— Corra Vic! Corra! — gritou a voz atrás de mim enquanto eu corria.
Eu não conseguia olhar para trás, minha cabeça não virava, até mesmo parar de correr estava fora do meu alcance. Só conseguia escutar os passos da pessoa que corria atrás de mim, seja lá quem fosse ela. Não tinha reconhecido a voz, nem mesmo o tom da voz histérica e ao mesmo tempo preocupada. Cai.
Apoiei minhas mãos para cair no chão. Não tinha sido nada agradável, porque o chão estava inundado de sangue. Olhei minhas mãos, agora vermelhas, e meu corpo, todo sujo de sangue também. Não pude conter o espanto em meus olhos, mas mesmo assim a serenidade vinda de alguém pareceu sufocar meu espanto. Olhei para trás e vi um corpo caído, o corpo que eu havia tropeçado, o corpo que me fez cair.
Levantei e não tinha mais ninguém correndo atrás de mim, e tudo que eu via nesse mundo confuso era um corpo completamente desconfigurado. Quando reconheci os cabelos dourados não consegui conter o choro, era minha mãe, ou melhor, minha madrasta — era como uma mãe para mim. Mas novamente alguém sufocava meus pensamentos, alguém tomava controle da minha mente e não deixava eu entrar em desespero, não sabia se isso era bom ou ruim.
Levei a mão suja de sangue ao rosto e comecei a chorar, mas as lágrimas não saiam. Não adiantava nenhum esforço que eu fizesse, elas não saíam. Enquanto olhava o corpo, me vi pensando na minha família, nos meus primos, na minha melhor amiga. Era tudo tão estranho, pois era para eu estar chorando ao corpo da minha madrasta, mas eu não estava! Uma pessoa tocou meu ombro e me recusei a virar para ver quem era, por fim, me virei.
— A culpa é nossa... A culpa é nossa... — dizia minha melhor amiga com uma voz sem vida.
Ela estava do mesmo jeito desde a última vez em que a vi, porém sua roupa também estava completamente manchada de sangue. Ela segurava uma faca, e então me assustei, pra valer. O corpo da minha mãe estava esfaqueado, foi assim que ela morreu, sendo esfaqueada, por nossa culpa. Minha amiga não hesitou e enfiou a faca em mim, seus olhos estavam tão vazios quanto os meus ficaram no dia em que minha mãe morreu. A dor aguda do metal frio sob minha carne era de estourar a garganta, mas novamente sinto alguém sufocando meus sentimentos, alguém não deixando com que eu sentisse medo, alguém sufocando minha aflição, me deixando calma, me deixando tranquila. Meu corpo caiu sob o chão avermelhado. Pude morrer tranquila. Pude sentir minha alma saindo de mim. Acho que morri. então pulei da cama.
Apoiei minhas mãos no rosto, os cotovelos no joelho. Nesse exato momento eu queria chorar, mas não podia, não porque não queria, mas porque eu estava sendo impedida. Victor estava do meu lado, meu melhor irmão, alguém que eu poderia contar a qualquer hora. Ele tocava em meu ombro com sua pele macia, não sabia que seu poder era tão eficaz assim. Olhei para ele, agradecida, e estarrecida, mas meus olhos — a porta para a alma — não conseguiam sufocar a tristeza.
— Obrigada Petro. — não estava com ânimo para falar, mas não podia ficar calada.
— Você vai ficar bem, mana? — ele parecia preocupado.
— Sim, irei... — desviei os olhos para a porta que abria e fechava toda hora — Obrigada por me deixar dormir aqui, obrigada mesmo. — falei convicta.
— Você sabe que pode contar comigo a hora que precisar. — acariciou meu rosto, ele conseguia ser bem carinhoso quando queria.
— Sei disso. — disse por fim.
— Não precisa me ajudar hoje, vá dar uma volta, descanse, viva um pouco. — ele delineava meus lábios.
Victor era um irmão e tanto. Ele tem pedido minha ajuda a alguns dias, para ajudar com sua coorte que parecia mais movimentada do que nunca. Pois sou sua única irmã, e uma das poucas pessoas em quem ele pode confiar.
— Tá bem. — sorri para ele.
Ele sorriu de volta, e então se despediu. Eu disse a ele que daria um volta para espairecer um pouco a mente, dar uma animada. Não tinha ideia para onde ia, só andaria por aí. Levantei da cama, levando embora o sonho ruim, o que foi difícil, porque o sonho era parte de mim. Poucos meses se passaram, mas as lembranças ainda me corroem, elas ainda me consomem, pelo menos, a cada dia que passa me sinto melhor, mais livre.
