-Meg, eu estou com medo- digo enquanto guardo as poucas coisas que eu tenho nesse orfanato. dividia o quarto com a Megan e outras 3 garotas da minha idade.eu havia sido adotada mais uma vez, essa ser a 23° família que tenta me adotar. ao contrario das outras, essa família me deixou apreensiva, um arrepio subia na minha coluna toda vez que citavam a família Willian.
Megan estava na janela olhando para a entrada do orfanato, algo parece ter acontecido por que ela se distancia rapidamente da janela e vem ate mim, pega todas as minhas roupas que estavam dobradas em cima da cama e enfia abruptamente na mochila. olho para a mesma estranhando sua atitude, ela nunca havia agido assim, como se estivesse com pressa. ela se abaixa e pega meu tenis jogando para mim:
-calça isso rápido Koty, não temos tempo.
calço meu sapato e ela joga a mochila em mim:
-Caramba Megan! para de tacar as coisas em mim garota! - digo estressada, ela sabia que eu não tinha paciência com essas palhaçadas.
ela me ignora e me puxa pela mão descendo as escadas. não estou entendendo nada . ela me arrasta ate a porta dos fundos, sempre olhando para trás como se estivéssemos sendo perseguidas. Quando estamos do lado de fora do prédio, puxo minha mão do seu aperto e cruzo os braços:
-dá para me dizer o por que disso? eu estou atrasada garota!
-é, atrasada para ser morta sua sonsa! acordar! - ela agarra meus braços fazendo eu olhar diretamente para seu rosto-você foi vendida para eles! eles querem te matar Dakota!- olho incrédula para ela, é algo bem difícil de acreditar-você nunca esteve doente da cabeça, tudo aquilo era real!- odiava quando ela tentava dizer que eu era normal, que tudo o que eu via não era coisa da minha cabeça-os monstros são reais e não só reais, são mortais. eles querem te matar.
-mas o que eu fiz para eles para quererem me matar? não acreditei que eles eram reais ? eles vão puxar meu pé de noite? - solto suas mãos de mim e dou uma risada sem graça-era só o que me faltava. agora com licença que eu tenho que ir, os Willian estão me esperando.- e mais uma vez o arrepio se faz presente no meu ser, isso não era normal.
Megan ia dizer mais alguma coisa mas parou e olhou fixamente para a entrada do orfanato, olho na mesma direção e miro a minha futura família. enquanto eu olhava, algo mudou ali, como se uma nevoa encobrisse eles. seus rostos estavam travados em uma carranca e ... pera... aquilo era uma calda??
não , eram duas caldas.
-você está vendo aquilo ?- Megan pergunta olhando para a minha cara.
a voz da diretora me chama de dentro da casa porem eu não respondo, estou paralisada vendo o resto da névoa que encobria as duas figuras na entrada da casa, agora não passava de um bem fino véu que permitia ver as criaturas... duas Quimeras, cada uma com uma cabeça de leão, um par de asas e caldas com ferrão de escorpião.
-Meg, cadê o meu remédio?- digo sem conseguir desviar o olhar.
olho para Megan e no mesmo momento ela agarra minha mão e sai correndo pelo portão lateral do quintal:
-ELES NOS VIRAM, CORRE DAKOTA!
ainda correndo sendo arrastada pela Megan, olho para trás e vejo os dois monstros vindo atrás de nós.
acelero o passo e me livro do aperto da Megan assim conseguindo correr direito, desde quando eu conseguia correr daquele jeito?
Passamos por dentro de vielas e passamos no meio de carros, quase sendo atropeladas umas duas vezes. eles ainda corriam atras de nós, pulando em cima dos obstáculos que tentávamos por entre nós.
Conseguimos parar para respirar entre dois prédios onde mal conseguimos ficar lado a lado de tão apertado:
-dá para me explicar o que está acontecendo e para onde estamos indo? - digo com dificuldade de falar. Megan pega do seu bolso uma um mapa e uma carta, essa ultima ela me entrega e abre o mapa .
-o que está acontecendo é o seguinte- ela para e respira-você tem sangue divino e esse seu sangue divino imite um cheiro que atrai monstros. Eu fui designada a ser sua guardiã , recebi essa carta para te entregar e a ordem de te levar para casa quando houvesse risco iminente que eu não conseguisse resolver.- ela me olha nos olhos-e eu até consegui me virar contra alguns deles, mas duas manticoras são demais para a minha cabeça.- ela ia falar mais alguma coisa porem sua atenção é voltada para trás de mim, ela se abaixa me puxando junto-abaixa, elas estão aqui.- após algum tempo ela se levanta e me mostra o mapa-nós vamos para São Francisco, de volta para casa!- ela se espreguiça e diz sorrindo-to louca para comer o ensopado do refeitório de novo!
Saímos do beco e não tinha mais nenhum sinal das Manticoras. caminhamos com cuidado até a estação estadual de ônibus. entramos na fila e eu fiquei apreensiva, puxo Megan de lado e falo baixo:
-não temos dinheiro minha filha! como vamos entrar de cara limpa e sem passagem?
-é ai que seu talento entra minha querida- ela sorri de lado, odiava quando ela fazia eu usar os 'poderes do olho violeta'. toda vez que queríamos algo que não conseguíamos facilmente, eu piscava os meus olhos e conseguia as coisas, ou que me dessem algo ou que fizessem algo. eu e a Megan apelidávamos isso de 'poder do olho violeta'- isso você herdou da sua mãe, sua herança divina- olho para ela incrédula, minha mãe... nunca havia ouvido falarem dela, nem de meu pai por sinal, eu era uma ninguém.-me lembre de orar para a tia Vênus por isso, salvou nossas vidas - Vênus, A deusa Vênus ??
