Ahmar escuta atentamente o relatório de Ray. Ele apenas acena quando o garoto termina, e logo o filho de Sonmus chega trazido puxado por outro legionário, parecendo extremamente insatisfeito de ter de correr para seja lá qual for a emergência.
Ele para diante do Goblin desacordado. Então toca-lhe a tenta com a mão e fecha os olhos, caindo no sono. Ray boceja, percebendo que está começando a ficar sonolento também. Ele tenta resistir mas cada vez mais sente o corpo mole.
- Vá - fala Ahmar ao seu lado - está tudo bem, vá com ele.
Assim, Ray desaba aparado pelo pretor que o pousa no chão ao lado do filho de Sonmus e do goblin.
Ahmar abre os olhos... O escuro da floresta o oprime mais uma vez.
- Ah, você veio? - fala uma voz ao seu lado e ele reconhece o filho de Sonmus, flutuando ao seu lado como um espírito. Isso seria até normal... Mas o garoto estava enrolado dentro de um saco de dormir, apenas com a cabeça de fora, parecendo bem confortável - Vamos lá então.
Eles deslizam pela floresta em grande velocidade. O som de cascos enche seus ouvidos e o espectro de unicórnios surge diante deles, sendo levados floresta-adentro por... Goblins! Cerca de seis deles, montados nos unicórnios. Um goblin ia à frente, com uma barra de ouro brilhante erguida acima da cabeça, atraindo os unicórnios que adoravam comer pedras e metais preciosos. Eles correm e correm, passando pelos limites dos bpsques, saltando o pequeno tibre, rumando floresta-adentro por mais alguns minutos, até que chegam a um amontoado de pedras que revela-se, na verdade, como a entrada de uma gruta. Galhos com pequenos crânios e ervas estão pendurados na entrada. Eles amarram os unicórnios nas árvores na porta da gruta, e os goblins se juntam para puxar um dos unicórnios para dentro da gruta, mostrando-lhe o ouro e puxando suas cordas. Com dificuldade o animal se espreme para dentro da caverna. Eles se aproximam mais, mas então...
- Ai! - Protesta o filho de Sonmus dentro de seu saco de dormir - Que droga. Tem magia aqui. Alguém não quer que eu entre...
Ele pondera um momento, e então faz uma cara de bravo.
- Mas, até parece! Eu não acordei e corri metade de nova roma pra ser parado por
magia de goblin!
Ele enfia o braço para fora do saco de dormir e o estica pra dentro da gruta. Uma barreira de névoa parece circular, formando uma parede que o impede de entrar, mas o garoto força o empurrão e a parede tremula. O crânio pendurado na entrada treme um momento, e as ervas começam a queimar, até que o semideus consegue romper aquela barreira e as folhas pegam fogo por completo.
- Há! Consegui. Agora nós podemos ver o que há dentro, mas... Suponho que quem quer que tenha colocado esta barreira agora sabe que nós sabemos que eles sabem que sabemos que estão ai! Isso fez sentido?
Ele entra flutuando e Ray vai logo atrás. Lá, eles quase se arrependem de entrar. A gruta dava em uma caverna do tamanho de um quarto. Lá, uma fogueira ardia no meio e um trono de ossos e galhos enfeitava um pequeno altar de pedra. O unicórnio é arrastado até este altar, e um goblin diferente dos outros. Claramente um tipo de líder militar e religioso, pois tinha adornos de cranio e todos os goblins se curvavam perto dele.
- Spoiler:
- Um xamã - fala o guri.
O goblin puxa uma adaga. O unicórnio parece sentir o perigo no ar, pois relincha e tenta fugir, mas uma dezena de goblins puxam as cordas para mantê-lo ali. O goblin xamã então se aproxima e com um golpe cruel acerta o pescoço do animal, que se debate e tomba. O sangue escorre pela pedra e então por alguns sulcos entalhados nela, que nas bordas derramam o sangue sobre potes de barro. O xamã começa a cantarolar enquanto o sangue escorre e seus goblins giram em sua volta. O ar treme e névoa parece encher o lugar de novo.
- Acho que já deu.
Com isso, o lugar parece regredir, e como se voltassem um filme em velocidade ultrarrápida eles recuam da gruta, da floresta, de volta até o acampamento e então Ray abre os olhos, levantandoi-se de um salto.
- Ahhhhhaaahhh - boceja o filho de Sonmus - Você pode explicar pra eles, não é? É, pode sim... Eu vou cochilar, este passeio me cansou. Tchau.
Ele se vira e dorme ali mesmo.