Eu tinha chegado da cidade a alguns dias. Tinha ido visitar meus pais. Voltei antes do dia programado porque uma coisa tinha acontecido, e eu sabia que essa coisa foi culpa minha, lugar errado, hora errada. E então foi assim que minha madrasta morreu, a poucos dias atrás, apesar de ainda não terem confirmado ser o corpo dela. Então era assim que eu me sentia, vazia, como se o mundo tivesse desmoronado em cima de mim. Victor descobriu o que tinha acontecido e falou para que eu passasse alguns dias na coorte com ele, carinhoso né? E desde então estou dormindo em um beliche ao lado da dele.
Despreguicei-me. Tomei um banho. Vesti-me. Peguei alguns itens e sai da coorte do Victor. Não sabia para onde ia, nem o que queria fazer, só caminhava, porque era isso que eu queria naquele momento. Mas meu destino já estava traçado. Depois de alguns minutos andando, eu estava tão distraída e fora de si que não percebi onde tinha chegado. A muralha do coliseu se estendia acima dos meus olhos. Pensei comigo mesma se esse era meu destino pra hoje. Culpar-me pelo resto da minha vida não iria adiantar nada. Então decidi deixar que o coliseu decidisse por mim como seria ela em diante, morte, ou vida.
Passei pelos portões abertos, grandes e imensos. No centro do coliseu tinha uma figura, alguém estava sentado com as pernas cruzadas, foi tudo o que eu pude perceber. Eu andava a passos calmos, até o bater dos portões me assustarem fazendo-me parar. Observei o resto do lugar, até que, o garoto se levantou. Não havia mais ninguém além daquela pessoa.
Seus cabelos eram loiros, e um cachecol era o que mais me chamava a atenção. Trajava um sobretudo, lindo até, parecia deixar ele mais maduro. Ao longe não podia ver direito o que estava acontecendo, mas a essa altura ele já estava andando em minha direção. Vi ele colocando algo na cabeça, parecia um headset. Não, com certeza era um headset. Conectou algo ao fio do headset e vi uma faísca, um brilho de eletricidade circular por entre os aparelhos. Okay, isso foi estranho, disse para eu mesma.
All the right friends in all the right places
So yeah we’re going down
All the right moves in all the right faces
So yeah we’re going down
...
O garoto caminhava em minha direção e parecia curtir a música. De algum modo eu a estava ouvindo, e era minha música preferida, por mais estranho que seja. Então comecei a cantarolar baixinho, Paint a pictur of the perfect place..., via ele vindo em minha direção. Ele estava estranhamente com um braço estendido ao oeste, não sabia o motivo, mas não parecia nada suspeito.
— Amo essa música? — disse entusiasmada, no mesmo tom que usaria para falar com qualquer um, mas não sabia se ele me ouvia ou não.
Até então ela não parecia uma ameaça. Eu não poderia simplesmente sair igual uma maluca e desesperada e lutar com ele, pelo menos era isso que eu pensava, até segundas intenções se o rumo dessa história mudasse.
— Consegue me ouvir, guri? — indaguei curiosa, esperando uma resposta.
Se alguma coisa começasse a ficar estranha, e se eu visse algo ofensivo pra cima de mim, tendo me esquivar o mais rápido possível, me jogando para o lado ou seja lá o movimento que for para salvar minha vida.
- Equipamentos:
- Peitoral de Couro
- Espada Curta
- Chicote com Ponta de Bronze
- Anel da Rosa *
- Poção de Cura [Heróico] - [x4]
- Poção de Energia [Heróico] - [x4]
* - Maximiza os poderes relacionados à beleza dos filhos de Afrodite.
- Habilidades Ativas:
- Habilidades Passivas:
Nível 1 - Aparência Agradável: Você tem uma beleza sobrenatural para os padrões de sua era. O Filho de Afrodite tem uma beleza erótica. (+5 CHA)
Nível 2 - Langage de L'amor: Filhos de Afrodite conseguem falar fluentemente o francês, e possuem bônus em suas Habilidades persuasivas quando falam nesta língua. O bônus somente é aplicado se interlocutor compreender francês.
Nível 3 - Luxúria [Inicial]: Você pode despertar o desejo dos outros com apenas um olhar, ou com uma passagem deixando seu perfume no ar. (+5 CHA)
Nível 3 - Perícia com Chicote [Inicial]: Confere nível de perícia [Inicial] para a perícia com chicotes. Permite que o herói treine suas outras perícias até o nível [Inicial]. (+5 AGI)
Nível 1 - Imunidade [Inicial]: O herói se torna imune a venenos fracos. Ex.: picada de mosquito, ferrão de abelha, Veneno de Escorpião e etc.
Nível 2 - Vinho Rejuvenescedor: Quando o filho de Dionísio beber vinho, suco de uva, ou até a própria fruta, irá curar e cicatrizar seus ferimentos. A quantidade ingerida aumenta a cura, podendo ser parcial ou total. Irá recuperar também uma quantidade de energia igual à de vida.
Nível 3 - Perícia com Espadas [Inicial]: Confere nível de perícia [Inicial] para a perícia com espadas. Permite que o herói treine suas outras perícias até o nível [Inicial]. (+5 FOR)