
— Muita coisa para ver, tá? — disse confiante, rindo no final.
Era seria uma ótima companhia, pensei. Andamos por todo o acampamento. Ela me mostra todos os lugares importantes, e os desimportantes também. Paramos num lago, onde ela disse ser seu lugar preferido. Ficamos parados alguns minutos lá, sentados na proa, olhando o lago, o sol, o nada. O fraco calor do sol aquecia nossas almas. O som dos ventos deixava o ambiente harmonioso. Conversamos bastante e a cada minuto que ficávamos conversando eu parecia ficar mais confiante. Ela estava começando a conseguir minha amizade.Então estava quase na hora do almoço, mas ainda não estávamos com fome, pelo menos eu ainda não.
— Vem, vamos. — ela se levanta da proa me puxando de novo — Vou te mostrar o ambiente mais frequentado daqui. — ela para a alguns metros e se vira para mim, sorrindo.
— Mal posso esperar. — disse acompanhando ela.
Alguns instantes de caminhada e lá estávamos nós. Em frente a um enorme monumento. Então esse é o famoso coliseu... Parece bem maior do que ouvi falar. Mal posso esperar par ver dentro. pensei. Os muros tão altos quanto poderiam ser. O portão estava fechado e não víamos ninguém por perto.
— Quer entrar? — ela me pergunta, mas a resposta parecia transparente com meu semblante.
— Com você? Seria ótimo. — digo.
— Perfeito. Então temos que nos preparar. — ela finaliza se direcionando para o caminho de volta.
— Então vamos logo. Estou ansioso para saber o que tem dentro. — dessa vez eu que a puxei.
Levei Victoria até sua coorte, que parecia vazia. Fui correndo para a quinta coorte, onde eu estava passando meus primeiro dias, e peguei minhas poucas coisas. Coloquei meu elmo, achava ridículo, mas poderia salvar minha vida em algumas ocasiões. Também coloquei um peitoral de couro sobre meu tórax e o amarrei firmemente para que não saísse. Peguei minha espada que estava embaixo da cama e a coloquei presa do meu lado direito, em sua bainha presa e firme. Sai da coorte, que ao contrario da coorte de Victoria, a minha estava bem movimentada.
Saio e vou sem hesitar para o coliseu. Sabia que Victoria me encontraria lá, e eu estava esperando por ela. Fiquei parado em frente ao grande portão, mas eu estava muito ansioso e não aguentei. Levantei tranca de madeira e empurrei o portão, tive algumas dificuldades, ele era realmente pesado para empurrar e parecia enferrujado. Dou meus primeiro passos na arena e fico a alguns metros do porto, deixando-o aberto para que Victoria entrasse.
Do outro lado do coliseu, exatamente no lado oposto, vejo outra pessoa saindo do outro portão. Não fazia ideia do que era, mas de longe parecia bonito, ou bonita, não pude definir se era homem ou mulher. Ele segurava uma espada e uma faca. Deu alguns passos para frente e pude ver como ele se movimenta enquanto anda. De longe pude ver o contorno do arco atrás dele, em suas costas. Ele parecia muito perigoso, pensei comigo mesmo.
Retiro minha espada empunhando ela para frente avistando de longe aquele guerreiro-arqueiro. Sabia que ele seria meu oponente e mal posso esperar para Victoria chegar e me ajudar. Eu não tinha noção de combate, e hoje seria o dia que eu começaria a aprender as técnicas. Fico olhando o inimigo e começo a dar passos lentos para ele, avanço no máximo 3 metros. Não quero começar uma luta sem antes Victoria estar aqui.