Agora Adam chegava novamente ao anfiteatro do acampamento. Ainda vestia-se com as roupas pesadas da missão que acabara de concluir. Escudo e Cajado ainda estavam em seus braços; na cabeça novas e terríveis informações.
Via que ali várias pessoas ainda ocupavam a arquibancada, algumas conversavam entre si e outras se mostravam perdidas ou preocupadas.

“Também pudera... a droga do nosso mundo está prestes a acabar de novo!”

Se não fosse pelos acontecimentos pelos quais passou na missão, uma hora dessas estaria desesperado atrás de seus irmãos.

“É, parece que aquela maldita sereia não foi tão maldita afinal de contas. Ela me preparou, me deixou mais forte pra enfrentar o que está por vir. Ela sabia ? Como poderia ? Magia... e ela é muito velha... talvez já soubesse e não quis falar com medo de largarmos a missão ou ficarmos preocupados, atrapalhando nosso foco lá.”

Concluíra então que fora ótimo ter conseguido a aliança com tão sábias e poderosas criaturas.
Viu longe dali, quase do outro lado do anfiteatro, uma figura conhecida tomou a palavra. Aqueles cabelos azuis, a estranha pele escura...

“Alceu !”

Ali estava um antigo amigo com o qual não conversava a tempos.

“Quando foi a última vez que conversei com ele ? Caramba essas missões me ocuparam mais do que eu esperava.”

Depois disso mais pessoas falavam e quando conseguisse uma brecha tomaria a voz para si.

“Ao menos as futilidades acabaram...”

-Com licença. – ele estava sério – só queria dizer que acabo de voltar de uma missão no polo Norte. – talvez alguns percebessem isso pelo casacão enorme que vestia. Era feito de peles e além de ter um capuz feito de algum pano grosso, se estendia até a altura dos joelhos. – Lá recuperamos alguns itens divinos que iam ser usados por um imortal para ascender como “Deus”. Claro que não estamos falando do mesmo imortal, mas o importante é que durante a missão conseguimos salvar o subjugado reino das sereias do norte. Ao menos agora a temos como aliadas caso precisemos de apoio por água ou coisa assim.

Ele coloca o pequeno cajado entre o braço e o escudo e então continua falando.

-Sobre os posicionamentos e planos... podem contar comigo para armar as defesas do acampamento ou para qualquer missão fora daqui.

Ele estava meio desconcertado com a situação. Aquele não era um momento para fazer graça ou ficar simplesmente descontraído, o que o incomodava um pouco.

-É claro que conferir os noticiários de TV e principalmente a internet vai ser uma coisa boa pra encontrar pistas... – disse ele olhando para Aleksander, um filho de Atena com quem infelizmente pouco conversara até hoje. – Mas o que gostaria de saber de vocês Deuses – agora alternava o olhar entre os Pais ali presentes – é se temos e o que temos lá fora para buscar a localização dos inimigos. Vamos contar com a sorte das previsões e o que mais?

Ele poderia estar sendo indelicado com as palavras mas não fazia por mal. Estava tão acostumado a fazer rituais, oferendas e preces para eles que acabava tendo a sensação de que eram mais íntimos do que de fato eram. Olhar para Hades ainda lhe rendia alguns arrepios, principalmente quando lembrava de uma certa filha dele que fazia parte das caçadoras.