Os vendavais do equinócio haviam chegado com excepcional violência. O vento gemia durante a tarde inteira enquanto a chuva fustigava as janelas com fúria, onde mesmo nos Acampamentos greco-romanos, os jovens eram obrigados a afastar a mente de sua rotina por um instante e reconhecer a presença daquelas grandes forças elementares que gritavam através das grades de sua civilização, como animais machucados e famintos em suas jaulas. A medida que a noite se fechava, a tempestade piorava se tornando ainda mais ruidosa e intensa, o vento chorava e soluçava como uma criança pelas chaminés do chalé de Atena.
Frente à lareira, acabrunhado, estava Aaron Black Mettus. O filho da Deusa da sabedoria estabelecia referências e relatos de livros dos mais antigos e renomados semideuses do passado, seus irmãos que deixaram uma marca no mundo. Livros escritos manualmente, únicos e disponíveis apenas para os filhos da sabedoria. Dentre os autores estavam Raul Cortez, Colombo e o próprio Sherlock Holmes.
Outros pergaminhos jaziam encolhidos como criaturas amedrontadas diante das próprias escrituras na mesa, escritos há tanto tempo que continham idiomas já esquecidos pela humanidade. O garoto, montava os fatos como um quebra cabeças de espinhos em sua mente, e o vento feroz que se lamuriava lá fora parecia se fundir com as palavras que ele lia. Havia mistério naquelas escrituras. Relatos sobre corpos encontrados em estado de putrefação, com ligações com o divino, alguns em especial eram ditos como idênticos aos Deuses e suas antigas estátuas gregas.
Um diário não muito antigo, de autor desconhecido e com capa de couro desbotado, tinha em suas folhas levemente amarrotadas o seguinte:
“Hoje, vim para a casa de meus pais adotivos. Eles sabiam do meu lado divino e me apoiavam nas idas e vindas para o acampamento. Mas fui criado nessa família com tanto carinho que meus laços são tão fortes com eles, quanto com meus parentes gregos. Meu ‘irmão’ todas as vezes me enche de perguntas, sobre as histórias que tive em missões e minha paixonite, Josephine, a conselheira do chalé de Afrodite.10 de Novembro 1765.”-----------------------“Finalmente, minha amada mostrou corresponder à tudo que eu sentia, Josephine e eu começamos um relacionamento tão apaixonante, que meu coração salta às estrelas todas as vezes que ela olha para mim. Mas apesar disso, neste mesmo dia, recebi uma carta que fez-me mergulhar e lamento. Minha mãe adotiva dizia que um homem, esbelto e esguio, foi até nossa casa com extrema cortesia. Ele tinha um bastão de madeira escura, com uma esfera de vidro em seu topo, onde uma tempestade de luzes elementares brilhava apontando nas diversas direções. Um pequeno raio dentro da esfera reagia e estourava com força ao se aproximar de meu irmão. O homem, se ajoelhou na frente dele e um relâmpago dançou nas nuvens quando um raio caiu sobre a casa, diretamente em meu irmão. Ele saiu de casa, como se estivesse possuído sem avisar uma coisa sequer para a família, ileso. Perguntei para Quíron se ele sabia algo sobre isso, mas ele simplesmente fechou a cara e pediu-me para esquecer. Nesta noite, eu decidi fugir do Acampamento em busca de respostas.22 de Dezembro 1765”----------------------“A maldição da morte paira sobre mim como uma sombra, sei que logo falecerei mas já não temo mais nada. Traí os deuses, buscando o caixão de Cronos para conseguir uma resposta. Josephine havia me encontrado após eu partir e decidiu me apoiar. Talvez a loucura já esteja influenciando minha mente, mas afirmo com toda a certeza que meu irmão apareceu diante de mim, com os olhos faiscando como um raio. Eu estava próximo de pistas sobre o que havia acontecido com ele, mas sua presença diante de mim era tão reconfortante como um cobertor após um dia nos polos. Só que, com a voz retumbante ele se pronunciava à mim carregando um raio na mão.‘Vocês traem a própria família’ ele dizia, deixando-me indignado. ‘Pagarão o preço’.Demorei para entender que aquele não era meu irmão, e sim, a encarnação do próprio Zeus diante de mim. Meu avô estava no corpo do meu irmão adotivo. Estremeci com aquela ideia, até que ele invocou com as mãos erguidas um raio, diretamente sobre Josephine.‘Você sofrerá em vida por um dia, e em morte pela eternidade’ ele falou, desaparecendo em uma supernova cegante, obrigando-me a virar o rosto repleto de lágrimas para minha amada que dava seus últimos suspiros em meu braço.Queimei seu corpo após hora de lamento, e agora registro meu último dia. Aguardando o abraço de Thanatos.12 de Janeiro 1766”
Aaron não sabia como o diário dele havia acabado ali, talvez alguém encontrou o corpo do garoto com seus pertences e os trouxe para cá, mas o que importava era que depois de terminar sua leitura, as teorias do garoto estavam confirmadas. Como em resposta à sua descoberta, um brilho fraco surgiu em suas costas com um cheiro de pêssego velho inundando o chalé. Ao olhar para trás, ele vê Hera, a Deusa a quem ele servia antigamente. Mas ela estava diferente, seu rosto começava a criar rugas, os olhos se afundavam enquanto a cabeleira acima de sua testa estreita mostrava mexas de cabelos brancos. Mesmo seu vestido começou a desbotar. Ela queria falar com o garoto, e era hora de ele fazer suas perguntas.
Obs 1: Essa missão é disponível para TODOS os semideuses, mas os 3 primeiros posts serão apenas meus, e do Aaron. Pois eles irão introduzir o enredo. Será assim://Meu Post////Post do Aaron////Meu Post////Post de Todo mundo//Obs 2: Ele não é o protagonista da história. Mas a ideia do enredo é dele, e ele se encaixa na introdução da história muito melhor que outros personagens.
Obs 3: A missão é ATEMPORAL apenas, em relação à missão do Hades "Guerra de mundos - A estrela do fim" ou seja, quem tá participando dela, poderá participar dessa ao mesmo tempo.
Última edição por Hera em 26/10/15, 05:37 am, editado 1 vez(es)