Arthur estava tendo um pesadelo para lá de estranho naquela noite, era um daqueles que podia-se jurar ser real. Sentia o vento batendo em seu rosto e o frio do terraço. A sua frente, uma rua com um movimento de carros constante se estendia, claramente estava na cidade. Mas como havia parado ali? Em um instante estava conversando com Acel e no outro, estava preso. As correntes balançavam, feitas de um material negro desconhecido, tirando a liberdade dos quatro membros do campista. A luz do luar era a única coisa que iluminava a pele do garoto, seus olhos escarlates pararam diante de uma mulher com uma venda nos olhos, seus cabelos azuis esvoaçando no ar enquanto seus lábios praguejavam algo em uma língua antiga, muito mais antiga que o grego ou o latim. De repente as palavras pareciam mudar em sua boca, a sua voz já não seguia os lábios, até ele ver a deusa começar a berrar uma mesma frase, repetidamente, até o garoto sentir seus tímpanos pulsarem com a voz. "A HORA ESTÁ CHEGANDO!" Antes que pudesse gritar para fazê-la parar, o filho de Phobos acordou em seu beliche, encharcado de suor e com um sátiro cutucando-o com um pedaço de madeira.

- Quí-Quí-Quíron deseja v-vê-vê-lo - Gaguejou batendo seus cascos no chão do chalé, a presença de vários filhos do medo em um mesmo lugar parecia intimidá-lo de uma forma perturbadora. Antes que pudesse se trocar ou tomar um banho rápido, o homem-bode o arrastou para a casa grande. Na varanda, o sátiro estava com uma carta na mão, olhando para a mesa de madeira como se refletisse sobre algo importante, até notar a aproximação dos dois e recebê-los. Arthur acabou sentado ao lado do centauro comendo algumas bolachas enquanto ouvia atentamento seu discurso.

- Bom, esta carta foi enviada para o nosso acampamento. Não sabemos quem enviou. Andei consultando o oráculo e... -Parou ele fitando o garoto, como se soubesse de algo a mais porém não desejasse falar. - Creio que seja destinada a você - Concluiu, entregando a carta nas mãos do conselheiro, que a abriu rasgando o envelope.


- K? - Sussurrou Arthur perguntando-se quem seria o escritor da mensagem.  Ele assentiu para o centauro, aceitando a tarefa e se levantando de imediato. Esperando as considerações finais do coordenador.
- Você tem uma hora para se organizar. Falarei com Argus para deixá-lo na cidade. A partir de lá estará por conta própria. Tome cuidado, Arthur. -

Ω Arthur Bittencourt
Vida:112/112
Energia:108/108

Fatores Físicos:

Banheiro:60%
Fome: 40%
Cansaço:100%
Interpretação:1

Informações:

- Você vai saber - Respondeu Quíron ao garoto, indicando que algo iria acontecer quando se aproximasse dos cães, não precisava de um ponto de referência. Após essas palavras o centauro entrou com sua cadeira de rodas na casa, deixando Arthur sozinho. Após comer algo e fazer suas necessidades básicas no chalé, o campista vestiu suas roupas padrões e se equipou, arrumando sua mochila para a viagem com o que poderia vir a lhe ajudar. Ele estava decidido a encontrar aqueles cães e mandá-los para o submundo, mas algo o incomodava. Aquele sonho, e essa tal de K... Tudo parecia estar interligado. E se ele acabasse acorrentado em cima de um edifício? Decidiu espantar as suas teorias do pesadelo por algum tempo, só iria deixá-lo nervoso. Após terminar sua preparação, o filho de Phobos aguarda na colina meio-sangue, ao lado do pinheiro que protegia o acampamento, olhando para seu lar. Era a primeira vez que sairia daquelas fronteiras mágicas, muitos monstros podiam estar o aguardando ali fora, desafios a serem cumpridos por ele. Seria a última vez que teria a visão reconfortante do gramado verde dali com manchas de neve? Havia virado conselheiro a pouco tempo, mas o que realmente lhe deixava aflito sobre o chalé era que talvez, a vez anterior que tinha visto seus irmãos poderia ser a última.

