Os dias passavam, um após o outro, como as ondas que batiam insistente e inutilmente contra as rochas da praia de Long Island. Minha vida fora dali nunca fora muito empolgante, é óbvio. Entregar drogas para os noiados de meu bairro sempre fora a atividade mais empolgante que eu tivera o hábito de fazer. No mais... Faltar aulas, evitar minha mãe e suas irmãs doidas, desviar das velhas da vizinhança e fugir de homens sinistros com chifres... Tudo isso não era lá o que eu esperava da minha vida. Mas, bem... O que eu esperava da minha vida, afinal? Certamente não era ficar ali, vendo aqueles adolescentes com complexo de herói enfiando espadas uns nos outros. Não que a luta não fosse divertida, claro. Para minha surpresa e admiração, a adrenalina da batalha mostrara-se como uma droga correndo pelas veias, acordando o corpo e a mente, entorpecendo os sentidos e aguçando os instintos.

Fiquei quase aliviado quando ouvi os xingamentos. Tomara que seja algo interessante, pensei. E, bem, não me decepcionei. Quando achei a fonte das pragas, cumprimentei Louis, que entendeu minha indagação silenciosa e explicou-me sobre os ocorridos. Não pude deixar de dar um sorriso cínico. Filhos do deus da Guerra, da Estratégia, do Arco, das Corridas... e ninguém havia pego aquele unicórnio? Deveria ser uma criatura no mínimo interessante. Minha curiosidade natural não pode deixar de abrir os olhos para aquilo, como um gato acordando de sua soneca ao sentir o cheiro de sachê de carne.

dou de ombros para Louis enquanto ele se afasta, tentando demonstrar desinteresse, mas enfio a mão nos bolsos e puxo um novo cigarro e meu esqueiro, acendendo-o com um trago e soltando a fumaça para o por do sol. Um unicórnio. Negro. E pelo visto, esperto. Sorrio diante daquele desafio, divertido com a ideia, e caminho entre os morangos, avaliando as pegadas, as marcas, tentando estabelecer um padrão para onde o unicórnio surgiu e que tipo de morangos atacava; se os pontos onde estavam mais maduros, mais verdes, médios, se saia do leste ou do oeste pelos bosques, se caminhava muito por ali ou se comia em um lugar e voltava. Eu não tinha muita experiência em caça, mas os treinos do acampamento haviam ensinado o básico sobre avaliar os ambientes, e eu esperava por aquilo em prática para tentar deduzir o comportamento da criatura.

Olhando para o céu irritantemente claro da manhã, eu vou para meu chalé depois de reunir as informações que conseguisse com minha pouca experiência. Àquela altura, eu já não negava para mim mesmo o meu interesse naquilo. entro no chalé de hades silencioso como uma coruja em voo, e recolho os equipamentos que já não estavam comigo. Aperto os cadarços e saio mais uma vez para o dia. Segundo Louis, a criatura só aparecia à noite. Avalio as informações que tinha para tentar bolar um plano de ataque enquanto me posiciono entre o bosque e o campo de morangos, uma mão no bolso e outra segurando o cigarro entre os dedos.

Equipamentos levados:

Olhando ao redor eu não havia descoberto muitas coisas, mas como era de se esperar, o monstro gostava dos melhores morangos dali. Uma ideia se formou em minha mente quando caminhei mais um pouco, vendo que um dos cercados de morangos ainda estava em melhor estado e os frutos ali, maduros. Coço o queixo, onde um leve arranhar começava a se pronunciar, anunciando o nascimento do que viria a ser, um dia, uma barba. apago o cigarro e me ponho a trabalhar quando a ideia em minha mente termina de se formar.