Quando ia perguntar mais sobre para Megan, chega nossa vez de entrar no onibus. O cara que recolhia os bilhetes era muito bonito, alto com a pele morena e os olhos castanhos. lá vamos nós de novo, respiro fundo e abro aquele sorriso manhoso que desencadeava o 'poder', pisco os olhos olhando nos fundo dos olhos do garoto, no crachá continha seu nome, Henry:
-bom dia Henry- olho penetrantemente agora vendo que ele já está vidrado nos meus olhos-você já viu nossos bilhetes e estão certos, você vai nos deixar entrar agora, certo?
-certo, entrem meninas... - ele diz dentro de um transe.
entro logo com a Megan, ela acha muito engraçado como consigo com que as pessoas façam o que eu quero com esse poder:
-agora, como assim Vênus?
-leia a carta Dakota, agora me deixa que eu vou dormir. ainda temos 5 horas de viagem até chegar lá.
abro a carta que ela me entregou anteriormente, acima da página tinha um desenho de uma rosa, e embaixo o texto :
'' Antes de tudo peço desculpas filha, eu não podia deixar nada acontecer com você. talvez você não saiba nem qual o meu nome, nem quem eu sou o quem sua mãe é. Meu nome é Louis Luka e eu me envolvi com uma deusa, literalmente, mas isso não vem ao caso por que agora estou sendo perseguido por que querem você.. amanha de manhã eu vou te deixar no orfanato mais caro que eu achar por aqui, um lugar onde você vai estar segura até ter a idade certa para ir , a essa altura espero que você já saiba para onde está indo e o quanto eu te amo. te deixar está sendo a coisa mais difícil que estou fazendo. fiz o pedido ao acampamento de um guardião para você. eu vou fugir com algumas coisas suas a fim de levar as criaturas para longe de você. não sinta raiva por eu ter te deixado, era necessário. você é o bem mais precioso que eu tenho e não queria que isso fosse preciso. orei para sua mãe a proteger e orei para seu avô também, esperando que ele me atenda .. por favor se cuide e não nos odeie, eu e sua mãe te amamos de verdade. minha preciosa Dakota.
~Louis''
releio essa carta umas 15 vezes, mãe, avô , pai... tudo foi jogado em cima de mim do nada, era a primeira vez na vida que eu tinha uma família que me amavam do jeito que eu era.
provavelmente eu dormi em algum momento por que acordo com o ônibus capotando.. pera.. capotando??
Megan está gritando, eu não estou entendendo nada , vejo minha mochila sendo jogada de um lado para o outro, agarro ela do jeito que eu posso e finalmente o ônibus para. minha cabeça está sangrando e a perna da Megan com vários estilhaços de vidro presos. ela quebra a janela no chute e saímos do ônibus . no alto da colina vemos duas figuras olhando para baixo.. elas estavam ali . Megan agarra meu braço e me puxa para o meio das arvores:
-CORRE DAKOTA! O ACAMPAMENTO E MAIS PRA FRENTE NESSA DIREÇÃO, VAI !
Corremos no meio das arvores por alguns minutos ate que eu enxergo, parece uma clareira mas tem algo estranho, parecida com a nevoa que tinha nas criaturas antes.
-está perto! vam.. uma manticora aparece do nada e agarra Megan, dou um grito enquanto vejo ela sendo arrastada.. espera, está faltando uma .. Megan me grita e joga algo para mim. não faço ideia do que fosse antes mas agora era uma espada.. eu estava com uma espada na mão.
um barulho ensurdecedor paira do lado esquerdo e por instinto giro a espada acertando a lateral da cabeça da outra manticora, a que tinha arrastado Megan desapareceu, deixando minha amiga largada no chão. Meu golpe parece ter irritado a criatura por que ela recuo e avança novamente.
desfiro um golpe cegamente na direção da criatura, sinto que pegou mas não vejo onde. meus olhos estão tomados por lagrimas, corro para onde Megan está, a balanço tento acordá-la mas seu corpo se mexe sem vida, ela estava morta. caio de joelhos ao seu lado, ela era a família que eu tinha, que tinha ficado comigo desde sempre.
sinto uma mordida na minha perna e sou arrastada na direção contrária da clareira. sou tomada por uma fúria enorme, golpeio a cabeça da besta com a espada e ela me solta. me levanto com dificuldade mas ignoro a dor , saio correndo na direção da criatura enquanto ela ainda está recuada . desfiro outro golpe, dessa vez mirando nas asas da manticora, ela se levanta em duas patas , pronta para me atacar com as garras, mas em um momento de coragem, encravo a espada no peito da criatura e vejo ela cair desfalecida para trás.
ouço um grito muito alto vir da minha esquerda mas não vou ficar para saber que é a outra manticora. saio correndo em direção á clareira a minha frente.
minha perna doía, minha cabeça doía, meu coração doía mas eu queria viver.
ouço passadas pesadas atras de mim, algo me perseguia.
acelero o passo, mesmo mancando de vez em quando . chego no limite da clareira e passo pela névoa . olho para trás e não enxergo mais a criatura.
tropeço em algo e caiu no chão, conseguindo ler apenas o letreiro em cima da minha cabeça antes de desmaiar.
apago com as palavras ' Acampamento Júpiter' na mente.

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