Abaixo da colina, Argus buzinou, interrompendo os pensamentos do garoto e o fazendo entrar na van. Enquanto viajavam pela estrada, o garoto cantava canções tristes com seu microfone, um tanto desafinado, mas ainda assim com uma letra emocionante. O monstro viajava à uma velocidade grande, entrando em curvas de forma a fazer Arthur bater o braço na porta e se agarrar nela pela força. Argus tinha uma maestria incrível, demorando menos do que o esperado para chegarem no centro, ele o deixou no centro da cidade, com o movimento constante de pessoas o cercando e com um aviso do motorista.

- Da próxima vez que cantar na minha van, o jogo para fora da janela - Grunhiu apertando o pé no acelerador e seguindo a rua de retorno, de volta para o acampamento. Ou o guarda estava em um dia estressante ou Arthur cantava muito mal. O garoto então olhou a rua ao seu redor, vários estabelecimentos se projetavam após a calçada, esta suja de neve com uma pequena estrada para os pedestres passarem. Os carros e as motos já movimentavam a rua de via-dupla. Ele examinou as edificações dali. Pet-shops, supermercados e lojas de conveniência, companhia de transporte para semideuses, loja eletrônica... semideuses? O garoto parou a visão sob aquele edifício, tinha cerca de três metros de altura. Acima da porta, letras brilhavam em um amarelo cegante naquela manhã de inverno "COMPANHIA DE TRANSPORTE PARA SEMIDEUSES". As portas de vidro se abriram, com uma fumaça branca saindo de dentro, um tapete vermelho se estendia para frente, como se aguardassem a vinda de Arthur. As pessoas ao redor ignoraram a abertura daquilo, talvez a névoa os fazendo ver outra coisa.

Certamente algo estava estranho ali. Arthur tinha de atravessar a rua para chegar lá. Ele podia ver um táxi estava parado à 20 metros do garoto, antes de um sinal aberto à direita do garoto. Aparentemente o campista estava no meio da avenida. Ele teria de escolher. Iria entrar naquele lugar estranho ou seguiria para o transporte mortal? Teria de atravessar a borought para chegar em Manhattan, um caminho longo. Certamente que teria de pegar uma embarcação para chegar em seu destino ou seguir de carro por uma travessia, mas primeiro tinha de atravessar parte do Queens para chegar lá. Ir a pé não era uma alternativa inteligente.

Ω Arthur Bittencourt
Vida:112/112
Energia:108/108

Fatores Físicos:

Banheiro:100%
Fome: 100%
Cansaço:98
Interpretação:1

Ao entrar na loja, o garoto vê que parecia um lugar comum. Um balcão se estendia ao final de um piso de cerâmica negra, aparentemente ninguém atendendo. Ele caminhou atentamente, preparado para algo que viesse, ainda com suspeitas o cobrindo. Ao seu redor, quadros estavam pendurados na parede, as luzes do local apagadas, normal para uma manhã. Ao chegar no balcão o garoto aproximou a mão de um sininho, batendo a palma nele, soltando o som de uma campainha. Como se em vez de um sino ali realmentehouvesse uma campainha. Instantaneamente, um homem levantou-se do chão do balcão, como se estivesse deitado deitado ali. Seus olhos estavam vidrados no garoto, a íris era negra e sua pele bronzeada. Tinha um cabelo bem aparado e da cor dos seus olhos. Trajava as roupas típicas de um garçom de hotel. Tinha o tamanho do semideus e um sorriso falso estampado no rosto, algo mais estranho só suas orelhas pontudas, como se tivessem sido amassadas por uma queda de guarda roupa.

- Seja bem vindo, semideus! - Disse ele acenando com a mão esquerda - Para onde deseja ir? -

- Manhattan - Respondeu Arthur, desconfiado. Já havia entrado ali, tinha de arranjar uma maneira de seguir seu caminho. Enquanto caminhava pelas ruas de Montauk, cães poderiam estar machucando gente. O homem mudou seu sorriso para uma expressão vazia, estudando o garoto como se ele tivesse dito um palavrão.