Minha bobina, minha espada curta e duas adagas seriam as ferramentas para aquela empreitada. Olho ao redor, tentando compreender a área e começo a trabalhar. Meu plano seria formar um "laço" com o fio da bobina, cobrindo uma boa área da plantação voltada para o lado do bosque. Uns 5m de raio. Primeiro, fico a espada no chão com força e amarro a ponta do fio no seu cabo, tomando cuidado para não cortar os dedos, e quando estivesse satisfeito com a firmeza iria para o lado mais voltado pro bosque e prenderia na cerca uma adaga de bronze, onde amarraria novamente o fio de oricalco. Caminho mais para o lado e prendo outra adaga da mesma forma na cerca, a uns 5m de distância da primeira, formando um tipo de triangulo com a espada e, por fim, completo um tipo de "laço", de forma que um triangulo se forme com o fio em volta da entrada do cercado. A bobina, eu estico o suficiente para manter afastado dali, formando uma área dentro do "circulo/triangulo" de fio grande o suficiente para o unicornio andar. Com 100m de fio eu deixo um espaço que garanta isso, mas que me permita ficar ainda um pouco afastado com a extremidade onde estava a bobina.

Spoiler:

Seria este o formato do desenho que quero criar, basicamnte, porém não tão arredondado. em uma extremidade da fita estaria a espada fincada firmemente no chão, na outra a bobina, e no meio do laço o espaço onde o unicórnio teoricamente entraria. Tomo o cuidado de deixar as adagas, que formam os suportes para abrir o laço, abaixadas o suficiente para permitir que o animal entre na armadilha sem notá-la.

Quando o trabalho estivesse pronto iria me ocupar em juntar alguns morangos, colhendo-os em uma cesta ou duas, e deixando-a no centro daquele laço, de forma que seu cheiro concentrado chame a atenção do unicórnio.

Após terminar o trabalho eu solto um suspiro e acendo o Cigarro-da-recompensa, tragando com felicidade. E por fim... Vou beber água e volto, posicionando-me onde havia deixado a bobina, escondido entre os morangos, aguardando a noite chegar para utilizar as sombras para Ocultar o fio de oricalco que, já fino, ficaria bem discreto.

No mais... Mantenho-me atento aos sons da noite e do bosque, aguçando os sentidos para observar a aproximação do unicórnio. Se o ver eu não me movo inicialmente, apenas aguardo, oculto nas sombras e entre os morangos, torcendo para que o cheiro das bitucas de cigarro que já havia queimado ao longo do dia ajudassem até mesmo a disfarçar meu cheiro forte. Afinal, havia aprendido que os monstros têm um otimo olfato e nós, semideuses, sobretudo filhos dos 3 grandes, uma inhaca das brabas.

Nível 5 – Passo Oculto [Inicial]: O corpo dos filhos de Hades agora fundem-se às sombras, tornando-os parte delas e permitindo que se camuflem, passando despercebido pela maior parte das pessoas.

Nível 7 – Coração de Pedra [Inicial]: A personalidade forte e odiosa dos filhos de Hades basicamente “blinda” seus corações e mente, tornando-os menos suscetíveis a intimidações e lisonja.

Nível 3 – Ocultar : O filho de Hades consegue envolver um objeto ou lugar pequeno em sombras, ocultando-o do olhar alheio. Consome 20 pontos de Energia.

Eu já estava entediado àquela altura. A noite chegou e se foi, dando lugar a uma madrugada silenciosa e tediosa, e eu talvez tivesse cochilado antes da hora definitiva finalmente chegar. E quando chegou... ô porra...

eu não esperava tudo aquilo do unicórnio. Estava esperando apenas um cavalo com um chifre no meio da testa. Mas aquela criatura... Era majestosa, elegante, aterradoramente bela para mim. Um ser da noite e das sombras, de um porte magnífico e, imaginei eu, poderes místicos ocultos. A luz que emanava de seu chifre chamou minha atenção, bem como a negritude de seus pelos, que o camuflavam na escuridão de forma semelhante à que nós, filhos de Hades, estavamos habituados a fazer. Por um momento a ideia de dar as costas e sair dali cruzou minha mente. Não por medo - bom, não somente por medo -, mas porque pensei que um ser tão lindo não deveria ser morto. Se ele queria comer nossos morangos, que comesse, oras. Mas o desafio cravado em meu peito ainda ardia com o fogo do orgulho, e segurei a bobina com firmeza ao vê-lo se aproximar dos morangos no centro da arapuca.

