O peso na consciência me saturava gradualmente, se as chamas da floresta ainda ardessem em minha memória. Pude sentir as mãos tremerem ao passo que o suor pingava da testa. Não havia dormido direito, mas duvidava que caísse no sono depois daquilo. Tinha minha parcela de culpa naquilo. Eu escolhi ter, no momento em que assumi a responsabilidade pela coorte que antes era de Lorenzo. Mentalmente, só consegui pedir desculpas a ele. Enquanto os centuriões se articulavam, tentei lidar comigo mesmo, prometendo que daria um jeito de ficar mais alerta.
Mas como? pensei. Mesmo que houvesse vontade, não conseguiria ficar em todos os lugares ao mesmo tempo, nem havia como resolver situações como aquela sozinho. Me empenhei em convencer a mim mesmo que não havia o que fazer e até tudo se resumir aos centuriões conversando e checando os danos, eu estava mais tranquilo. Fui aquele a conversar com Ahmar e explicar-lhe a situação. O novo pretor trabalhava assiduamente e me deixava confortável a ponto de confiar inteiramente nele. Tinha fé que ele acharia uma saída a qual eu não conseguia visualizar naquele momento. Até que surgiu o roubo dos unicórnios.
Torcia para que fosse uma piada de mau gosto, mas a julgar pela expressão do filho de Arcus, duvidei que fosse. Praguejei em latim mentalmente, desejando socar uma parede até derrubá-la por inteiro. A raiva que senti por alguns instantes se transformou em preocupação quando surgiu Elie com a informação sobre as runas. Tudo aquilo havia sido armado por alguém. Para roubar... unicórnios? A vida dos que habitavam a floresta, o meu sono, a integridade do acampamento, todos colocados em risco por interesse pessoal.
Imperdoável, sussurrei. Quando voltei a mim, já estava a caminho dos estábulos. Andando a passos rápidos, me vi apressado para identificar os culpados de uma vez. Talvez inconscientemente, havia solicitado ao semideus que nos interrompera para me levar e me mostrar o cenário. Por mais que estivesse nervoso e com medo de não conseguir achar nada, eu não conseguia pensar nisso. Minha posição era fria e direta, afinal, eu não conseguiria nada sendo guiado pelas emoções. Optei por usar meu ódio como motivador, não como guia.
- Onde estão o sangue e as pegadas? - Perguntei. A primeira coisa que faria seria checar se o sangue era humano. Se preciso, pediria ajuda ao filho de Arcus. Por cuidar dos unicórnios com frequência, esperava que ele pudesse diferenciar. Precisava saber se alguém fora ferido ou algo do tipo. A segunda coisa era seguir as pegadas. Mesmo que fosse à floresta, o autor iria para algum lugar que fosse colocar fogo? Eram peças que não se encaixavam, mas que eu deixei de lado enquanto não reunisse mais informações do local.
Nível 4 - "Em latim, strategi...": Por conta do temperamento da mãe, geralmente os filhos de Belona são furiosos. Entretanto, sua fúria é gélida como o beijo de Quione. Sejam levados pela fúria ou não, a mente do herói é sempre centrada. Encontrará sem muito esforço uma estratégia vencedora para as mais adversas situações.