-Nosso ônibus chegará daqui à alguns minutos... - Sussurrou como se estivesse treinando a voz, um grito veio, como se ele tivesse levado um soco no saco. - O levará para um porto. E de lá sairá para Manhattan. Tudo por nada mais nada menos que uma década de trabalho! A prisão irá durar cerca de dois séculos. Deseja uma cela em um prédio em especial? - Questionou o elfo, fazendo o garoto perceber na encrenca que se metera. Os olhos do homem passaram para um verde brilhoso, as portas do local se fecharam e o garoto percebeu que ele não aceitaria um "Desculpe, não tenho intenções de ser preso". Ele poderia lutar contra o homem e pegar o táxi ali fora caso ganhasse. Ou poderia se aproveitar da viajem e escapar antes de ir para essa prisão por ele citada, ganhando uma carona grátis.

Ω Arthur Bittencourt
Vida:112/112
Energia:108/108

Fatores Físicos:

Banheiro:99%
Fome: 99%
Cansaço:98
Interpretação:1

O garoto decide não se deixar ser preso e cria uma ilusão de um clone seu ao seu lado, imitando seus movimentos. O elfo reveza olhares entre eles, dando uma leve risada, como se fosse uma piada. Talvez seus olhos pudessem ver através de uma ilusão básica, ou talvez a posição da ilusão entregasse o semideus, que não se movera para confundir seu alvo. Arthur então avançou em direção ao oponente, notando o balcão se projetando na altura de seu estômago, o fazendo bater no obstáculo colocando as mãos no material frio. Por instinto, jogando seu corpo para frente, com o intuito também de não danificar sua parte íntima ao bater com força ali,caindo no chão próximo ao elfo, batendo seu elmo no solo em um eco que se espalhou pela sala(-5). O atendente somente havia recuado, agora rindo da cara do campista. O conselheiro levantou seus olhos e viu a parte abaixo da sua cintura dele, mecanismos voavam enquanto algo bombeava óleo negro para a parte superior do corpo. Tubos e metal se espalhavam por toda a zona, em um pequeno tornado que girava em torno do rapaz.

Tonto, o filho de Phobos se levantou, vendo o crachá com um nome. "John Smith". O balconista levantou o braço e desferiu um soco, por instinto, Arthur desviou com um agachamento e recuou alguns passos, ainda um pouco afetado pelo impacto. John começava a se mover em direção com um som metálico das engrenagens batendo no solo, arrastando-se vagarosamente. Seus socos eram rápidos, a esquiva do campista fora sorte. Aparentemente, o ônibus ainda não chegara para levar o garoto até o porto de navios. Ao lado de Arthur uma porta estava aberta, uma entrada para o interior do estabelecimento. Ele poderia entrar, como também poderia manter a batalha.

Ω Arthur Bittencourt
Vida:107/112
Energia:83/108

Fatores Físicos:

Banheiro:98%
Fome: 97%
Cansaço:97%
Interpretação:1

John Smith:
Vida:100/100

O garoto segura a lança com as duas mãos, uma arma na qual ele tinha aptidão natural. Ele sabia da velocidade do monstro e da sua força, mas não iria recuar. Não aceitaria correr feito um covarde, aceitando a batalha, ele olhou nos olhos do balconista, com seu brilho escarlate por trás da máscara. Em uma estocada concentrada, o garoto tenta fincar a espada no peito do oponente, que segura a arma pelo cabo antes de ser acertado. John começou a sorrir, mostrando dentes macabros evidentemente falsos. Logo uma voz feminina veio de dentro dele, sem que este movimentasse os lábios.
- É só isso que tem? Videogame lixo! - Gritou como uma gravação, levando a pensar que algo controlava-o. Logo o robô começou a avançar em socos, o garoto tentando desviá-los, mantendo a lança próximo a seu corpo. Arthur se viu de costas para a parede, com o monstro prestes a atacar novamente, recuado aparentemente pela aura do garoto o afetando, mas prestes a avançar novamente. A negritude se estendia na porta aberta, agora ao lado do garoto. Ele podia entrar, ou continuar tentando manter aquela batalha contra John, no qual agora ele tinha certeza que, mesmo sendo um robô, poderia sentir medo.

Ω Arthur Bittencourt
Vida:107/112
Energia:83/108

Fatores Físicos:

Banheiro:97%
Fome: 95%
Cansaço:94%
Interpretação:1

John Smith:
Vida:100/100