Ok, Koda, falei a mim mesmo. Agora é a hora. Ele está onde você precisa que esteja. Não vá estragar tudo.

Ergo a mão, puxando a bobina e testando a resistência das adagas. O plano... Basicamente era desprender as adagas e ativar a bobina para que recolhesse o fio de oricalco e, quando tocasse as patas do cavalo, somaria minha força à do aparelho, tentando cortar as canelas ou cascos do animal. Eu já havia testemunhado o poder do Oricalco, cortando coisas que eu mesmo duvidava - inclusive a mim, em algumas situações-, mas a ideia de que aquela criatura ainda me surpreenderia pairava em minha cabeça como uma nuvem de veneno escapando por um buraco.

Assim, dou início à segunda parte do meu plano, espalhando minha energia pelo fio, tornando-o frio como o toque da morte, e dando um puxão na corda para desprender a primeira adaga e caso a segunda não desprenda também, eu ergo a mão em garra, controlando as sombras sobre ela para empurrá-la para fora da cerca e, por fim, permitir que o circulo//triangulo de oricalco se feche sobre a criatura no centro, puxando com força a boibina e movendo-me para trás para aumentar o atrito e corte sobre as pernas da criatura.

Dando certo ou não me manterei tão oculto quanto possível, observando o animal. Eu não sabia o quanto ele enxergava no escuro, mas gostaria de manter-me oculto tanto quanto possível, afinal, um coice daquela aberração linda provavelmente destruiria minhas costelas, e eu podia apostar que ele era capaz de disparar raios daquele chifre. Eu não era um lutador muito bom; a maior parte de minhas lutas desde que cheguei ali tinham sido resolvidas daquela forma, com truques baratos usando especialmente aquele fio bendito. Eu sabia que não poderia me apoiar nele o resto da vida, mas, ainda gostava de tentar usá-lo.

De qualquer forma, fico atento para, a qualquer momento, desviar de ataques físicos ou mágicos como me parecer mais propicio, jogando-me e rolando pelo chão, recuando com saltos laterais ou correndo sem dignidade entre a plantação, tentando afastar-me do perigo.

Nível 1 – Umbracinese [Inicial]: Os filhos de Hades possuem a habilidade de manipular as sombras de acordo com a sua vontade. Neste nível podem apenas moldá-las ou desgrudá-las das superfícies, usando-as para erguer pequenos objetos e coisas do tipo. As sombras de outros seres vivos não podem ser utilizadas. Esta habilidade não pode ser utilizada sob luz direta do sol.. O uso dessa habilidade consome 25 pontos de energia.(ativo só se precisar)

Nível 2 – Lâmina do Estige: O filho de Hades move parte de sua energia para lâmina, o que a deixará tão gelada quanto as águas do rio Styx. Ao atingir qualquer parte do corpo do alvo, o mesmo terá sua ligação com a alma cortada, ficando inerte por uma rodada (APENAS O MEMBRO ATINGIDO). O usuário pode utilizar esta habilidade também com o toque, paralisando todo o corpo do alvo enquanto o contato físico continuar. Funciona apenas com alvos mais fracos que o usuário. O uso dessa habilidade consome 30 pontos de energia, e entra em espera por 2 rodadas. A habilidade ficará ativa durante 1 rodada.


Nível 4 – Regeneração sombria [Inicial]: Quando estiver em um ambiente completamente desprovido de Luz, o filho de Hades terá suas forças renovadas, regenerando 10 pontos de Vida e Energia. Em ambientes escuros, porém não completamente (à noite, apenas sob a luz de uma tocha, etc), recuperará apenas 5.

Ok, penso. Eu não esperava por isso. O unicórnio havia me pego de surpresa com aquilo, devo dizer. Eu estava esperando um raio mortal, e não um clarão saindo de seu chifre. Talvez ele pudesse até mesmo fazer os dois. Bendita criatura, quem diria que um ser das trevas como aquele poderia usar habilidades de luz?

