A arma pesava como uma sacola de chumbo nas mãos trêmulas de Isaac. O odor do sangue que banhava o cano da arma subiu às narinas, trazendo um gosto amargo aos lábios, como se estivessem gotejando ferro na sua língua. Saberiam lidar se fosse um simples tiroteios entre gangues ou só a intervenção da polícia. Mas a crueldade contida naquela cena...
Não importava o quanto o cenário mudasse entre becos e bairros residenciais mal iluminados na sua corrida desesperada, os humanos desfeitos em pedaços ainda estavam estampados na mente da dupla. Alguns quarteirões depois, uma série de estampidos secos ecoou ao lado dos ouvidos de Mithril. Tiros.
Guinaram para o lado, entrando em uma rua sem saída e agindo impulsivamente. Abriram uma grande lata de lixo no centro do breu e se jogaram dentro. Por entre as sacolas de plástico negro e o frio da madrugada, até o par de criminosos assustados passou despercebido pelos policiais. Alguns minutos se passaram desde que a última sirene das viaturas havia passado por ali perto. Tempo o bastante para que Isaac se erguesse com as narinas em chamas. Todo o fedor de comida estragada precisaria de pelo menos um mês de banhos quentes para sair, mas ao menos não haviam sido pegos.
Quando enfim se sentiram seguros, Mithril percebeu que Harry estava ainda pior do que ele. Qualquer que fosse o resquício de sobriedade que antes ele demonstrava ao rapaz, agora não havia restado mais nada. Com os olhos arregalados vidrados na escuridão, o terror pairava no seu semblante. O nariz escorria e ia de encontro aos dentes trincados em um sorriso macabro. Sua cabeça balançava como se estivesse negando algo (ou com muito frio, era difícil diferenciar). Por mais que fosse estranho pensar assim, a sensação era de que não estava encarando seu melhor amigo. De que ele havia se perdido dentro de si. Em um mix de culpa, arrependimento e incompreensão, ele se recolheu no canto da parede, sentando-se e agarrando os próprios braços, como se fosse a única coisa que lhe restasse.
O que talvez fosse verdade. Em um piscar de olhos, era como se tivessem perdido tudo aquilo que mais desejavam.
Não importava o quanto o cenário mudasse entre becos e bairros residenciais mal iluminados na sua corrida desesperada, os humanos desfeitos em pedaços ainda estavam estampados na mente da dupla. Alguns quarteirões depois, uma série de estampidos secos ecoou ao lado dos ouvidos de Mithril. Tiros.
Guinaram para o lado, entrando em uma rua sem saída e agindo impulsivamente. Abriram uma grande lata de lixo no centro do breu e se jogaram dentro. Por entre as sacolas de plástico negro e o frio da madrugada, até o par de criminosos assustados passou despercebido pelos policiais. Alguns minutos se passaram desde que a última sirene das viaturas havia passado por ali perto. Tempo o bastante para que Isaac se erguesse com as narinas em chamas. Todo o fedor de comida estragada precisaria de pelo menos um mês de banhos quentes para sair, mas ao menos não haviam sido pegos.
Quando enfim se sentiram seguros, Mithril percebeu que Harry estava ainda pior do que ele. Qualquer que fosse o resquício de sobriedade que antes ele demonstrava ao rapaz, agora não havia restado mais nada. Com os olhos arregalados vidrados na escuridão, o terror pairava no seu semblante. O nariz escorria e ia de encontro aos dentes trincados em um sorriso macabro. Sua cabeça balançava como se estivesse negando algo (ou com muito frio, era difícil diferenciar). Por mais que fosse estranho pensar assim, a sensação era de que não estava encarando seu melhor amigo. De que ele havia se perdido dentro de si. Em um mix de culpa, arrependimento e incompreensão, ele se recolheu no canto da parede, sentando-se e agarrando os próprios braços, como se fosse a única coisa que lhe restasse.
O que talvez fosse verdade. Em um piscar de olhos, era como se tivessem perdido tudo aquilo que mais desejavam.