the return of the sea prodigy
Balancei minha cabeça, bagunçando meus cabelos recém penteados e molhados, tentando fazê-los voltar a sua origem. Respirei fundo, revezando olhares entre os equipamentos que trajavam meu corpo. Cerrei meu punho em torno do cabo de meu tridente, fitando as três pontas de bronze. Quantas aventuras partilhara com essa boa amiga? Girei a arma, afogando-me nas lembranças daquela noite estranha. Havia pulado. Sem hesitar. Estava pronto para afogar-me na lava e sentir cada osso do meu corpo derreter no magma. Tudo por uma pessoa que acabara de conhecer. Por uma garota na qual havia me apegado em poucos minutos. Talvez sentira o que estava dentro dela, o que estava dentro de mim e de todos os outros filhos de Poseidon. O mar. O sol tocou minha pele, colocando o brilho de meus olhos em seu auge. Sorri por baixo do elmo. Havia um bom tempo que não me aventurava. Que não ia para a arena enfrentar grandes perigos. No fundo, estava destruído. Por fora, não deixava isso vir à tona. Dia após dia tinha pesadelos com Kjeel, sua morte assombrava minha mente a cada vez que ousava afirmar a superação deste fato. Foi minha culpa. Não podia negar.
Adentrei o coliseu, abandonando as mágoas no portão e pondo-me em posição de batalha. Flexionei os joelhos e permaneci com a respiração controlada, portando um olhar firme de forma a me manter informado sobre os aspectos ao meu redor. As tochas estavam eventualmente apagadas por conta da claridade da alvorada. Nada estava muito incomum com o cenário, era o mesmo lugar surpreendente de sempre. Grande e coberto de esplendor. Uma réplica perfeita da antiguidade. Do outro lado avistei alguém que desejara não ver. Algo que me fizera tremer na base quase tirara-me da sanidade. Um ciclope. Um de meus meios irmãos. Um dos que havia assassinado o filho de Deméter. Sua armadura completa o dava uma proteção maior, sua arma ameaçava-me com mais afinco do que as armas de madeira que já enfrentara de seres deste porte. Não me amedrontei. Não podia deixar acontecer. Viera para a arena com a intenção de me divertir em batalha, mas agora não havia tempo para um sorriso sequer. Não contra ele. O que está acontecendo comigo? Ele avançou, correndo em minha direção. Estava do outro lado da arena, mas a distância era algo que não barrava sua passagem até mim.
Ele era grande e portava armas e equipamentos pesados, sua agilidade poderia ser a minha vantagem. Tomaria noção da sua velocidade e tiraria conclusões da sua força deste modo. Sem poder manter-me parado, iria ao seu encontro, visando o braço que ele portava a arma. De forma que o desvio por meio de salto com rolamento ou giro fosse mais propício, agachando-me se necessário em caso de um golpe horizontal. Tentaria então, após esta esquiva, uma estocada de raspão em uma área desprovida de seu equipamento, visando um ferimento inicial, mesmo que superficial. Afastando-me em seguida e pondo-me em posição defensiva. Em caso de não conseguir esquivar-me, invocaria sem hesitar o meu escudo de minha tatuagem e afastar ia-me. Tendo como prioridade nessa rodada não provocar meu adversário e somente receber noções de sua força, agilidade e velocidade. Almejando não ser atingido no começo desta batalha. Aproveitando o alcance de minha arma para contra-ataques enquanto mantenho uma distância relativamente segura. Todavia buscando não perder meu tridente.
valeu @ carol!