Levanto-me, levemente estabanado e recuperando o equilibro. Passo os olhos pela minha bobina, tentando estipular se seria possível livrar-me das adagas presas ao fio balançando-o. Das coisas que usara, eu queria ela e apenas ela. Se eu ver que conseguiria, puxo-a com força e arrasto-a comigo enquanto aperto o botão de retraí-la e parto na direção do bosque, seguindo o rastro de ícor no chão. Se eu ver que o fio ficaria preso às adagas ou espada eu largo-o ali também e parto correndo da mesma forma.

Em meu bolso, ainda tinha minha adaga de reclamação de ferro estígio, e presas ao cinto as adagas de arremesso estígias. Acredito que poderia me virar com elas, embora não estivesse acostumado a lutar sem os truques do fio. E bem... Aquela seria uma boa oportunidade para aprender a lutar de verdade.

Assim Da forma que conseguir, eu sigo em frente, tçao silencioso quanto posso naquela velocidade, prestando atenção ao caminho enquanto foco em não tropeçar ao seguir o rastro do animal. Caso consiga vê-lo ou ouví-lo perto eu tento esgueirar-me pelas sombras para um local que possa observá-lo sem ser visto.

Nível 1 – Herança do Rei [Inicial]: Como todo bom filho de Hades, o sangue do rei do submundo corre em suas veias, garantindo-lhe características bem peculiares. Os filhos de Hades possuem uma aparência quase doentia, com pele pálida e um olhar geralmente morto. São capazes de enxergar no escuro tão bem quanto se fosse dia, e conseguem sentir a presença de espíritos nos arredores, bem como interagir com eles.

Nível 5 – Passo Oculto [Inicial]: O corpo dos filhos de Hades agora fundem-se às sombras, tornando-os parte delas e permitindo que se camuflem, passando despercebido pela maior parte das pessoas.

Eu já estava cansado de correr atrás daquela criatura. Tentava manter a respiração constante, inalando profundamente pelo nariz e expirando pela boca quase com um sibilo entre os dentes e os lábios, usando o diafragma e as costelas para inflar e desinflar o pulmão, por mais que começassem a queimar depois de perder a conta de quanto tempo estava correndo. Certamente, se fosse meses atrás, antes de todo aquele treino de semideus e do despertar de minha força sobrenatural, eu provavelmente já estaria no chão tremendo sem ar. Mas, de uma forma ou de outra, eu sabia que ainda tinha muito a melhorar.

Quando alcancei o monstro eu novamente não pude deixar de me admirar com sua beleza. Naquele lago, sob a luz da lua e das estrelas, a criatura poderia se proclamar o rei daquela floresta, e eu duvidava que qualquer um iria desafiá-lo. Sua beleza era tão grandiosa que me levou a me perguntar se seria possível domar aquele ser, mas a ideia logo desapareceu de minha mente. Seria mais fácil ele me domar, penso com sarcasmo. Puxo uma adaga do cinto, tentando tranquilizar mais a respiração. eu honestamente também estava com vontade de me abaixar de quatro e berber daquela água para me refrescar, mas tento manter o foco na criatura. Meço a distância entre nós até um ponto que estivesse confortável para mim realizar meu arremesso, e vou aproximando-me, esgueirando-me pelas sombras dos galhos e dos troncos, por trás das moitas e das rochas, até ter um angulo propício de disparo, e então laço o aro de uma adaga com o fio de oricalco, e então calculando o peso da lâmina e a distância entre o monstro e eu com cuidado, eu a arremesso de forma que passe um metro do pescoço da criatura e então que seu peso faça-a cair potr trás dele, enrolando o fio no pescoço. eu acreditava que a lamina só conseguiria dar uma volta com a habilidade que eu tinha, mas já seria algo se cortasse ao menos sua cernelha.

Caso consiga posiciono-me em algum lugar mais alto, como encarrapitado no topo de uma rocha ou galho acessível, visando ter uma melhor visão da criatura e de nossos arredores, bem como uma melhor visão de fuga se necessário desviar. ficoa tento para evitar investidas físicas ou à distância e, até mesmo, para os sons aos arredores, evitando ser pego de surpresa por um terceiro.