Aos poucos os feridos são atendidos e depois da breve demonstração de afeto de seu líder Roran leva a pequena Julia para dormir dentro da nave.

Selene se aproxima do trio Nathan, Enzo e Kelly. A deusa toma as mãos dos garotos entre as suas e agradece com seu tom suave. Sua mão formiga de encontro às dos garotos, e por fim ela acrescenta;

- Sei que sua jornada não acaba aqui. Permitam que eu ao menos lhes ajude.

Ele ergue a mão e quando se viram para a água eles vêem uma jangada atada a dois búfalos prateados que caminhavam sobre a água, gerando ondulações prateadas na superfície sempre que a pisavam.

Kelly toma a dianteira e salta para a jangada, agarrando as rédeas. Ao flutuar até lá com Enzo, Nathan nota um pequeno pedestal no centro da embarcação, onde ele poderia apoiar perfeitamente uma vela. Kelly balança as rédeas e logo os búfalos começam a caminhar e correr, puxando a jangada com facilidade sobre a água em direção à fissura na cúpula mágica da ilha.

Assim que atravessaram a abertura, sentiram frio, até mesmo Nathan. Ali tudo estava escuro, nublado por uma névoa que parecia se espalhar infinitamente, negra como fumaça. Não era possível ver o céu ou o fim daquele oceano negro que se estendia em todas as direções. O portão que dava para a ilha se afastou atrás deles enquanto deslizavam névoa-adentro, cada vez mais tomados pelo frio.

Porém a vela começou a tremular mais forte e sua chama cresceu, parecendo reagir àquela densa e escura versão da névoa. Um filete de névoa surgiu das chamas, mais denso e mais branco que o normal, se enroscou no ar e começou a apontar para alguma direção à frente.

A jangada segue sendo puxada velozmente pelos bufalos prateados, que corriam voando baixinho sobre a água negra. A névoa escura se afastava para permitira passagem da chama branca enquanto eles seguiam adiante.

- Isso aqui me lembra o labirinto... Ou o submundo... Um subespaço quase vivo, que cresce sozinho com o tempo. - comenta Kelly olhando ao redor.

Eles seguem por um tempo indeterminado naquele mar escuro, até que a primeira coisa além de água aparece; uma pequena ilha. Nathan sente a presença de animais e até alguns monstros, além de uma aura mágica misteriosa. Mas a vela apontava adiante, então não era o que procuravam.

Logo em seguida vieram ruínas; como castelos construídos diretamente no mar, com erguidos pedra sobre pedra, tombados e coebrtos de musgo. Passaram por um tipo de floresta de rochas engras que cresciam direto do chão e, por fim, o ambiente pareceu começar a mudar; as rochas apontando do mar tornaram-se mais constantes, obrigando Kelly a manobrar para evitá-las. Nathan conseguia sentir uma aura difusa vinda da frente, como se houvese um lugar infestado de poder.

A vela começa a tremular mais forte. Era impressão ou estava levemente menor? A névoa negra parecia agora ter um fluxo vindo de algum ponto à frente. Eles reduzem a velocidade até que chegam a uma praia de areia negra. Todo o ambiente tem um tom mórbido de preto a cinza. Árvores mortas cresciam do chão velhas e retorcidas, com galhos d epontas afiadas como rochas.

- Isso... O que é isso? Este lugar tem um cheiro estranho, um cheiro familiar. - Fala Kelly.

De fato, Nathan sente cheiro de morte ali, mas não era esta a parte familiar. Era alguma outra coisa.

Kelly conduz os búfalos até a areia onde eles se acomodam e a jangada repousa sobre a areia.

Os garotos sentem olhos sobre eles embora não consigam identificar de onde vinha a hostilidade. Na verdade, parecia vir de todos os lados, como se a própria ilha estivesse determinada a odiá-los. A floresta segue adentro, pontilhada por auras mágicas aqui e ali, umas mais fortes, outras nem tanto.

Sem um sol ou um luar para iluniar o lugar Enzo mal consegue ver o ambiente graças à escuridão e à névoa. Seus ohos aguçados conseguem discernir as formas das árvores e a fumaça negra que rodopia no chão, mas nada no horizonte faz vista a seus olhos. Por outro lado ele consegue ouvir as ondas quebrando lentamente na praia e também o que parecem ser movimentos mínimos dentro da floresta.

Os garotos sentem uma lufada de vento e os dois podem ouvir um rugido vindo da floresta, cerca de 100m à frente. Outro rugido segue o primeiro, e então um terceiro, e uma onda de silvos, gritos e rugidos se ergue da floresta enquanto uma criatura parece responder à outra. Algo definitivamente se aproximava vindo diretamente à frente; Nathan e Kelly podiam sentir com seus radares e Enzo ouvir o som das árvores sendo destruídas à passagem da criatura.