Aquele instante antes da noite chegar e o dia ir embora é realmente encantador. Me passa a agridoce sensação de que a noite e o dia lutam um com o outro todos os dias. Um vencendo o outro através do cansaço. Sempre houve esse tipo de luta, em todos os tipos de mitologia. Mas chega a ser fascinante como os astros que vivem nesses universos diferentes são destacados como próximos. Seres tão longe um do outro, o sol e a lua, sempre são tidos como amantes ou irmãos. Isso me confundia. Pensar demais nisso deixava-me aturdido e me dava sono. Parando pra pensar, tudo anda me dando sono ultimamente.
 
Desde o instante em que fui reclamado, era como se o mundo deixasse de ser interessante. E no fundo eu gostava disso. Afinal, nos sonhos nós podemos ter tudo que desejamos, e eu desejava muita coisa. Porém, necessitava de força e poder para controlar a minha mente com perfeição, e até então eu não tinha a mínima experiência com batalhas. Por isso decidi ir até a tão adorada arena. Queria ficar forte, e ter tudo que existia no mundo, nem que pra isso eu precisasse abri-lo em dois e tomar para mim tudo que é meu.
 
Lá dentro como mágica uma criatura lenta surgiu. Estava escuro. Meus dedos estavam gelados, como sempre. E por isso levar a mão até a bainha foi confortante. Tirei a lâmina de bronze celestial, sentindo seu peso na minha destra. Era minha primeira vez segurando uma espada, mas admito que me sentia melhor com ela do que com uma arma de fogo. Talvez fosse o sangue grego correndo nas minhas veias, não tinha como afirmar.
 
O monstro esquelético e deteriorado corria na minha direção. Ele não parecia ser muito rápido, mas eu tenho certeza que sou menos rápido ainda. Então seguro a espada com as duas mãos. Ele tinha uma lança, o que significava que o alcance do seu ataque era maior.
 

Fiquei preparado para me defender. Se ele usasse a lança para me dar um ataque perfurante eu iria usar a espada para tira-la da minha direção, então me aproximaria e daria um chute no seu joelho. Seus ossos aparentavam ser fracos, então talvez eles quebrassem facilmente. Caso ele usasse um ataque vertical ou horizontal, eu tentaria me esquivar e fazer o mesmo ataque. Se ele me atacasse de outra forma que eu não planejasse, tentaria me defender ou esquivar, e fazer esse mesmo ataque sempre. No fim procuro ficar longe.

Havia feito um ataque bem sucedido. Não tinha certeza da inteligência do inimigo, mas eu tinha certeza de que ele era esperto o suficiente para não atacar de qualquer jeito. Eu não era forte, e por isso eu não podia arriscar com coisas idiotas. Também não era rápido, o que significava que não podia me arriscar. Tinha que usar as vantagens do inimigo contra ele, pois assim eu conseguiria alcançar as suas desvantagens.
 
Por hora, as únicas vantagens que eu via eram a lança e o escudo. O que já era o suficiente para me vencer, mas ele era uma criatura magra e pelo pequeno estrago que fiz antes, arrisco dizer que também não era muito forte.
 
Tive que fazer uma estratégia simples quando ele colocou o escudo na sua frente e a lança acima dele. Essa posição é complicada, pois impede a aproximação e ataque. Se eu tivesse um escudo poderia fazer algo um pouco mais esperto e útil, mas por hora tinha que usar o que tinha.
 

Com a espada nas duas mãos me aproximo devagar, mantendo-o sempre na minha frente. Flexiono os joelhos durante a aproximação, e quando ficar no alcance da lança abuso do meu TDAH para reagir rápido a algum ataque, me esquivando. Então, quando estiver próximo o suficiente, uso minha espada para jogar a lança dele para o alto, ou ao menos elevá-la. E assim dar um chute no seu escudo. Imaginava que com isso, ele pudesse perder o equilíbrio e cair para trás, de costas no chão. Mas de qualquer forma, me mantenho atento para cancelar algum ataque ou me esquivar.